Novo presidente do México contrata ex-chefe geral da polícia da colômbia
(Trecho da entrevista – El País, 30) 1. Os modos suaves do general colombiano Oscar Naranjo contrastam com o que se poderia esperar de um homem com seu currículo: mais de 30 anos trabalhando na segurança de seu país combatendo o narcotráfico e a guerrilha. Considerado o melhor policial do mundo – a prisão do chefão Pablo Escobar e o desmembramento das FARC estão entre seus méritos – ele se aposentou há alguns meses e mudou de emprego. O presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), o contratou como assessor de segurança para resolver o problema da violência.
2. P.: Por onde começar a reduzir a violência?
R.: Há duas dimensões: a primeira é que as políticas de segurança devem ser do Estado e não do partido, para que se tenha um consenso nacional. Também é necessário uma nova narrativa que mostre que, mais importante do que combater o crime, é proteger a vida, os direitos e as liberdades das pessoas. Em termos práticos, é imperativo ter estratégias diferenciadas contra o crime, que não podem ser simplesmente um conjunto de ações para derrotar o narcotráfico.
3. P.: No entanto, os discursos de guerra foram mantidos em outros espaços, como os comerciais de TV, e isso perpetua a dinâmica do confronto e aniquilação…
R.: Nós, funcionários públicos, temos uma tentação muito grande de mostrar resultados para obter prestígio e, muitas vezes, essa apresentação, longe de gerar confiança, cria o medo. É um pouco o que vejo no México. Além disso, aqui cada resultado conseguido mostra a força institucional que tem o Exército, a Marinha, a Polícia Federal… Quando na verdade deveria ser o sucesso de um governo, de um Estado contra o crime.
4. P.: O negócio da droga implica necessariamente tanta violência?
R.: No caso da América Latina enfrentar o tráfico de drogas, mais que uma decisão para diminuir a oferta e a demanda, é uma decisão para defender os princípios democráticos. Porque na América Latina, ao contrário de outros lugares, o acúmulo do dinheiro do tráfico de drogas significa a capacidade de comprar um Estado. Então, enfrentar o tráfico de drogas aqui significa conter a possibilidade de surgirem mais Narco-Estados. Quando as pessoas me perguntam qual é a minha avaliação do Plano Colômbia, digo que atualmente na Colômbia existe uma democracia, com todos os seus defeitos, vigorosa.
FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia