Grupo da reserva discorda de otimismo da Defesa
Porta-voz do Clube Militar diz que aumento foi ‘decepcionante’ e que defasagem continua
As últimas conquistas das Forças Armadas, como o reajuste salarial e orçamentos maiores para execução de projetos de Defesa Nacional, não têm se refletido em otimismo entre os militares da reserva, aqueles que, justamente por já estarem aposentados, são livres para pontuar o sentimento de segmentos da caserna em relação a temas políticos e sociais.
Após a entrevista ao GLOBO em que o ministro da Defesa, Celso Amorim, destacou o crescimento do orçamento para a Defesa nos últimos anos e a “atenção especial” com que os militares foram tratados pelo governo nas negociações salariais — 30% para eles, contra 15% para os civis —, dezenas de militares da reserva se manifestaram, inclusive com críticas ao ministro.
— O aumento foi decepcionante. Depois de tanto tempo, nossa defasagem em relação a outras carreiras de Estado continua a mesma. A perda vem há mais de 10 anos e, mesmo com esses 30% divididos em três anos, não chegamos nem ao nível da Administração Direta — aponta o porta-voz do Clube Militar, general da reserva Clóvis Bandeira.
Ele ressalta que, com a divisão do aumento em três anos, a partir de março de 2013, a inflação nos próximos três meses deverá impactar negativamente no reajuste:
— Por que não dar o aumento a partir de agora, se já foi anunciado? Foi contado como algo já concedido para que o governo federal colha dividendos políticos nas eleições. Na realidade, para boa parte da carreira os salários são tão baixos, que esse reajuste vai significar R$ 100 ou R$ 200 a mais — afirma Bandeira.
‘Descontentamento é enorme’
Os oficiais da reserva dizem que, também por isso, a carreira tem se tornado cada vez menos atrativa.
— O descontentamento é enorme, as Forças Armadas estão envelhecendo, os jovens, na primeira oportunidade buscam sair imediatamente. Os militares sofrem com o descaso das autoridades que praticam nítida retaliação aos abusos da ditadura, como se os culpados fossem os militares atuais — afirma o oficial da reserva Ricardo Assumpção Ribeiro.
FONTE: O Globo
COLABOROU: Henrique C.O