Ianques Assassinos versus Pacíficos Tupiniquins

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Enquanto os “ianques belicistas” de Utah possuem a taxa de 1,9 homicídios por 100 mil habitantes, os “pacifistas tupiniquins” de Alagoas engolem a taxa de 66,8 por 100 mil habitantes

 

Por Bene Barbosa

Todos os dias, pela manhã, recebo a clipagem das notícias de interesse do MVB, veiculadas pelos diversos órgãos de impressa de todo o país. Hoje, um texto me chamou a atenção, não pelo seu conteúdo, uma vez que é, maxima data venia, claudicante e simplório, mas sim por ser de autoria de um proeminente membro da magistratura brasileira e, também, coincidentemente, um ex-professor de quando cursei direito.

Nesse artigo, basicamente ele sustenta a velha tese que quanto mais armas, mais homicídios, externando parecer-lhe absurdo querer copiar os “ianques” em suas leis sobre a posse e o porte de armas. Obviamente, ele se baseou tão somente eu sua ideologia e não em fatos e dados, repetindo apenas aquelas velhas cantilenas que nos chegam aos ouvidos e nem mesmo nos lembramos de onde partiram. Não fosse isso, não teria escrito o descalabro de que o comércio de armas aumentou no Brasil, quando, em verdade, sofreu uma redução superior a 90% desde o ano 2000.

Ainda assim, levando-se em conta apenas e tão somente a teoria sustentada no artigo, no sentido de que a arma de fogo causa homicídios da mesma forma que o mosquito Aedes Aegypti causa a dengue – teoria esta abandonada até mesmo pela ONU, diga-se de passagem -, comparei um estado “ianque” e um estado “tupiniquim”, Utah e Alagoas, respectivamente.

Ambos os estados possuem aproximadamente três milhões de habitantes. Utah é um dos mais armados dos EUA, com quase 2,5 milhões de armas, ou seja, praticamente uma arma para cada morador. Alagoas é um dos estados mais desarmados do Brasil, com apenas 9.558 registradas, de acordo com informações da Polícia Federal, ou seja, 0,003186 arma por habitante.

O porte de armas em Alagoas é proibido, como em todo o Brasil, e a Polícia Federal não informa quantos portes há neste estado. Em Utah, o porte de arma, isto é, a permissão para que o cidadão ande armado, é do tipo “Shall-Issue”, que consiste na permissão de porte desde que o cidadão apresente certas prerrogativas, como, por exemplo, idade mínima, comprovante de residência, tenha um curso preparatório para o uso de armas, dentre outros. Porém, uma vez que o cidadão se enquadre nestes requisitos, obrigatoriamente o órgão policial é obrigado a expedir o porte de arma. Lá, diferente daqui, não existe a temerária discricionariedade, que coloca o cidadão ao jugo dos humores das autoridades.

Em todo ano de 2010 – últimos dados disponíveis pelo FBI –, Utah registrou 53 homicídios. Alagoas, terra de desarmamentistas como Renan Calheiros, registrou em 2010 a assustadora soma 2.084! Enquanto os “ianques belicistas” de Utah possuem a taxa de 1,9 homicídios por 100 mil habitantes, os “pacifistas tupiniquins” de Alagoas engolem a taxa de 66,8 por 100 mil habitantes. Os “belicistas” matam 40 vezes menos que os “pacifistas”.

Uma vez provado, com dados e fatos, que armas não significam crimes, gostaria apenas de frisar que o termo “ianque” é tão depreciativo quanto o “tupiniquim” aqui utilizado. Não, os brasileiros não são assassinos natos, não são violentos propensos ao homicídio e barbárie. A diferença é que lá quem é punido é quem comete o crime, e não sua vítima, como acontece no Brasil, onde se desarma o cidadão e os criminosos podem agir com segurança, invadindo casas, roubando, estuprando e, quando lhes dá vontade, matando sem piedade.

Bene Barbosa é bacharel em direito, especialista em segurança e presidente do Movimento Viva Brasil – www.mvb.org.br

FONTE: midiasemmascara.org

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aldoghisolfi
aldoghisolfi
12 anos atrás

Parabéns pelo excelente artigo. Estou distribuindo.

Giordani
Giordani
12 anos atrás

Contra fatos não há argumentos.
Para a Ideologia, pouco importa os fatos.

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
12 anos atrás

Proibicionismo = Crime Organizado.

Daglian
Daglian
12 anos atrás

Como o MVB e outras entidades e pessoas já demonstraram, o desarmamento no Brasil serviu única e exclusivamente para desarmar a população civil honesta. Os criminosos continuaram, tranquilamente, adquirindo suas armas em outros países ou até no nosso mesmo, por meio de esquemas ilegais e corrupção.

Segundo o governo, foi uma medida eficaz no combate ao crime. Segundo os fatos (a verdade), foi uma medidade eficaz no combate à qualquer resistência que as vítimas possam impor aos criminosos.

Mabil
Mabil
12 anos atrás

O plebiscito do desarmamento foi criado para ser uma “nuvem de fumaça” em um período em que os indices de criminalidade subiram meteoricamente em todo o Brasil; os menos informados compraram a propaganda oficial e passaram a culpar as armas pelas ocorrências e não mais as pessoas que as utilizavam (Armas não matam , pessoas sim) dessa forma o governo não necessitou fazer na época vultosos investimentos em educação, segurança e empregos. Pronto; arrumou um culpado e lavou a mão; o delinquente vai continuar matando com pistola, lança, faca, pedra, etc…
É utopia acreditar que desarmando se acaba com a violência, ainda mais em um país de desigualdades sociais absurdas como o nosso e uma fronteira seca tão extensa e mal protegida.

Vader
12 anos atrás

Perfeito!

Mas como somos o país das aparências fajutas, sigamos tocando conforme a música…

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

Estatísticas, estatísticas, estatísticas…
Mudando de cueca para ceroulas e falando da mesma coisa, em 2006 toda a polícia dos 51 estados americanos matou 350 pessoas em ação policial, no mesmo período a polícia carioca matou mais de 1000 pessoas.
Tivesse o Rio de Janeiro hipoteticamente 300 milhões de habitantes ao invés dos 6 milhões que possui, a polícia carioca teria matado proporcionalmente 50.000 pessoas, ou 142 x mais que a polícia americana no mesmo período.

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

Além da estranha postura a la Mahatma Gandhi que tomou conta dos formadores de opinião no Brasil há 30 anos sugerindo que não se deve reagir à violência, tornando todos nós presas fáceis, gnus satisfeitos e conformados por não sermos a refeição do dia, ainda tem um outro lado no mínimo curioso que explica os índices de violência no trânsito aqui na Terra Brasilis.
Fazendo uma analogia, é contravenção se algum cidadão for pego carregando 20 gramas de cocaína e mesmo que ele não esteja sob efeito da droga, vai em cana.
Já em relação ao seu automóvel, mesmo não havendo nenhuma estrada no Brasil onde seja permitido dirigir a mais de 120 km/h, o cidadão pode ter um carro que faz até 350 km/h que tudo bem.
Ora! País de dementes, pra dizer o mínimo.
Tirando o fato dos loucos terem tomado conta do hospício e eu não ter sido avisado, é no mínimo curioso a fabricação, a importação, a venda, o emplacamento, etc, de carros que tenham velocidade maior que a máxima permitida por lei.
No mínimo configura incentivo gritante à contravenção e ao homicídio, o que deveria ser crime.

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

Sem falar que não existe nenhuma propaganda de carro em que o dito cujo esteja trafegando a velocidade máxima permitida na via.
Rsrssss

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
12 anos atrás

O proibicionismo burocrata só fomenta o mercado negro e quem o controla: gente poderosa atrás de gravatas italianas.

Poucos no Brasil se atrevem a dizer que temos umas das piores mafias do mundo. A mafia do colarinho branco que se esforça de todas as maneiras em todas as esferas do poder, para fazer com que o Brasil não funcione forçando assim o cidadão a recorrer a uma unica solução: A corrupção; generalizada!

Nós somos os palhaços desse circo de horrores. Circo do PT, do PSDB, PMDB, do PSB, PSD, da PQP! Siglas que não significam nada, quando as alianças giram em torno do poder, sem ideologia nem bandeira, muito menos vergonha na cara!

alphasr71a
alphasr71a
12 anos atrás

joseboscojr, na Alemanha então, com suas Autobahns sem limite de velocidade devem ser todos uns assassinos andando não? Mesma historia com as armas. São objetos inanimados, quem opera que deve, por educação, bom senso, conhecimento das regras se limitar. Se é incentivo à contravenção fazer um carro que atinja X km/h acima da legislação, então deve ser incentivo a produzir uma arma que atire a qualquer instante certo? Fabricantes, fabriquem uma arma que atire somente em legitima defesa, para não ferirem nossas preciosas leis…

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

Alphasr71a,
Você acha que se amanhã for permitido aos alagoanos portarem armas os índices de homicídios irão cair ao nível dos índices experimentados em Utah?
Com certeza os índices em Alagoas irão aumentar assustadoramente.
Claro que tanto armas quanto carros quanto martelo de prego e faca pra passar manteiga no pão são utensílios que podem ser usadas de forma construtiva ou não, dependendo de quem as utiliza.
As estradas e o nível de responsabilidade dos alemães permitem que eles tenham estradas sem limite de velocidade assim como o nível de responsabilidade dos moradores de Utah permitem que eles portem armas no dia a dia.
No Brasil, pelo nível médio do cidadão, não deveríamos ter nem armas e nem carros velozes.
Mas eu sou contra o desarmamento e só coloquei meu comentário sobre “carros” pra ilustrar que por um lado há uma tentativa de regulamentação excessiva do direito do cidadão, por outro a coisa anda solta.
Mas embora seja contra o desarmamento puro e simples da população, sou absolutamente contra o porte de arma pelo cidadão comum e acho que para se conseguir ter direito a ter uma arma em casa o cidadão deve, além de saber usá-la, passar por uma rigorosa seleção, já que diferente de facas de passar manteiga, uma arma só serve para uma única atividade.

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

O tema do post demonstra claramente que a posse e mesmo o porte de armas não são responsáveis diretos pelo aumento dos índices de homicídios, o que denota então que o fator humano seja o mais importante.
No caso, a responsabilidade do cidadão.
Agora, o que é mais fácil? Mudar a mentalidade dos alagoanos ou proibi-los de ter e portar armas, já que sem tê-las já matam 30 x mais que os responsáveis e armados moradores da pacífica Utah?

Ivan
Ivan
12 anos atrás

Bosco,

“No caso, a responsabilidade do cidadão.”

O cidadão das Alagoas e de Utah são igualmente humanos, como eu e você, com qualidades e defeitos, obviamente influenciados pelo meio, mas com discernimento para decidir o que fazer.

A grande diferença é que um homicídio em Utah, como em todo os EUA, será apurado científicamente até o limite da técnica, com a imprensa e principalmente o eleitor (deles) cobrando… mais que isso, exigindo, nada mais que o máximo esforço e a maior transparência possível, tudo dentro do devido processo legal e na velocidade necessária para a justiça ser útil.

Nas Alagoas, como no resto do Brasil, a impunidade campeia não apenas pela morosidade do processo legal (valor da justiça tardia) mas principalmente pela falta de recursos técnicos das polícias nacionais.
Quantos laboratórios de polícia técnica no Brasil tem acesso às técnicas de investigação do DNA? Existe banco de dados de DNA no Brasil? Quantos convênios com o FBI (americano adora ensinar estas coisas) conhecemos no Brasil para melhorar as técnicas policiais investigativas? Yankee faz convênio até com Russos e Chineses…

Principalmente: Qual o percentual de esclarecimentos dos crimes com morte nos EUA e no Brasil?

Nos EUA, dependendo do Estado, entre 40% e 80% dos crimes é levado ao tribunal, mesmo que o índice de condenação seja inferior, obviamente.

No Brasil simplesmente não se sabe, não só pela ausência de pesquisas de vitimização, mas também em face da baixa informatização e interligação dos bancos de dados da Justiça Criminal. Entretanto a expectativa é de um número inferior a 8%.

Um trecho inicial de um texto de Fabrício Rebelo da Bahia:
“De acordo com um estudo produzido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, subsistem, apenas naquele estado, 60 mil homicídios ocorridos na última década ainda sem elucidação. Destes, em 24 mil não se identificou sequer a vítima. Embora sejam dados assustadores, o fato é compatível com a realidade brasileira, que aponta uma taxa de solução de homicídios de apenas 8%, ou, em termos práticos, somente 4 mil dos 50 mil assassinatos registrados anualmente no país, conforme os dados adotados oficialmente no Mapa da Violência 2011.”

Atenção: Solução de homicídio não significa condenação, apenas diz que a polícia e a promotoria encontraram provas suficientes para apontar um possível culpado. Se o réu é culpado é outra história.

Assim sendo é mais arriscado cometer um crime violento em Utah do que nas Alagoas… ou em qualquer outro estado do Brasil.

Responsabilidade do cidadão?
Em última análise a resposta seria sim,
não por decidir individualmente matar ou não matar,
mas por se omitir de cobrar do Estado providências honestas, reais e efetivas no combate a criminalidade.

Mas é apenas a opnião de um cidadão comum, com algumas décadas de janela, como você velho amigo.

Grande abraço,
Ivan, do Recife.

Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
12 anos atrás

Boas analises Ivan e Bosco.

O Brasil é o pais do abandono e o brasileiro, claro, se adaptou. É o “jeitinho brasileiro”, que o povo tanto se orgulha e, aqui longe do Brasil, é tão mal visto.

alphasr71a
alphasr71a
12 anos atrás

“They who can give up essential liberty to obtain a little temporary safety, deserve neither liberty nor safety” – Benjamin Franklin.

Bosco Jr
Bosco Jr
12 anos atrás

A questão aqui não é de merecimento, mas de sobrevivência.