André Luiz Silva Ramos*

Um jovem brasileiro faz bem cedo uma opção profissional, resolve estudar em uma escola militar e ter como ideal defender o Brasil. Assim como outros jovens que escolheram outras profissões, ele acredita que nas Forças Armadas encontrará a valorização como profissional e será reconhecido por seu trabalho e dedicação.

É uma profissão diferente das outras e exige dele um grande sacrifício, inclusive de seus pais e de sua futura família, pois ficará distante durante sua formação e poderá ser transferido após estar formado, comprometendo aqueles que estejam em sua companhia. Ele jura defender o Brasil sempre, colocando de lado valores materiais e, muitas vezes, arriscando a própria vida nas missões que realiza para estar pronto na hora em que for necessária a sua presença.

O Brasil é um país cobiçado por suas riquezas naturais e precisa de jovens que pensem como ele e que estejam dispostos a este sacrifício sem esperar muita coisa em troca. No entanto, a realidade, alguns interesses políticos e a ganância de algumas pessoas têm colocado em risco a defesa do Brasil, por desmotivar jovens a seguir esta profissão.

É difícil para um jovem, hoje em dia, querer seguir a carreira militar, pois desde o governo de FHC, através de uma medida provisória até hoje não votada, as poucas vantagens financeiras que haviam na profissão foram retiradas, e hoje a perspectiva de uma aposentadoria tranquila deixou de ser possível para os militares.

Além disso, existem funcionários da União que, mesmo estando em níveis muito abaixo da formação destes profissionais, recebem salários muito acima, o que fere a constituição, desmotiva o militar e deixa a instituição comprometida, pois os jovens começam a abandonar a carreira e procurar novas oportunidades.

Soma-se a tudo isso, o possível revanchismo dos atuais governantes, que, ressentidos com o passado da ditadura, tratam os militares com desprezo e não investem nas Forças Armadas. Não é de hoje que as Forças Armadas do Brasil estão sucateadas e seus representantes humilhados. Interessante é que, apesar de não serem valorizados pelo governo, todas as vezes em que é feita uma enquete para a população responder em que mais confia, o índice de credibilidade nas Forças Armadas é altíssimo.

Os governantes precisam entender que o Brasil é muito maior do que os seus ressentimentos pessoais. A presidente Dilma precisa dar uma demonstração de grandeza e superação, investindo na defesa do Brasil e valorizando a classe militar. Os militares são oriundos do povo, não são jovens nascidos em famílias de classe alta, em sua maioria, e representam os verdadeiros anseios da nação. É importante que a presidente esteja atenta aos problemas dos militares e corrija urgentemente as defasagens salariais por que passa esta classe social, valorizando esta profissão e as famílias destes homens, que são fiéis e dedicados ao bem maior que temos, que é o nosso país.

*Militar

FONTE: Zero Hora / COLABOROU: Tony Youssef

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