Mudança no Mercosul fragiliza o bloco, dizem analistas
Grupo deve ganhar roupagem mais política do devido à influência do presidente Chávez
BRASÍLIA e RIO — O ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul fará com que o bloco ganhe uma roupagem mais política do que econômica, devido à influência do presidente Hugo Chávez. Esta é a opinião de especialistas ouvidos pelo GLOBO, que avaliam que a mudança na composição do bloco, sem o aval de um dos seus fundadores, contribui para fragilizar a união aduaneira. Ainda assim, especialistas acreditam que o processo iniciado nesta sexta-feira é irreversível, mesmo diante do eventual retorno do Paraguai, suspenso após o impeachment do presidente Fernando Lugo.
De forma geral, a leitura feita nos bastidores nesta sexta-feira era de que os presidentes Dilma Rousseff e José Mujica (Uruguai) cederam às pressões da argentina Cristina Kirchner, ao passarem por cima do Senado paraguaio.
– Toda a lógica do processo foi dirigida por Argentina e Venezuela. O Brasil ficou a reboque. A mudança dá um matiz mais bolivariano ao Mercosul. E a Argentina é hoje cada vez mais bolivariana – afirma Eduardo Viola, professor de Relações Internacionais da UnB.
A expectativa é de que a União Europeia e outros parceiros internacionais passem a criar dificuldades em negociações para um acordo de livre comércio com o bloco sul-americano.
– Do ponto de vista político, Chávez tem uma orientação ideológica muito clara, que está explícita no bloco bolivariano, e isso certamente trará dificuldades. As negociações serão mais lentas porque não é um casamento perfeito – afirma Williams Gonçalves, professor de Relações Internacionais da Uerj.
Apesar dos entraves políticos, Gonçalves avalia que o movimento é também uma resposta favorável à criação da Aliança do Pacífico neste ano, com México, Colômbia, Peru e Chile, e pode resultar em aumento de investimentos e laços comerciais entre Brasil e Venezuela.
‘Venezuelanos não preenchem os requisitos básicos’
Para o embaixador José Botafogo Gonçalves, um dos fundadores do Mercosul e hoje presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), a notícia sobre o ingresso da Venezuela não poderia ter sido pior. Para ele, houve violência desnecessária com o Paraguai.
– A posição do Mercosul, na verdade, é contra o Senado paraguaio, que já está na berlinda. Depois, sabemos que a Venezuela não está cumprindo os requisitos básicos para entrar no Mercosul – disse Botafogo. – O problema da Venezuela entrar no Mercosul é o Chávez, que não gosta do livre comércio e quer transformar o bloco numa plataforma política.
O mesmo avalia José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Segundo ele, os venezuelanos não preenchem os requisitos básicos para entrarem no Mercosul:
– Quando o Paraguai for readmitido, terá direito a reverter o processo? Foi uma sacanagem o que fizeram com os paraguaios.
A resposta à pergunta do presidente da AEB é “não”, de acordo com o especialista em Direito Internacional Welber Barral. Embora ainda não exista um acordo de harmonização das tarifas de importação entre a Venezuela e o Mercosul, os venezuelanos passarão a ter direito a voto nas decisões do bloco.
– Acredito que o processo de harmonização de tarifas será longo – disse Barral.
Antes, a Venezuela tinha apenas direito a voz, com longos discursos de Chávez nas reuniões de cúpula. No entanto, para o presidente da Federação das Câmaras de Comércio Brasil-Venezuela, José Francisco Marcondes, o comércio entre os dois países, que em 2011 foi de quase US$ 6 bilhões, vai dobrar nos próximos três ou quatro anos:
– Lutamos muito para que isso acontecesse. Um dos resultados da entrada da Venezuela no Mercosul é que os estados do Norte e do Nordeste serão incorporados, de fato, ao bloco.
Para Pedro Cláudio Cunca, professor de Relações Internacionais da PUC, a decisão do bloco foi ditada pelo pragmatismo econômico, mas pode ser classificada como moderada por não impor sanções econômicas ao Paraguai.
Eugênio Martins, professor do Departamento de História da Universidade de Brasília, disse que a decisão tomada ontem pelos presidentes do Mercosul foi oportunista:
– A Venezuela é bem-vinda, e Chávez não. Mas não existe hoje Venezuela sem Chávez.
FONTE: O Globo
Foi o roto rindo do esfarrapado. A ideologia mostrou a que veio, inclusive com o imperialismo bolivariano e unasulsista do Chavez. Castigaram o Paraguai por exercer a sua soberania, inclusive reconhecida pela sua suprema corte e o presidente deposto, alegando que o processo foi sumário; a mesmíssima coisa foi feita pelo bizarro Mercosul, que sequer ouviu o penalizado Paraguai. Será que a Dilma vai recomeçar a Guerra do Paraguai? Será que já se deram conta que não temos nada a ver com essa gente toda? Bolivarianos, unasulsistas, chavistas e quejandos? Que somos latinoamericanos apenas por definição?
Talvez Washington esteja mais preocupado com a reeleição do Obama, do que com a América do Sul (aliás, sempre foi assim). Entretanto, eles não devem estar nem um pouco satisfeitos com o tiro no pé que foi o golpe branco, organizado pelo Congresso do Paraguai e planejado desde 2009 com aval do próprio EUA (ver Wikileaks) contra o presidente Lugo. O que conseguiram na realidade, foi ver excluída a raquítica economia do Paraguai do Mercosul e ver os outros sócios unirem-se para congelar o seu poder político dentro do Bloco. Abriram assim, o caminho para a entrada da Venezuela de Hugo Chavez no Mercado comum da América do Sul.
Com uma economia muito diversificada e sendo um dos principais fornecedores de petróleo no mundo, a Venezuela sempre foi impedida de entrar no Mercosul pelos sucessivos vetos do Paraguai. Agora a economia do Mercosul e Hugo Chavez agradecem ao atual Congresso do Paraguai. Para finalizar a inesperada opinião desfavorável da Míriam Leitão sobre o processo de “soberania” paraguaia no Bom dia Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=lm0eSFLosTk
Beira a estupidez! A argentina está sistematicamente rasgando os acordos do mercosul e o brazil faz de conta que nada vê, que nada sabe…chavo quer usar o mercosur como plataforma política para bater nos EUA e a dona kirchner na Inglaterra…e aí depois, quando estes se cansarem, venezuela e argentina saem de fininho e fica o brazil, como grande otário da vez…
Esse sim, foi um “golpe de estados” descarado.
Se for levado em conta que o que ocorreu no Paraguai foi um processo constitucional, não há motivo, além do oportunismo (e casuísmo) bolivariano-kirshnerista, para excluir o país do bloco.
Espertamente, os caudilhos aproveitaram a oportunidade para incluir a Venezuela no Mercosul (e ele existe?).
Não consigo enxergar molequeira maior.
Tem gente que não respeita mesmo os cabelos brancos que tem.
Uma pena.
O Mercosul hoje é uma sombra do que foi planejado para ser na segunda década do séc XXI.
A Argentina bolivariana kirchnerista vem sucessivamente detonando o bloco há já quase uma década, sob a concuspiscência flácida do governo do PT, que nada fez para convencer os signatários a respeito das vantagens e objetivos do bloco, como união fiscal, monetária, aduaneira e até mesmo uma união política.
Isto posto, e levando-se em conta que o bloco em si está praticamente congelado no mesmo nível em que o deixou FHC, sacar o Paraguai e colocar a falida Venezuela no bloco é trocar seis por meia dúzia.
Uma jogada de mestre de Chavez, que destrói assim a maior ameaça que tinha ao seu controle político continental, e o único organismo regional de que ainda não dispunha de controle absoluto.
Uma vergonha pro “Grandão-Bobão”, que mais uma vez deixou seus mui amigos bolivarianos lhe passarem a mão no traseiro.
Quanto ao Paraguai, só tem a agradecer deixar de lado essa palhaçada que se tornará a partir de agora o Mercosul. Boa sorte aos irmãos paraguaios, e que tenham melhor sorte do que nós, que continuamos sob as asas do “socialismo del siglo veintiún”.
Que façam um belo de um acordo aduaneiro com o Tio Sam, como fez o Chile, e mande seus vizinhos bolivarianos para o raio que os parta.
graanbarros disse:
30 de junho de 2012 às 13:41
“Entretanto, eles não devem estar nem um pouco satisfeitos com o tiro no pé que foi o golpe branco, organizado pelo Congresso do Paraguai e planejado desde 2009 com aval do próprio EUA (ver Wikileaks) contra o presidente Lugo”
Pelo contrário, os americanos devem estar é soltando rojões de alegria pelos membros do Mercosul, sob a clara influência de Hugo Chavez, terem isolado politicamente o Paraguai, após o impeachment legamente levado a efeito pelo órgão maior da democracia, o Parlamento.
Eles tem agora a desculpa que lhes faltava para investir maciçamente num acordo de livre comércio com o Paraguai, ao mesmo tempo em que cravam exatamente no meio do Mercosul uma base de apoio tanto para seus produtos, como para suas bases militares.
E o “Grandão-Bobão” de novo foi passado pra trás, por sua extrema burrice…
Tudo o que os bolivarianos não queriam vai acontecer. Os yankees vão tomar conta do Paraguai.
Um país a menos pro Chavez e pro pessoal do Fórum de SP tentarem impor sua doutrina idiota.
Ridículo mesmo é ver o Brasil, a única potência econômica da região, se curvar para os planos do fanfarrão venezuelano. Esse governo é medíocre.
Vejam essa notícia.
A coisa está pior do que eu pensava…
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1113755-pressao-do-brasil-forcou-entrada-da-venezuela-no-mercosul-diz-uruguai.shtml
Requena,
só surpreendeu os desavisados.
Os luminares do Itamaravília trabalham 24 h por dia, 7 dias por semana tramando a “sua revolução”…aquela história dos 20 anos de poder e etc, que boa parte das pessoas já esqueceu
Começou…o uruguay já está tirando o corpo fora…e culpando o brazil pela inclusão da venefavela no bloco…no final, a culpa vai ser do bobão, de novo!
Fora do tópico: A erva já está fazendo efeito…
http://oglobo.globo.com/mundo/presidente-uruguaio-comete-gafe-come-hidratante-para-as-maos-5596648