Em 8 anos, Brasil gasta R$2 bi com ação no Haiti

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Custo original previsto da operação era de R$ 150 mi

 

Rubens Valente

A operação militar do Brasil no Haiti, prevista inicialmente para durar seis meses e custar R$ 150 milhões, completou oito anos no início deste mês a um preço de R$ 1,97 bilhão.

Esse total equivale a mais de seis vezes o que foi gasto com a Força Nacional entre 2006 e 2012 e a dois anos de despesas do Pronasci, o principal programa de segurança pública da União.

Brasil já gastou quase R$ 2 bi no Haiti

Valor da operação militar é mais de seis vezes o que foi destinado à Força Nacional pelo governo federal

Quantia equivale a dois anos de recursos utilizados no principal programa de segurança pública da União

O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões.

A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012.

Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.

O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa.

A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.

Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões).

Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).

Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.”

Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho.

O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.

RETIRADA

O volume de gastos e a extensão da missão brasileira no Haiti também têm pouca ressonância no Congresso.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado dedicou neste ano quatro sessões para discutir a entrada de haitianos em território brasileiro, mas nenhuma para a missão militar.

No último dia 26 de abril, quando o ministro da Defesa, Celso Amorim, compareceu à comissão, a palavra Haiti sequer foi mencionada. Na comissão, não se cogita a retirada das tropas brasileiras.

“A posição nossa [da comissão] é de que, enquanto for preciso, e isso depende do Haiti e da ONU, nós vamos continuar lá”, disse o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). “Os custos que eu vejo são muito menores do que os custos para o Brasil se afirmar como um país que não volta as costas para outro país em necessidade”, disse.

Integrante da comissão, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), não tem posição definida sobre uma saída imediata. “Conversei muito com os haitianos que vieram para o Brasil, e eles têm respeito pelo nosso país, viramos referência”, disse.

Cerca de 6 mil haitianos entraram no Brasil ilegalmente desde 2010 pelas fronteiras do Acre e do Amazonas, segundo a senadora.

FONTE: Folha de São Paulo, via Notimp

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Augusto
Augusto
12 anos atrás

ÓTIMO! Em troca do “investimento”, ao invés de ganharmos a influência desejada pelo governo petralha, ganhamos uma leva enorme de haitianos para encherem mais ainda nossas cidades de favelas.

Em apenas 2 anos foi gasto quase a metade do valor que deveria ser usado para reequipar a nossa aeronáutica com 36 caças! O governo quer dar segurança a outro país mas não consegue garantir a segurança do próprio povo brasileiro. É patético!

ReturnOfTheKing
ReturnOfTheKing
12 anos atrás

Que é bonito é bom ajudar sim, mas eu acho que passou muito dos limites como augusto disse quer dar segurança a outro país mais não garante a sua propria.
Acho que o Brasil não é nenhuma potencia mundial pra gastar tudo isso só está fazer dividas e mais dividas!

Vader
12 anos atrás

Tirante a patética politicagem PeTralha, essa missão foi importante para as Forças Armadas, que aprenderam muito com ela. O gasto com segurança pública não pode ser misturado com o gasto com operações militares; são coisas distintas.

Mas já era tempo do Brasil cair fora de lá, enquanto está “por cima”, pois consta que os haitianos estão ficando meio que de saco cheio da “colonização” brazuca.

E é hora de se dar passos maiores.

giordani1974
giordani1974
12 anos atrás

“…a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), não tem posição definida sobre uma saída imediata.”

Que novidade…

“Conversei muito com os haitianos…e eles têm respeito pelo nosso país, viramos referência”, disse.”

Olha senadora, para quem não tinha nada…

Essa operação foi mais uma jogada de marketing do rei sol…para aparecer na mídia internacional, para aparecer no south park…simpsons…que ao final culminou com aquela patética e estúpida partida de futebol…e a sorte para os soldados do EB é que a operação é com um povo sem Futuro algum e sem motivação nenhuma, nem ao menos união em torno de algo, nem nada…

Claro, não tem como negar que toda e qualquer operação militar é um grande aprendizado. Esse pessoal que está na linha de frente, ao voltar, deveriam ser recrutados pelas polícias militares, sem concurso nem nada, pois a bagagem de experiência deles é incontestável.

A pergunta é: oito anos depois o que mudou?

aljaquel
aljaquel
12 anos atrás

“Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.”

Qual equipamento moderno? Os caças do FX-2 e as fragatas de 6.000t que estão e, pelo andar da carruagem, nunca sairão do papel. Qual indústria de defesa brasileira? A engesa, só se for. Não sei se devo rir ou chorar.

aldoghisolfi
aldoghisolfi
12 anos atrás

O pior de tudo são as ‘notas’ e as explicações.
Triste é que tenhamos de viver estes dias ridículos de ‘grande potência’, quando todos sabemos que não podemos nem mesmo segurar as nossas calças.