País europeu quer indenização por desapropriações na Argentina e na Bolívia

 

SÍLVIO RIBAS

O governo espanhol informou ontem que o presidente da Bolívia, Evo Morales, se comprometeu a pagar a indenização que será cobrada pela expropriação da Transportadora de Electricidad (TDE), filial do grupo Red Eléctrica, da Espanha, anunciada com pompa na terça-feira. “A Bolívia garantiu que vai compensar a empresa pelos custos investidos na rede de eletricidade”, declarou o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, em Bruxelas. Ele classificou o confisco de ações como “medida negativa” e avisou que o gabinete do primeiro-ministro Mario Rajoy terá de “vigiar para que a reparação chegue a um preço justo”.

A declaração do ministro foi a primeira reação oficial do governo espanhol após o anúncio do presidente boliviano de nacionalizar a empresa responsável por 73% da rede elétrica da Bolívia. “O governo espanhol não gosta desste tipo de decisão, sobretudo porque acreditamos ser fundamental manter a segurança jurídica no processo de investimentos no exterior”, afirmou De Guindos. “A Red Eléctrica estava oferecendo bom serviço para a economia e para os cidadãos bolivianos”, lamentou.

No mesmo dia, o embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de La Cámara, se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para avaliar os reveses regionais de negócios espanhóis no setor energético. Na saída, admitiu que o Brasil pode se beneficiar das atuais crises entre Espanha e Bolívia e, sobretudo, de Espanha e Argentina.

Para ele, há chances de medidas extras de cooperação bilateral no âmbito da energia, como uma parceria entre a Petrobras e o grupo espanhol Repsol, ex-controlador da petrolífera argentina YPF, reestatizada recentemente pela presidente argentina, Cristina Kirchner. “Falamos sobre investimentos de empresas espanholas e ainda a possibilidade de acordos em energias renováveis, como solar e eólica, além do desenvolvimento de negócios com gasodutos”, acrescentou o diplomata.

Questionado se os problemas com a Argentina e a Bolívia poderiam abalar entendimentos com o Brasil, Cámara deixou claro a vantagem brasileira na comparação com o resto da América Latina. “Está claro que o Brasil é muito diferente de outros países da região, com segurança jurídica e respeito a contratos. Isso dá muita segurança de investimento às empresas espanholas.”

De Guindos, ministro espanhol da Economia, também destacou que a Espanha não vê “situação generalizada” na América Latina, mas implicações “a médio prazo” no desenvolvimento de Argentina e Bolívia, ao prejudicar investimentos “fundamentais”. A nacionalização da filial espanhola anunciada durante evento comemorativo ao Dia do Trabalho foi interpretada por analistas como uma manobra para driblar as pressões de sindicatos por reajustes salariais.

A multinacional espanhola de eletricidade afirmou ontem em comunicado que “se põe a disposição do governo da Bolívia” para negociar “uma compensação” adequada à expropriação da TDE, em acordo com os interesses de seus acionistas nacionais e internacionais. A Red Eléctrica também minimizou o impacto da medida boliviana sobre seus negócios. “A participação da TDE nos números do grupo é de 1,5% e, portanto, não tem efeito relevante nos seus resultados”, informou.

Reações

Apesar das ponderações da Espanha, a União Europeia (UE) se declarou preocupada e vigilante com a situação e exigiu “compensação rápida” por parte da Bolívia. “Ações desse tipo enviam sinal negativo sobre o clima de negócios”, ressaltou o porta-voz de Comércio da Comissão Europeia, John Clancy.

O governo dos Estados Unidos também se manifestou “preocupado”. “Esste tipo de ação contra os investidores estrangeiros inibe de fato o clima de investimento, seja na Bolívia, na Argentina, ou em qualquer outra parte”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.

Decisão em Buenos Aires

A Câmara dos Deputados da Argentina iniciou ontem os debates em torno do projeto do governo para mudar o marco regulatório do setor de petróleo e gás, começando pela reestatização da petrolífera YPF, até então controlada pelo grupo espanhol Repsol. O texto já aprovado com folga pelo Senado pode ser votado hoje. A tendência, sinalizada por líderes da maioria dos partidos é que a presidente Cristina seja novamente vitoriosa. No dia 16, ela anunciou a decisão de expropriar 51% das ações da companhia petrolífera alegando defender o interesse público e a soberania nacional. Na mesma semana, o ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, veio a Brasília para informar que é de interesse do seu governo manter os investimentos da Petrobras. Ele garantiu que não há risco de expropriação dos investimentos da estatal brasileira e de outras empresas do país em território argentino.

FONTE: Correio Braziliense

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Vader
12 anos atrás

Ahahahaha, a Espanha veio pedir para a raposa cuidar das galinhas??? Kkkkkkkkkk…

Pobres dos espanhóis se a maior esperança que tem em ver seus investimentos devolvidos for na PeTralhada de Pindorama, rsrsrsrs…

giordani1974
giordani1974
12 anos atrás
Blind Man's Bluff
Blind Man's Bluff
12 anos atrás

HA HA!
Agora eles vem pedir ajuda para o Brasil!

giordani1974
giordani1974
12 anos atrás

Esses argies são é muito espertos! Buenos Aires deveria ficar acima do Trópico de Capricórnio…

Eles querem é arrastar toda a região para sua causa. A bolívia já entrou no mesmo saco. Se o plano arquitetado por chavez falhar, culparão o brasil por ter dado pouco apoio e se o plano, mesmo assim falhar, culparão o brasil por Não ter apoiado.

Corsario137
Corsario137
12 anos atrás

A cada dia que passa a imagem do Brasil fica mais descolada do resto da América do Sul, assim como o Chile.

Quanto mais Argentina, Venezuela, Equador e Bolívia rumam para trás, mais dependentes se tornam de nós, da nossa capacidade de interlocução e do nosso capital para investimento. Suas melhores mentes de engenheiros e professores migram mais e mais a cada dia para o Brasil, aumentando ainda mais o abismo.

Exemplo claro foi que um dia após a expropriação da YPF, o representante do governo argentino já estava em Brasília com o pires na mão pedindo socorro a Petrobrás e a sua cadeia de fornecedores.

Vader
12 anos atrás

A Argentina é um país que caminha a passos largos para a irrelevância…