Controles impostos pelo governo argentino derrubam exportações do Brasil
(La Nacion, 03) Os controles impostos pelo governo argentino ao comercio exterior, causaram um forte impacto no intercâmbio com os vizinhos e sócios do Mercosul. Em abril as importações argentinas desde o Brasil caíram 23% e as do Uruguai 19,65%. Nos 4 primeiros meses de 2012, a Argentina comprou do Brasil 5 bilhões e 912 milhões de dólares, uma redução de 9,4%. A participação argentina nas exportações totais do Brasil caiu de 8,7% em 2011 para 6,9% em 2012.
Essa é a Unasul que tantos pregam como a grande Aliança do Sul…..
manda os caras pro inferno.
No entanto temos que ponderar que…
O Brasil não está levando bola nas costas. Se daqui pra lá os produtos não estão entrando, de lá pra cá muito menos, ou seja, a Argentina está vendendo menos também.
O problema da Argentina (como só fosse um, mas nesse caso especificamente) é que as relações de comércio entre os dois países são assimétricas do ponto de vista da participação de cada um nas exportações do outro. Basta dizer que a Argentina é apenas um parceiro comercial do Brasil enquanto o mesmo Brasil é O PRINCIPAL parceiro comercial da Argentina. Nossas exportações estão muito mais pulverizadas que as da Argentina e portanto uma medida dessa não causa um desequilíbrio na nossa balança comerial como um todo.
As implicações são inúmeras. Uma a se destacar é que a indústria manufatureira argentina é ainda menos competitiva que a nossa e portanto o produto brasileiro tem espaço no mercado local. Ao produzirem artificialmente a falta destes produtos, a Argentina obriga seus cidadãos a comprarem produtos mais caros, gerando assim inflação (que lá já é BEM alta) e menos dinheiro circulando na economia. Isso é um problema para eles porque o mercado consumidor + legislação e segurança são muito mais atrativos no Brasil do que na Argentina e portanto nenhum fabricante em sã consciência vai se instalar lá para vender pra cá, só para pegar o agonizante mercado consumidor argentino.
Sou a favor da UNASUL, do MERCOSUL e de todo programa de cooperação que possa existir entre o Brasil e os demais países do continente. Esses países são nossa zona de influência já estabelecida. E como nação local mas que joga globalmente, o Brasil precisa dessas áreas de influência.
Isso tudo é uma tentativa, que está por dar certo, da
Argentina (precisamente de Cristina Kirchner) de levar as indústrias brasileiras das quais eles importam para seu país. Sistematicamente a Argentina tem interposto tarifas, novas legislações e exigências e mais tributos, além de muita demora nos trâmites alfandegários, chegando muitas vezes os camioneiros que chegam a Passo de Los Libres a terem de deixar o caminhão na fronteira nos pátios das alandegas de Uruguaiana ou Libres e voltarem para suas casas em outros estados porque sabem da demora que levará para ser liberada a carga que carregam. No RS já é grande a preocupação com o desmanche da indústria agrícola que pode acabar indo para a Argentina que vai acabar se dando bem.
A salvação para a indústria nacional depende diretamente da desvalorização do Real, sem inflação, para que a produção nacional tenha preços mais competitivos e produzir na Argentina não se mostre atrativo, até porque o mercado interno dos hermanos és muy flaquito.
Essa desvalorização parece que se tornará realidade advinda das novas diretrizes sobre as cadernetas de poupança lançadas pelo Ministério da Fazenda. O capital especulativo que está no Brasil, hoje, tende a encontrar novos hospedeiros e essa praga parasitária que faz nossa moeda se sobrevalorizar sendo eliminada faz com que o Real desvalorize aos poucos.