Embaixador Rubens Ricupero – Reunião UPLA\ FLC-DEM \ FHS-AL – 23/04/2012 – S. PAULO.

1. Dois Fatores Históricos. a) Todos fomos colônias num quadro de comércio exclusivo com a metrópole, inclusive os Vice-Reinos hispânicos e as Províncias lusitanas. Não havia intercâmbio entre as regiões e, portanto, não foram construídos meios de transporte. Na Europa, desde a Idade Média foram desenvolvidos esses meios de transporte para o comércio interno. Os EUA saíram muito antes dessa limitação. Até hoje não há infraestrutura interna na América Latina. Integração física é uma prioridade hoje.

2. b) Portugal e atual Espanha foram adversários desde a Idade Média. Portugal resistiu ao centralismo hispânico pela aliança com a Inglaterra desde a Idade Média. Esse antagonismo se transmitiu a América Latina a partir do século 16. Portugueses avançaram sobre o Tratado de Tordesilhas. Tratados de Madrid em 1750 e Santo Ildefonso em 1777 consagraram as fronteiras do Brasil, basicamente como são hoje. EUA ampliou as fronteiras amplamente depois da independência. Brasil só anexou/comprou o Acre.

3. Cordilheira dos Andes e Amazônia são obstáculos tecnicamente maiores que Oceanos. Antagonismos com Brasil irão até 1880: Argentina e fronteira sul e Guerra com Paraguai. Na América Hispânica: Guerra do Pacífico e, já no século 20, Guerra do Chaco –Paraguai x Bolívia e Guerra Peru x Equador em 1941. Brasil tem 142 anos de fronteiras tranquilas.

4. Barão do Rio Branco: visão pan-americana e aliança com EUA em relação à Europa por preocupação com a expansão das Guianas. Na segunda guerra, Brasil joga importante papel catalizador para os EUA. Reunião Brasil-EUA a fins de 1942 cristaliza essa aliança que se desdobra em envio de tropas brasileiras a Itália. No fim da guerra assinado o TIAR –tratado interamericano de assistência recíproca.

5. Três tendências atuais. i) Criação de organizações sul-americanas e latino-americanas de diversos tipos pouco articuladas: Grupo de Contadora, Grupo do Rio, Unasul, Conselho de Defesa… ii) Aumento das divergências e não de convergências com EUA e intra-latino-americanas. Exemplo: bolivarianos que querem refundar as instituições, quebrando a tendência geral em direção à democracia-representativa.

6. iii) a ideia de integração econômica latino-americana (Tratados de Montevidéu 1 e 2, Mercosul…), tudo em vias de desaparecer em função de: acordos bilaterais com EUA incompatíveis com integração latino-americana e emergência da China, Índia e leste asiático e mercado de commodities (com exceção do México). Maioria voltou à economia primário-exportadora –Norte-Sul, só que Norte é China.

7. Ideia de integração latino-americana era baseada em maior mercado e industrialização. Com isso, desaparece o pressuposto da integração.

8. Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México) acentua essa terceira tendência.

FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia

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