‘Pai’ dos Brics prevê 40 anos de prosperidade para o bloco
Economista só não explica por que tratar em conjunto países tão distintos
ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
Em meio à nuvem de incertezas que cobre a economia mundial nos últimos anos, o futuro é promissor para Brasil, Rússia, China e Índia.
Sim, os Brics continuarão a avançar sob postos historicamente ocupados por EUA, Japão e países europeus. Pelo menos é o que vende o pai do acrônimo Bric, Jim O”Neill, economista britânico do banco Goldman Sachs, em “O Mapa do Crescimento”.
Para O”Neill, figura constante nos jornais brasileiros, os “seus” Brics (ele deixa de fora a África do Sul, recentemente incorporada pelos demais pares) poderão ter sobressaltos, mas a rota até 2050 é de expansão.
O Brasil, por exemplo, tem o desafio de uma moeda sobrevalorizada, a necessidade de continuar as reformas, abrir o comércio e melhorar a educação e a saúde, mas, “no longo prazo”, o autor escreve: “Mantenho-me extremamente otimista em relação ao Brasil e seu recente sucesso; após décadas de fracasso econômico, sustenta uma grande esperança”.
A palavra otimista, aliás, é uma constante para O”Neill, seja para a Rússia (com seus problemas populacionais e de forte dependência de venda de energia), seja para a China (e sua possível bolha).
A Índia é o único país que é visto com reticência no longo prazo, porém, ainda assim, ele estima que sua economia possa ser 30 vezes maior em 40 anos.
HISTÓRICO
Otimismo é uma palavra tão castigada nos últimos anos de crise global que ela acaba sendo recebida com reticência: a recuperação da economia dos EUA, por exemplo, já foi falada tantas vezes que a atual retomada é vista com um pé atrás. O fim da crise europeia também volta e meia é sacramentado, mas ainda esqueceu de acontecer.
Mas a O”Neill o que é de O”Neill: ele conseguiu enxergar a importância do bloco de emergentes muito antes da maioria -e, claro, soube vendê-los como ninguém.
Quando criou o termo Brics, em 2001, a China representava algo em torno de 4% do PIB mundial e hoje significa 10%; o Brasil dobrou a sua fatia nesse período, para cerca de 3,5%, e hoje é a sexta maior economia global.
Basta ver o comércio brasileiro para identificar a mudança de patamar do gigante asiático: dez anos atrás, 3% das nossas exportações rumavam para a China (então nosso sexto principal destino), ante 17% em 2011.
O que o economista não consegue explicar no livro, entretanto, é por que esses países, tão heterogêneos, devem ser tratados como um bloco, além do fato de terem populações grandes e forte crescimento, como ele diz.
E aqui é preciso uma ressalva: assim como não é possível comparar as populações “bilionárias” de China e Índia com as de Rússia e Brasil, não dá para comparar o ritmo acelerado dos dois primeiros com o do segundo par.
O GIGANTE
Mais que o sucesso desses quatro países, os primeiros dez anos de Brics foram uma vitória dos chineses, que passaram a ser a segunda maior economia do mundo e o principal financiador externo da primeira, os EUA.
“Claro que alguns dizem que, se eu tirasse o “c” dos Brics, não sobraria história nenhuma para os outros. Talvez estejam certo”, escreve.
Não é por acaso que a maior parte do livro de 256 páginas (e das viagens do economista) é dedicada à China, enquanto ao Brasil resta pouco mais que as 11 páginas do subcapítulo sobre o país e algumas citações ao longo da publicação.
FONTE: Folha São Paulo
Pra mim o BRICS é tão relevante quanto o ATMES.
Por enquanto o BRIC em si e só uma sigla de concreto não se tem nada, nenhum acordo comercial ou politico nada mesmo, mas cada país em si e uma potencia econômica isso e incontestavelmente uma realidade, seja pela economia Chinesa em plena e continua expansão, como a Indiana também, como a economia brasileira e russa sendo grandes exportadores de matéria prima, e com suas imensas reservas de Gás petróleo e outros minérios, sem dizer a agricultura.
No mais o bloco em sim está muito longe de ter um peso mundial maior, a não existência de um acordo de livre comercio entre as nações e um problema, mas isso ocorre principalmente pela concorrência desleal com produtos chineses principalmente, quem sabe ao longo dos próximos anos, o Bloco em si seja mais forte tanto em influencia politica e econômica.
BRICS é tão relevante quanto astrologia…
Senhores,
O “BRICS” é apenas e tão somente uma classificação criada pelo Sr. O’Neill para agregar países em vias de desenvolvimento que possuem imensos recursos (energia, alimentos, área territorial, população).
Não são um bloco econômico e nunca serão, pois possuem vários interesses opostos entre si. Além disto, três deles (Rússia, Índia e China) tem fronteiras entre si e o antagonismo entre eles tende a crescer – e muito – no futuro.
O mérito dele (O’Neill) foi ter percebido que com a globalização estes países tem muito a vender e muito a ganhar, e que inevitavelmente seu peso no Mundo iria aumentar.
Li um estudo há anos atrás no qual se afirmava que era fácil um país se tornar uma potência, desde que atendesse a três requisitos básicos:
– mais de um milhão de quilômetros quadrados de território;
– uma população de mais de 100 milhões de habitantes;
– um PIB de mais de um trilhão de dólares.
Os BRICs atendem a todos estes requisitos e, por isto, que a África do Sul é desconsiderada pelo Sr. O’Neill.
Em tempo: outros acreditam que o MÉXICO será uma superpotência no futuro a figurar entre os BRICs.
E até é óbvio, pois o México atende aos três pré-requisitos acima indicados.
Muito bem observado, caro Observador. 😉
Os BRICs não são um bloco, são antes de nada, uma observação.
Analisando-se os últimos relatórios divulgados pelo banco mundial, OMC e FMI, percebe-se a relevâcia dos BRICS na economia mundial, principalmente nos últimos 5 anos.
Todos os membros aumentaram sua fatia de participação no PIB e nas exportações mundiais de tal forma que, sem eles, a crise estaria em um ponto inimaginável. Em outras épocas, uma freada dos EUA e da Europa como a atual já teria levado a economia mundial ao caos.
Trazendo pro campo da defesa, observa-se que são também estes países que mais aumentaram seus gastos militares nos últimos anos e essa tendência só tende a se consolidar.
Ignorá-los ou não considerar sua importância é como ignorar a gravidade. Você pode até tentar, porém sentirá seus efeitos do mesmo jeito.
Os comentaristas anteriores, tão duvidosos da capacidade dos BRICs, foram criados em uma cultura liderada pelos americanos e propagandeada por Hollywood que sempre pregou o EUA e seus aliados como líderes mundiais, contra um par de potências nucleares comunistas que ficavam em segundo plano, pois teriam um vasto poderio militar mas uma população faminta. Isso tudo mudou, mas os valores estabelecidos pela cultura dominante continuaram e, mesmo vendo os fatos e as notícias, as pessoas depositam muita desconfiança aos acontecimentos.
Há uns quantos anos, já, era discutido em universidades a capacidade da sustentação da economia mundial pelas economias ricas desenvolvidas (antigo 1º mundo), sendo que as populações dessas nações não dispunham de um potencial de consumo garantido e continuado, pois mesmo que colocassem fora seus eletrodomésticos e veículos para trocar por produtos novos a crescente conscientização ambiental faria com que esse método de consumo brecasse refletindo em crise. Por isso que, hoje, quem leva a economia mundial nas costas são os BRICs com todo o apoio de EUA, Japão e Europa pq o show não pode parar, o exemplo mais prático disso é a grande invasão de marcas de carro no mercado nacional e, principalmente o mercado de automóveis chinês. Os riquinhos indo atrás do dinheiro dos BRICs.
Cabe ao brasileiro ser mais sensato, produzir melhor, deixar de corrupção (pois não são só os políticos os corruptos), ter orgulho de seu país e acreditar que tudo vai dar certo. Falta inclusive patriotismo ao brasileiro e nisso os americanos, britânicos e japoneses são campeões, enquanto os americanos ostentam a bandeira deles por todos os lados e fábricas, aqui as pessoas nem se importam com o hino.
Devemos valorizar nossas coisas, sermos mais bairristas (é bom), não ser subalternos e acreditármos que mesmo com muito a melhorar o país está progredindo e tem lugar de destaque, atualmente, com reconhecimento de potência, inclusive, por porta-vozes do governo americano.
Vale a pena apostar.
Caro Cristiano.gr,
Creio que você não leu direito o que se escreveu.
Ninguém desdenhou do poder dos países classificados como BRICs, muito pelo contrário.
Se atacou, isto sim, o conceito de BRIC como um bloco econômico.
Os únicos países do BRIC com uma relação comercial verdadeiramente forte são a China e o Brasil.
De resto, Brasil, Rússia, Índia e China discordam em praticamente TUDO: democracia, livre comércio, direitos humanos, Conselho de Segurança da ONU, tabelamento de preços agrícolas, meio-ambiente…
Sem falar que Índia e China são beligerantes entre si, enquanto a Rússia quer se defender do avanço de ambos. E nenhum dos três quer dividir espaço com o Brasil.
Não são um bloco econômico e nunca vão ser.
O Brasil caminha sozinho. Contra tudo e contra todos. Como sempre foi.
Por isto lembre:
“Otimismo não é estratégia”.