Elliott Abrams, ex-conselheiro de segurança da Casa Branca, diz que não há saída diplomática para queda de Assad

Verene Fornetti

Elliott Abrams, ex-conselheiro de segurança da Casa Branca em governos republicanos, diz que a comunidade internacional tem aprovado resoluções contra Síria na ONU sobre proteção de civis enquanto não fazem nada.

Ligado ao Council on Foreign Relations, ele defende que os países ajudem a armar os opositores do ditador Bashar Assad e diz que não há solução diplomática.

Folha – Sem a perspectiva de intervenção militar, as resoluções da ONU contra A Síria são menos eficazes?

Elliott Abrams – Está claro que os países da Otan não querem intervir na Síria como fizeram na Líbia, por razões financeiras e porque suas Forças Armadas estão estendidas. E eles não irão fazê-lo sem a liderança dos EUA, sem que os EUA assumam a maior parte do fardo. Mas isso é o que eles desejam, não necessariamente como vai ser.
A ação foi forçada quando Muammar Gaddafi ameaçou assassinato em massa em Benghazi, e poderia ser forçada na Síria também. Mas no momento Assad é livre para ignorar a Otan e a ONU porque eles estão apenas falando, sem agir. Assad não vai levar a sério [as ameaças] até que eles realmente ajudem a oposição, até que entreguem à oposição mais do que discursos com os quais lutar.

Obama repetidamente aborda com precaução a possibilidade de ação militar na Síria e no Irã. Esse cuidado reflete os cortes de gasto do governo, o ano eleitoral ou os desafios de ganhar nesses países?

Reflete uma combinação de coisas. O público está cansado do Iraque e do Afeganistão e isso faz com que o presidente tenha muito cuidado com um novo compromisso. Ele também ouve do Exército e da Marinha que eles não querem correr o risco de um envolvimento.
E ele está ouvindo que não conhecemos nem confiamos na oposição [síria], apesar de que isso me parece o resultado da política [adotada para o país], não de falta de inteligência. Ou seja, quanto mais tempo ficarmos longe deles, menos saberemos sobre eles. Não acho que a questão seja financeira.

O sr. vê a possibilidade de solução diplomática?
Não. O regime não vai sair se não for derrotado.

Rebeldes na Síria estão pedindo mais armas à comunidade internacional. Será suficiente para derrotar Assad?
Eu acho que Assad vai matar e matar para permanecer no poder. Se os rebeldes podem derrotá-lo, depende em parte de que armas têm: rifles apenas ou, por exemplo, armas antitanque.

Mas armar os rebeldes terá também impacto político e psicológico, ajudando o moral dos rebeldes e ajudando a convencer muitos que estão em cima do muro de que realmente queremos derrubar Assad.

FONTE: Folha de São Paulo, via resenha do EB

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