Além do câmbio, mão de obra ficou mais cara: em 5 anos, custo do trabalho na indústria aumentou 46% no Brasil e 3,6% nos Estados Unidos

 

Raquel Landim, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO – Está mais barato produzir bens industriais nos Estados Unidos do que no Brasil. A afirmação parece um contrassenso, mas se tornou realidade. A crise provocou uma reviravolta na estrutura de custos das empresas, encarecendo uma nação emergente como o Brasil e tornando os EUA um país de baixo custo.

“As empresas relatam que hoje existem condições mais favoráveis para a produção industrial nos Estados Unidos do que no Brasil”, conta Gabriel Rico, CEO da Câmara Americana de Comércio (Amcham-Brasil), que reúne as multinacionais americanas instaladas no País.

O câmbio é o principal vilão por causa do enfraquecimento do dólar, especialmente diante do real, mas não é o único. Levantamento da MB Associados, feito a pedido do Estado, aponta que despesas importantes, como energia e mão de obra, subiram muito mais no Brasil do que nos Estados Unidos.

Nos últimos cinco anos, o custo do trabalho em dólar na indústria aumentou 46% no Brasil e apenas 3,6% nos Estados Unidos. Segundo Aluizio Byrro, presidente do conselho da Nokia Siemens na América Latina, a mão de obra no Brasil está entre as mais caras do mundo. “Um gerente de nível médio chega a ganhar 20% menos nos EUA do que aqui.”

No Brasil, os encargos trabalhistas são pesados e a variação cambial encareceu os salários em reais. Além disso, o crescimento da economia e a baixa escolaridade da população provocou uma forte escassez de mão de obra qualificada.

Nos Estados Unidos, trabalhadores não têm direitos como décimo terceiro salário ou licença-maternidade. Com a crise, as empresas ganharam poder de barganha e conseguiram até redução de salários.

“No setor automotivo americano, por exemplo, tudo foi repensado para salvar empresas que estavam à beira da falência”, diz Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PwC. “Já o Brasil é um dos países mais onerosos do mundo para produzir carros. Não só pelo câmbio, mas também pela falta de escala, excesso de impostos, mão de obra e matéria-prima mais caras.”

De acordo com Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, além da logística ruim e da carga tributária, o setor industrial brasileiro sofreu com a inflação mais alta que nos EUA, o que encareceu os custos em geral.

“Nos EUA, a crise foi essencial para a tornar a indústria mais competitiva, porque provocou demissões em massa e reduziu os custos, aumentando a produtividade”, diz Vale. Nos últimos cinco anos, a produtividade industrial americana avançou 9%, ante apenas 1,1% no Brasil.

Déficit. A balança comercial entre os dois países já reflete a mudança na competitividade. Em 2005, o Brasil tinha um superávit de US$ 9,9 bilhões com os americanos. No ano passado, esse resultado foi revertido em um déficit de US$ 8 bilhões.

FONTE: O Estado de São Paulo / 17.03.12 / COLABOROU: Dr. Cockroach

NOTA DO FORTE: Aquele piada que diz que enquanto os EUA produzem iPad, iPod e iPhone, o Brasil produz iPVA, iPI, iSS, iPTU… não está longe da verdade.

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Marcos
Marcos
12 anos atrás

A verdade é que os EUA ganham de nós pela forma menos complicada de trabalhar, no ganho de escala e na proteção que o governo dá as empresas.

O Brasil sempre teve uma vantagem quando o câmbio estava a nosso favor. Depois que os novos “economistas” tupiniquins esqueceram do câmbio, todas as nossas vantagens se foram.

“Adispois” não podemos esquecer que nesse país o governo joga contra as empresas. Acrescer ao bolo: corrupção, sonegação, perseguição e outras tantas marmeladas.

Almeida
Almeida
12 anos atrás

Olhem isso!

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=296514500419552&set=a.188356487902021.46226.188210971249906&type=1&theater

A que ponto chegamos! Ter que mostrar imagem de soldado de video game pra divulgar exposição do EB!

erabreu
erabreu
12 anos atrás

Incrível é o EB embarcar numa dessas.