Carlos José Marques, diretor editorial

Há algo de realmente surpreendente no trilho de avanço social do País. Depois do advento da chamada nova classe média, com a inclusão de nada menos que 25 milhões de brasileiros entre os emergentes com potencial de compra para reativar a economia, eis que surge agora a perspectiva de um incremento ainda maior dessa massa de consumidores nos próximos dois anos.

Quem atesta é a Fundação Getúlio Vargas. Ela acaba de divulgar um estudo prevendo que até 2014 o Brasil contará com um total de, ao menos, 118 milhões de pessoas aptas a serem classificadas como de classe média, dada a sua condição de vida. O número é quase o dobro dos 65,8 milhões verificados em 2003. Ou seja: em pouco mais de uma década, o País conseguirá resgatar boa parte dos excluídos que, até aqui, representam a imensa maioria da população.

Além disso, aponta a FGV, a quantidade de cidadãos das classes A e B crescerá proporcionalmente mais do que a da classe C. Em números, 29,3% ante 11,9% desta última, no mesmo período de 2003 a 2014. É um feito e tanto, com claros dividendos políticos para o governo. A perspectiva da Copa do Mundo, que acontece justamente em 2014, e da Olimpíada, com novos aportes de investimentos, leva a crer que o bonde não vai parar por aí.

O estudo, batizado como “De Volta ao País do Futuro”, calcula em 52,1 milhões de brasileiros o número dos que subirão à classe C e em 15,7 milhões aqueles que ascenderão à classe A. Atualmente, o Brasil já conta com 150 mil pessoas listadas como “milionárias” – aquelas que possuem ao menos US$ 1 milhão líquido para gastar. Essa prosperidade aumenta na inversa proporção da quantidade de miseráveis.

Pelo levantamento da FGV, a pobreza aqui segue caindo a um ritmo de 7,9% ao ano e a desigualdade de renda diminui desde dezembro de 2000. É alvissareira a ideia de o Brasil estar no prumo, prestes a alcançar um lugar de destaque entre as ditas nações desenvolvidas.

FONTE: Isto É

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

14 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Marcos
Marcos
12 anos atrás

Blá, blá, blá, blá …

O que ninguém fala é que as classes se dividem em:

A1
A2
B1
B2
C1
C2
D
E

Ou seja, na terra da fantasia, vale tudo para enganar desinformados.

Fonte: Quanto É

Luis
Luis
12 anos atrás

Uma hora essa mamata acaba e a conta chega, e ela virá bem salgada.

Invincible
Invincible
12 anos atrás

Nem no País das maravilhas isso cola.

Vejam só! Quando eu fiz Economia eu apreendi sobre uma coisa Chamada PIB. E so para deixar claro seu que o PIB é um indicador relativo e superficial para se medir uma economia. Mas é um indicador importante em termos de comparação e de desempenho economico.

Vejam bem! Todos falam que o Brasil está em um forte crescimento e que é uma potência economica e tudo mais. Que está a salvo de tudo e que é o melhor mais seguro dos país.

Agora observem que em 2011 o Brasil cresceu 2,7% no seu PIB. Observem que o nosso país é ainda um país em desenvolvimento, ou seja, tem muito espaço para crescer.

Vejamos agora o que se fala dos EUA (Sim! Uzaericanu). Para o mundo todo os EUA estão no fim. Logo haverá uma implosão e aquele país deixará de existir. Ao menos é isso que a mídia quer transparecer. Pois bem! Aquele país cresceu 1,7% em 2011. Caso alguém lembre eles são uma economia de 14 tri já desenvolvida.

Também temos que analisar o caso da “falida” Alemanha que pelo que dizem vai morrer com o “Salsicha da Europa na MON”. Pois bem. O nossos amigos Chucrutes que estão no “fundo do posso” cresceram míseros 3,0% em 2011.

Alguém consegue me dizer aonde está o bum da economia brasileira? Cadê o bom? Como um país se desenvolve ser gerar valor em nada do que exporta? Será que ninguém percebe que essa pseudo classe média (que nos países ricos se chama pobreza) está baseada em programa sociais e nos seus reflexos? Até quando pagaremos essa conta?

Luiz Paulo
Luiz Paulo
12 anos atrás

Invincible disse:
12 de março de 2012 às 16:52

“Alguém consegue me dizer aonde está o bum da economia brasileira? Cadê o bom? Como um país se desenvolve ser gerar valor em nada do que exporta? Será que ninguém percebe que essa pseudo classe média (que nos países ricos se chama pobreza) está baseada em programa sociais e nos seus reflexos? Até quando pagaremos essa conta?”

Perfeito resumo. Ninguém fala da dívida pública e a conta vai só aumentando….

Invincible cuidado cara, falar a verdade hoje é coisa de pessoas do ‘mal’ entende? Aquelas que não sabem ver ‘o progresso’, ‘aszelites’ reacionárias e talz…
Enfim, falar a verdade é ‘xingamento’ na certa. Cuidado, rs.

Sds.

Invincible
Invincible
12 anos atrás

Pois é!

Eu escrevi tão sem pensar que saiu coisa errada. Mas vc´s entenderam.

Como diria o Martin Luther King: What worries me is not the cry of the poor. It is the silence of good…

Observador
Observador
12 anos atrás

“Quanto é”?

Minha opinião pessoal:

Revistinha chapa-branca, um panfleto partidário dedicado a explorar somente os escandalos dos partidos de oposição.

Se o escândalo é do PT, fingem que não viram e ficam publicando como matérias de capa umas bobagens exotéricas ou matérias ligadas à saúde.

Só se o caldo engrossa muito, daí publicam uma reportagenzinha de duas páginas sobre o escândalo.

Para mim, “Isto” não serve nem para banheiro do meu cachorro.

Sobre a novidade incensada pela revistinha, só esqueceram de dizer que o Brasil cresceu APESAR do governo e não graças a ele.

O Brasil é um fusca de freio de mão puxado, que está com uma corda amarrada numa carreta de oito eixos em movimento chamada CHINA.

É só por isto que crescemos o pouco que crescemos.

Quando a carreta diminuir, vamos parar.

O mérito do nosso governo, por assim dizer, é criar uma política industrial suicida. Graças ao dólar baixo (para segurar a inflação) e aos juros altos (para rolar a dívida pública), o peso da indústria no Brasil agora é o mesmo que tinha no Brasil de 1950.

Isto é DESINDUSTRIALIZAÇÃO, com o perdão do trocadilho.

Quando os chineses passarem a importar soja das suas fazendas na África e deixarem de importar minério de ferro (porque o boom de construção na China está acabando), daí sim, quero ver para onde vai a economia brasileira.

Sem exportação, sem dólares, rapidinho vamos virar um Portugal da vida, sem capacidade de contrair novos empréstimos, com um Estado endividado até o tutano.

Quando isto acontecer, e a bomba estourar, vocês podem ter certeza:

A capa da “Quanto é” vai ser sobre o poder da terapia dos cristais.

Invincible
Invincible
12 anos atrás

Caro Observador… você fez jus ao seu apelido…

Se o país cresce 2,7% puxado principalmente por commodities e pelo setor de serviços. Aonde está a indústria?

Mas isso tem uma explicação muito simples. Os setores de commodities tem uma influência muito forte do governo que de serta forma de grande liberdade para regular e definir as regras.

Entretando a industria gera mais riqueza a cadeia produtiva e sem dúvidas é uma grande distribuidora de renda, na medida em que cada etapa de transformação carrega uma grande quantidade de valor agragado e por consequência pessoas envolvidas.

Acontece que uma industria forte e liderando a economia tira o poder de controle do estado sobre a economia e passa ela para as mãos dos empresários e se unidos podem promover uma pressão sem tamanho sobre o governo até o ponto de alterá-lo.

Nenhum país do mundo se desenvolveu vendendo soja nem minério. E como o Observador comentou estamos sendo rebocados pela China. Não por nossa competência mas sim por que nos deixamos explorar por eles de uma forma nunca vista.

Hoje o país vive um ditadura velada aonde quem discorda é automaticamenta taxado de louco ou de reacionário.

Corsario137
Corsario137
12 anos atrás

Permitam-me ser um pouco menos apocalíptico.

Ignorando-se a revista, que é quase propaganda oficial… Vamos pontuar o debate para que “não caia tudo no mesmo saco”. Daí a César o que é de César já dizia o mestre.

1. – O PIB. O fato de o Brasil ter crescido pouco em 2011 deve-se as políticas anticíclicas adotadas pelo Ministério da Fazenda em 2010. Tivemos um crescimento irreal de 7,5% e, como em economia milagre não existe, esse crescimento não natural despertou um movimento inflacionário, que por sua vez seguiu-se de medidas de ajuste e que terminaram por debelar o crescimento pífio de 2,7% de 2011.

Fizemos então o famoso “voo de galinha”, onde se cresce muito e rápido para em seguida se espatifar no chão. Se fizermos uma média entre os dois valores de PIB (conta herética), chegaremos a 5,1%, que pela análise histórica de evolução do PIB nos últimos anos, seria um número mais condizente com a economia brasileira do que essa gangorra.

A isso, agrava-se a crise econômica da Europa que sacudiu o mundo no segundo semestre de 2011 e que teve efeitos mais do que reais por aqui.

Então, por mais poderoso que seja o GF, quando estamos numa economia globalizada, este é mero agente, sujeito a infinitas variáveis que não estão sob seu controle.

– O PIB dos EUA subiu 1,7% por conta da saída da estagnação. Depois de tanto tempo cortejando a recessão, era esperado, foi um movimento natural. Tal como – mantendo as proporções – ocorreu com a Argentina, que acumulou crescimentos espantosos de até 12% nos anos que se seguiram ao fim da recessão que fez a economia encolher quase 20% em um ano.

– O PIB da Alemanha só não cresceu mais por conta da crise. Ali temos uma economia virtuosa. Não acho que ninguém em sã consciência acredite que ela está falida ou próxima a isso.

2. – A China e a Matriz de Exportações Brasileira:

Acho apocalíptico demais esse cenário que a pintam sobre a China em relação ao Brasil. O Brasil exporta matéria prima pra China unicamente por que ele TEM matéria prima para exportar. Se deveríamos estar exportando outras coisas além de produtos agrícolas e minério de ferro já é outra discussão, porém, num país que tem as riquezas minerais que temos + as áreas agricultáveis que dispomos, não ter um enorme volume de exportações vindo daí seria um desperdício, como foi na década de 80 e parte da de 90. Esse é um ponto forte nosso não o fraco. É como uma “doença holandesa” verde. O Agronegócio é um “petróleo verde” que possuímos. Podemos aí ser um Iraque ou uma Noruega, a questão é como lidamos com isso.

O número de habitantes no planeta ainda cresce e, pautados nesse mercado de crescimento orgânico, ainda estamos muito, mais muito longe de alcançarmos um estado de estagnação ou mesmo declínio. Basta analisarmos o preço das commodities.

Se estiverem plantando na África, que ótimo, tomara que haja um “outro Brasil” em terras cultiváveis porque isso só fará o preço das commodities cair e assim diminuir mundialmente a pressão inflacionária sob os alimentos. Viajo muito à África e vejo muitos chineses na construção civil, nunca vi nenhum plantando nada, mas tomara que estejam.

– Sobre a relação de desaceleração China x Brasil, em que se um diminui o outro acusa o golpe, bem, isso é uma interdependência global. O Brasil sente porque a China sente também. A classe média chinesa só faz crescer, portanto o que fez eles desacelerarem foi o mercado externo e não o interno. Os EUA frearam, a Europa freou, a China sentiu, o Brasil seguiu. O nome disso é Globalização.

– A Matriz de exportação brasileira pautada em commodities é fruto do principal e maior gargalo da economia e política brasileira: a EDUCAÇÃO. Não adianta ter o PIB de 6ª e o índice de competitividade de 53º. Ilude-se quem acha que é o câmbio ou a política fiscal que determinam um melhor nível das exportações. Quem determina isso é a capacidade de inovação de cada país, sendo esta alcançada somente pelo maciço investimento em educação. Foi o que a Coréia do Sul fez 30 anos atrás e é o que explica o porquê da Alemanha ter uma moeda ainda mais valorizada que a nossa frente ao dólar e ainda assim ser o 2º maior exportador do planeta.

3. Desindustrialização. Estão se tomando os efeitos pelas causas.

O dólar não é baixo para segurar a inflação. O dólar é baixo por uma série de fatores:

a) porque temos um regime de câmbio flutuante.
b) dada a situação macroeconômica de o Brasil ser, ao menos nos últimos anos, melhor que a da maior parte do mundo, o investidor atraca aqui seu capital para fugir da quebradeira.
c) porque temos os juros mais altos do mundo.
d) porque temos um setor financeiro altamente controlado que impede instituições bancárias brasileiras de fazerem aventuras mundo a fora.

O que segura a inflação é a taxa de juros, esta sim determinada pelo governo, e que sim, também tem suas implicações sobre o câmbio, porém menores.

E porque então a taxa de juros não é mais baixa? O governo usa a taxa de juros como instrumento cruel de controle da inflação? A resposta é não. A taxa de juros no Brasil não é baixa principalmente por um perturbador motivo: produtividade.

O Brasil não consegue crescer mais do que 4,5/5% sem gerar inflação porque quando crescemos nesse ritmo chegamos ao auge da nossa capacidade instalada. É triste senhores, mais é verdade. O Brasil é refém da sua incompetência, da sua falta de competitividade e inovação.

Imaginem que vocês são donos de uma indústria do setor X, que consegue produzir no máximo 100 unidades de um produto por mês. Atualmente vocês trabalham produzindo 95 unidades, ou seja, sem usar a capacidade máxima instalada. Digamos que a demanda pelos seus serviços suba 5% em um ano. No ano 2, a menos que haja um incremento na sua capacidade produtiva, você já começa o ano com um índice de 99,75% de utilização da capacidade instalada. Ou seja, basta agora você crescer 1% para não conseguir mais dar conta das encomendas que recebe. Se isto acontecer não só com você, mas com todos os outros fabricantes concorrentes, em pouco tempo vai faltar produto no mercado, ocasionando assim o aumento dos preços e consequentemente inflação.

Assim, sobra ao governo apenas a tarefa autopunitiva de aumentar a taxa de juros para diminuir o crédito e desacelerar a economia, permitindo assim que você, fabricante da indústria X, não alcance o limite da sua capacidade instalada.

Isso tudo obviamente no contexto do tema “desindustrialização” e portanto sem falar da inflação de serviços.

Hoje temos uma taxa de inflação de 9,75%, uma das mais baixas da nossa história recente, resultado de uma política que pretende reaquecer a economia para não repetirmos os 2,7% de 2011.

Isto significa também, que os juros que pagamos sobre a nossa dívida são menores e que portanto gasta-se menos do orçamento federal com isso, dando espaço para o tão necessário investimento que precisamos para resolvermos problemas de infraestrutura que, entre outros, emperram a nossa competitividade e encarecem os nossos produtos. Isto tudo é claro, se o GF gastar essa “sobra” com isso.

E por fim neste tema, a participação do setor industrial também diminuiu porque, como todo país em que começa a se desenvolver, o setor de serviços aparece com grande destaque. Em 1950 estávamos entre o campo e a indústria, hoje temos ainda o campo, a indústria e agora os serviços, que são bancos (que ganham bilhões), empresas de seguro e saúde, gigantes do varejo (Casas Bahia/Ponto Frio/Pão de Açúcar). E-commerce, Telefonia e etc…; A China alcançou o posto que alcançou tornando-se a fábrica do mundo, os EUA tiveram sua trajetória um pouco diferente, primeiro com uma indústria pesada, depois baseados mais em serviços, marketing e inovação. A Alemanha, a França e a Europa Setentrional mesclaram. Enfim, cada país tem o seu caminho. O setor que hoje mais contrata é o de serviços e portanto, apesar de toda a relevância da indústria, temos que ter em mente que existem outros caminhos para se crescer que não uma economia baseada na indústria.

Não temos como ser endividados como Portugal porque realizamos superávits primários, nosso endividamento está sob controle e temos quase um PIB da Suécia em reservas.

Pra terminar, retornando ao tema do post do Blog, o Brasil sobe de classe desde 1993 quando o então ministro da fazenda FHC e sua equipe econômica criaram o Plano Real. Não precisamos ficar duvidosos quanto aos dados publicados pela revista, eles não são falsos, apenas não são mérito do PT, mas de quem criou a estabilidade da moeda, o câmbio flutuante e o regime de metas. Mérito também do Sr. Guido Mantega e Alexandre Trombini, que são economistas e não políticos. Dão prosseguimento a um trabalho iniciado porque sabem que este funciona.

Obs: Estou em casa doente e não fui trabalhar, daí eu ter parido esse comment 😉

Invincible
Invincible
12 anos atrás

Nobre Corsário,

Primeiramente excelente análisa. Gostei de verdade.

O nosso crescimento de 2010 que foi 7,5% não aconteceu por conta de um Boom da Economia. Temos que considerar o fato do GF ter injetado uma grande quantidade de dinheiro na economia para eleger a Dilma. Sem contar que o ano de 2010 foi de crescimento excepecional devido ao ano de 2009 que teve uma retração 0,2%. Logo o que vemos é que uma economia que estava saindo da recessão teve um incremento de capital por parte do governo e cresceu 7,5%. Logo vemos que esse crescimento foi absolutamente artificila e devemos portando levar em conta o crescimento acumulado de 2009 até 2011 que soma 10%, ou seja, 3,33% por ano. Isso para um país em “expansão” como o Brasil é muito pouco se comparado aos seus pares (China, India e Rússia).
Concordo contigo em não achar o cenário tão terrível.
Mas por exemplo os EUA mesmo saindo de um período de estagnação crescendo 1,7% é bastante coisa. Dado o fato de que a economia deles já é desenvolvida.

Mas a diferença dos outros para nós é que a crise deles é conjuntural e a nossa é estrutural.

É claro que nós estamos no campo da retórica e sendo a economia uma ciência social não cabe uma resposta certa, apenas o debate.

Grande abraço!

Corsario137
Corsario137
12 anos atrás

Caríssimo Invencible,

“É claro que nós estamos no campo da retórica e sendo a economia uma ciência social não cabe uma resposta certa, apenas o debate.”

Perfeito!

Apenas gostaria de levantar 2 pontos que você comentou:

1° A taxa efetiva de crescimento do Brasil: concordo com você que vivemos numa “taxa gangorra”, podendo dar pavão hoje e veado amanhã. Os 7,5% foram subsidiados e 2011 pagou o pato.

Como todo economista tem um palpite kkkk… acho que a taxa “ideal” de crescimento do Brasil hoje é algo entre 3,8 e 4,5%. O problema é que o número é baixo e governo vive de números. Estamos sempre tentando emplacar um 5-5,5-6% e daí damos com os burros n’água. Prefiro uma taxa constante, ou dentro de uma variação máxima de até 1% do que ficar nesse sobe e desce que atormenta empresas e a população.

Dado um crescimeto constante, mesmo de 3,8 ou 4%, deveríamos atacar as causas estruturais como você citou. O problema é que as causas estruturais do Brasil são estruturais MESMO, e mudá-las é mexer no queijo de muitos grupos de interesse, que por sua vez são os mesmos que comandam este país.

Como diriam os italianos: querem deixar a mulher bêbada mas não querem gastar o vinho!

Matéria de capa do Valor E. do dia 08/03: “Obras de R$ 166 bi do PAC têm atraso de até 4 anos”. Se é para justamente “acelerar o crescimento”, este já ficou freado 4 anos!

2° Há que se admitir que, crescer 7, 8% ao ano sem fazer distribuição de renda ou programas sociais é muito mais fácil. Imaginem todo o dinheiro do bolsa família unificado + o do minha casa minha vida + todo assistêncialismo que existe no Brasil + todos os direitos trabalhistas (FGTS, FAT, PIS) + previdência social investidos em no PAC. Seria um PAC e tanto!

É o que fazem Índia e China por exemplo. Lá não tem ajuda aos pobres, não tem FAT, não tem FGTS, não tem previdência, não tem nada!

Não quero entrar aqui na discussão de que tem gente que não precisaria receber esses benefícios e recebe, gente que frauda, etc… O que eu sei, e ninguém me contou, é que pessoas pobres como uma moça que mora no subúrbio do Rio de Janeiro, ficou grávida de gêmeos, teve que abandonar o trabalho para cuidar dos seus filhos enquanto o marido trabalha. Ela recebe bolsa família para as duas crianças e mais R$ 50 da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Seus filhos agora entrarão numa creche particular que é 75% subsidiada pela prefeitura para que ela possa trabalhar 8 e não 14 ou 16 horas por dia como na China.

O que eu quero dizer com isso é que não acho muito justa essa comparação meramente numérica de valores. A China cresce 7,5% fácil, o Brasil só cresce fácil a 3,8 ou 4% mas onde é melhor morar? Na China ou no Brasil?

A Índia gasta em defesa como se fosse enfrentar sozinha o nazismo em 1940. Enquanto isso a população morre, é um país fétido, onde a única coisa que você tem direito é a não ter direito nenhum.

A minha tese então é que a China e a Índia não são modelo para nada. A Alemanha é um modelo, o Japão é um modelo. Alia-se desenvolvimento economico a justiça social. A economia japonesa cresce, quando cresce, 0,5% ao ano e ainda assim é muito melhor morar no Japão do que na China para um cidadão comum, e continuará sendo assim nas próximas décadas.

Requena
Requena
12 anos atrás

Corsário

O problema é que com os políticos que temos estaremos sempre mais próximos de ser uma China ou Índia nos índices de qualidade de vida. E jamais chegaremos perto da Alemanha ou do Japão. Essa é nossa triste realidade.

Observador
Observador
12 anos atrás

Caro Corsario:

Não querendo ser chato e voltar a um assunto já debatido, mas tenho algumas considerações que não pude fazer antes por razões de trabalho.

Infelizmente, não consigo ser tão otimista quanto você.

Sobre a questão de que cada país deve achar a sua vocação, eu concordo, como também concordo que o setor de serviços pode contratar muito mais pessoas que a indústria.

Porém, conheço histórias, aqui no Brasil mesmo, de cidades que fizeram esta opção de permitir a desindustrialização e concentraram-se no setor de serviços.

Todas se deram muito mal.

Primeiro, porque na média o setor de serviços remunera muito pior que o setor industrial. Segundo porque o setor de serviços proporcionalmente gera menos impostos, menos inovação e tecnologia em comparação ao setor industrial.

E a nossa vocação é industrial sim, não tanto no campo de tecnologia e inovação (com exceção de algumas ilhas de excelência), mas de indústrias de transformação, que agregem valor às commodities exportadas.

O Brasil é o maior EXPORTADOR de empregos do Mundo, porque exporta minério de ferro e soja in natura; os chineses agradecem e aplaudem.

Olhe o que são as gigantes brasileiras no setor de carnes e constate o que estou falando.

Por falar em chineses, estes trabalham quietos; pode não haver chineses AINDA plantando na África, mas vai haver, pois estão comprando extensas áreas naquele continente. E quando fizerem, ditarão o preço e terão vantagens competitivas em relação ao Brasil (distância entre mercados consumidor e produtos menor, menos impostos, menos burocracia).

E sobre a responsabilidade do GF neste quadro, ela é enorme e desalentadora.

Para começar pela educação. Nossas universidades públicas ao invés de serem pólos de inovação e conhecimento são centros de masturbação ideológica e enormes sorvedores de recursos. Já as universidades privadas não são fiscalizadas, o ensino em geral é péssimo e os cursos fornecidos são aqueles que permitam o menor investimento e o maior lucro possível, possibilitando a formação de uma avalanche de advogados e a falta crônica de engenheiros.

E isto é só a ponta do iceberg. Desde o ensino fundamental ao ensino médio e técnico, a falta de políticas sérias para a educação é a grande responsável pelo “apagão da mão-de-obra” existente no país e que é um fator importante a inibir nosso desenvolvimento.

Mas há outros.

Há algum tempo atrás, li que se o nosso país investisse na área de segurança pública e passasse a ter índices de violência civilizados (não de índices europeus, mas de alguns vizinhos sul-americanos) nosso PIB cresceria de 1 a 2% ao ano só por isto.

Isto porque a (in)segurança pública é um grande fator inibidor do investimento, especialmente no setor de serviços, oque mais emprega. Desde a rede de postos que não trabalha à noite até o meu vizinho de rua que fechou a sua quitanda depois de levar um tiro na perna em uma assalto, muita riqueza e empregos deixam de ser gerados por conta da violência e nosso país.

Mas temos um governo comunista miserável que considera que bandido é vítima, que viciado é doente e que cadeia não recupera ninguém (como se passar a mão na cabeça de vagabundo recuperasse).

Da mesma forma, a falta de infra-estrutura deve nos tirar um ou dois pontos percentuais de crescimento ao ano. Novamente a culpa é dos incompetentes que comandam o país.

Se não fosse pela sua ideologia burra e atrasada, pela qual sonham que o Estado tem que ser o principal motor do desenvolvimento, o Brasil poderia ter colocado a iniciativa privada para construir portos, aeroportos, rodovias e foerrovias.

Da mesma forma, se o governo diminuísse a burocracia a níveis toleráveis, tornando a tarefa de abrir e fechar um negócio mais fácil, simplificando o nosso sistema tributário (nem falo de diminuir a arrecadação) e a contratação e demissão de funcionários, penso que poderíamos ganhar um ponto percentual no crescimento só aí.

Mas novamente a mentalidade burra e atrasada dos esquerdistas no poder não permite tais reformas. Primeiro porque são interdendentes da máfia que são os sindicatos brasileiros; segundo porque para eles diminuir a burocracia é diminuir o controle e diminuir o controle é diminuir o Poder e; terceiro, porque não se tem o menor interesse em facilitar a vida do empresário, este pequeno burguês reacionário e contrário a sonhada revolução deles.

Se o governo fizesse a sua parte, poderiamos ter o dobro do crescimento ao ano. Mas como governam apenas para si e não para o povo, vamos nos arrastando a passos de cágado, a reboque do Mundo.

Mas não, enquanto formos governados pela máfia das esquerdas, vamos seguir como o país das oportunidades perdidas, a terra do eterno futuro que nunca chega.

Desculpem o tamanho do texto, mas esta é uma das minhas noites de insônia!

Antonio M
Antonio M
12 anos atrás

Observador disse:
15 de março de 2012 às 5:32

Uma grande empresa alemã do setor automotivo quer instalar uma fabrica de carros aqui e já dclarou que vair desisitir da idéia devido a “regulamentação” que o governo quer impor e restringir seus lucros.

Mas, esse mesmo governo dá guarida a terroristas italianos condenados em seus países de origem por crime comum, e ainda os mantém com status de exilados políticos.

Só falta o governo “dar de ombros” e “permitir” que a empresa alemã não venha para cá…

Vader
12 anos atrás

Excelentes comentários, parabéns a todos.