Afegãos protestam contra queima do Alcorão em base dos EUA
Comandante da Otan pede desculpas e ordena investigação, dizendo que descarte de livro sagrado dos muçulmanos não foi intencional
Mais de 2 mil afegãos protestaram nesta terça-feira contra a queima inadvertida de cópias do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos) e outros materiais islâmicos religiosos durante o descarte de lixo em uma base aérea dos EUA. Os manifestantes reivindicaram se encontrar com o presidente afegão, Hamid Karzai, para discutir a questão, ameaçando se manifestar novamente se sua demanda não for atendida.
O general americano John Allen, o principal comandante no Afeganistão, pediu desculpas e ordenou uma investigação sobre o incidente, que afirmou “não ter sido intencional de forma nenhuma”. O incidente estimulou o sentimento contra o exterior que já está em crescimento no país depois de uma década de guerra no Afeganistão e alimentou os argumentos dos afegãos que acreditam que os soldados estrangeiros não respeitam sua cultura ou religião islâmica.
No início desta terça-feira, enquanto as informações sobre o incidente se espalhavam, cerca de cem manifestantes se reuniram do lado de fora da Base de Bagram, ao norte de Cabul, na Província de Parwan. À medida que a multidão aumentava, também crescia o sentimento de indignação. “Morram, morram, estrangeiros!”, gritaram. Alguns fizeram disparos para o ar, enquanto outros arremessaram pedras contra o portão da base.
Ahmad Zaki Zahed, chefe do conselho provincial, disse que oficiais do Exército americano o levaram para uma área de queima na base onde 60 a 70 livros, incluindo cópias do Alcorão, foram recuperados. Os livros foram usados por detentos que estiveram encarcerados na base, disse. “Alguns estavam completamente queimados, enquanto outros pela metade”, relatou Zahed.
Segundo Zahed, cinco afegãos trabalhando no local lhe contaram que os livros religiosos estavam no lixo que dois soldados da coalizão liderada pelos EUA transportaram para a área em um caminhão na noite de segunda-feira. Quando perceberam que os livros estavam no lixo, os operários trabalharam para recuperá-los, contou. “Eles me mostraram como seus dedos ficaram queimados quando tiraram os livros do fogo.”
O general do Exército afegão Abdul Jalil Rahimi, comandante de um escritório de coordenação militar na província, disse que ele e outros oficiais se encontraram com os manifestantes, com líderes tribais e clérigos para tentar acalmar sua resposta emotiva. “Os manifestantes estavam com muita raiva e não queriam pôr fim ao protesto”, afirmou.
O manifestante Mohammad Hakim disse que, se as forças dos EUA não conseguem trazer paz ao Afeganistão, deveriam ir embora. “Deveriam partir em vez de desrespeitar nossa religão, nossa fé”, disse. “Eles têm de partir e, se mais uma vez desrespeitarem nosss religião, defenderemos nosso Alcorão, religião e fé sagrados até que a última gota de sangue tenha deixado nosso corpo.”
Mais tarde, porém, os manifestantes pararam de protestar e disseram que enviariam 20 representantes do grupo para a capital do país, Cabul, para conversar com parlamentares e para reivindicar um encontro com o presidente Karzai.
Em uma declaração, o comandante americano Allen se desculpou ao presidente e à população do Afeganistão e agradeceu aos afegãos “que nos ajudaram a identificar o erro e trabalharam conosco para corrigir a situação imediatamente”. Ele também afirmou que o incidente está sendo investigado.
Em abril de 2011, uma manifestação de afegãos contra a queima do Alcorão por um pastor da Flórida se tornou mortal quando atiradores na multidão invadiram um complexo da ONU na cidade de Mazar-e-Sharif, no norte do país, e mataram três membros da organização e quase guardas nepaleses.
Negociações com o Taleban
Em entrevista transmitida nesta terça-feira pela emissora australiana SBS, o presidente afegão disse que seu governo mantém contatos diários com a milícia islâmica do Taleban por meio de intermediários. Autoridades afegãs e americanas tentam negociar com o Taleban para garantir a estabilidade do país depois da saída das tropas de combate estrangeiras, prevista para 2014, mas o diálogo é frágil, e recentemente o grupo islâmico negou que ele exista.
Questionados sobre se tem falado com o líder do grupo, mulá Omar, Karzai disse que “não pessoalmente”. “Quero dizer, não diretamente, de pessoa para pessoa. Mas por meio de intermediários sim.” Karzai e muitos analistas ocidentais dizem que o recluso Omar vive em Quetta, no Paquistão.
O presidente afegão disse que a negociação com o Taleban interessa também ao país vizinho. “Não é mais o Afeganistão que é o tema da conversa, ou a questão. É o Paquistão também. É a estabilidade do Paquistão também.”
Na semana passada, Karzai visitou Islamabad e irritou o governo local ao pedir para ter acesso a líderes do Taleban afegão supostamente instalados no Paquistão.
FONTE: iG/AP e Reuters
Alguns vão dizer, tanta confusão por causa de um livro então imagino que não seria problema para o ocidente que em Roma fosse queimado exemplares da vulgata dos Católicos ou então Novo Testamento dos Evangélicos o Antigo Testamento para os Ortodoxos, afinal é tudo igual.
E tem gente que acredita ainda em coelho da pascoa, esse conflito vai terminar como terminou a invasão soviética 13 anos antes, um governo fraco deixado para trás e sem força de se opor ao talebã, com a maneira Yankee de conquistar mentes e corações isso não ia dar certo mesmo, Mijar na cara de homens mortos, tacar fogo em livros sagrados, Marines pousando pra foto com a bandeira da SS realmente os gameboy americanos sabem como lutar numa guerra.
Me parece que falta um pouco de treinamento politico para os soldados dos EUA que servem em outros países. Tipo, incutir na cabeça deles que o mal comportamento de alguns poucos pode prejudicar a corporação toda. Além é claro de ensinar quais são os atos que são perfeitamente normais no ocidente, mas um grande insulto em outros países.
O colega Uitinã está certo.
Quando os EUA abandonarem o Afeganistão, o regime atual terá o mesmo fim que o pró-soviético, quando a URSS se retirou.
O Presidente Karzai, ou melhor “o Prefeito de Cabul” não vai durar um mês sozinho.
Chamar de PAÍS um amontoado de tribos sem sentimento comum de nação é uma ficção saída da mente européia.
Na minha opinião a solução para um estado falido como o Afeganistão é reparti-lo entre os países circundantes: Um pouco fica para a China no leste; o norte dividido entre o Turcomenistão, o Usbequistão e o Tajiquistão; o oeste para o Irã e o problemático sul para o Paquistão.
As minorias afegãs (turcomenos, usbeques, Tajiques) tem identidade com seus respectivos países e cada uma delas obedecerá ao respectivo poder central.
O oeste fala persa (na verdade, a maior parte do país) e tem laços com o Irã.
O sul tem as mais diversas relações com o Paquistão, e uma região influencia a outra.
E o leste, bem, a China só vai concordar com uma divisão deste tipo se também ela levar o seu quinhão!