Sergio Leo

Os cortes do Orçamento federal, anunciados ontem, deixam as Forças Armadas em situação relativamente “confortável” e permitirão ao governo preservar os investimentos na indústria nacional de defesa, disse o ministro da Defesa, Celso Amorim, em entrevista ao Valor. O valor autorizado para gastos de custeio e investimento do ministério, de R$ 10,3 bilhões neste ano, são semelhantes aos R$ 10,5 milhões (sic) executados em todo o ano de 2011, após sucessivas suplementações de verbas.

“Temos o compromisso do governo de nos liberar mais R$ 1,7 bilhão em breve. Estou contando com isso”, disse. Amorim revelou que tem a “expectativa” que seja concluído até o fim do semestre o processo de escolha do fornecedor dos novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), baseado nas conversas com a presidente Dilma Rousseff e sinais de outras esferas do governo. Essa decisão não terá impacto sobre o orçamento deste ano, mas chegará a tempo de permitir a renovação da esquadrilha da FAB, que encerra sua vida útil em 2013.

Amorim faz questão de esclarecer que não há nenhuma promessa ou compromisso da presidente com prazos para a escolha dos caças. “É minha percepção, sempre um misto de informações, esperanças e análises.”

O ministro confirmou que a compra, pela Índia, de 130 caças Rafale, da francesa Dassault, elimina uma das principais dúvidas em relação ao concorrente francês, que estava ameaçado de sair de linha e reduzir o tempo de fornecimento de peças aos compradores (até então, apenas a França). Mas diz que não há relação direta com a escolha no Brasil e lembra que o negócio não está fechado e ainda depende de negociações.

Outros projetos de renovação de armamentos e investimentos tecnológicos do Ministério da Defesa estão garantidos, com o anúncio sobre o Orçamento federal, disse o ministro. Enquanto que, em 2011, mais de 50% das despesas de custeio e investimento eram destinadas à manutenção da máquina administrativa, neste ano mais de 55% irão para projetos das Forças Armadas, afirmou Amorim. “Claro que todos os programas sofrerão algum ajuste, mas manter recursos para os projetos é importante.”

“Não é tudo o que queríamos, mas é um grande passo, sobretudo se comparado com o que tínhamos no começo do ano passado”, comparou. Só a “potencialização” dos AMX, caças-

bombardeiros da FAB, com a atualização e reequipamento da frota de aviões, demandará cerca de R$ 300 milhões neste ano. O programa de defesa cibernética, que começa agora a ganhar peso na estratégia de defesa, levará cerca de R$ 80 milhões.

O Sisfron, programa de controle das fronteiras usando alta tecnologia, terá em torno de R$ 180 milhões, o que fará decolar esse e outros projetos, explica o ministro. Os cortes no orçamento da pasta chegaram a R$ 3,3 bilhões, dos quais cerca de R$ 600 milhões em emendas parlamentares.

Com o compromisso de repor em breve mais da metade do que foi cortado, a redução final do orçamento do Ministério da Defesa ficará em torno de R$ 1 bilhão. “É uma questão de ver o copo cheio ou meio vazio; eu prefiro ver a parte cheia”, comentou, otimista, o ministro.

FONTE: Valor Econômico

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