Apresentado oficialmente ontem, o avião poderá ser usado também em outras áreas, como o quadrilátero da maconha

Fabiula Wurmeister

FOZ DO IGUAÇU (PR). Três veículos aéreos não tripulados (Vants) serão empregados pelo governo federal para o monitoramento ininterrupto da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. O anúncio foi feito ontem em São Miguel do Iguaçu, a 30 quilômetros de Foz do Iguaçu (PR), pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no início oficial das operações do primeiro avião espião, cuja missão será monitorar a região 24 horas por dia.
– É impossível se pensar em políticas de segurança pública sem integração. Esse imenso desafio que temos, de proteger as fronteiras, também dificilmente será vencido sem tecnologia, algo que o crime percebeu há muito tempo – declarou o ministro, acrescentando: – O Vant vem agora para ficar.

As aeronaves israelenses, promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff para combater o tráfico na fronteira, vêm sendo testadas na fronteira desde 2009 e custam o equivalente a US$40 milhões cada uma. Elas são controladas, à distância, pelo piloto de uma base em solo.

De acordo com o delegado Alessandro Moretti, do Centro Integrado de Inteligência Policial e Análise Estratégica (Cintepol), os custos incluem o avião, a base operacional, peças de reposição, a capacitação dos agentes e os direitos de transferência da tecnologia.

– Apesar de, aparentemente, ser alto, é preciso ter em conta o custo-benefício desse tipo de ferramenta. Se comparado ao custo de voo de uma aeronave convencional, o do Vant chega a ser dez vezes menor, com eficiência e segurança nas ações muito maiores – disse Moretti.

Inicialmente, o projeto previa a instalação de bases fixas na região de Foz do Iguaçu, considerada um dos pontos mais vulneráveis dos mais de 16 mil quilômetros de fronteira que o país divide com dez países. Outras bases poderiam abranger Amazônia, Brasília, o chamado quadrilátero da maconha, em Pernambuco, além de São Paulo e Rio.
– Começaremos o trabalho nesta região. Assim que reforçarmos o efetivo da Polícia Federal, outros pontos críticos serão atendidos. Mas ainda não há prazo para isso – disse Cardozo.

Pioneiro no uso deste tipo de aeronave não tripulada em ações de segurança pública, o Brasil prevê a compra de 14 aviões espiões. Em outros países, os VANTs são empregados em operações exclusivamente militares. Com autonomia de 37 horas de voo ininterruptas, abrangendo um raio de até 1,5 mil quilômetros e podendo chegar a dez mil metros de altura, auxiliará a Polícia Federal e demais órgãos de fiscalização no combate de crimes transnacionais, como tráfico de drogas e de armas, contrabando e crimes ambientais.

As imagens registradas pelo Vant e informações geradas pelos centros de inteligência brasileiros poderão ser compartilhadas com órgãos de segurança dos países vizinhos para as ações integradas no combate à criminalidade.
– Isso já vêm sendo negociado em acordos bilaterais, por exemplo, com o Paraguai, Argentina e Bolívia – adiantou Moretti.

O aparelhamento das forças de segurança para a produção de provas qualificadas contra o crime também faz parte do plano de ação do Cintepol.

FONTE: O Globo

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