ONU debate esta semana relatório com detalhes inéditos sobre planos iranianos

Denise Chrispim Marin

Os EUA e países europeus pressionam Israel a desistir de qualquer plano de ataque a instalações nucleares do Irã. Diante de novas evidências sobre a natureza militar do programa iraniano, que serão divulgadas pela ONU esta semana, potências ocidentais insistiram ontem na adoção de sanções mais duras contra Teerã como alternativa a um ataque – cujas consequências seriam “irreparáveis” e “desestabilizadoras” no Oriente Médio.

Na semana passada, a imprensa israelense divulgou que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu está tentando persuadir seu gabinete a lançar um ataque-surpresa contra o Irã. Vozes de dentro do governo de Israel, incluindo o alto escalão do Exército e da inteligência, seriam contra a ofensiva.

Em meio ao crescimento do temor de uma ação israelense, a França alertou ontem para o risco de uma guerra. “Podemos ainda fortalecer as sanções para pressionar o Irã. Vamos continuar nesse caminho, pois uma intervenção pode criar uma situação totalmente desestabilizadora”, afirmou ontem o chanceler de Paris, Alain Juppé. “Temos de fazer de tudo para evitar o irreparável”, completou.

Essa linha de ação havia sido defendida pelos presidentes Nicolas Sarkozy, da França, e Barack Obama, dos EUA, no dia 3, em Cannes. No encontro bilateral, os dois concordaram com o aumento da pressão sobre o Irã.

A possibilidade de Israel atacar o Irã tem sido classificada oficialmente pela Casa Branca como “especulação”. Mas, nos bastidores, há alto grau de preocupação. Uma autoridade de “alto escalão” de Washington disse à CNN em condição de anonimato que há uma “absoluta preocupação” em relação às intenções de Israel.

Segundo o jornal israelense Haaretz, o secretário de defesa dos EUA, Leon Panetta, visitou Israel em outubro com o objetivo de conseguir um compromisso de Netanyahu de não atacar o Irã sem o aval dos EUA. Panetta alertou o premiê e o ministro da defesa de Israel, Ehud Barak, que Washington “não quer surpresas”. Mas Netanyahu e Barak foram evasivos com Panetta e não prometeram pedir a bênção dos EUA antes de uma eventual ação contra Teerã.

Em recente entrevista à rede de televisão CNN, Barak afirmou haver preferência no governo israelense pela solução diplomática. Mas, completou ele, nenhuma opção está excluída.

O presidente de Israel, Shimon Peres, afirmou na sexta-feira acreditar na possibilidade de seu país empregar a força militar contra o Irã. “Os serviços de inteligência de vários países estão olhando o relógio e alertando seus líderes sobre o fato de não restar muito tempo.”

Nações Unidas

Esta semana, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deverá apresentar um relatório sobre o programa nuclear iraniano, no qual concluirá que existem crescentes indícios de que Teerã está de fato em busca da bomba. O documento deve trazer um grau de detalhamento inédito sobre o programa iraniano.

A agência internacional teria obtido imagens por satélite de um contêiner de aço em Parchin, na periferia de Teerã, onde ocorreriam testes atômicos longe da supervisão dos inspetores. Potências ocidentais esperam usar o novo documento da ONU para conseguir aprovar mais sanções contra Teerã no Conselho de Segurança.

No sábado, o chanceler do Irã, Ali Akbar Salehi, afirmou ser “desprovida de fundamento e de autenticidade” a vinculação entre os testes de mísseis e o programa nuclear do país.

FONTE: O Estado de São Paulo

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dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Apesar de seus defeitos, eu admiro demais Israel pela sua capacidade, competência e inteligência. Com toda a riqueza que o Brasil tem, éramos para sermos um dos melhores em todos os sentidos.

FCGV
FCGV
13 anos atrás

O que é ser melhor para voce? Dedicar todos os seus recursos em armas? Ter um presidente fascista e uma minoria religiosa extremista radical? Serviço militar obrigatório? Construçao e manutenção de verdadeiros campos de concentração?

Obrigado, mas Israel nao me inspira nada como nação modelo. Eu me espelharia mais em países como Canada, New Zealand e Finlandia. Fortes porém Pacificos.

Vader
13 anos atrás

FCGV disse:
7 de novembro de 2011 às 17:23

Prezado, Israel a 65 anos não existia como país e seu povo era um amálgama de tribos em diáspora pelo mundo, cheio de gente que escapou do terror nazista e da perseguição comunista, e chegou à Palestina com uma mão na frente e outra atrás.

Tomou dos árabes um deserto e transformou num oásis.

É hoje um país pujante e democrata, de gente educada e vigorosa, com alguns dos maiores cérebros do mundo em todas as áreas, da filosofia e ciências humanas à engenharia, física e matemática. E além disso é uma potência militar invejável.

Só o fato de Israel existir, por méritos próprios e à base de muito sangue, suor e lágrimas, sendo acossado por todos os lados e a todo o tempo por vizinhos beligerantes, já é algo a se admirar.

Tem seus defeitos, seus problemas, seus idiotas e seus radicais (minoria, como vc mesmo apontou), como qualquer país do mundo, mas é um exemplo não apenas para o Oriente Médio, mas para o mundo todo.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

É isso aí.

FCGV
FCGV
13 anos atrás

Desculpa Vader, mas só me resta rir dos seus comentarios. E do seu blog tbm.

Te recomendo um livro, talvez te abra um pouco a cabeça:
A Grande Guerra pela Civilização
Autor: Robert Fisk

http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Fisk

FCGV
FCGV
13 anos atrás

Mas baseando-se nos seus comentarios, nao acho q vc gosta muito de ler, e esse livro de 1417 paginas vai te assustar um pouco, entao te recomendo um desenho animado muito legal, que conta um pedacinho da historia da terra do avalosf.

Waltz with Bashir
http://www.imdb.com/title/tt1185616/

Vader
13 anos atrás

Blá blá blá, nhém nhém nhém, agressõezinhas baratas de colegial e conteúdo que é bom nada. Como aliás soe acontecer com quem pensa como o caboclo parece pensar. Lamentável.

Não fique remetendo a outras instâncias não cidadão, coloque aqui suas idéias e nos enriqueça com seus “grandes conhecimentos” do Estado de Israel, sua fundação, sua história e sua sobrevivência. E prepare-se para a réplica.

Livros os há para todos os gostos, e eu aqui poderia lhe indicar bem uma dúzia; mas sei que o cidadão não os lerá porque, como todo bom antisemita (ou esquerdista, talvez?), só quer saber de conhecer o que já sabe. E aí ainda devaneia (e se orgulha!) de “pensar diferente”. Ai ai ai… 😉

Lhe dei dados CONCRETOS, que estão em qualquer livrinho de história de 2o grau; e uma constatação LÓGICA e OBJETIVA, despida de qualquer consideração meta-fática, qual seja: “Só o fato de Israel existir, por méritos próprios e à base de muito sangue, suor e lágrimas, sendo acossado por todos os lados e a todo o tempo por vizinhos beligerantes, já é algo a se admirar”. Ponto.

Perceba que nem sequer toquei na questão árabe-palestina. Que é importante, mas que é outra discussão.

Já negar a importância da existência de Israel como modelo (ao menos teórico) para o Oriente Médio e o mundo é coisa de gente que não quer aceitar a realidade como ela é. Que prefere viver numa auto-imposta esquizofrenia.

Bem, só lhe digo uma coisa cidadão: com a idade a tendência é que isso passe.

Porém, se o cidadão já tem mais de 30 anos, cuidado. Sugiro procurar um médico. Afinal, ficar velho é bonito; ficar velho e bobo é deprimente.

Saudações.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Hummm ….. lamentável!

giordani1974
giordani1974
13 anos atrás

FCGV deve significar:
F…undistão
C…uba
G…abão
V…enezuela

Bah cara…Israel pode ter todos os defeitos do mundo, mas criticar eles por se defenderem? Eles são “caçados” desde os Faraós. Só retornaram a Palestina dois mil anos depois. O Estado judeu não nasceu da noite para o dia. Começou no sionismo, no final do século XIX. Vai culpar israel porque os árabes não souberam se organizar? E outra? Não aceitaram as fronteiras de 1948, invadiram por todos os lados o estado judeu, tomaram um laço, perderam territórios e agora querem as fronteiras de 1948? É o mesmo que devolver o Mato Grosso para o Paraguai. Devolver o Acre e pegar o cavalo de volta…retomar a Cisplatina…

Preparem-se. Lá vem mais uma pérola do itamaravilha com sua ideologica política externa…que vai ser? vai ser? Ficar em cima do muro…se abster de votar…

Observador
Observador
13 anos atrás

Senhores,

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Israel realmente é um fenômeno, aparentemente um país surgido do nada em poucas décadas.

Aparentemente.

Mas os israelenses, ao contrário do Barão de Münchhausen, não se ergueram puxando os próprios cabelos.

Houve apoio de vários países, inclusive do Brasil, para a criação de Israel.

E até mais importante, houve a ajuda de a comunidade judaica de todo o mundo com dinheiro, tecnologia, mão-de-obra especializada, comércio exterior, pressão política sobre seus respectivos governos e, com seus melhores jovens para formar a população no novo país.

Além disto, o mundo se sentia culpado pelo que aconteceu durante a loucura nazista e, com exceção dos árabes, ninguém moveu um dedo contra. E houve ainda a Alemanha, se esforçando para apagar os erros do passado.

Com tanta gente apoiando, difícil era ter dado errado.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Israel deu certo não só pela ajuda, mas também pela seriedade de seu povo. O Brasil também recebeu muita ajuda externa. Mas, a grande parte dela, “sumiu”. E, com todos os recursos que tem, era para estar numa situação até melhor. Não me conformo com o que está acontecendo na USP relativo a prisão dos alunos maconheiros. Ainda mais com incentivo dos companheiros e companheiras.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Portanto, na minha opinião, a “balança” está ou ao mar ou a terra. O povo de Israel é singular.

Observador
Observador
13 anos atrás

Caro Dário:

Ajuda ao Brasil?! Que ajuda?

Você está bem enganado.

O Brasil nunca teve ajuda de lugar nenhum. Quando houve alguma “ajuda”, ela foi regiamente paga a peso de ouro.

Daqui sempre se saiu muito mais riquezas do que entrou.

Começou pelo Império Português (o mais atrasado e preguiçoso império europeu) a nos colonizar. Fizeram de tudo para manter isto aqui como uma grande fazenda extrativista, sem se deixar construir nada, sem deixar fabricar nada e mantendo a população na maior ignorância possível.

Sem falar no sequestro (para não dizer holocausto) dos africanos, que eram trazidos para cá como gado, criando um problema social para os descendentes destes e para o nosso país até hoje.

Muito do que somos hoje (corrupção, ineficiência da máquina pública, falta de participação popular na política, péssima distribuição de renda) devemos aos caros patrícios.

Portugal, aliás, só foi grande um dia porque estava montado nos ombros do Brasil e dos brasileiros.

Passando adiante, só para ter outro exemplo, quando houve o processo de industrialização do Brasil no período Vargas, o americano não foi bonzinho e nem nos deu “ajuda”. Usou nosso território para a Segunda Guerra e pagou por isto colaborando com o processo de industrialização brasileiro.

E, se o povo de Israel é singular, isto se deve ao que eu falei antes: as comunidades judaicas do mundo todo mandavam seus melhores homens e mulheres para o meio do deserto, na tentativa de criar a Utopia deles. Sem falar nos demais recursos.

Já o Brasil não: nossos antepassados eram criminosos, escravos, degredados.

Mesmo nas últimas migrações, nas quais chegaram ao Brasil alemães, italianos, japoneses e outros eram os pobres de lá, os que preferiam entrentar uma viagem sem volta para ter uma oportunidade melhor daquela do seu lar.

O Brasil se fez sozinho, contra tudo e contra todos.

O único que nos ajudou (sem querer) foi Napoleão Bonaparte, ao forçar a fuga da família real portuguesa para o Brasil, o que garantiu a integridade do território e uma independência menos traumática que as de outras colônias européias.

Éramos para ser meia dúzia de republiquetas, guerreando entre si e com os vizinhos hispânicos, ocupando um território bem menor do que hoje e com IDHs próximos dos países africanos.

Aos trancos e barrancos, apesar de dos pesares (e de algumas oportunidades perdidas), nos tornamos o quinto maior país do mundo, em território e população, falando uma única língua e sem disputas fratricidas de outras nações.

O Brasil sim, é que é singular.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Humm …. o Brasil teve muita ajuda sim. E não falo só de $$. Pena que não sabe e não soube aproveitar as oportunidades.

rogeriolanducci
rogeriolanducci
13 anos atrás

Com a exceção do comentário do FCGV = Storm Rider, que não respeita a opinião dos outros, gostei da discussão dos outros comentáristas, Israel é admiravel mesmo, um país pequeno, sem recursos naturais, consegue lançar seus próprios satélites, mísseis e fabricar armar nucleares, td o que o Brasiooool ambiciona e nunca consegue fazer, tentamos fazer fragatas, caças, VLS, carros de combate, submarinos e NADA, nunca damos sequencia a nada. Mais concordo c/ o Observador, levando em conta a nossa origem torta e os anos de exploração, somos sim um país singular.

[]s

Vader
13 anos atrás

Sei que a discussão é fora do tópico, mas agora é a minha vez de discordar do amigo Observador:

O Império Colonial Português já era “grande” antes de se iniciar a colonização brasileira. Portugal já tinha seus pés bem fincados na África, Índia, China e Japão, que naquele momento eram prioridades para a Coroa Portuguesa, ficando o Brasil num plano secundário, até o surgimento da indústria canavieira, e mais adiante, a descoberta das Minas Gerais.

E se é verdade que a política oficial do Império era de deixar o Brasil nesse plano secundário, também é verdade que a colonização brasileira, feita muito mais por meio dos portugueses que pra cá vieram do que por meio propriamente do Estado, não foi tão desleixada como alguns querem nos fazer crer. Foi por exemplo bastante mais cuidadosa do que a colonização da América Espanhola, inclusive no que toca a uma tendência miscigenatória genuína com os nativos e com os africanos, conforme bem apontado por Gilberto Freire, coisa que só se daria nas possessões espanholas muito mais tardiamente.

Não amigo, a colonização portuguesa do Brasil foi sim cuidadosa, ao menos a partir de uma determinada época, mesmo que mais por medo de perder tudo para normandos e flamengos do que por interesse propriamente dito.

Temos que lembrar que ao contrário de outros lugares em que os portugueses estavam, como Índia, China e Japão, bem como alguns lugares habitados por povos avançados que os espanhóis encontraram (notadamente Incas e Astecas), no Brasil não havia NADA: não havia instituições, identidade nacional, economia avançada, nada. Ou seja: aqui os portugueses tiveram que começar um país literalmente do zero.

De maneira que Portugal tem sim seus méritos na formação do Brasil. Tivemos sim muita “ajuda” deles. Basta lembrar que algumas de nossas maiores cidades foram fundadas e construídas diretamente com dinheiro da Coroa Portuguesa, como Salvador, Rio de Janeiro, Recife/Olinda, Belém, etc.

De maneira que não é de todo verdade que jamais tenhamos recebido ajuda de ninguém. O Brasil não seria o que é, e provavelmente nem sequer seriamos unificados ou falaríamos a Última Flor do Lácio se não fosse Portugal.

Abraço.

dario_avalosf
dario_avalosf
13 anos atrás

Vader … tenho lido suas mensagens no site e, independente das suas posições ou comentários, vc escreve muito bem. Parabéns!

Observador
Observador
13 anos atrás

Caro Vader:

Como coloquei antes, o Brasil não teve ajuda, entendida como ato altruísta, de generosidade.

Portugal fez o que fez (pouco) pelo Brasil, apenas pelos seus próprios interesses, muito diferente do que ocorreu com Israel, que recebeu ajuda realmente desisteressada de todas as partes do Mundo.

E Portugal antes de ocupar efetivamente o Brasil era um gigante de pés de barro: tinha entrepostos comerciais espalhados pelo Mundo todo, mas nestes lugares os portugueses mal e mal se afastavam da praia. E como nada construiu, muito fácil sua presença foi apagada de quase todos os lugares por onde passaram.

Inclusive Portugal apenas teve um lampejo de genialidade ao aperfeiçoar a tecnologia de navegação, permitindo sobreviver a viagens oceânicas. Depois de um breve momento na sua história, nunca mais Portugal contribuiu com nada de relevante no campo tecnológico ou científico.

Tornou-se o reino mais atrasado da Europa, onde qualquer avanço era podado pela monarquia ou pela Igreja Católica.

Sobre a colonização do Brasil, esta foi realmente cuidadosa. Tão cuidadosa que deliberadamente o processo de industrialização foi completamente proibido por séculos. Tudo deveria ser importado da metrópole, para manter os laços de dependência pelo maior tempo possível.

Assim, a pouca organização que nos legaram foi pouca para compensar todo o atraso que nos impuseram.

Jamais Portugal teve planos de formar um país aqui; sequer havia um Brasil apenas, mas dois (Sul-Sudeste e Norte-Nordeste) que mal falavam entre si. Devido as peculiaridades da navegação à vela, era mais fácil ir do Rio à África do que à Salvador.

Isto só mudou quando D. João VI veio ao Brasil, graças a Napoleão Bonaparte.

Somente quando a corte portuguesa veio ao Brasil – acontecimento ÚNICO no mundo – é que verificaram a pujança e a potência daqui e perceberam que podiam construir um país muito maior do que Portugal.

Por isto amigo Vader, eu insisto: não recebemos ajuda de ninguém.

Vader
13 anos atrás

Observador disse:
10 de novembro de 2011 às 12:01

Mas amigo Observador, veja bem, estamos a falar de um período de quase cinco séculos!

A presença portuguesa no Japão durou quase um século, e só se acabou com a restauração promovida pelo Xogunato Tokugawa (o Japão só iria se abrir ao estrangeiro com o advento da Era Meiji).

A Índia foi em parte portuguesa até a conquista inglesa, no século XVIII. E até hoje se fala português em Goa.

Na China, Macau foi de Portugal até 1967. Por lá ainda há quem fale português.

Nesses locais havia impérios poderosos e superpopulosos contra os quais Portugal pouco ou nada podia fazer para avançar continente adentro. Perceba que ninguém se atreveu a tentar conquistar China e Japão, e mesmo os ingleses no auge de seu poderio pré-vitoriano só foram tomar Hong Kong – uma ilha pequenina – à China, após a Guerra do Ópio (1842).

Portugal era uma nação marítima, cujas costas sempre se voltaram para o mar. Natural que pouco tenha se aventurado terra adentro.

E, na África, Portugal ficou ainda mais, com Angola e Moçambique só se tornando independentes em 1975.

Quanto à industrialização, perceba que essa foi a regra na Europa: a industrialização do continente americano só se iniciou com as guerras de independência. Mesmo nos EUA.

Por outro lado, é um erro acreditar que Portugal apenas “viu o Brasil” por causa de Bonaparte.

De fato, o primeiro plano para se transplantar a capital do Império para a América Portuguesa data de antes do Marquês de Pombal. Nesse sentido a fuga da família real portuguesa apenas precipitou um plano desde a muito engendrado pela Coroa.

Ah sim claro, concordo que é equivocado tentar comparar Israel, uma nação moderníssima, com o Brasil, um país resultante de séculos de colonização.

Mas dizer que o Brasil fez-se apenas por si próprio, sem auxílio de Portugal, é um erro. A colonização da América Portuguesa foi ao mesmo tempo muito mais bem sucedida e muito mais amena, se é que se pode usar esse termo, do que em outros locais do continente, por outras potências européias.

A colonização brasileira foi “mamulenga” perto da espada e do baraço espanhóis, ou do rifle britânico, países que dizimaram nações inteiras para promover seus interesses.

O que aliás explica muita coisa de nossa psiquê como povo, a começar do fato de que não tivemos uma guerra de independência genuína, mas apenas conflitos mais ou menos isolados.

Não me entenda mal: não que devamos nada a Portugal, pois ele foi bem pago para fazer o que fez pelo Brasil.

Mas vamos voltar a Israel, que esse papo ficou mais comprido do que parecia a princípio.

Abraço.

Vader
13 anos atrás

Ops, onde se lê “Portugal era uma nação marítima, cujas costas sempre se voltaram para o mar”

leia-se: “Portugal era uma nação marítima, cujas costas sempre se voltaram para o continente”.

E complemento: na verdade quando se pára para pensar no Império Português é admirável que uma nação pouco populosa e pobre em recursos naturais tenha construído o primeiro império colonial ultramarino global, estando presente nos quatro grandes continentes (a Espanha por exemplo fracassou em se infiltrar na Ásia).

Sds.

Observador
Observador
13 anos atrás

Caro Vader:

Já estamos a anos-luz do tópico, mas como o papo está bom, se levarmos um puxão de orelha dos moderadores terá valido a pena.

O seus argumentos não são contrários aos meus. A interpretação é que é diferente.

O fato é que os portugueses tiveram um período luminoso, durante o qual “partiram da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados. Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados”.

Chegaram as américas e ao distante oriente. Construíram um império baseado na navegação, tudo a partir do impulso inicial do Infante D. Henrique lá pelos idos de 1.400 (e poucos). Em despontaram como o primeiro império global.

Mas depois de cerca de 150 anos de genialidade (quando inclusive foi escrito “Os Lusíadas” citado acima), veio a lenta e perene decadência, pela qual o império Português se arrastou e agonizou durante 400 anos.

Creio que tudo começou pela derrota e desaparecimento do Rei D.Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578. Ali foi o começo do fim, chegando a criar o movimento messiânico do sebastianismo, que durou séculos.

Naquela ocasião, o trono português sem herdeiros caiu na mão dos espanhóis (e não seria a única vez), que envolveram Portugal em uma série de guerras desastrosas contra as outras potências européias.

Se observarmos a história de Portugal desde então, é apenas a perda de poder e influência para as demais nações européias.

No Oriente, não puderam dominar nada porque foram escorraçados pelos holandeses ainda no século XVI, quando se voltaram então para o Brasil; perderam o Brasil no século XIX e só daí começaram a se interiorizar na África; Por sua vez, lá também perderam grandes territórios para as outras potências européias ainda no século XIX, culminando na indepência das colônias africanas em 1975.

Ou seja, com exceção do período inicial de expansão, o que Portugal mais fez foi administrar e compensar perdas.

Depois daquele período de pouco mais de cem anos, quando despontou no mundo, Portugal nunca mais contribuiu com nada relevante em nenhuma área científica.

Digo tudo isto por achar que o Brasil, e nós, os brasileiros, fizemos a nós mesmos, ao contrário de Israel, um país sonhado, planejado e esperado ao longo de dois mil anos por contínuas gerações de judeus.

Quanto ao Brasil, surgido de Portugal, nunca foi sonhado, desejado ou planejado, tinha tudo para dar muito errado, seguindo o exemplo português, se tornando ao longo dos anos cada vez menor e mais dividido.

Apesar das mazelas (e dos políticos), nosso problemas internos comparados aos de Israel são minúsculos. Este é um país que mantém parte da população (os palestinos) como apátridas, sofre com fanatismo religioso, sabota todos os esforços para a paz e para a criação de um Estado Palestino. Logo, não pode ser objeto de admiração alguma.

rogeriolanducci
rogeriolanducci
13 anos atrás

“Logo, não pode ser objeto de admiração alguma.”

Como não Observador??????

O país praticamente nasceu em uma grande explosão rsss, o país tem zero recurso natural, praticamente plantam nas pedras, só tem o rio Jordão de água doce e mesmo assim produzem equipamentos no estado da arte.

Lembrando que Kfir e Nesher nasceram pela espionagem, tb venceram guerras contra inimigos poderosíssimos que eram ajudados em massa pela URSS bem antes de usarem equipamentos americanos, que só começaram a vir na década de setenta, venceram uma das maiores batalhas de blindados depois de Kursk, resgate em Entebe, Vale do Bekaa, Operação Opera, etc…

Td isso um pais com menos de 5 milhões de habitantes.

Tem tb as barbeiragens históricas é claro, a ultima agora foi a abordagem desastrosa ao navio c/ os pseudos-ativistas , mais só erra quem tem iniciativa de agir, p/ mim eles são sobreviventes, só isso já basta p/ admira-los.

[]s

rogeriolanducci
rogeriolanducci
13 anos atrás
Observador
Observador
13 anos atrás

Caro Rogério:

Não sou anti-semita, mas a atitude de Israel para com os palestinos é deplorável. Ainda mais, por ver que o povo judeu sentiu na própria pele o que é ser segregado e perseguido no seu próprio país.

Falamos que o Brasil é injusto, que tem problemas insolúveis, mas Israel é muito mais injusto e vive uma situação que é um verdadeiro “nó górdio” (impossível de desatar).

E como falei acima, Israel desde sempre contou (e conta) com muita ajuda externa. Eles não fariam metade das coisas que fizeram se estivessem realmente sozinhos.

Quer um exemplo? Israel construiu o seu arsenal nuclear sem sofrer pressões externas ou sequer inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

Sem falar nas suspeitas de colaboração americana no programa.

Aí fica muito fácil conseguir tudo o que conseguiram.

Luiz Paulo
Luiz Paulo
13 anos atrás

Observador disse:
11 de novembro de 2011 às 11:40

Observador, se me permite pontuar sua fala um pouco. Vou falar o que já é sabido, mas só pra contextualizar.

Resolução 181 da Onu previa um estado judeu e outro palestino, Israel se organizou, os palestinos quiseram acordo?

Não. Fizeram guerra. Israel sobreviveu por pura força deles, com o nada que tinha… (1948)

Em 1967 todos sabemos o que aconteceu e como Israel sobreviveu denovo.

Yom Kippur também, enfim. Vi apenas guerras de auto-defesa por parte de Israel. Bem ao contrário dos Árabes.

Além do mais Israel topou devolver o Sinai ao Egito, topou fazer concessões em Gaza, e até na Cisjornadia, enfim.

É engraçado que sempre se pregue concessões a Israel, quando na verdade o que ele fez foi sobreviver.

Israel venceu suas guerras e por isso ele é opressor? Agora ele tem que ceder? Mas continuemos.

Sobre as ajudas.

O que falar do embardo frances dos mirages que Israel já tinha pago e não chegaram a tempo da guerra?

Bom por tudo que se possa falar, se de um lado tinhamos um ocidente ajudando Israel por baixo dos panos, tinhamos uma URSS nada discreta ajudando os árabes.

Dizer que ‘houve ajuda do muita gente’ creio seja meio simplório pois houve um outro ‘mundo todo’ q queria o seu fim.

Enfim, por tudo que o Vader e vc falaram, continuo achando muito mérito na existência de Israel.

Pode ter usado ferramentas dos outros, mas lutou só.

Assim como o outro lado poderia ter feito o mesmo e se desenvolver da mesma forma, o que não aconteceu.

Quanto a dificuldade para criação do Estado Palestino, é simples.

Uma das condições é que Israel devolva os territórios ‘ocupados’ da Cisjordania, as fronteiras anteriores a 67.

Mas primeiro que não havia Estado na região antes de 48 após o fim da 2 guerra. Basicametne o RU mandava lá.

Foi dado o sinal verde pela então liga das nações após a primeira guerra para criação do Estado Judeu e Palestino e depois ratificado pela ONU em 48.

A Jordania ocupou a Cisjordania na guerra de 48 pois não concordava com a coexistência de um Estado judeu na região!

Israel em auto defesa acabou tomando o local. Ora, se não havia estado legal na região qual a situação daquele território então? Ocupado, não, mas ‘território em disputa’.

Assim como em outros locais do mundo afora.

Bom, falei, falei e o resumo da ópera é: Não tem como negociar, com quem acha que vc não deve existir.

Não é que queiram um estado palestino apenas.
É que querem um estado palestino sem o judeu. Aì complica.

Olha o estatuto do Hamas, olha as palavras do lider a Irmandade Mulçumana, Síria, e o maluco do Irã, enfim os mentores/ajudadores dos palestinos.

Como lutar contra um grupo que quer te destruir e vive no meio da população civil?

Que possa ocorrer exagero de Israel em situações, não tenho dúvida. Afinal sempre tem o general, o policial pra fazer besteira…

Mas uma coisa tenho certeza: Israel não prega a extinção de ninguém como pregam a sua própria.

E é assim que agente caminha.

Sds.

Vader
13 anos atrás

Observador disse:
11 de novembro de 2011 às 11:40

Caro Observador, há bem pouco de dedo americano no arsenal atômico israelense. Se quiser apontar para alguém que não os próprios israelenses, mire primeiro nos franceses, depois nos ingleses e, por fim, nos alemães (sim, isso mesmo, por incrível que pareça). Creio eu que porque os europeus em geral se sintam meio culpados pelo que aconteceu ao povo judeu na SGM (mas isso é outra história).

Os EUA sempre foram contra armas nucleares no OM, mesmo para Israel (exceção feita à Turquia, durante a Guerra Fria, por razões óbvias). Isso porque temiam acima de tudo que Israel acabasse por se ver forçado a usar suas armas (o que por bem pouco não aconteceu) e acabasse com a indústria petrolífera dos vizinhos, notadamente a Arábia Saudita e o Iraque, o que teria consequências terríveis para a economia americana. Fato este do qual Israel sabiamente se aproveitou por várias vezes ao longo da sua curta história, para arrancar concessões de armamentos e tecnologia bélica convencional dos EUA, no melhor estilo “Tudo bem, você não quer que eu exploda a coisa toda? Então me dê armas para não precisar fazê-lo”.

Na verdade os EUA foram e são meio reféns de Israel. Talvez o único país no mundo que tenha tal poder sobre o Tio Sam.

E sim, Israel ainda assim sofreu inúmeros embargos americanos ao longo dos anos. Como aliás também sofreu embargo francês (e o caso dos Mirage-III é típico), inglês, etc.

Como também sofreram a Índia e o Paquistão. Como sofrem Coréia Vermelha e Irã. E como irá sofrer todo mundo que tentar botar a mão em armas nucleares.

No que, diga-se lateralmente, tenho que concordar plenamente com a postura americana.

Abraço.

Observador
Observador
13 anos atrás

Senhores,

Israel realmente é um tema que desperta paixões.

Sobre despertar admiração, cada um tem seu gosto e preferência. Tem gente até a quem Cuba desperta admiração, fazer o que.

Sobre a bomba atômica, sua tecnologia é objeto de espionagem industrial desde o início; os soviéticos tiveram ajuda de americanos para o desenvolvimento da sua própria bomba.

Assim como os chineses tiveram ajuda de soviéticos, norte-coreanos tiveram ajuda de cientistas paquistaneses.

às vezes houve interesse de governos, em outra ocasiões, só a cobiça de alguns.

Afinal, conhecimento é poder e poder vale dinheiro.

Ainda vai demorar algumas décadas, mas a história vai esclarecer quem colaborou com quem e porque.