Discurso de Dilma na ONU simplesmente ‘esqueceu’ do tráfico de drogas e crime organizado

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  1. A ansiedade em se parecer com os presidentes dos países do G-8 levou a presidente do Brasil a tratar dos assuntos que aqueles tratam e de estimular aplausos para seu próprio ego. O champanhe aberto depois do discurso, no hotel, sublinha isso. Opinou sobre a complexa questão do Oriente Médio, deu um “puxão de orelha” nos presidentes dos países centrais que não demonstram capacidade política para enfrentar a crise.
  2. Mas se “esqueceu” do flagelo que afeta a América Latina: o tráfico de drogas e o crime organizado. E suas consequências entre os jovens brasileiros: 35 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, ou 18% da população. Entre os nossos jovens, os homicídios são responsáveis por 37% das mortes naquela faixa de idade. Nas demais faixas de idade (não jovens) são 1,8% das mortes. Em números absolutos são 18 mil, sendo 50% nas regiões metropolitanas só das 10 principais capitais.
  3. Entre os jovens de 15 a 24 anos a taxa de homicídios é de 53 por 100 mil jovens nesta faixa de idade. Entre 19 e 23 anos esse número sobe para 60 por 100 mil. Essas taxas dobraram em 20 anos. Nas demais idades (não jovens) a taxa permaneceu estática. O total de homicídios no Brasil alcança 50 mil por ano. A taxa brasileira é de 27 por 100 mil. Nas capitais, 37 por 100 mil. Entre os jovens, em Alagoas 125 e em Maceió 250 por 100 mil jovens.
  4. Todos sabem que tais taxas bélicas de homicídios se devem ao tráfico de drogas. No Nordeste, o número de homicídios de jovens cresceu 110% em 10 anos. No Sudeste, caiu a menos da metade do que era 10 anos atrás. As razões são conhecidas: o corredor brasileiro de entrada de cocaína na Europa passou a ser feito pela África Ocidental. Guiné é hoje um narco-Estado. O tráfico Brasil-África mudou de nome e de tragédia.
  5. Mas Dilma preferiu tratar do Oriente Médio e da aptidão política dos líderes mundiais. No Iraque, a partir do momento do início da guerra, em 2003, até hoje foram 600 mil mortos. Se usarmos o número de mortes pelos confrontos que em 2010 foram 3.500 e projetarmos em mais 4 anos, o número de homicídios no Brasil terá ultrapassado todas as mortes de guerra e de confrontos no Iraque no mesmo período, de 2003 para a data. No Brasil, naquele período (2003-2011), foram 450 mil, sem aviões, mísseis, tropas, atentados ou carros bomba.
  6. Mas Dilma não estava só na ONU. Obama e Ban-Ki-Moon, secretário geral da ONU, não ficaram atrás.
FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia
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Drcockroach
Drcockroach
13 anos atrás

“Amigos do blog, se vocês fossem pensar em ameaças potenciais à integridade do país e de suas fronteiras, de quem cogitariam?

Dos narcoterroristas das Farc, cada vez mais enxotados para o fundão das selvas pela ação das Forças Armadas da Colômbia, e que já chegaram a penetrar em território brasileiro no passado?

De algum delírio do desvairado — e armado até os dentes — coronel Hugo Chávez, da Venezuela, que já colocou olho gordo no território da vizinha Guiana?

Das consequências, para o país, do caos e da baderna que vão tomando conta da Bolívia?

Não, nada disso, pelo menos segundo dois espantosos depoimentos de especialistas proferidos ontem, segunda-feira, dia 3, à noite, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Embora se tenha mencionado problemas da África — do outro lado do Atlântico — e a necessidade, obviamente correta, de proteger riquezas do país, o grande perigo, pelo visto, vem da OTAN, a aliança militar ocidental, composta por países desenvolvidos e amigos tradicionais do Brasil, como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, a Itália…

Usando terminologia de sua profissão, o general da reserva Rocha Paiva considerou que a Guiana Francesa (parte do território da França), o Suriname (ex-colônia da Holanda) e a República da Guiana |(ex-colôniba britânica) são, nada mais, nada menos, do que “uma cabeça de ponte da OTAN”.

O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) João Quartim de Moraes, por sua vez, falou em “sequência quase ininterrupta de agressões abertas e descaradas” da OTAN — será que salvar minorias étnicas da Sérvia, nos anos 90, seria uma “agressão aberta e descarada”, ou, então, a intervenção na Líbia do sanguinário Kadafi? –, como parte do que chamou de “recolonização planetária” pela aliança militar ocidental.

Leiam e espantem-se….”

A materia continua aqui com um link ao Estadao:
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/espantoso-especialistas-no-senado-veem-potenciais-ameacas-ao-brasil-vindas-nao-das-farc-ou-similares-mas-da-otan-ou-seja-eua-franca-gra-bretanha-alemanha/#comments

Talvez a conclusao da comissao seja de que o Brasil precisa se armar por causa do grande demonio do Norte (e a quarta frota) e os demais imperialistas da OTAN.

Haja paciencia…

[]s!

Antonio M
Antonio M
13 anos atrás

Difícil levar nosso país à sério com essa corja que a governa. E veja a que ponto pode chegar a companheirada pois lembrem-se que estão doidos para calar a imprensa também:

” …Metroviários pedem fim de quadro ‘Metrô Zorra Brasil’:

…A Secretaria de Assuntos da Mulher do Sindicato dos Metroviários de São Paulo deve formalizar hoje, na Globo, uma carta em que exige que a emissora retire do ar o quadro “Metrô Zorra Brasil”. O órgão afirma que a atração é um incentivo ao assédio sexual, já que mostra no final dos seus episódios um homem encostando e abusando de Janete. …””

Para resumir, vou reproduzir um dos comentários dessa matéria, que é simplesmente genial:

“Brasil: onde politicos são levados na brincadeira e comediantes são levados a sério.”

Genial mesmo !!!