Por Roberto Godoy

A presidente Dilma Rousseff autorizou ontem um crédito suplementar, extra orçamentário, no valor de R$ 45 milhões, para dar início ao programa de desenvolvimento e aquisição do sistema Astros 2020, da Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos.

O equipamento é uma ampla e radical evolução do conjunto lançador de foguetes livres Astros II, o maior sucesso de vendas da empresa. Segundo o Palácio do Planalto, o ato presidencial ‘indica com clareza a disposição do governo de prestigiar a indústria nacional de material de Defesa’.

No novo conceito, a arma passa a incorporar um míssil de cruzeiro com alta precisão e alcance de 300 quilômetros, o AV-TM, e munições com maior poder de fogo, alcance e cabeças de guerra capazes de transportar dezenas de granadas, que são dispersadas sobre o alvo. Um míssil antiblindagem, o FOG, também passa a ser padrão do conjunto. O principal avanço, todavia, é na área eletrônica, toda digital.

Durante um ensaio realizado no dia 21 de julho, no Campo de Instrução de Formosa (GO), a 80 quilômetros de Brasília, foram empregados os blindados de comando e controle que serão parte da versão avançada, a 2020.

O investimento total no projeto está estimado em R$ 1,92 bilhão – valor distribuído ao longo de seis anos. Os recursos liberados pela presidente Dilma vão ajudar a resolver a situação financeira da Avibrás, atualmente sob regime de recuperação judicial. Isso será feito com a garantia da aquisição do sistema Astros 2020, pelo Exército. Outra medida em andamento é a capitalização por meio do refinanciamento de seus débitos, pelo governo, nos termos do Refis.

Sociedade. Outra providência faz da União sócia da empresa, na proporção de 15% a 25%. Não haverá aporte direto de dinheiro. Na forma prevista na Lei 11941/09, a presença dos recursos será efetivada pela conversão das dívidas da Avibrás. Segundo o presidente do grupo, engenheiro Sami Hassuani, ‘o processo de participação do governo tem tamanho – 1,2 mil páginas, a soma do texto principal e dos 12 documentos anexos.’

A Avibrás entrou em recuperação judicial em julho de 2008. O valor do processo, cerca de R$ 500 milhões, foi superado pelo cumprimento de um rico contrato firmado com a Malásia, para fornecimento de baterias, munições e equipamentos de apoio da última geração do lançador de foguetes Astros-II, carro-chefe do grupo.

O sistema brasileiro é o principal recurso dissuasório da força terrestre malaia na região de tensão permanente no sudeste asiático. A encomenda foi entregue em dezembro de 2009.

A configuração da arma que interessa ao Exército brasileiro é formada por 49 viaturas. São 18 veículos lançadores, 18 remuniciadores, 3 unidades de monitoramento de tiro, 3 estações meteorológicas, 3 de veículos oficina, 3 blindados de comando e controle para cada bateria e um, integrado, de comando e controle de grupo.

Fonte: estadao.com.br

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Gueorgui Jukov
Gueorgui Jukov
13 anos atrás

Ótima noticia se sair os Astros 2020 vai ser um grande avanço para nosso exercito eu ainda quero ver um grande investimento nesse projeto 42 milhões pode ser um começo mas que não fique por aí.

Darkman
Darkman
13 anos atrás

Foi uma grande noticia !!!
Enfim a Avibrás conseguu botar seu projeto pra frente e continuar respirando no mercado de Defesa por mais algum tempo. Que essa compra do GF ara as portas para futuras vendas do Astros 2020.

Abs,

luizcascaldi
luizcascaldi
13 anos atrás

Ótima notícia, estou ansioso para ver os primeiros testes daqui alguns meses. Tenho que admitir que a Dilma bem que dá umas bolas dentro quando quer.

Abraço

Bosco Jr
Bosco Jr
13 anos atrás

Sem querer ser pessimista mas não acredito que nem o Tomahawk brasileiro e nem o FOG serão desenvolvidos.
O FOG é um míssil de conceito duvidoso atualmente. O único exemplar que vingou foi o Type 96 MPMS japonês, um descendente do EFOG-M americano.
Atualmente a tendência parece ser um link de radiofrequência para mísseis NLOS, integrando-o à rede, e não mais a fibra ótica.
Mísseis guiados por fibra ótica israelenses não são NLOS (Spike LR e ER). Usam o link de fibra ótica para manter o controle durante todo o trajeto até o impacto com o alvo (mudar de alvo, abortar o ataque, precisar o ponto de impacto, possibilitar um incremento do alcance usando o modo LOAL, etc), mas o engajamento inicial é feito com um alvo na linha de visão.
Também pelo que se sabe o FOG-MPM tinha algumas deficiências, tais como a necessidade de controle manual durante toda a trajetória e não ter um seeker com formação de imagem térmica, o que inviabiliza seu uso noturno.
De qualquer forma, ficaria feliz se o mesmo estivesse em condição de ser produzido em série e que tenha resolvido suas deficiências, mas tenho dúvidas.
Seria interessante também que os foguetes de maior calibre pudesse incorporar algum sistema de navegação, já que um foguete com alcance de mais de 40 ou 50 km, sem sistema de orientação, não tem precisão e na prática é inútil do ponto de vista tático, mesmo usando o método de saturação.
Se um projétil de canhão 155mm tem um CEP de uns 500 metros quando disparado contra um alvo a 40 km, imagine um foguete que é bem mais instável e sujeito a variáveis relativas à queima do propelente, ao vento, etc.
Também os foguetes de maior calibre deveriam incorporar “submunições” para serem dispersas, já que até onde se sabe, mesmo os maiores, são de ogiva unitária.

Gueorgui Jukov
Gueorgui Jukov
13 anos atrás

Errei por 3 milhões são 45 não 42.
Bom a artilharia de saturação e bem mais eficiente do que artilharia comum auto propulsada ou rebocada principalmente pela quantidade de projeteis a acertar os alvos mesmo que novas munições de calibres 155mm dos obuses modernos alcancem um alcance de mais de 40 km ou no caso da excalibur que chega a 60 km, ainda são muito caras para se comprar em uma reportagem que eu vi os yankees estavam desenvolvendo uma nova munição guiada por Gps mas já apresentava alguns problemas como por exemplo a instabilidade devido ao grande impacto de lançamento do projetil que tinha que receber sinais de satélites e se guiar a uma força de 25Gs mas errou o alvo se não me engano por 300 metros. Enquanto ao AV-Tm esse vem recebendo muitas criticas desde o inicio não sei se é por que e brasileiro mas as criticas são duras em outro site que visitava se dizia que o projeto da avibrás já era obsoleto e que bombas atuais planadas já tinham alcance igual ou superior e faltava uma versão do míssil lançada de aviões, eu particularmente torço por esse e outros projetos vinguem, pois seria um avanço mesmo que já em termos ultrapassados pra mim seria ótimo.

Mauricio R.
Mauricio R.
13 anos atrás

A precisão do Excalibur demonstrada em combate, é de 1,8m p/ um alcance de 40Km.
A mesma tecnologia está sendo migrada p/ os projéteis de morteiro, ensaios realizados no Afeganistão tem mostrado resultados mto bons.
O MLRS americano dispõe de um novo projétil, já tem algum tempo, guiado por GPS, o que na prática torna cada míssil um projetil guiado.
No mais perdeu-se uma excelente oportunidade de evitar que mais uma empresa privada em dificuldades, se encostasse no governo, p/ remediar suas mazelas.

Bosco Jr
Bosco Jr
13 anos atrás

Gueorgui,
Um projétil lançado de canhão 155 mm tem que resistir a força g da ordem de 10.000 a 20.000 g.
O Excalibur block I A tem alcance de 26 km. O Excalibur block IA2 tem de 40 km.

Maurício,
Já está em operação no Afeganistão o MGK (Mortar Guidance Kit). Um kit montado na ponta de um projétil de morteiro 120 mm que lhe confere guia inercial/GPS com precisão de 10 metros em alcance de 8 km.
Sem o kit a “precisão” do projétil seria de 140 m.

Gueorgui Jukov
Gueorgui Jukov
13 anos atrás

e eu me confundi mas em outro site que eu visitei os editores diziam que o alcance da Excalibur era de 60 km, torço pelos astros no exercito independente de precisão ou obsolência, se não me engano me corrijam se estiver errado mas já não está em estudo ou desenvolvimento uma versão desses misseis com algum sistema de orientação nem que seja na fase final.

Bosco Jr
Bosco Jr
13 anos atrás

Georgui,
A USN estava desenvolvendo projéteis de 127 mm com propulsão adicional de foguete que atingiam 130 km e eram guiadas por GPS/inercial. Era o ERGM e a BTERM.
Ambos foram cancelados.
Atualmente apenas o programa LRLAP de 155 mm está em andamento e visa dotar o destróier DDG1000 com projéteis de 155 mm capazes de atingir alvos com precisão a 180 km.
O Excalibur block IA2 usa o conceito conhecido como “base bleed” para chegar a 40 km, lançado de tubos convencionais de 39 calibres.
Mas você não está de todo errado. Provavelmente poderá chegar a 60 km se disparado de tubos mais longos (52 calibres) e com maior carga de projeção, que poderão estar disponíveis no futuro.
Também, como é um projeto modular, não há nada que impeça que no futuro a Excalibur não disponha também de um foguete propulsor, para aumentar ainda mais o alcance.
Um abraço.

Bosco Jr
Bosco Jr
13 anos atrás

Vale ressaltar que os canhões de “52 calibres” já existem e quando digo “que poderão estar disponíveis no futuro” me refiro ao USA/USMC, que não os utiliza.

vassilizaitsev
vassilizaitsev
13 anos atrás

Bosco,

Mas os M-777 não são com canos de 52 calibres??????

abraços.

Sobre o Astros 2020 e os foguetes por ele empregados. ou desenvolve algum sistema de guiagem para ele ou nem deveria adquirir. Já que será adquirido apenas três baterias, que as mesmas sejam equipadas com projéteis realmente modernos. Afinal, no moderno campo de batalha da atualidade, as armas de Artilharia e Cavalaria Blindada são extremamente vulneráveis, mesmo para um cenário de média/baixa intensidade. Afinal, um infante mocozado em um buraco pode por fora de combate um moderno CC. Basta, para isso que ele esteja equipado com um Javelin, ou um Spike, ou outro modelo similar.

abraços.

Bosco Jr
Bosco Jr
13 anos atrás

Vassili,
Os M-777 são de 39 calibres.
Eu acho que os EUA não gostam muito de canos maiores.
Eles preferem que os canhões (AR e AP) tenham mais mobilidade estratégica, e acho que o cano mais comprido prejudica.
Na função específica de apoio de fogo acho que é suficiente, e para bater alvos a distâncias maiores, até 70 km, eles têm o GMLRS.
Só o AGS do DDG1000 é que terá um cano bem grandinho, de 62 calibres.
O canhão AP Crusader tinha um canhão com 56 calibres, mas foi cancelado no início do século.
Até o Canhão AP do programa FCS tinha um canhão de 39 calibres, e parece que continua sendo desenvolvido para substituir no futuro o M-109A6.
Ou seja, não há sinalização que os americanos venham a ter um canhão de cano mais longo num futuro previsível.
Um abraço.