Rebeldes líbios chegam à capital, governo nega
Após seis meses de combate ao regime do ditador líbio Muammar Gaddafi, os rebeldes chegaram ontem à capital, Trípoli, reduto do regime.
A conquista intensificou a impressão de que a ditadura de Gaddafi está por um fio. Rumores davam conta de que ele e a família já haviam deixado o país, o que o governo líbio nega.
À noite, a TV estatal líbia divulgou uma gravação de áudio em que Gaddafi felicita os líbios pela eliminação dos “ratos”.
Após o avanço obtido desde sexta, quando duas cidades importantes passaram ao comando dos rebeldes, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores disse ao jornal “New York Times” que, ainda que as forças de segurança fiquem sem combustível, a luta seguirá. “Montaremos camelos”, afirmou, pedindo anonimato.
No início da noite de ontem, proliferaram relatos de barulho de explosões e troca de tiros, ouvidos do hotel onde jornalistas se hospedam na capital líbia.
Fadlallah Haroun, do comando militar rebelde, disse que esse era o início da “Operação Sereia” -ataque coordenado entre os rebeldes e a Otan (aliança militar ocidental) a Trípoli.
A Otan anunciou ter feito ontem 26 ataques às forças leais a Gaddafi, incluindo 14 alvos em Trípoli.
O ministro líbio da Informação, Moussa Ibrahim, negou, via TV estatal líbia, que a revolta tivesse chegado à capital. Ele disse que Trípoli estava segura e “cercada por milhares para defendê-la”.
Gaddafi teria pedido refúgio a Egito, Marrocos, Argélia e Tunísia, cujo governo negou haver recebido o pedido e recebeu os rebeldes líbios como únicos representantes legítimos do país.
Com os avanços da insurgência, a maior parte das estradas que levam à capital está bloqueada. Moradores relatam onda de crimes e acúmulo de lixo. Muitos tentam fugir para as montanhas.
Antes da chegada a Trípoli, os celebraram a deserção de Abdel Salam Jalloud, ex-figura-chave do governo.
“Se Gaddafi quer deixar o poder, queremos que ele mesmo anuncie isso, mas acreditamos que não o fará”, disse Mustafa Abseljalil, presidente do Conselho Nacional de Transição, órgão político dos rebelde, para quem “tudo demonstra que o final está muito próximo”.
Fontes americanas alertam para o desconhecimento da situação real do país e temem que, acuado, Gaddafi intensifique a repressão.
Com os últimos avanços, os insurgentes controlam a fronteira leste com o Egito, a região costeira central e as montanhas ao oeste.
Diversos governos africanos são gratos a Gaddafi por seu apoio financeiro. Caso decida deixar a Líbia, é provável que ache refúgio facilmente, avaliam analistas.
Na Venezuela, são intensos os rumores de que o presidente Hugo Chávez enviou à Líbia um avião para buscar Gaddafi, de quem é aliado, e a família do ditador.
FONTE: Folha de São Paulo e agências internacionais