Desde o início de nossa história, os militares desempenharam papel fundamental na ocupação das terras, integração de regiões isoladas e suporte ao desenvolvimento da Colônia que nascia.

A Engenharia Militar cedo se fez presente, não apenas nos momentos de luta armada, mas também no formação de nosso território, na demarcação de nossas fronteiras e nas numerosas fortificações levantadas ao longo do litoral e nos mais distantes rincões do interior do país.

É nesse contexto que surgiu a insigne figura de Ricardo Franco de Almeida Serra. Nascido no dia 3 de agosto de 1748, em Portugal, obteve o grau de Oficial em 1866, aos concluir na Academia Militar os cursos de Engenharia e Infantaria.

Como capitão, chegou ao Brasil em 1870, para ser o Chefe da Terceira Partida de Demarcação de Limites, a mando de D. Maria I, Rainha de Portugal. Sua extensa lista de realizações inclui o mapeamento das Capitanias do Grão-Pará, de Mato Grosso e de São José do Rio Negro, atual Amazonas. Foi responsável por obras magníficas e de grande valor estratégico, como o Forte Príncipe da Beira, o Quartel dos Dragões, em Vila Bela – MT, e o Forte Coimbra, bem como pela exploração de mais de meia centena de rios nas regiões Norte e Centro-Oeste, façanhas essas que reafirmam o valor técnico e profissional desse grande soldado que, além de engenheiro, era também geógrafo, cartógrafo e astrônomo.

Em 1801, escreveu seu nome em uma das mais impressionantes passagens da história militar do Brasil, quando era o comandante do Forte Coimbra e da Fronteira Sul de Mato Grosso. O Tenente-Coronel Ricardo Franco, junto a menos de 50 homens determinadamente entrincheirados no Forte Coimbra, conduziu, por dez dias, heroica resistência a um violento ataque ordenado por D. Lázaro de Ribeiro, Governador do Paraguai, que se opunha em reconhecer as demarcações de fronteiras com nosso país.

O reduzido efetivo brasileiro, ao conseguir barrar o avanço de uma bem armada frota espanhola com grande superioridade de forças, preservou aquela região integrada ao território brasileiro. Por dever de justiça, em 1802, a Coroa Portuguesa o promoveu ao posto de Coronel, vindo a falecer naquela fortificação que tanto amou, em 21 de janeiro de 1809, e onde hoje repousam suas cinzas.

Assim, pela relevância de suas obras, pelo valor desmedido de soldado e pela inconteste liderança no comando, o Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra tornou-se, em 12 de junho de 1987, patrono do Quadro de Engenheiros Militares do Exército Brasileiro.

Perpetuando os valores de Ricardo Franco, gerações de Engenheiros Militares trabalham diligentemente ao lado de companheiros das demais Armas, Quadros e Serviços no sentido de atenderem às grandes e complexas demandas de natureza científico-tecnológica impostas a uma força armada. O meticuloso trabalho de natureza técnica do engenheiro militar está presente não só no Sistema de Ciência e Tecnologia, sua principal aplicação, como também em outras áreas e setores do Exército e da Defesa, contribuindo para o futuro se torne realidade ainda no presente e o Brasil, de forma efetiva, alcance índices de desenvolvimento e prosperidade compatíveis com a sua dimensão geoeconômica.

Neste momento em que o Exército se planeja no contexto de uma profunda transformação, o papel da Ciência e Tecnologia constitui-se em vetor fundamental para atingimento dos grandes objetivos visando à maior operacionalidade da Força Terrestre. Assim é que a Engenharia Militar está presente, por meio de seus projetos de características tecnológicas, em todos os macroprojetos estratégicos do Exército, tais como o Sistema de Monitoramento das Fronteiras, a Família Média de Blindados de Rodas e a Brigada Braço Forte, entre outros.

A capacidade dos engenheiros militares está comprovada, também, em trabalhos de grande repercussão no cenário nacional, tais como nas obras de engenharia de construção de rodovias e de instalações, a cargo do Departamento de Engenharia e Construção, nas extensas jornadas de levantamento topográfico em todo o território nacional, no importante sistema de fiscalização de produtos controlados pelo Exército por meio de seu Comando Logístico, nas atividades fabris da Indústria de Material Bélico do Brasil e, mais recentemente, no Sistema de Comando e Controle dos Jogos Mundiais Militares realizados no Rio de Janeiro.

O uso extensivo da tecnologia da informação em todas as atividades humanas, incluindo-se a militar, impôs a necessidade de o Exército, sob o respaldo da Estratégia Nacional de Defesa, abrir nova frente tecnológica que é a Defesa Cibernética. De natureza dinâmica e de alta complexidade, o setor cibernético é um campo ideal para os engenheiros militares demonstrem sua capacidade de erigir sistemas computacionais aptos a enfrentarem essa nova modalidade de ataque, em apoio aos grandes programas de defesa da Força Terrestre e do Brasil.

O Departamento de Ciência e Tecnologia, como órgão central do Sistema, e suas Organizações Militares Diretamente Subordinadas envidam, de forma incessante, toda a sua capacidade em atuar nas áreas do ensino, pesquisa aplicada, desenvolvimento, avaliação e fabricação de Produtos de Defesa, sistemas de comunicações táticos e estratégicos, sistemas computacionais corporativos e ainda o levantamento cartográfico, para que a Força Terrestre possa desempenhar com êxito suas múltiplas missões.

Na data de hoje, o Exército Brasileiro mais uma vez parabeniza os integrantes do Quadro de Engenheiros Militares, o vetor portador do futuro, pelo grande exemplo de dedicação que os fazem autênticos discípulos do Coronel Ricardo Franco.

FONTE e FOTO:
EB

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