Rubem Azevedo Lima

Com cada vez mais rancor, o ex-presidente Lula reclama da imprensa, que o critica até hoje, passados quase sete meses do fim de seu mandato.

A rigor, Lula age como se ainda governasse o país. Segundo alguns áulicos, ele telefona, com frequência, para a presidente Dilma ou procura encontrar-se com ela, coisa que nunca um ex-presidente fez com o sucessor, como diria o próprio Lula, em seus autoelogios freudianos.

Para ajudar Dilma, Lula faria melhor se ficasse na obscuridade. Disso, porém, ele gosta até menos do que dos críticos que o azucrinam, pois estes, ao citarem-no, ainda lhe dão oportunidade de aparecer.

Dia a dia, Dilma, sua herdeira política, tropeça nos malfeitos de Lula, que a perturbam, ou nos não feitos por ele, ao bajular os movimentos sociais, em geral cooptados com favores abusivos.

Agravaram-se, por isso, nossas mazelas políticas, parlamentares, sindicais, ambientais, culturais, rodoviárias, aeroviárias, a segurança pública, a saúde e a educação. Destas duas desviaram-se 70% de seus recursos! Dilma gastará muito tempo, corrigindo o que Lula fez de errado. A sujeira que ele deixou no Dnit exige dela que mande fazer o mesmo em todas as outras áreas da administração pública para limpar o Brasil o mais completamente possível.

Tudo isso, mais a gastança do antecessor e a indicação de ministros corruptos para o ministério de Dilma — três já foram demitidos — constitui a pesada herança do ex-presidente. Ele, além do alto custo com que manteve suas alianças no parlamento, aplicou dinheiro em empréstimos favorecidos ou doações a países pobres, pensando em obter deles apoio para ganharmos uma cadeira cativa na cúpula da ONU.

Nesse particular, Lula não hesitou em fazer acordos até com ditadores, desmoralizando as melhores tradições de nossa política de relações internacionais e o espírito da Constituição cidadã de 1988, no tocante aos regimes de exceção.

Pesados o positivo e o negativo dos dois mandatos de Lula, Dilma sabe: hoje, logrado pela propaganda oficial de obras e conquistas não feitas, o Brasil está no vermelho moral frente ao seu povo. Essa é a sua dívida.

FONTE: Correio Braziliense

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Mauricio R.
Mauricio R.
13 anos atrás

A imprensa em geral, poderia nos fazer um grande favor…
Esqueçam-se de que o apedeuta existiu!!!
Deixem de noticiá-lo!!!

Luiz Paulo
Luiz Paulo
13 anos atrás

Mauricio R. disse:
25 de julho de 2011 às 14:30

Cara, acho que alguem tem que estar lembrando o que falaram e falam, chocando isso com os fatos quem vêm a tona, pra que o povo, aquele que não foi cooptado,o povo livre de fato, possa ver o lamaçal no qual chegamos…

Infelizmente creio seja necessário ainda falar nele. Afinal foi quem de fato mais propagou e banalisou o método político de os fins (os ‘meus’ fins) justificam os meios…

Quem infelizmente está fazendo o papel que era pra ser da oposição(existe?) é uma imprensa aqui outra ali… e só… Nem as instituições que eram pra ser de controle e fiscalização agem como deveriam…

Pobre Brasil.

Vader
13 anos atrás

Olha, sinceramente queria concordar com o Maurício: acho que a imprensa deveria esquecer este cara.

Mas não dá. Temos que lembrar o que esse sujeitinho fez com nosso país. Da mesma forma que a PeTralhada não perde um único instante para acusar o antecessor dele, mesmo passados quase dez anos que este deixou o poder.

Como diz o Eduardo Bueno: “povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”.

Antonio M
Antonio M
13 anos atrás

Se estivéssemos em um país decente, com o episódio do ministério dos transportes não seria teríamos apenas a impressa “lembrando” de LuLLa mas, a polícia e a justiça também.