EUA cortam ajuda de US$ 800 milhões ao Paquistão
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou a suspensão de US$ 800 milhões em auxílio aos militares do Paquistão. Segundo o chefe de gabinete da Casa Branca, William Daley, a relação entre EUA e Paquistão é “difícil” e deve melhorar com o tempo, mas enquanto esse momento não chega “vamos reter parte do dinheiro que os contribuintes americanos estão dispostos a oferecer aos paquistaneses”.
A suspensão do auxílio, divulgada inicialmente pelo jornal New York Times, ocorre depois de o almirante Mike Mullen, principal assessor militar de Obama, ter afirmado que os serviços de segurança do Paquistão podem ter sancionado o assassinato de um jornalista do país que escreveu sobre a infiltração de extremistas religiosos no Exército paquistanês.
A alegação foi negada pelos militares do Paquistão e também pelo serviço de espionagem paquistanês, que possui laços históricos com o Taleban e outras milícias e é considerado por muitos analistas ocidentais como um país dentro de outro país.
Em entrevista ao programa “This Week”, da ABC, Daley sugeriu que a decisão de suspender o auxílio ao Paquistão era resultado da crescente tensão entre o país e os EUA, especialmente depois da operação norte-americana que resultou na morte de Osama bin Laden, em maio, numa região muito próxima à principal escola militar do Paquistão. “Obviamente ainda há muita mágoa que o sistema político do Paquistão está sentindo por causa da operação que fizemos para pegar Osama bin Laden”, disse Daley.
Outra autoridade norte-americana disse que a suspensão do auxílio foi motivada pela decisão do Exército do Paquistão de reduzir o número de vistos para militares dos EUA que viajariam ao país para fins de treinamento. “Continuamos comprometidos em ajudar o Paquistão a melhorar sua capacidade, mas comunicamos às autoridades paquistanesas sobre diversas ocasiões em que precisamos de certa ajuda para oferecer assistência”, disse a autoridade, que falou sob condição de anonimato porque não pode discutir o assunto publicamente.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse recentemente aos senadores norte-americanos que “não estamos preparados para continuar oferecendo (o auxílio militar) exceto se virmos algumas medidas sendo tomadas”.
O porta-voz do exército do Paquistão, major-general Athar Abbas, recusou-se a comentar a suspensão do auxílio.
FONTE: Agência Estado
Já estava demorando.
A parada é essa mesma: quer ter ajuda? A ajuda é bem vinda? Quer receber a grana? Coopera.
Ou pelo menos não atrapalha, dando guarida por uma década ao mais procurado terrorista do mundo, e depois ainda chiando quando os outros fazem o serviço que deveria ter sido feito há muito tempo.
Senão, que vá buscar ajuda em outra freguesia. Quem sabe os chineses sejam mais “bonzinhos”… 😉
É Vader, o recado americano foi dado, mas não há a menor chance dos EUA abandonarem o barco.
Agora falta o “recado” paquistanês, que até hoje não engoliu o episódio do Bin Laden.
Lembre-se que o Paquistão não é isolado politicamente como o Irã, que ninguém quer ficar ao seu lado. Lá é o contrário, todo mundo quer sua “cooperação”.
Seja para qual lado o Paquistão se aliar, trará muitas vantagens, senão vejamos:
1 – Domínio de armas nucleares e sua tecnologia: um prato cheio para o radicalismo islâmico. Imagine uma aproximação com o Irã, seu vizinho a oeste.
2 – Apoio quase incondicional da China, que barraria qualquer ação da ONU via CS. Eles tem um inimigo em comum, e a união deles “abraça” a India ao sul.
3 – Parceiro indigesto dos EUA, que não podem lavar as mãos para o Paquistão, principalmente por causa sua eterna luta contra o terrorismo no Afeganistão.
A verdade é que os EUA se tornaram reféns do Paquistão, por isso compram sua parceria.
Acabando isso, o Paquistão buscará alternativas de financiar sua elite militar, e não será nada agradável para a política externa americana, que não poderá fazer nada a não ser assistir de longe.
Olha só Dinho, sinceramente não sei não. Aquilo por lá é um balaio de gatos.
Se é verdade que a China apóia o Paquistão, a Rússia apóia a Índia. Esta então finge aproximação do Tio Sam, mas faz uma política pendular. Igualmente os militares do Paquistão, que se demonstraram belos “amigos da onça”, após décadas de uma parceria que, bem ou mal, salvou o Paquistão da aniquilação por mais de uma vez.
O único ponto que une todos ali é: ninguém gosta dos EUA. Nem Afeganistão, nem Irã, nem Índia, nem Paquistão, nem Rússia, nem China.
Mas se é verdade que se eles detestam os EUA, gostam menos ainda uns dos outros. O Paquistão e a China já entraram em guerra com a Índia; o Afeganistão com a Rússia; e o Irã (xiita) já teve seus problemas com Afeganistão e Paquistão (sunitas). E ninguém ali aprecia de verdade o gigantismo chinês logo ali ao norte.
Então o que temos é que a verdade é que uma hora um equilíbrio de poder acabará sendo estabelecido ali, sob pena de termos uma escalada militar de proporções incomensuráveis.
Aquela região sim é que poderá ser palco de uma futura “guerra mundial”, muito mais do que Israel e Palestina, um problema “menor” perto do problema de se lidar com cinco potências atômicas (*) com interesses divergentes.
Enquanto a coisa não se resolve, pra um e outro lado, o melhor que o Tio Sam faz é puxar o carro de lá o mais rápido que puder, parar de gastar vela boa com defunto ruim, e deixar todo mundo ali se aniquilar o quanto quiser, antes que sobre ainda mais pra ele.
E é nesse sentido que creio que a decisão, embora seja apenas um primeiro passo, é mais que acertada. Com o OBL finalmente morto e a Al Qaeda agonizante, e com um proto-governo estabelecido no Afeganistão, os EUA não terão absolutamente NADA a fazer ali.
Saudações.
(*): considerando-se que o Irã, se é que já não tem, poderá ter muito em breve capacidade de produção de artefato nuclear.
Boa analise pessoal! Todos os dois tem pontos interessantes.
Gostaria apenas de acrecentar o que disse o comandante do Exercito Paquistanes (e muitos dizem o real lider do pais) como ressalva para seus oficiais de campo em palestra fechada apos a morte de Bin Laden:
“O problema nosso com os EUA e que eles hoje pagam a hipoteca e chega um ponto que quem paga a hipoteca e mais dono da casa do que o proprio morador. E ai como resolver isso? Simplismente eu nao tenho uma resposta.”
Sds!