O presidente americano, Barack Obama, deve anunciar em pronunciamento na noite desta quarta-feira a retirada de 10 mil tropas do Afeganistão já neste ano, e mais 23 mil até o fim de setembro de 2012, anteciparam autoridades ao jornal “The Washington Post” sob condição de anonimato.

Até então sabia-se dos planos de retirar ao menos 33 mil tropas até o prazo final de 2012, mas o trecho do discurso vazado pelos membros do governo mostra que o presidente está disposto a antecipar ainda mais o início da retirada americana quase dez anos após o 11 de setembro de 2001.

O secretário de Defesa, Robert Gates, defendeu recentemente uma redução mais lenta, para evitar a reversão dos avanços no terreno.

Os cerca de 30 mil militares foram enviados ao Afeganistão no final de 2009, como um reforço adicional (movimento conhecido como “surge”, em inglês).

No total, os EUA mantêm no Afeganistão 100 mil tropas, cujas operações custam aos cofres públicos americanos cerca de US$ 10 bilhões por mês.

De acordo com o “Post”, a expectativa do Pentágono era de que a maior parte das 33 mil tropas ficassem em solo afegão ao menos até o fim de 2011.

No entanto, Obama parece ter cedido à crescente pressão dos congressistas americanos, cujo argumento é de que o país, que ainda amarga os reflexos da crise econômica de 2008, não pode manter o nível dos gastos com a guerra.

CRONOGRAMA

Em seu pronunciamento marcado para as 20h de Washington (21h em Brasília), Obama irá apresentar mais detalhes sobre o plano para a retirada das tropas americanas da Guerra do Afeganistão.

Pressionado pelo Congresso e pela opinião pública a encerrar o impopular e custoso conflito iniciado há dez anos, Obama vem buscando um equilíbrio entre os conselhos dos seus assessores militares, que querem uma desocupação gradual, e os argumentos dos seus assessores políticos, favoráveis a uma desocupação rápida –o que poderia ter um efeito positivo à campanha eleitoral de 2012.

“Ele tem preparado sua decisão ao longo das últimas semanas, e finalizou essa decisão hoje”, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney na terça-feira.

Os chefes do Pentágono temem que uma desocupação rápida demais reverta os avanços obtidos pelos EUA contra a insurgência do Taleban no Afeganistão, que atualmente tem grande força.

Por outro lado, a morte de Osama bin Laden no Paquistão, no mês passado, reforçou dentro do governo a tese de que já houve progressos suficientes na luta contra a Al Qaeda, permitindo uma retirada mais acelerada das tropas.

A tese da maioria dos congressistas, segundo analistas, é de que o país não pode mais arcar com operações para a estabilização do Afeganistão, e que só há justificativa para manter um pequeno contingente cujo objetivo é conter os avanços da Al Qaeda.

FONTE: Folha.com

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