Processo de consolidação no setor de defesa nacional
Onda de aquisições e fusões vai acirrar competição no setor
Virgínia Silveira
O setor de defesa e segurança vive neste ano um processo de consolidação intenso, com a aquisição de empresas de pequeno e médio portes, localizadas no polo tecnológico de São José dos Campos por grandes grupos nacionais. Depois da Odebrecht / Mectron e da Embraer / Orbisat, agora é a vez da Sinergy Defesa e Segurança (SDS), que acaba de ser formada com a participação EAE Soluções Aeroespaciais (joint venture entre a Sinergy e a Israel Aerospace Industries), a Flight Technologies, a Digex Aircraft Maintenance, e o Estaleiro EISA, do grupo Synergy. O grupo atua também em transporte aéreo e em óleo e gás. As empresas que compõem a SDS faturam mais de US$ 8 bilhões e empregam 40 mil pessoas.
O alvo dessas operações é o promissor negócio gerado pelos programas de reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras e pelo incentivo à capacitação da indústria nacional em tecnologias estratégicas para o país. Os projetos de modernização dos equipamentos militares brasileiros estão previstos na Estratégia Nacional de Defesa e projeções feitas por especialistas do setor apontam para investimentos da ordem de R$ 150 bilhões nos próximos 30 anos.
De olho nas novas oportunidades de negócio nesse mercado, a Embraer foi a primeira empresa a divulgar seus planos de fortalecimento na área de defesa, com a criação da Embraer Defesa e Segurança em dezembro do ano passado. Mais recentemente, no dia 15 de março, a companhia adquiriu a divisão de radares da Orbisat, um negócio avaliado em R$ 28,5 milhões. Nesta semana deve anunciar a aquisição da Atech.
Na quinta-feira, a Odebrecht anunciou a criação da Odebrecht Defesa e Tecnologia. A nova empresa do grupo foi estruturada após a consolidação de uma série de iniciativas estratégicas na área de defesa: a aquisição do controle da fabricante de mísseis Mectron, a joint-venture com a empresa Cassidian, braço de defesa da gigante europeia EADS e a parceria com a francesa DCNS no Programa Nacional de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil.
No mercado brasileiro, segundo as principais empresas do setor, ainda há espaço para mais aquisições, visando agregar valor às operações dos novos conglomerados de defesa que estão se formando em torno da Embraer, Odebrecht, Synergy e Camargo Corrêa. “Ainda há algumas empresas brasileiras com ativos importantes sob o ponto de vista tecnológico estratégico”, disse o presidente da Odebrecht Defesa e Tecnologia, Roberto Simões.
Segundo Nei Brasil, que é presidente da Flight Technologies, a SDS tem planos de oferecer ao mercado brasileiro e latino-americano produtos e serviços nas áreas de vants (veículos aéreos não tripulados), satélites de observação e comunicação, radares de aplicação militar, sensores e dispositivos para segurança interna, centros integrados de inteligência e serviços de manutenção e modificação de aeronaves e embarcações.
“Queremos ocupar mais espaço no bojo da Estratégia Nacional de Defesa e, posteriormente, nos posicionar como player global em sistemas robóticos e integrados para defesa e segurança”, afirmou. A parceria com a Synergy, segundo Brasil, ajudará a empresa a alavancar seus projetos no mercado de defesa. Para isso, está fazendo investimento de R$ 40 milhões em sua expansão. A empresa ganhará novas instalações em uma área de 600 metros quadrados no Centro Empresarial do Parque Tecnológico de São José dos Campos.
O representante da EAE, joint-venture entre o grupo Synergy e a israelense IAI, Moshe Cytter, disse que o objetivo da empresa no Brasil é construir alianças estratégicas que viabilizem a atuação da companhia em diferentes projetos de interesse da defesa nacional.
A EAE já tem um contrato de fornecimento de vants para a Polícia Federal, avaliado em US$ 30 milhões. O grupo israelense IAI, que fatura US$ 3,15 bilhões por ano e tem cerca de 17 mil funcionários, também participa de projetos com a Marinha na área de navios patrulha de 500 toneladas, fornecimento de radares para as aeronaves P-3 de patrulha marítima da Força Aérea Brasileira (FAB) e para os caças A-4 da Marinha. Os executivos não informaram qual será a receita da Sinergy Defesa e Segurança.
FONTE: Valor Econômico, via Notimp
Na prática, enquanto o “balcão de negócios” do Jobim estiver aberto, não adiante consolidar o setor pq não vai mudar nada.
Aquela mesma meia dízia de empresas de sempre, é que continuará sendo preferida, independente da serventia e/ou da necessidade de seus produtos, p/ as forças armadas.
Por outro lado, o país não pode ser vítima de oligopólios neste setor estratégico.
E depois da Ares e de O Períscópio, compradas pela Elbit, eis que a base industrial e tecnológica nacional perde mais um integrante.
Ou alguém duvída do destino da FT, em um grupo integrado pela IAI, empresa que praticamente inventou o moderno emprego militar dos uav’s.
Espero estar enganado, pois necessitamos de concorrentes, p/ essas empresas que estão atualmente aí, se servindo do nosso mercado de Defesa.