Rebeldes líbios nomeiam presidente de governo interino
Mahmoud Jabril já esteve envolvido com um projeto para estabelecer a democracia na Líbia
ARGEL – Os rebeldes líbios designaram Mahmoud Jabril como chefe de governo interino, no que sinaliza uma mudança na estratégia seguida até agora pelo Conselho de Governo Interino, criado em 27 de fevereiro, informou nesta quarta-feira, 23, a rede árabe “Al-Jazira”.
Segundo a fonte, o novo presidente provisório, que estava à frente do comitê de crise para assuntos militares e exteriores, terá a faculdade de nomear seus ministros.
O novo chefe de governo provisório até agora havia desempenhado a representação exterior do Conselho e tinha viajado a Paris para se encontrar com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, primeiro país a reconhecer oficialmente a autoridade dos rebeldes. Jabril já esteve envolvido anteriormente em um projeto para estabelecer um Estado democrático na Líbia.
Considerado um reformista, sua designação pode ser interpretada como um passo em busca do reconhecimento exterior, embora até agora os rebeldes tenham evitado essa denominação para tentar diminuir o risco de divisão no país.
Sua escolha para liderar o governo provisório sediado em Benghazi, ‘capital’ rebelde, representa a existência de dois Gabinetes no país e a partilha “de facto” da política líbia.
A falta de organização da revolta e os protestos iniciados em Benghazi em 16 de fevereiro – que um dia depois atingiu o país de leste a oeste – foram agravados pela ausência de uma liderança clara entre a mobilização opositora na Líbia, que foi assumida de maneira improvisada por Mustafa Abdel Jalil, ex-ministro da Justiça de Muamar Kadafi.
No entanto, as dissonâncias fizeram-se evidentes desde o primeiro momento por sua particular interpretação das decisões do Conselho, cujo vice-presidente e porta-voz oficial, Abdel Hafiz Ghoga, teve de desmenti-lo em várias ocasiões.
Especialmente quando, sem o consenso dos demais conselheiros, defendeu aceitar uma saída para Kadafi com garantias de que os rebeldes não levariam o coronel à Justiça, palavras que suscitaram críticas entre os conselheiros.
À ausência de uma liderança clara e visível somou-se a total descoordenação dos insurgentes, que agiram no plano militar com total falta de estratégia, o que ficou evidenciado quando Kadafi lançou sua contraofensiva e chegou às imediações de Benghazi, onde suas tropas foram detidas pelos ataques aéreos da coalizão internacional.
No último sábado, uma coalizão internacional, formada por EUA, França, Reino Unido, Itália, Canadá, Qatar, Noruega, Bélgica, Dinamarca, Romênia, Holanda e Espanha, deu início a uma intervenção militar na Líbia, sob mandado da resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nesta terça, Washington, Londres e Paris concordaram que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deve desempenhar um papel na incursão.
A resolução da ONU prevê a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia e a tomada de “quaisquer medidas necessárias” para impedir o massacre de civis pelas tropas de Kadafi, que está no poder há 41 anos e enfrenta um revolta há mais de um mês. Desde o início da ação internacional, os insurgentes ganharam força. Eles querem derrubar o ditador.
FONTE: Estadão / Efe e Reuters