Divergência entre aliados sobre comando dos ataques abala ofensiva contra Kadafi
Fernanda Godoy – Correspondente
NOVA YORK – Indefinições sobre os limites da intervenção militar na Líbia e sobre quem assumirá o comando da operação se e quando os Estados Unidos se retirarem para segundo plano – como é o desejo do presidente Barack Obama – marcaram um dia tenso nas Nações Unidas e na Otan nesta segunda-feira, mostrando que as divergências entre os países aliados podem comprometer a operação. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu à tarde, mas a discussão sobre a Líbia, pedida em carta do chanceler líbio, Moussa Koussa, foi adiada. França, Reino Unido e EUA, que lideram a coalizão, ganharam tempo para seguir com o bombardeio pelo menos até quinta-feira, quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, levará ao conselho uma avaliação da situação. A indefinição já ameaça comprometer a participação de alguns países, como Itália e Noruega.
A crise líbia tem acompanhado o presidente Obama em sua viagem à América do Sul. Na capital chilena, ele afirmou na segunda que será uma questão “de dias e não de semanas” a transferência da liderança da operação militar dos EUA para um outro país. Obama afirmou ainda que seu governo é favorável à saída de Muamar Kadafi do poder, mas que a coalizão internacional tem um papel limitado, que é estabelecer uma área de exclusão aérea e proteger civis.
– Obviamente, a situação está se desenvolvendo em campo, e a rapidez com que essa transferência ocorrerá será determinada pela recomendação de nossos comandantes militares de que a primeira fase da missão foi completada – disse Obama, em Santiago.
A transferência, no entanto, pode não ser tão simples. A questão está dividindo a comunidade internacional, seja na Organização do Tratado do Atlântico Norte ou na União Europeia, levando a dúvidas sobre o sucesso da operação. Os países-membros da Otan, por exemplo, não conseguiram chegar a um acordo se a organização deveria assumir o comando da missão no lugar dos EUA.
As decisões requerem o apoio de seus 28 membros, algo para o qual a Turquia deve impor uma série de condições. O país se opõe à intervenção na Líbia, enquanto as nações árabes são contrárias à liderança da Otan na missão. Até segunda-feira, o secretário-geral da ONU só havia recebido a confirmação de um país árabe – o Qatar – de seu desejo de participar da operação.
Na Otan, a Itália ameaçou rever a participação de suas sete bases militares na ofensiva a menos que a organização consiga chegar a um acordo sobre a estrutura de coordenação. Uma fonte no Ministério do Exterior italiano chegou a chamar de “anárquica” a estrutura tripla de comando, liderado pelos EUA em estreita coordenação com Reino Unido e França. Para Roma, a coordenação deve ficar com a Otan. Já a Noruega, que enviou seis caças F-16 para a operação, disse que não entrará em ação até que sua missão seja bem definida.
Na União Europeia, a Alemanha reforçou sua posição de não participar da ofensiva militar, dizendo que as críticas árabes demonstram que sua opção era a correta. Os membros do bloco, no entanto, concordaram em expandir as sanções à Líbia.
FONTE: O Globo
Eu li naquela “Guerra nos céus” que a URSS tinha uma vantagem sobre a Otan: a cadeia de comando russa não era fragmentada igual aos ocidentais.
Pelo jeito a situação é a mesma: os ocidentais ficam discutindo quem comanda o que enquanto se defendem ou atacam. Pensei que ja tinham resolvido isso.
A Itália nao se define. Os EUA querem pular fora. A Alemanha caiu fora. A Noruega não confirma nada. Que bagunça…
Os europeus não parecem mesmo ter uma estrutura rápida de resposta a uma ameaça continental… ainda seria no ” cada um por si, depois veremos”…
Wagner, antigamente o inimigo era claro. Hoje é difuso e confuso. Novos tempos…
E a OTAN está se tornando cada vez mais um órgão político, ao invés de uma organização militar. Já já o Tio Sam cai fora dessa porcaria, e aí a Europa vai ter de começar a caminhar pelas próprias pernas em crises do gênero.
A Europa não consegue se acordar para nada. É incapaz de se unir.
Enquanto isso o Tio Sam domina o mundo, e os BRICS caminham para ocupar o espaço anteriormente europeu.
O problema da Europa é político: tem muito político europeu vivendo da desunião da Europa.