Os 50 de Fukushima, os novos heróis do Japão
De Harumi Ozawa (AFP)
TÓQUIO — Os 50 trabalhadores que permaneceram nas instalações da central de Fukushima para resfriar os reatores danificados e o material irradiado são os novos heróis do Japão, os homens dispostos a sacrificar suas vidas para salvar a nação.
Em um ambiente contaminado pelos altos níveis de radiação, estes funcionários da companhia Tokyo Electric Power (Tepco) tentam resolver os problemas provocados pelo colapso dos sistemas de resfriamento e alimentação elétrica da central.
Este colapso já causou a fusão parcial de três dos reatores da central e a exposição das barras de combustível, que também ameaçam entrar em fusão, ao ar livre, liberando na atmosfera quantidades consideráveis de elementos radioativos.
Estes últimos trabalhadores presentes na central, após o terremoto seguido de tsunami da última sexta-feira, foram retirados do local brevemente na quarta-feira, quando o nível de radioatividade aumentou de maneira alarmante.
“Estas pessoas que estão trabalhando nas centrais enfrentam (o problema) sem titubear”, comentou Michiko Otsuki, funcionária da central Fukushima 2, situada a 12 km de Fukushima 1, onde estão os reatores danificados.
“Só posso rezar pela segurança de todos eles… Não esqueçam que estão trabalhando para nos proteger, a cada um de nós, em troca de suas próprias vidas”, escreveu Michiko na rede social japonesa Mixi.
O primeiro-ministro Naoto Kan também elogiou os esforços e a coragem destes homens.
“Na Tepco e nas empresas associadas, eles se esforçam neste momento para injetar água (nos reatores), estão fazendo todo o possível sem sequer pensar no perigo”, disse Kan.
Quando a Tepco recrutou mais 20 homens para participar das operações, foi procurada por vários funcionários que haviam sido retirados no começo da crise, segundo a agência Jiji.
Entre estes novos voluntários está um homem de 59 anos, que estava a um ano e meio da aposentadoria, anunciou sua filha em uma mensagem no site Prayforjapan.jp, conectado ao Twitter desde a catástrofe.
“Não pude deixar de chorar quando soube que meu pai seria enviado amanhã (…). Em minha casa, meu pai parece um tanto nervoso, mas nunca estive tão orgulhosa dele”, indicou.
Segundo David Brenner, diretor do centro de pesquisa radiológica de Columbia Service, os trabalhadores de Fukushima 1 estão expostos a um “risco significativo” dados os altos níveis de radioatividade aferidos no local.
“Eles já são heróis… Vão suportar exposições muito elevadas à radiação”, disse Brenner à BBC.
Na terça-feira, um nível de radioatividade de 400 millisieverts por hora foi observado perto do reator 3. Se uma pessoa permanece por uma hora em um local como este, receberá uma dose de radiação ionizante 20 vezes maior que o permitido aos trabalhadores do setor nuclear na França.
Mesmo assim, a gratidão dedicada aos 50 “liquidadores” japoneses – que lembra o sentimento despertado pelos homens que se sacrificaram para limpar o estrago provocado pelo colapso de Chernobyl, na Ucrânia, há 25 anos – não impede as críticas à forma como foram organizadas as operações de contenção de crise, tanto pela Tepco quanto pela Agência de Segurança Nuclear japonesa.
Houve críticas inclusive do ministério da Defesa japonês, depois que soldados envolvidos nas operações ficaram feridos e talvez tenham sido expostos à radiação, quando uma explosão fez voar pelos ares parte do edifício externo do reator 3, indicou o jornal Yomiuri.
Japão alerta sobre risco de blecaute em Tóquio hoje
O governo japonês alertou sobre o risco de um possível grande blecaute nesta quinta-feira na região de Tóquio em decorrência dos problemas de provisão elétrica causados pelo terremoto seguido de tsunami da última sexta-feira (11), que danificaram várias usinas nucleares.
Por isso, foi pedido que as operadoras de trem da área de Tóquio suspendam o serviço na parte da tarde e que as empresas reduzam o consumo, segundo o ministro da Indústria japonês, Banri Kaieda, citado pela agência local Kyodo.
A situação se complicou ainda mais com o aumento do consumo de eletricidade devido à forte queda das temperaturas desde a noite de quarta-feira, o que gerou o temor de que durante o dia de hoje a demanda supere a oferta.
Nesta quinta-feira, a quatro dias do início da primavera, prevê-se que a temperatura em Tóquio fique próxima a 0ºC à noite, como já ocorreu ontem.
O devastador terremoto da última sexta-feira, que deixou mais de 14 mil vítimas entre mortos e desaparecidos no nordeste do Japão, ocasionou problemas em várias usinas nucleares, sobretudo na central de Fukushima, onde as autoridades lutam desde sábado para conter a deterioração de seus reatores.
Este panorama fez com que duas operadoras de eletricidade japonesas tenham passado a aplicar cortes de luz com duração entre três e seis horas em parte do território, além de pedir que os japoneses reduzam o consumo, algo que havia sido alcançado, embora o frio tenha chegado e prejudicado este esforço.
As principais operadoras de trem da região de Tóquio, a JR East e a Tokyo Metro, haviam indicado que reduziriam seus serviços a partir das 17h desta quinta-feira (5h de Brasília).
A temperatura caiu desde a noite de ontem nas regiões abastecidas pela Tepco (Tokyo Electric Power), operadora da usina de Fukushima.
Há quatro dias a empresa está empreendendo cortes de luz na região de Kanto, na qual se encontra Tóquio, para tentar impedir grandes blecautes.
A área metropolitana de Tóquio é habitada por mais de 30 milhões de pessoas, que utilizam os trens para chegar a seus locais de trabalho, mas, desde a crise gerada pelo terremoto, muitas pessoas optaram por trabalhar de casa.
A ministra de Reforma Administrativa, Murata Renho, solicitou à população maior esforço na economia de luz, já que a demanda por energia pode superar o que a Tepco pode fornecer no caso de os atuais níveis se manterem.
Cerca de dez milhões de lares serão afetados hoje pelos planos de cortes de energia da Tepco, segundo a agência local “Kyodo”.
FONTE: AFP e EFE
Boa sorte para esses trabalhadores.
Ah se pudessemos mandar os políticos brsileiros no lugar deles !!!
E com certeza, esse acidente vai ajudar a mudar e melhorar muitas coisas em relação a geração de energia nuclear e impulsionar alternativas também…..
Que pena tudo isso, o planeta já tem tantos problemas e agora um povo honesto e trabalhador como o japonês se ferra totalmente.
Devia estourar radiação no Congresso nacional com aquele bando de *&¨%$#$%¨&&**##$5!@#$%¨****
e não nos japoneses.
É um mundo imperfeito…