Ministério lança site sobre o Livro Branco de Defesa Nacional
Brasília, 01/03/2011 – O Livro Branco ganhou nesta terça-feira (01/03) uma ferramenta importante para a sua elaboração e divulgação. Os profissionais da Divisão de Tecnologia da Informação do Ministério da Defesa,em parceria com os técnicos da Segurança da Informação e a Assessoria de Comunicação, lançaram nesta terça-feira (01/03) a website http://livrobranco.defesa.gov.br).
O sítio eletrônico foi apresentado pela coordenadora de Divisão de Tecnologia da Informação, Josane Borges das Neves Guimarães, para o chefe da Assessoria de Planejamento Institucional, general-de-divisão Júlio de Amo Jr e o secretário da Seori, Ari Matos Cardoso. Segundo Josane, o trabalho foi todo desenvolvido em apenas 75 dias. “Foi uma proposta auspiciosa, rapidamente executada”, ressaltou o general Júlio de Amo Jr. Já o secretário da Seori ressaltou a contribuição que o site dará para a sociedade e interessados no assunto de Defesa.
Na página, o interessado poderá encontrar as informações sobre os seminários, workshop e oficinas temáticas sobre a defesa brasileira, que ocorrerão em diversas cidades do país. Além disso, o site oferece outras informações como: links para os Livros Brancos de Defesa de outros países do mundo, a legislação de Defesa e ainda o Decreto 7.438 de criação do GTI.
O site será uma ferramenta importante de interlocução com a sociedade, que poderá participar com sugestões e acompanhar o processo dos sei seminários, seis oficinas temáticas e sete workshops que acontecerão ao longo de 2011. A publicação do Livro Branco deverá ser elaborada até o final do ano pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI).
O Livro Branco permitirá que interessados em assuntos de Defesa brasileira possam, em uma única publicação, ter acesso a dados sobre estratégia, planejamento plurianual e orçamento das Forças Armadas.
Brasil sem defesa:
“Metade dos armamentos do país está indisponível
Estudo do Ministério da Defesa revela fragilidade das Forças Armadas
Blindados, navios e caças sem condições de combate e concentração de tropas no Sudeste expõem deficiência
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um levantamento reservado com uma detalhada radiografia das Forças Armadas brasileiras mostra o sucateamento do equipamento militar do país. Explicita também as conhecidas distorções na distribuição de tropas no território nacional, confrontando o discurso oficial de que a Amazônia é uma prioridade.
O estudo ao qual a Folha teve acesso é produzido pelo Ministério da Defesa e atualizado todo mês. Ele mostra que metade dos principais armamentos do país, como blindados, aviões e navios, está indisponível para uso.
O levantamento é usado provisoriamente pelo governo, enquanto não é elaborado o chamado “Livro Branco”, que trará, segundo decreto assinado neste ano, todo esse diagnóstico.
O livreto obtido pela Folha tem 76 páginas e traz dados orçamentários, operacionais e de pessoal que são difíceis de encontrar com esse grau de detalhe.
Quando alguém precisa elaborar comparações com outros países, como fez a Folha em sua edição de 20 de fevereiro, a praxe é buscar fontes externas -confiáveis, mas não tão detalhadas.
O documento usado nesta reportagem traz um inventário dos chamados meios de cada Força, ou seja, os principais equipamentos para uso em guerra.
O resultado dá argumentos aos defensores do reequipamento militar, um processo caro, demorado e que costuma esbarrar em obstáculos como pressões políticas.
O caso da Marinha é paradoxal. Especialistas consideram a Força a mais bem aparelhada, mas 132 dos seus 318 principais equipamentos estão parados. Metade dos 98 navios está no estaleiro.
A aviação naval é figurativa: apenas 2 de seus 23 caças voam, e só para treino. Isso no fim de 2010 -hoje, só um funciona. O porta-aviões São Paulo ficou anos parado e agora está em testes.
DEFICIÊNCIA CRÔNICA
O Exército contribui para que o resultado geral de disponibilidade de meios atinja ilusórios 68% -isso porque a Defesa coloca na conta as “viaturas sobre rodas”, que basicamente são quaisquer veículos. Dessas, 5.318 das 6.982 estão funcionando.
Dos 1.953 blindados do Exército, só metade está à disposição. Metade dos helicópteros está no chão, isso sem contar a deficiência crônica de defesa aérea, maior fragilidade militar do país.
Por fim, a Força Aérea tem indisponíveis 357 dos seus 789 meios, que incluem 48 lançadores portáteis de mísseis, todos funcionando. O governo avalia ter 85 dos seus 208 caças disponíveis, o que parece algo otimista. Seja como for, a renovação da frota de combate, unificada em um modelo, está postergada novamente por causa de cortes orçamentários.
Fica também explícito um problema que a Estratégia Nacional de Defesa editada em 2008 promete combater.
Na Estratégia, a Amazônia aparece como prioridade do Exército. Só que a disposição das tropas ainda reflete a ideia de que o país um dia poderia entrar em guerra com sua antiga rival, a Argentina, hoje longe de representar uma ameaça militar.
A região Sul concentra 25% das forças terrestres do Brasil, enquanto a área amazônica só tem 13% do efetivo. Outros 23% estão estacionados na área do Comando Militar do Leste, no Rio.
A concentração no Rio também é perceptível no poderio aéreo. Nada menos que um terço do efetivo da FAB está por lá, enquanto a enorme região Norte não soma 15% com dois comandos aéreos separados.
A Marinha também está baseada no Rio, de forma avassaladora: 71% do efetivo está lá. Há planos para criação de uma segunda esquadra no Nordeste e no Norte.
Essa concentração no Rio é uma herança dos tempos em que a cidade centralizava o poder no país.
ASSIMETRIA
A Estratégia critica essa assimetria na disposição geográfica das tropas, mas a mudança depende de vontade política e de recursos cuja justificativa sempre é difícil num país de tradição pacífica e cheio de problemas sociais.
Por fim, o mapa lembra também detalhes do comprometimento financeiro. Em outubro de 2010, o governo gastou quase igualmente com pessoal ativo, aposentados e pensionistas, somando uma folha salarial de R$ 2,9 bilhões naquele mês.
No Orçamento de 2011, antes do corte anunciado recentemente pelo governo, a despesa com pessoal representava 72% do gasto total.
Ainda sobre pessoal, destaca-se a alta proporção de oficiais-generais. Há um deles para cada 971 homens. No mais poderoso exército do mundo, o americano, esse número salta para um para cada 1.400 soldados.”
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1303201102.htm