Segundo TV, Kadafi propôs acordo com os rebeldes

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Os rebeldes líbios rejeitaram nesta segunda-feira (7) um acordo que teria sido proposto pelo ditador Muammar Gaddafi, segundo informou a rede de televisão Al Jazeera. Segundo a rede, Gaddafi propôs um encontro entre os rebeldes e o Parlamento para discutir um acordo para viabilizar sua renúncia. Gaddafi teria enviado seu ex-primeiro-ministro Jadallah Azzouz Talhi para encontrar os rebeldes.

A Al Jazeera afirmou ainda que uma fonte do conselho dos rebeldes disse, na cidade de Benghazi, que o encontro foi rejeitado porque o acordo seria uma saída honrosa para Gaddafi e ofenderia as vítimas do regime.

A rede de televisão afirmou que Gaddafi queria garantias para sua segurança pessoal e de sua família, além da promessa de que ele não fosse julgado pelas mortes já registradas até o momento.

Ameaça de guerra civil

Um dos filhos de Gaddafi, Saadi, afirmou mais cedo que a Líbia entraria em guerra civil se seu pai renunciasse ao poder. Em entrevista ao canal árabe Al Arabiya, disse Saadi também que a Líbia se transformaria numa nova Somália e que as tribos do país lutariam umas contra as outras se isso ocorresse. Saadi assinalou que a situação na Líbia “é muito perigosa” porque “as tribos estão bem armadas” e tanto o Exército como a rebelião contam com armamento.

Saadi aproveitou para culpar seu irmão Seif al Islam por não ter cumprido as recomendações de seu pai para evitar algumas das razões que impulsionaram a atual rebelião. Na entrevista, Saadi disse que Seif, que figurava como possível herdeiro de seu pai, tinha sido encarregado junto ao governo de aplicar medidas para lutar contra o aumento dos preços nos produtos básicos.

“O líder dizia diariamente (a Seif al Islam e aos ministros) que facilitassem as coisas e elaborassem um orçamento, mas há coisas que não foram feitas.” Saadi é um dos sete filhos homens de Gaddafi, jogou como profissional no futebol da Itália, é engenheiro e agora se dedica aos negócios do país.

Ataques a cidades tomadas por rebeldes

Forças leais ao ditador líbio lançaram hoje novos contra-ataques contra cidades tomadas por rebeldes, aumentado os temores de que a Líbia esteja caminhando para uma guerra civil, ao contrário da Tunísia e do Egito, onde as revoluções levaram às renúncias dos antigos líderes.

A Força Aérea leal ao líder líbio Muammar Gaddafi bombardeou nesta segunda, em duas ocasiões, a região do estratégico porto petroleiro de Ras Lanuf,
leste do país, controlada pelos rebeldes, que responderam com disparos de artilharia. Uma forte explosão foi ouvida a dois quilômetros da cidade, no deserto. Os rebeldes tentaram atingir os caças do regime de Gaddafi. No domingo, os aviões líbios executaram dois ataques contra Ras Lanuf, controlada pelos insurgentes desde sexta-feira, sem provocar vítimas.

Os milicianos rebeldes mantêm hoje o controle do porto e do terminal petrolífero de Ras Lanuf, 200 quilômetros ao leste de Sirte, seu próximo alvo militar, e mantêm enfrentamentos em Ben Jawad, no meio do caminho entre as duas localidades.

Segundo o porta-voz, existem “trabalhos preliminares” que estudam “todas as opções para enfrentar a evolução da situação no terreno”. “Desejamos pôr tudo em andamento para contribuir para a saída da crise na Líbia. Levamos esses trabalhos em estreita coordenação com todas nossos parceiros, os países envolvidos e o conjunto das instâncias internacionais e regionais”, ressaltou.

Ao ser questionado sobre o apoio de Paris ao Conselho Nacional líbio formado pelos insurgentes em Benghazi (leste), Gaddafi, que teve as declarações traduzidas do árabe para o francês, afirmou: “Nos faz rir esta interferência nos assuntos internos. E se nós atuarmos nos assuntos da Córsega ou da Sardenha!”.

No domingo, em Paris, o porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Bernard Valero, afirmou que o país saudava a criação do Conselho Nacional líbio.

ONU

No domingo, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, convenceu o ministro das Relações Exteriores do regime de Muammar Gaddafi a permitir que uma equipe de “avaliação humanitária” visite Trípoli e nomeou um enviado especial para lidar com o regime, informou seu porta-voz.

O ex-chanceler jordaniano Abdelilah Al-Khatib irá realizar “consultas urgentes” com o governo de Gaddafi sobre a batalha crescente com rebeldes e trabalhar na crise humanitária que ela causou, informou o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

As Nações Unidas exigiram acesso “urgente” à cidade de Misrata, controlada pelos rebeldes, que sofreu ataque das forças do regime, e o secretário-geral da ONU expressou uma preocupação crescente com o que ele chamou de uso “desproporcional” da força por Gaddafi.

Ban pediu que o governo “garanta a segurança de todos os cidadãos estrangeiros e o livre acesso das organizações humanitárias às pessoas necessitadas”. A equipe está sendo organizada pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

FONTE: UOL News AFP

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Observador
Observador
13 anos atrás

Como falei antes, a Líbia tem tudo para se tornar uma nova Somália.

Tudo gira em torno do ditador. No momento que ele sumir do mapa, não existe nada que mantenha unido o país. Não há forças armadas, Judiciário ou Legislativo independentes, nada que lembre instituições minimamente sólidas.

Nem mesmo há um sentimento de unidade nacional. A Líbia foi uma invenção européia (França e Inglaterra), que inventou também um rei, Idris, que foi deposto por Kadafi.
A Líbia é um Iraque piorado…

Vader
13 anos atrás

Observador disse:
8 de março de 2011 às 20:20

Se me permite Observador, acrescente a Itália na treta. Aliás, se tem alguém que ganha E MUITO com o Kadafi no poder é o nefasto Silvio Berlusconi.

Sds.

Wagner
Wagner
13 anos atrás

O espírito do Reagan deve estar ao lado do Gates gritando ” Asshole !!”

Acho que o Kadafi não vai escapar… mas vai resistir mais um mes…

Observador
Observador
13 anos atrás

Vader,

Sim, a Itália tem sua cota de responsabilidade no desastre pela ocupação no passado.
Porém, quando me referi à Inglaterra e França foi porque eram as duas que governavam o território da Líbia por volta de 1950, pois eram os vencedores da Segunda Guerra Mundial.

Mas sobre hoje, você tem inteira razão: o Kadafi é um grande investidor estrangeiro na Itália. Se o Kadafi tirar o dinheiro que tem lá, vai ter muito italiano chorando.

Ele montou uma empresa, a LAFICO (Libyan Arab Foreign Investments), pela qual possui participações em times de futebol italiano (chegou a colocar um dos filhos para jogar), empreendimentos imobiliários, bancos, etc. Inclusive ele é um dos grandes acionistas da FIAT.

E não é só: a LAFICO tem tentáculos até mesmo no Brasil, sendo acionista do Banco ABC.

Mas voltando à Itália, se ele fugir, os italianos se verão em uma posição delicada, pois serão pressionados por ele a dar asilo.

É o único país da Europa que poderia acolhê-lo agora, depois de bombardear civis.

Mas se não der, o Kadafi não se aperta; ele vai fugir para o Sudão, lar de outro genocida, o Pres. Omar Al-Bashir.

Rodrigo
Rodrigo
13 anos atrás

Fiquei sabendo da proposta do Kadafi para os rebeldes..

Ele propôs que todos os rebeldes usem as suas armas para cometerem suicídio e tudo voltar ao que estava.

Observador
Observador
13 anos atrás

Rodrigo:

A proposta de acordo deve ter sido como o pedido que ele fez às mães líbias, para que entreguem seus filhos que estiverem protestando ao governo, pois estão drogados e precisam de tratamento.

Com toda certeza, tratamento seria ministrado na “re-hab” Abu Salim (o maior presídio da Líbia).

Eu só fico imaginando os “métodos” de tratamento…