Conforme documentos revelados pelo site WikiLeaks, país questiona sua própria influência sobre Pyongyang – e admite que programa nuclear de Kim é ameaça

A China, aliada da Coreia do Norte, duvida cada vez mais de sua própria influência sobre Pyongyang – e está disposta até a aceitar a reunificação da península coreana se o regime do Norte entrar em colapso. As revelações estão na série de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos divulgados pelo site WikiLeaks. Num dos trechos mais interessantes dos documentos, Pequim descreve a Coreia do Norte como uma “criança mimada”.

Os papéis revelam, por exemplo, que, durante um jantar em 2009, o embaixador chinês no Cazaquistão admitiu a um diplomata americano que Pequim considera o programa nuclear da Coreia do Norte uma “uma ameaça à segurança de todo o mundo”. Funcionários chineses também teriam dito a uma autoridade sul-coreana que a China dá pouco valor à Coreia do Norte como um estado-tampão entre o território chinês e a Coreia do Sul, aliada dos Estados Unidos.

Em um almoço em fevereiro de 2010, entre a embaixadora dos Estados Unidos em Seul, Kathleen Stephens, e o ex-vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Chun Yung-woo, o diplomata de Seul declarou que a nova geração de líderes chineses não considera mais a Coreia do Norte como um aliado útil ou confiável, e não arriscaria um novo conflito armado na península.

Chun afirmou à embaixadora americana que a Coreia do Norte “já entrou em colapso econômico e entraria também em colapso político dois ou três anos após a morte de Kim Jong-il”, apesar de seus esforços para obter ajuda chinesa e para assegurar a sucessão para seu filho. “Ao descrever uma diferença de geração nas atitudes chinesas em relação à Coreia do Norte, Chun alegou que [nome apagado] acreditava que a Coreia deveria ser unificada sob o controle da República da Coreia”, diz o texto, em referência a Seul.

Em outro documento que manifesta a frustração de Pequim com a Coreia do Norte, o vice-ministro das Relações Exteriores da China, He Yafei, teria afirmado que o governo norte-coreano estaria se comportando como uma “criança mimada” para chamar a atenção americana ao realizar testes nucleares em abril de 2009.

He disse que o governo norte-coreano queria “negociar diretamente com os Estados Unidos, e por isso estava agindo como dessa forma”, escreveu o diplomata americano. “A China por isso incentivou os Estados Unidos, ‘depois de algum tempo’, a começar a retomar os contatos com a Coreia do Norte”, afirmou.

Vazamento – Os documentos são parte do pacote de mais de 250.000 comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo. A divulgação ocorre em meio às polêmicas envolvendo o programa nuclear norte-coreano e o recente ataque a uma ilha sul-coreana próxima à fronteira, que deixou quatro mortos na semana passada.

Nesta segunda-feira, a Coreia do Norte disse que tem milhares de centrífugas operando em uma usina de enriquecimento de urânio revelada pelo país no início do mês. Os norte-coreanos dizem que a usina é para a produção de energia nuclear para uso civil. Não se sabe se as centrífugas poderiam produzir também material para a fabricação de armas nucleares.

WikiLeaks – O WikiLeaks é um site que se dedica a revelar documentos militares secretos dos EUA e de outros países. Neste ano, o site divulgou cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra do Iraque. Antes disso, o WikiLeaks já havia divulgado 90.000 relatórios confidenciais sobre abusos cometidos no Afeganistão.

Fonte: Veja

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Vader
13 anos atrás

Está cada vez mais clara a irrelevância política da Coréia do Norte. Aquilo lá está tão podre que não vale nem a pena a CS e os EUA fazerem nada. O maior medo da China hoje é uma invasão de refugiados norte-coreanos.

Assim que o maluquete da CN bater as botas bastará aos sul-coreanos atravessar a fronteira. E a nova República Unificada da Coréia ainda ganhará armas nucleares de presente.

Sds.

Athos
Athos
13 anos atrás

Falta só a China dizer isso porque até agora foi só um americano dizendo o que a China pensa.