Serra e Dilma não agradam os militares
Postura dos dois candidatos não se encaixa no perfil idealizado pelo Exército, Marinha e Aeronáutica
Brasília – As Forças Armadas alimentam dúvidas sobre os dois candidatos à Presidência – Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e admitem que estão diante de “uma escolha de Sofia”. Ao longo de três semanas, a reportagem ouviu chefes militares da ativa e da reserva sobre ambos e colecionou um rosário de queixas e temores.
A maioria avalia que nem Dilma nem Serra são próximos das Forças Armadas e sensíveis aos problemas da Defesa. Os nomes do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB-GO), aparecem como alternativas mais palatáveis.
Opções à parte, militares torcem para que, quem quer que venha a ser eleito, o futuro ministro da Defesa tenha “capacidade de liderança junto ao Planalto”, e continue o trabalho de Nelson Jobim, que consideram “o primeiro ministro de verdade da Defesa”.
O governador paulista, ainda que discretamente, articula aproximação com os militares. Em outubro passado, Serra procurou o presidente do Clube Militar, general Gilberto Figueiredo. Apesar de estar na reserva, o general traduz o pensamento do pessoal da ativa, que não pode se manifestar. Ficaram de acertar uma data para Serra dar palestra para os militares.
Na semana retrasada, Serra protagonizou lance de aproximação. Com ajuda do amigo Jobim, os comandantes das três Forças e chefes do Comando Militar do Sudeste, do 8.º Distrito Naval e do IV Comar foram receber a Ordem do Ipiranga. Serra anunciou que vai estudar a Estratégia Nacional de Defesa – política para a administração das Forças Armadas – e fez elogios aos militares.
Há preocupação com a fama de Serra de não considerar “prioritários” os gastos militares e ser crítico da paridade entre os soldos da ativa e da reserva.
A caserna se diz “traumatizada” com a gestão de Serra como ministro do Planejamento de Fernando Henrique Cardoso. A percepção dos militares é de que ele não gosta de homem de farda, militares, carteiros ou mata-mosquitos.
No caso da ministra, repetem uma frase: “Dilma não é Lula.” O temor, dizem, é que, sem a popularidade e a experiência de negociação de Lula, ela fique “à mercê dos revanchistas”, olhando “o retrovisor”.
Os militares falam em “mágoa” por causa do comportamento dela na discussão do Programa Nacional de Direitos Humanos. Dizem que Dilma foi “omissa”, evitando confrontar “os amigos” do tempo da luta armada. Apesar das ressalvas, dizem que foi graças às obras do PAC, contratadas junto às Forças, que a Engenharia do Exército foi “ressuscitada e modernizada”. Pragmáticos, afirmam que Exército, Marinha e Aeronáutica podem estar “mais seguros” com Dilma pelo fato de, se eleita, ficar “comprometida” com programa de reequipamento da Defesa iniciados no governo do presidente Lula.
FONTE: Agência Estado – 21/03/2010
NOTA DE UM LEITOR:
A reportagem intitulada Serra e Dilma não agradam aos militares está absurdamente datada. Ela é de março desse ano.
Como pode, faltando 5 dias para a eleição, não fazerem ao menos um adendo, uma observação!
Todos os três viáveis candidatos no 1° turno foram contactados, através de suas assessorias, para proferir palestra e expor suas idéias, para os sócios dos Clubes que reunem militares das três forças Armadas, da ativa e da reserva.
O candidato Serra foi o único que aceitou, agendou, realizou sua palestra, assumiu compromissos e recentementemente, as vésperas da realização do 1° turno, distribuiu texto escrito reafirmando o exposto na palestra.
A candidata Marina chegou a agendar uma data, mas posteriormente desmarcou por força de outros compromissos.
A candidata Dilma não se manifestou, diferentemente inclusive de Lula e Ciro Gomes, por exemplo, que lá estiveram nas vésperas de eleiçoes passadas.
Assim, não sei exatamente qual o interesse de reproduzir a reportagem sem as observações. Marco A. E. Balbi
DE fato é de se preocupar, seja com Serra ou Dilma o que tem de prevalecer são os contratos já assinados, o PND e a segurança do Brasil.
É esperar para ver.
esse vai bombar…..
Segue pronunciamento do Deputado Jair Bolsonaro que nada mais é que um militar na Câmara dos Deputados.
http://www.youtube.com/watch?v=kj3prrOAleA&feature=related
Gostaria de ver um debate aqui a respeito do pronunciamento dele que achei bem interessante.
Mudança de governo é sempre um problema.Torcer para que a PND se mantenha inalterada e os investimentos mantidos.
Eu votei … no primeiro turno. Mas vou mudar meu voto, porque algumas coisas mudaram desde então.
Agora voto …, mesmo com pé atrás. Será um mal menor, bem menor.
COMENTÁRIO EDITADO
Tenho as mesmas preocupações dos militares. Acho que
ambos não são o que eu gostaria de ver como ocupante
do Planalto. Foi muito difícil me decidir. Mas já decidi e
acho que fiz a escolha certa. Decidi pela continuidade e
se é continuidade a END deve ser dado continuidade.
Espero que eu não esteja errado na minha escolha.
1 – a realidade bate às portas do Brasil, qq que seja o presidente, vai dar de cara com a necessidade que o país tem de se proteger.
2 – No final das contas, tudo isso é um processo, um aprendizado, em que os políticos começam a olhar para as necessidades de defesa do nosso Brasil (mesmo que não queiram rs) aliás, a “Trilogia de Defesa” tb ajuda muito nesse processo.
3 – Dilma pode ser novata em presidência, mas tenho a impressão que ela apreende rápido.
4 – Sábia decisão do STF sobre a Lei de Anistia.
5 – Por último, mas mais importante – EU quero uma país bem governado, bem administrado e tb com uma boa defesa. (traduzindo – o governo é nosso, o governo somos nós, eles tem mandato nosso para administrar, então que façam bem feito).
Acertou na mosca COLT.
Isso é pura campanha política e o Blog, esse tipo de material, veícula.
Propaganda política … e discaradamente tentando puxar a brasa dos militares para o lado ….
Por natureza militares tendém a ser de direita e mais próximo a isso seria o candidato de oposição.
COMENTÁRIO EDITADO
A estratégia bolivariana do Foro de São Paulo está em marcha. O próximo passo será a aprovação definitiva do PNDH-3. Ainda mais que a partir da próxima legislatura, terão maioria absoluta nas duas casas.
Esta estratégia está acima de uma política de estado.
É isso que os militares temem.
Com …, o Brasil caminhará rápidamente para ocupar seu lugar no concerto das grandes nações.
Não existe a menor dúvida de que com …, o Brasil será finalmente independente e soberano, mas para isso, em alguns momentos terá que dizer não a alguns países e, para poder fazer isso, as forças armadas terão que ser maiores e melhores para que sejam o respaldo inquestionável de opções que defendam nossos interesses nacionais; e a(o) presidente … não é idiota a ponto de não saber disso. El… também estará bem assessorada. As forças armadas serão fortalecidas sim. Essa conversa de que … não gosta das FFAA é balela e conversa da extrema-… que, a mando de potências estrangeiras, sempre manteve criminosamente nosso país desarmado e a mercê de qualquer inimigo externo que julguasse e considerasse, vitoriosa, à qualquer momento, a opção militar contra nosso desarmado país, quando assim o desejassem ou precisassem.
Já com …, não será nem preciso forças armadas. Estaremos vendidos mesmo. Nossas riquezas naturais não mais serão controladas e usadas para o desenvolvimento e beneficio da nossa pátria. Será usada para o bem estar de outros povos, de preferência, povos de olhos azuis que moram acima da linha do equador. O grande “diamante do sul” estará sob rigoroso controle do “olho que tudo vê”. E convenhamos, eles tem a maior marinha de guerra do mundo. Todo o pré-sal e suas gigantescas reservas de petróleo e gás natural e outras tantas riquezas estarão muito bem guardadas e protegidas, bem longe de qualquer brasileiro pobre e eternamente subdesenvolvido.
Não voto pelo partido nem por candidato mas, como cidadão brasileiro, apaixonado por essa terra e com um pouquinho de conhecimento e visão o suficiente para “enxergar” que somos um país pobre e subdesenvolvido por que assim “alguém” desejou e assim nos manteve desde 1500, sei exatamente quem representa o melhor para destino de grandeza do meu país.
Que DEUS proteja nossa pátria e nosso povo.
Brasil, sempre!
COMENTÁRIO EDITADO
Aos senhores que por aqui navegam, olhem por favor, esse endereço ai embaixo. É bastante interessante!
http://www.strategic-culture.org/news/2010/10/07/elections-in-brazil-and-the-us-intelligence-community.html#comments
Desde da ditadura, que o militares não se agradam de nenhum presidente. Fato!. Antes de armar o País, queria ver primeiro uma reforma eleitoral decente, uma reforma previdenciária(que inclusive alcançasse os militares) digna e uma reforma tributária honesta. E claro uma lei que “envie”, “separe” pelos menos 3% do PIB ou quiça 5% do PIB, para as forças armadas assim como temos para educação e saúde. Abraços.
Concordo plenamente com os militares…
Estamos entre a cruz e a espada….
Um entreguista ou uma ex-terrorista….
So Deus pode salvar esse pais.
Mas aí dizer que Nelsom Jobin é tudo isso, não concordo …. O Brasil merece alguém melhor …..
Gustavo Krepke disse:
“Concordo plenamente com os militares…
Estamos entre a cruz e a espada….
Um entreguista ou uma ex-terrorista….
So Deus pode salvar esse pais.”
Uhum, Tamo lascado
É difícil crer que a Dilma irá dar atenção as Forças, ao mesmo tempo que o Serra vem de um partido que também não tem um belo histórico de investimento.
Não acredito nessa de “ha mais o lula começou e ela vai terminar” conversa!! Quando se chega no poder esquece do nada ahahah
Enfim, só se houver um milagre, mas como não existe milagres, vamos continuar as mínguas!!
Lamentável!
Uma boa prova da falta de interesse dos candidatos foi dada à revista Tecnologia & Defesa.Os editores enviaram perguntas aos candidatos sobre suas propostas quanto a Defesa.NENHUM, incluindo a já “eliminada” Marina Silva respondeu às perguntas da revista.Um exemplo do interesse deles pelo assunto.
13ª DIRETRIZ do governo Dilma:
Defender a soberania nacional. Por uma presença ativa e altiva do Brasil no mundo.
E o do Serra, alguém já viu?
Ilmo Srs
Apenas uma opinião pessoal! Acho que ela sera melhor,
é melhor gestora e mais dinamica e não vai abandonar o que foi iniciado pelo MD. Acho que Brasil falta cultura sobre a importancia da Defesa.
Sem brincadeira dizer que o Aecio Neves e uma alternativa mais paleavel!!! tamo fudido assim,na minha cidade aki em minas que chama São joão del rey “So” existe o unico batalhão especialista em combate em montanha do Brasil aki tambem tem um prefeito que recebe milhões mais rouba tudo não gasta em nada o tal prefeito não sai da prefeitura por que o ”querido Aecio passa a mão na cabeça dele” o quartel na minha cidade e um lixo.Se o Aecio e uma opção mais paleavel o Brasil vai ta fudidoooooooooooooo!!!!
SEja quem for eleito
“APOIO AOS MILITARES EDITADO”, por nao fazer parte da regra de governos seja de um ou de outro”
SE ESTE COMENTARIO ASPARCER NOVAMENTE SERÁ BANIDO DO BLOG BRASIU”
Att EDITORES DO BLG BRASIU, Brasilia,DF – Pça dos Tres (?) Poderes
A discusão sobre o tema militar em debates so iria fazer eles pederem votos,infelizmente grande parte da população brasileira acha esse tema desnesesario e tipo assim.EX=vo votar nele ele vai envestir em educação esse e meu candidato, mas se fosse assim EX=nossa esse cara e doido no lugar de investir na educação ta investindo no exercicito,esse eu não voto nele nem se me paga.Ainda assim a aqueles malucos que falam=O Brasil não presisa de navio,submarinos quem vai nos atacar??? somos um pais de paz.
A população tem que se apegar ao tema de maior investimento militares.
S
Esse cidadão procurou o Clube para solicitar um golpe de estado.
Sei que é duro para um direitista votar num candidato associado a interesses alienígenas mas… não tem para onde correr.
O dilema da direita é votar no demônio de nove unhas ou no alienígena.
Escolha!
É triste ver a direita nacionalista sem um candidato. Quase tenho pena. Quase!
Senhores,
Sou petroleiro e me interesso pelos assuntos de defesa.
Nesse sentido proponho uma discussão em torno da importância estratégica do petróleo para o país e o que significam as duas candidaturas que temos hoje em relação a soberania nacional sobre este recurso.
Assim exponho abaixo a história recente de ações contrárias a Petrobras, descritas pela associação dos engenheiros da Petrobras – AEPET, efetivadas pelo governo anterior, bem como as propostas para o futuro.
AEPET – ESTRAGOS PRODUZIDOS NA PETROBRÁS, PELO GOVERNO FHC, VISANDO DESNACIONALIZÁ-LA
http://www.aepet.org.br/index.php?4EjN1MzMzADN20zbkVXZ052bj9FZpZiN98GZ1VGdu92Yf9GcpRnJ39Gaz91bkVXZ052bj1jbvlGdjFmJvRWdlRnbvN2Xk5WZ052byZWPlN3chx2Y5IDNzQTN
1993 – Como ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso fez um corte de 52% no orçamento da Petrobrás previsto para o ano de 1994, sem nenhuma fundamentação ou justificativa técnica. Ele teria inviabilizado a empresa se não tivesse estourado o escândalo do orçamento, envolvendo vários parlamentares apelidados de “anões do orçamento”, no Congresso Nacional, assunto que desviou a atenção do País, fazendo com que se esquecessem da Petrobrás. Todavia, isto causou um atraso de cerca de 6 meses na programação da empresa, que teve de mobilizar as suas melhores equipes para rever e repriorizar os projetos integrantes daquele orçamento;
1994 – ainda como ministro da Fazenda, com a ajuda do diretor do Departamento Nacional dos Combustíveis, manipulou a estrutura de preços dos derivados do petróleo, de forma que, nos 6 últimos meses que antecederam o Plano Real, a Petrobrás teve aumentos mensais na sua parcela dos combustíveis em valores 8% abaixo da inflação. Por outro lado, o cartel internacional das distribuidoras de derivados teve aumentos de 32%, acima da inflação, nas suas parcelas.
Isto significou uma transferência anual, permanente, de cerca de US$ 3 bilhões do faturamento da Petrobrás, para o cartel dessas distribuidoras.
A forma de fazer isto foi através dos 2 aumentos mensais que eram concedidos aos derivados, pelo fato de a Petrobrás comprar o petróleo em dólares, no exterior, e vender no mercado em moeda nacional. Havia uma inflação alta e uma desvalorização diária da nossa moeda. Os dois aumentos repunham parte das perdas que a Petrobrás sofria devido a essa desvalorização.
Mais incrível: a Petrobrás vendia os derivados para o cartel e este, além de pagá-la só 30 a 50 dias depois, ainda aplicava esses valores e o valor dos tributos retidos para posterior repasse ao tesouro no mercado financeiro, obtendo daí vultosos ganhos financeiros em face da inflação galopante então presente. Quando o plano Real começou a ser implantado com o objetivo de acabar com a inflação, o cartel reivindicou uma parcela maior nos aumentos porque iria perder aquele duplo e absurdo lucro.
1995 – Em fevereiro, já como presidente, FHC proibiu a ida de funcionários de estatais ao Congresso Nacional para prestar informações aos parlamentares e ajudá-los a exercer seus mandatos com respaldo de informações corretas. Assim, os parlamentares ficaram reféns das manipulações da imprensa comprometida. As informações dadas aos parlamentares no governo de Itamar Franco, como dito acima, haviam impedido a revisão com um claro viés neoliberal da Constituição Federal.
Emitiu um decreto, 1403/95 que instituía um órgão de inteligência, o SIAL, Serviço de Informação e apoio Legislativo, com o objetivo de espionar os funcionários de estatais que fossem a Brasília falar com parlamentares. Se descobertos, seriam demitidos.
Assim, tendo tempo para me aposentar, solicitei a aposentadoria e fui para Brasília por conta da Associação. Tendo recursos bem menores que a Petrobrás (que, no governo Itamar Franco enviava 15 empregados semanalmente ao Congresso), eu só podia levar mais um aposentado para ajudar no contato com os parlamentares. Um dos nossos dirigentes, Argemiro Pertence, mudou-se para Brasília, às suas expensas, para ajudar nesse trabalho;
Também em 1995, FHC deflagrou o contrato e a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que foi o pior contrato que a Petrobrás assinou em sua história. FHC, como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, funcionou como lobista em favor do gasoduto. Como presidente, suspendeu 15 projetos de hidrelétricas em diversas fases, para tornar o gasoduto irreversível. Este fato, mais tarde, acarretaria o “apagão” no setor elétrico brasileiro.
As empresas estrangeiras, comandadas pela Enron e Repsol, donas das reservas de gás naquele país só tinham como mercado o Brasil. Mas a construção do gasoduto era economicamente inviável. A taxa de retorno era de 10% ao ano, enquanto o custo financeiro era de 12% ao ano. Por isto pressionaram o Governo a determinar que Petrobrás assumisse a construção. A empresa foi obrigada a destinar recursos da Bacia de Campos, onde a Taxa de Retorno era de 80%, para investir nesse empreendimento. O contrato foi ruim para o Brasil pelas seguintes razões: mudança da matriz energética para pior, mais suja; ficar dependente de insumo externo dominado por corporações internacionais, com o preço atrelado ao do petróleo e valorada em moeda forte; foi ruim para a Bolívia que só recebia 18% pela entrega de uma de suas últimas riquezas, a mais significativa. Evo Morales elevou essa participação para 80% (a média mundial de participação dos países exportadores é de 84%) e todas as empresas aceitaram de bom grado. E foi péssimo para a Petrobrás que, além de tudo, foi obrigada a assinar uma cláusula de “Take or Pay”, ou seja, comprando ou não a quantidade contratada, ela pagaria por ela. Assim, por mais de 10 anos, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos sem conseguir vender o gás no mercado nacional.
Em 1995, o governo, faltando com o compromisso assinado com a categoria, levou os petroleiros à greve, com o firme propósito de fragilizar o sindicalismo brasileiro e a sua resistência às privatizações que pretendia fazer. Havia sido assinado um acordo de aumento de salário de 13%, que foi cancelado sob a alegação de que o presidente da Petrobrás não o havia assinado. Mas o acordo foi assinado pelo então Ministro das Minas e Energia, Delcídio Amaral, pelo representante do presidente da Petrobrás e pelo Ministro da Fazenda, Ciro Gomes.
Além disto, o acordo foi assinado a partir de uma proposta apresentada pelo presidente da Petrobrás. Enfim, foi deflagrada a greve, após muita provocação, inclusive do Ministro do TST, Almir Pazzianoto, que disse que os petroleiros estavam sendo feitos de palhaços. FHC reprimiu a greve fortemente, com tropas do exercito nas refinarias, para acirrar os ânimos. Mas deixou as distribuidoras multinacionais de gás e combustíveis sonegarem os produtos, pondo a culpa da escassez deles nos petroleiros. No fim, elas levaram 28% de aumento, enquanto os petroleiros perderam até o aumento de 13% já pactuado e assinado.
No balanço final da greve, que durou mais de 30 dias, o TST estabeleceu uma multa pesada que inviabilizou a continuação da luta dos sindicatos. Por ser o segundo maior e mais forte sindicato de trabalhadores brasileiros, esse desfecho arrasador inibiu todos os demais sindicatos do país a lutar por seus direitos. E muito menos por qualquer causa em defesa da Soberania Nacional. Era a estratégia de Fernando Henrique para obter caminho livre e sangrar gravemente o patrimônio brasileiro.
1995 – O mesmo Fernando Henrique comandou o processo de mudança constitucional para efetivar cinco alterações profundas na Constituição Federal de 1988, na sua Ordem Econômica, incluindo a quebra do monopólio Estatal do Petróleo, através de pressões, liberação de emendas dos parlamentares, barganhas e chantagens com os parlamentares (o começo do “mensalão” – compra de votos de parlamentares com dinheiro desviado do erário público). Manteve o presidente da Petrobrás, Joel Rennó que, no governo Itamar Franco, chegou a fazer carta ao Congresso Nacional defendendo a manutenção do monopólio estatal do petróleo, mas que, no governo FHC, passou a defensor empedernido da sua quebra.
1996 – Fernando Henrique enviou o Projeto de Lei que, sob as mesmas manobras já citadas, se transformou na Lei 9478/97. Esta Lei contem artigos conflitantes entre si e com a Constituição Brasileira. Os artigos 3º, 4º e 21, seguindo a Constituição, estabelecem que as jazidas de petróleo e o produto da sua lavra, em todo o território Nacional (parte terrestre e marítima, incluído o mar territorial de 200 milhas e a zona economicamente exclusiva) pertencem à União Federal. Ocorre que, pelo seu artigo 26 — fruto da atuação do lobby sobre uma brecha deixada pelo Projeto de Lei de FHC — efetivou a quebra do Monopólio, ferindo os artigos acima citados, além do artigo 177 da Constituição Federal que, embora alterada, manteve o monopólio da União sobre o petróleo. Esse artigo 26 confere a propriedade do petróleo a quem o produzir. Tentamos corrigir esse absurdo através de uma Ação de Inconstitucionalidade (ADI) assinada pelo Governador do Paraná, Roberto Requião em 2003 (ver pagina 15).
E insisto em dizer que é fundamental que a propriedade seja da União, portanto do povo brasileiro, impondo ao governo estratégias que confiram maior proveito da exportação petrolífera — através de contrapartidas necessárias — além do controle da produção que privilegie, inteligentemente, os interesses do país.
1997 – Fernando Henrique criou a Agência Nacional do Petróleo e nomeou o genro, David Zylberstajn, que havia se notabilizado como Secretário de Minas e Energia do Estado de São Paulo desnacionalizando várias empresas de energia por preços irrisórios, inclusive a Eletropaulo, vendida para a empresa americana AES que, para essa compra, lançou mão de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e não pagou. Cabe salientar que, dos recursos do BNDES, 50% são originários do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador e foram emprestados a empresas estrangeiras para comprar empresas nacionais, que demitiram, em média, 30% dos trabalhadores. Ou seja, o Fundo de Amparo aos trabalhadores foi usado para desempregar os trabalhadores.
Zylberstajn, no ato de sua posse, com o auditório cheio de empresas estrangeiras ou de seus representantes bradou: “O petróleo agora é vosso”. Empossado, iniciou os leilões de áreas, já com alguma pesquisa já feita pela Petrobrás, com tal avidez entreguista que os blocos licitados tinham áreas 220 vezes maiores do que a dos blocos licitados no Golfo do México;
Zylberstajn, inicialmente, mandou que a Petrobrás escolhesse 10% das áreas sedimentares, de possível ocorrência de hidrocarbonetos, nas 29 províncias onde ela já havia pesquisado, para continuar explorando por mais 3 anos, quando, se não achasse petróleo, teria que devolvê-las à ANP. Depois de 6 meses de exaustivos estudos, a Petrobrás escolheu as áreas que queria. Surpreendentemente, Zylberstajn, aproveitando que a atenção do país estava voltada para a Copa do Mundo de futebol, em realização na França, retomou 30% dessas áreas que a Petrobrás havia escolhido, sob rigorosos critérios técnicos, pelos seus especialistas. Assim, a Petrobrás passou a ter direito de explorar apenas 7% do total das rochas sedimentares brasileiras. Esse prazo de 3 anos se mostrou inviável e foi estendido para 5 anos. Nós publicamos informativos mostrando que as multinacionais tinham 8 anos de prazo contra os 3 da Petrobrás.
1998, a Petrobrás é impedida pelo governo FHC de obter empréstimos no exterior para tocar seus projetos — a juros de 6% a/a —, e de emitir debêntures que visavam à obtenção de recursos para os seus investimentos;
Cria o REPETRO, através do decreto 3161/98, que libera as empresas estrangeiras do pagamento de impostos pelos seus produtos importados. Mas sem, contudo, dar a contrapartida às empresas nacionais. Isto, somado à abertura do mercado nacional iniciada por Fernando Collor, liquidou as 5.000 empresas fornecedoras de equipamentos para a Petrobrás, gerando desemprego e perda de tecnologias brutais para o País. Essas empresas haviam sido criadas através do repasse de tecnologia que a Petrobrás gerava ou absorvia. A presença do fornecedor nacional facilitava em muito a operação da empresa.
Ainda em 1998, seis empresas multinacionais (duas delas comandaram a privatização da YPF Argentina – Merryl Linch e Gaffney Cline) passaram a ocupar o 12º andar do prédio da Petrobrás (Edise) para examinar minuciosamente todos os dados da Companhia, sob o argumento de que se tratava de uma avaliação dos dados técnicos e econômicos necessários à venda de ações da Empresa, em poder do governo. Durante dois anos, essas empresas receberam todas as informações que quiseram dos gerentes da Petrobrás, inclusive as mais confidenciais e estratégicas, de todas as áreas. Reviraram as entranhas da Companhia, de uma forma jamais realizada em qualquer empresa que aliene suas ações.
1999 – Muda-se o estatuto da Petrobrás com três finalidades: 1) permitir que estrangeiros possam ser presidentes da empresa (Philipe Reichstul); 2) permitir a venda de ações para estrangeiros e 3) retirar os diretores da empresa do Conselho de Administração, colocando em seu lugar representantes do sistema Financeiro Internacional, como Jorge Gerdau Johannpeter (comandante do lobby para a quebra do Monopólio), Roberto Heiss, Paulo Haddad e outros;
Reichstul inicia o mandato cancelando atabalhoadamente (propositalmente?) o contrato da empresa Marítima — de fornecimento de 6 plataformas para perfuração exploratória — um mês antes dela incorrer numa grave inadimplência. O cancelamento salvou a Marítima de pesadas multas e ainda deu a ela argumentos para processar a Petrobrás, pedindo R$ 2 bilhões de indenização pelo incrível cancelamento. Ganhou em primeira instância;
Reichstul viaja aos EUA com o ex-jogador Pelé e, juntos, fazem propaganda do lançamento e venda de ações da Petrobrás em Wall Street; o Governo vende, então, 20% do capital total da Petrobrás, que estavam em seu poder. Posteriormente, mais 16% foram vendidos pelo irrisório valor total de US$ 5 bilhões. Como a “Ação Direta de Inconstitucionalidade” da AEPET, contra o artigo 26, já mencionado, assinada pelo governador Roberto Requião (Paraná) foi derrubada, e a Petrobrás é dona das reservas, em detrimento da União, esses acionistas incorporaram ao seu patrimônio um acervo de 10 bilhões de barris – 36% de 30 bilhões de barris nas mãos da Petrobrás (incluindo 16 bilhões do pré-sal, já cubados) – os quais, pela Constituição pertencem à União. Como, agora, estamos no limiar do pico de produção mundial, o barril de petróleo, em queda temporária, vai ultrapassar os US$ 100, esse patrimônio transferido, gratuitamente, valerá mais de US$ 1 trilhão. Considerando que já existiam no mercado cerca de 20% das ações em mãos de testas de ferro, o governo, hoje, detém 54% das ações com direito a voto, mas apenas 40% do capital total da Petrobrás (antes das mudanças o governo detinha 87% do capital total da Companhia).
O poder dos novos e felizardos acionistas de Wall Street os levam a exigir da Petrobrás a quitação dos débitos que a Companhia tem com o Fundo de Pensão (Petros), de preferência pelo menor preço possível. Reichstul usa R$ 8 bilhões em títulos de longuíssimo prazo do governo (NTN tipo B, recebidos na privatização das subsidiárias da Companhia – prazos de 23 e 32 anos) e quita a dívida, financeiramente, mas não atuarialmente, pelo valor de face dos títulos. A Petrobrás contabiliza a saída dos títulos por R$ 1,8 bilhão e o Fundo de Pensão os recebe por R$ 8 bilhões;
Reichstul dobra o salário dos gerentes da Petrobrás, amplia o número deles e lhes dá poderes ilimitados para contratar empresas e pessoas. Ganha com isto o apoio para fazer todos as falcatruas que planejava. Desmonta a competente equipe de planejamento da Petrobrás e contrata, sem concorrência, a Arthur De Little, empresa americana, presidida pelo seu amigo Paulo Absten para comandar o planejamento estratégico da Companhia. Isto resulta numa série de desastres consecutivos. Entre eles, a compra de ativos obsoletos na Argentina, na Bolívia e em outros países. Os gerentes – cooptados — se fartam de contratar empresas e pessoas, sem controle. A terceirização atinge o estrondoso absurdo de 120.000 contratados, com nepotismo e corrupção, enquanto os empregados efetivos caem de 60.000 para cerca de 30.000, seguindo a estratégia aplicada na Argentina, de enxugar para desnacionalizar. Abre-se acesso às entranhas da empresa para pessoas alocadas por empreiteiras e concorrentes estrangeiras.
Reichstul tenta mudar o nome da empresa para Petrobrax para facilitar a pronúncia dos futuros compradores estrangeiros. Causa uma reação de indignação nacional e recua. Mas segue a sua meta desnacionalizante e divide a empresa em 40 unidades de negócio, seguindo a proposta do Credit Suisse First Boston, apresentada ao Governo Collor, para a desnacionalização da Companhia. Pulveriza as equipes técnicas, desmantelando a tecnologia da empresa e preparando para, através do artigo 64 da Lei 9478/97, transformar cada unidade de negócio em subsidiaria e privatizá-las, como iniciou fazendo com a Refinaria do Rio Grande do Sul, a Refap.
Essa privatização foi feita através de uma troca de ativos com a Repsol Argentina (pertencente ao Banco Santander, braço do Royal Scotland Bank Co), onde a Petrobrás deu ativos no valor de US$ 500 bilhões, — que avaliamos em 2 bilhões — e recebeu ativos no valor de 500 milhões, os quais, dois dias depois, com a crise da Argentina passaram a valer US$ 170 milhões.
A avaliação dos ativos foi feita pelo banco Morgan Stanley, do qual Francisco Gros era diretor, acumulando, desde o inicio da gestão Reichstul, o cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobrás. Gros, segundo sua biografia publicada pela Fundação Getulio Vargas, veio para o Brasil, como diretor do Morgan Stanley para assessorar as multinacionais no processo de privatização. Através de sindicalistas do Rio Grande do Sul entramos com uma ação judicial na qual ganhamos a liminar, cassada, mas que interrompeu esse processo de desnacionalização.
A gestão Reichstul levou a empresa a um nível de acidentes sem precedentes na sua história: 62 acidentes graves — em dois anos — contra a série histórica de 17 acidentes em 23 anos (1975 a 1998), segundo relatório publicado pelo Conselho Regional de Engenharia do Estado do Paraná Nós pedimos investigação de sabotagem aos vários órgãos de segurança: Polícia Federal, Marinha, Procuradoria Federal. Não investigaram, mas os acidentes cessaram.
2001, Reichstul, Desgastado, dá lugar a Francisco Gros que, ao assumir a presidência da Petrobrás, num discurso em Houston, EUA, declara que, na sua gestão, “a Petrobrás passará de estatal para empresa privada, totalmente desnacionalizada”; compra 51% da Pecom Argentina, por US$ 1,1 bilhão, embora a dita empresa tenha declarado, publicamente, um déficit de US$ 1,5 bilhão; cria um sistema para mascarar acidentes nos quais os acidentados não os possam reportar; tenta implantar um plano de Benefício Definido no Fundo de pensão – Petros.
Faz, ainda, um contrato de construção de duas plataformas com a Halliburton, com uma negociação obscura, sem concorrentes, que resulta, além de um emprego maciço de mão-de-obra estrangeira, em dois atrasos superiores a um ano e meio. Estes atrasos fizeram com que, pela primeira vez na história da empresa, houvesse uma queda de produção, fato ocorrido em novembro de 2004. Apesar desses atrasos, a Halliburton não pagou multa e ainda ganhou cerca de US$ 500 milhões de adicionais da Petrobrás, em tribunal americano;
Com a eleição de Lula para a presidência da república, antes da sua posse, houve uma renegociação em massa dos contratos de serviço em andamento, com novos prazos, superiores a 4 anos, de forma a criar uma blindagem ao novo governo, impedindo as reanálises, renegociações ou revogações dos contratos feitos sem concorrência, incluindo empresas ligadas aos amigos de alguns gerentes do governo FHC;
AS PROPOSTAS PARA O FUTURO
SERRA :
O ex-presidente da Agência Nacional de Petroleo, David Zilbertjan, defendeu o modelo de concessão do pré-sal. Serra alegou que não falava em nome da campanha e sequer participava da campanha. Agora, a defesa do modelo é feita por Luiz Paulo Vellozo Lucas, homem de confiança de Serra e presidente do Instituto Teotonio Vilela, incumbido de definir a linha programática do PSDB.
Folha de S.Paulo – Entrevista Luiz Paulo Vellozo Lucas: Petrobras não tem como explorar sozinha o pré-sal – 25/10/2010
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2510201012.htm
DEPUTADO TUCANO DEFENDE ADOÇÃO DE MODELO CRIADO NO GOVERNO FHC E ENTRADA DE GRUPOS ESTRANGEIROS EM NOVOS CAMPOS DE PETRÓLEO
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
A Petrobras não tem como explorar sozinha as gigantescas reservas de petróleo do pré-sal e o governo deveria trabalhar para atrair grupos estrangeiros em vez de inibir sua entrada nos novos campos, diz o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES).
“Vamos precisar de centenas de bilhões de dólares para explorar o pré-sal e é uma sandice completa achar que a Petrobras e o Estado brasileiro terão dinheiro para tudo”, disse na semana passada, em entrevista à Folha.
A entrada da Petrobras na batalha do segundo turno deixou os tucanos numa posição desconfortável. A petista Dilma Rousseff acusa o rival José Serra de defender a privatização da maior empresa do país e entregar as riquezas nacionais a estrangeiros. Serra nega a intenção, mas é vago sempre que lhe pedem para expor seus planos para o setor. “O PT propôs ao país um debate mentiroso e ficou difícil discutir assim”, diz Vellozo Lucas, aliado de Serra.
Folha – Que avaliação o sr. faz dos resultados obtidos com o fim do monopólio da Petrobras na exploração de petróleo e a abertura do setor? Luiz Paulo Vellozo Lucas – Foi a mais bem sucedida política de desenvolvimento setorial da história do país. A abertura atraiu capital para novos investimentos, sem privatizar nem vender nada. A produção dobrou. Nossas reservas de petróleo quintuplicaram. A receita obtida pelo governo com a exploração das nossas riquezas minerais cresceu mais de cem vezes.
É verdade que o governo Fernando Henrique Cardoso tinha a intenção de privatizar a Petrobras, como diz o PT?
Isso nunca passou pela cabeça de ninguém. Com a abertura, a Petrobras passou a operar num ambiente competitivo e cresceu. Era fundamental que continuasse estatal, porque no início os grupos estrangeiros que vieram para o país entraram associados à Petrobras. Ninguém teria vindo sem a segurança que ela oferecia. Não era necessário privatizá-la, e teria sido um tiro no pé fazer isso.
A entrada de multinacionais no setor gerou benefícios?
Hoje as companhias estrangeiras têm uns 5% da exploração de petróleo no Brasil. Seria interessante, e oportuno, que tivessem um pouco mais. Haveria mais investimentos, mais produção. O que importa é maximizar a geração de riqueza no país.
O modelo de concessões em vigor atualmente é adequado para a exploração das reservas encontradas no pré-sal?
Não há nada errado com esse modelo. O PT está no poder desde 2003 e fez seis leilões seguindo as regras desse modelo. Agora dizem que concessão é privatização, porque querem fazer desse troço uma bandeira eleitoral.
O governo argumenta que precisa de outro modelo para a exploração do pré-sal porque os riscos são menores nos novos campos, onde não há dúvidas sobre a existência de grandes reservas de óleo.
O argumento é falso. Não se pode dizer que não há risco nenhum numa atividade como essa. Há riscos ambientais, desafios tecnológicos a superar, riscos empresariais.
O que justifica então a decisão do governo de propor um novo modelo de exploração?
O PT mudou de ideia nesse assunto em 2007, quando a descoberta do campo de Tupi mostrou o tamanho das reservas existentes no pré-sal. Havia um leilão previsto para o fim do ano e vários blocos próximos de Tupi seriam oferecidos. O interesse por essas áreas era enorme e grupos brasileiros e multinacionais estavam se preparando para pagar caro por elas. A Petrobras não ia ter dinheiro para disputar todos os blocos e certamente ia perder alguma coisa para o Eike Batista, a Shell e outras companhias.
Qual seria a consequência?
Em vez de ter 95% do mercado como hoje, a Petrobras ficaria com 92, 93%. Qual o problema para o Brasil? Nenhum. Estaríamos trazendo dinheiro, investimentos, criando empregos do mesmo jeito. Mas o que estava em jogo era a entrega dos novos campos para a Petrobras sem licitação, e sem que eles precisassem pagar o bônus elevado que teriam que desembolsar no leilão. Foi por isso que o governo tirou a maioria dos blocos do leilão e decidiu mudar as regras no pré- sal.
Por que o governo deveria permitir que as multinacionais ficassem com esses blocos em vez da Petrobras?
Mas não se trata de entregar a riqueza nacional como o PT diz. Nós estaríamos pegando o dinheiro dos grupos estrangeiros para desenvolver nossas jazidas e gerar recursos para o país. Vamos precisar de centenas de bilhões de dólares para explorar o pré-sal e é uma sandice completa achar que a Petrobras e o Estado brasileiro terão dinheiro para fazer tudo.
O governo argumenta que, com o novo modelo, poderá controlar melhor o ritmo de exploração do pré-sal e usar os novos campos para desenvolver a indústria naval e outros fornecedores do setor.
Bobagem. O ritmo de exploração poderia ser determinado pelo ritmo dos leilões, sem mudar regra nenhuma. Se o que eles querem é desenvolver a indústria nacional, bastaria exigir nos leilões que os interessados fizessem aqui uma parcela maior das suas encomendas. A mudança da lei é o maior erro estratégico de política econômica da nossa história.
Por quê?
O Tesouro se endividou para capitalizar a Petrobras. O setor de petróleo deveria estar gerando recursos para os investimentos que precisamos fazer em aeroportos, estradas e escolas. Em vez disso, o governo se endividou para financiar a Petrobras, para que ela assuma a responsabilidade de ser a única operadora nos novos campos. Não tem sentido.
O governo diz que as companhias estrangeiras virão mesmo assim porque não há oportunidades tão boas para investir em outros países.
Precisamos ver se vão entrar com capital, assumindo riscos. Se o modelo defendido pelo governo for aprovado, uma nova empresa estatal vai controlar os custos de cada projeto e dizer o que vai poder ser fabricado aqui ou ali. Os petistas garantem que a empresa será formada apenas por técnicos, sem ingerência política. Só se a sede for em Frankfurt. Quem vai mandar nessa empresa vai ser o PMDB do Maranhão.
As ações da Petrobras se desvalorizaram muito neste ano, apesar do futuro promissor que o pré-sal garante à empresa. O mercado tem razão?
A Petrobras está desviando recursos para investimentos de rentabilidade duvidosa, como as refinarias do Nordeste. A empresa contrata serviços e equipamentos pagando três, cinco vezes mais caro que as concorrentes. É isso o que o mercado olha.
DILMA :
As discussões sobre o pré-sal
Enviado por Anônimo, ter, 19/10/2010 – 14:43
Data de publicação:
19/10/2010
Autor:
Luis Nassif
Ainda há muita confusão sobre os contratos para exploração do pré-sal.
Existem três modalidades básicas: concessão, partilha e contratação de serviços.
Na primeira, a União faz a licitação de determinadas áreas. Leva quem der o melhor lance e preencher as condições técnicas. Levando a área, o petróleo é seu.
Esse tipo de licitação é recomendado para áreas de baixa probabilidade de petróleo. Nesse caso, são necessárias muitas perfurações até se encontrar petróleo. As empresas licitadas compartilham do risco e também do lucro.
Quando se tem certeza sobre o potencial dos campos, não há razão para compartilhar riscos. Nesse caso, o melhor caminho é o sistema de partilha, pelo qual as empresas oferecem percentuais do resultado para a União.
Uma terceira modalidade é o da contratação de serviços – isto é, contratar empresas estrangeiras apenas para prestar serviços de extração. Mas essa modalidade exige um volume de capital monstruoso.
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O que se decidiu, em relação ao pré-sal, foi o seguinte:
1. Modalidade de partilha, para que o filé migon do bolo fique com a União e possa ser aplicado em projetos sociais.
2. Em todos os casos, a Petrobras atuando como operadora, não apenas para poder fiscalizar a extração, mas para poder programar políticas industriais – percentuais obrigatórios de aquisição de produtos nacionais.
3. Constituição de uma nova empresa, enxuta, exclusivamente para administrar os contratos de partilha, do ponto de vista jurídico, de fiscalização da produção e de aplicação dos recursos.
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Na 9ª Rodada de Licitação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), por exemplo, a OGX – do empresário Eike Baptista – arrematou 21 blocos exploratórios por US$ 1,3 bi. Depois, contratou um estudo de viabilidade da DeGolyer & MacNaughton (empresa de avaliação com maios de 70 anos de experiência) que constatou recursos potenciais riscados (quantidade de petróleo estimada como potencialmente recuperável, a partir de acumulações ainda não descobertas, a serem desenvolvidas pela implementação de futuros projetos) de 4,8 bilhões de boe (barril de óleo equivalente). Ou seja, pagou US$ 1,3 bi por presumíveis 4,8 bilhões de boe.
Na recente capitalização da Petrobras, a União aportou cinco milhões de boe pelo valor de US$ 42,5 bilhões – ou 8,8 vezes maior
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É evidente que, conhecendo-se agora o potencial do pré-sal, o valor das concessões seria maior. Mas nada que chegasse perto dos ganhos obtidos com o sistema de partilha.
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As diferenças de conceito vão muito além dos valores.
Sempre que um país descobre uma grande riqueza mineral – como é o caso do cobre no Chile -, há duas maneiras de aproveitar a situação. A primeira, é a venda pura e simples. O governo de plantão embolsa os valores, dá uma destinação e o processo se encerra ali.
O segundo caminho é aproveitar as riquezas para preparar o futuro do país e o bem-estar das novas gerações. É como a Noruega e outros países civilizados trabalham. Cria-se um fluxo contínuo de resultados que são aplicados em áreas cruciais – políticas sociais, aparelhamento da produção interna, geração de emprego, melhoria das pesquisas etc.
É no penúltimo parágrafo deste artigo em que repousa um considerável perigo que tem sido ignorado.
A campanha do pt teve grande êxito em evitar que fosse aflorado esse debate eleitoral, tudo sob a alegação de manter o nível.
A bem da verdade, esse êxito provavelmente ocorreu pela citada falta de interesse da chapa adversária pelo tema (o revanchismo do grupo que está por vir, etc). :/
Vamos em frente.
Excelente post.
A Revista Época fez uma enquete entre seus leitores para levantar os 15 mais importantes temas a serem levados aos dois candidatos, que falariam sobre seus planos para cada um deles.
O resultado sairá na revista da próxima semana (circula a partir do próximo sábado, véspera da eleição).
Entre os 15 pontos entendidos como os mais importantes para o País, nada, nem de longe, algo que lembre, ainda que muito vagamente, DEFESA.
O Brasil só muda se os Brasileiro mudarem !
SdS.
Lamento o Blog das Forças Terrestres haver se transfomado em mais um blog de política, e pior, infestado da esquerdalha mais asquerosa. Uma lástima.
É nisso que dá quando os principais candidatos à presidência são ex-perseguidos pela ditadura. Fico preocupado com a possibilidade deles guardarem mágoas…
Caso o Serra entre um abraço para a Petrobras e para o Pré sal.
O modelo de PARCERIA é o melhor para o pre sal. Até a Russia adota esse modelo
Ainda temos o modelo de concessão aprovado na época do Fernando Entreguista Henrique Cardoso.
Que o PSDB fique longe do governo federal pelos próxmos mil anos
SEM MEDO DO PASSADO
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo?
Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.
Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.
“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”. (José Eduardo Dutra)
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
Fernando Henrique Cardoso
Depois de um post onde se dá nome aos bois vem o Vader falar bobagens e o Paulo postar um auto elogio do FHC, é mole?
Digníssimo peter pown
Comentários tipo este podem?:
“Paulo Cezar disse:
25 de outubro de 2010 às 17:12”
Abraços
A único candidato que tem uma política de defesa é a Dilma. Isso é fato.
Se o Serra ganhar teremos longos anos de penúria morbida.
Salientando:
O blog já explicou que este seria o espaço para discutir pensamentos políticos por aqui. Então não adianta os contras serem contras esse tipo de coisa. Afinal o Presidente da República será o COMANDANTE SUPREMO DAS FORÇAS ARMADAS e nada mais PRÓPRIO do que o blog nos informar o que pensam os militares, através de seus clubes manifestarem seus anseios.
Se clubes militares fazem isso, por que o blog não pode expor o que pensam seus representantes? Oras bolas!
Este é sim um espaço ligítimo para todos opinarem pois se trata das opiniões daqueles que já estiveram na ativa e blog só tenta colocar essas opiniões em discussão. Nada mais saudável e democrático que isso.
Quanto ao viés político de cada participante, isso deve ser sim respeitado. Afinal, democracia é isso. Respeito à diferença de opiniões.
Nem todos da “esquerda” como nem todos da “direita” são hipócritas, bandidos, ladrões ou seja lá o que for.
Pessoas boas e ruins existem em TODOS os seguimentos de uma sociedade que seja LIVRE. Apenas isso.
E isso o blog corrobora e faz.
Meus parabéns pelo tópico.
Caro PRP
Parece que o distinto não leu a nota do Blog ou pelo menos não até o final da mesma. Portanto tomo a liberdade de reproduzí-la para vossa senhoria:
“NOTA DE UM LEITOR:
A reportagem intitulada Serra e Dilma não agradam aos militares está absurdamente datada. Ela é de março desse ano.
Como pode, faltando 5 dias para a eleição, não fazerem ao menos um adendo, uma observação!
Todos os três viáveis candidatos no 1° turno foram contactados, através de suas assessorias, para proferir palestra e expor suas idéias, para os sócios dos Clubes que reunem militares das três forças Armadas, da ativa e da reserva.
O candidato Serra foi o único que aceitou, agendou, realizou sua palestra, assumiu compromissos e recentementemente, as vésperas da realização do 1° turno, distribuiu texto escrito reafirmando o exposto na palestra.
A candidata Marina chegou a agendar uma data, mas posteriormente desmarcou por força de outros compromissos.
A candidata Dilma não se manifestou, diferentemente inclusive de Lula e Ciro Gomes, por exemplo, que lá estiveram nas vésperas de eleiçoes passadas.
Assim, não sei exatamente qual o interesse de reproduzir a reportagem sem as observações. Marco A. E. Balbi”
Abraços
Off Topic= Exército brasileiro faz acordo para treinar seus primeiros ciberdefensores.
http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2010/10/25/interna_tecnologia,188071/exercito-brasileiro-faz-acordo-para-treinar-seus-primeiros-ciberdefensores.shtml
Pelo menos a Dilma divulgou uma carta em 25/10, na qual assume compromissos com as Forças Armadas.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/820212-dilma-divulga-carta-em-que-assume-compromissos-com-as-forcas-armadas.shtml
Dilma divulga carta em que assume compromissos com as Forças Armadas
http://www1.folha.uol.com.br/poder/820212-dilma-divulga-carta-em-que-assume-compromissos-com-as-forcas-armadas.shtml
MÁRCIO FALCÃO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
No primeiro sinal direto aos militares na campanha, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, divulgou nesta segunda-feira uma carta às Forças Armadas.
A seis dias das eleições, o documento, que conta com jargões militares, apresenta compromissos como manter o serviço militar obrigatório, o regime previdenciário diferenciado, além de reforçar a política salarial praticada no governo Lula.
Segundo a campanha e militares ouvidos pela Folha, não há nenhum movimento contra a candidata, mas reclamações pontuais.
Uma das queixas contra a petista é o fato de não fazer referência ao trabalho do Exército nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma de suas principais bandeiras exploradas na campanha.
Dilma já havia sido convidada para dar palestra no Clube Militar, mas não compareceu, ao contrário de seu adversário, José Serra (PSDB).
O tucano divulgou em setembro um texto com teor semelhante ao que foi assinado por Dilma –o que foi interpretado como uma tentativa de reaproximação do candidato com as Forças Armadas.
Na carta, Dilma afirma que as Forças Armadas “estão entre as instituições com maior índice de confiança” no país, promete a reestruturação da indústria bélica nacional e a reorganização das Forças.
Segundo o texto, um eventual governo Dilma dará incentivos para três segmentos “imprescindíveis para a defesa do País: cibernético, espacial e nuclear”.
Dilma, que foi presa e torturada pelo regime militar (1964-1985), fala na carta em continuar marchando em “cadência uniforme” e que as realizações do governo Lula serão “potencializadas”.
A candidata afirma ainda que o “profissionalismo militar é forte elemento estruturante e está enraizado em nosso consolidado regime democrático”.
Ao se despedir, Dilma diz que espera contar com os militares, se vencer as eleições.
“Se eleita presidente, como Comandante Suprema das Forças Armadas de meu país, haverei de contar com o espírito de corpo que distingue homens e mulheres da caserna, sentinelas em alerta, importantes mantenedores dos valores da nossa unidade nacional”.
Resposta a “Paulo disse:
25 de outubro de 2010 às 21:39
SEM MEDO DO PASSADO
Fernando Henrique Cardoso ”
Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso
O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999. Outro mito é que seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Um governo que elevou a dívida pública do Brasil de 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? O artigo é de Theotonio dos Santos.
Theotonio dos Santos
Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender por que você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.
Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.
Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço
thdossantos@terra.com.br
http://theotoniodossantos.blogspot.com/
(*) Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Vader…concordo!!!
Estão desvirtuando o Forte de seu objetivo, politizando posts e assumindo uma posição mascarada em favor de um dos lados…
Semana passada publicaram aquela matéria da reunião escondida do FHC….( nem perco o tempo de citar a fonte de tal artigo ).
Agora novamente mais um post “isento”.
Frequento este espaço como leitor há uns 3 ou 4 anos, tendo começado a postar a não muito, sendo este em minha opinião o melhor espaço ( trilogia ) sobre assuntos militares da net brasileira….porém de um tempo pra cá o mesmo vem tomando uma posição politica que não deveria assumir até por que se diz apartidário.
Abriram a caixa de Pandora no post do FHC e o resultado que pode advir desta posição pode não ser muito agradavel…infelizmente, pois ainda continua sendo um excelente espaço para debates, desde que se abstenha de apoiar de forma direta ou indireta um dos candidatos!!!!
Peço que o blog retorne à sua linha editorial anterior, mantendo-se realmente à magem politico-partidária.
Abraços a todos.
Sagran, não creio que o ForTe tenha tomado partido de algum dos lados. Publicamos matérias contra e a favor dos dois candidatos, inclusive uma monstrando em números que o atual governo não está investindo mais nas FA como vem anunciando.
Só acho que não devemos nos abster do debate, já que é a Política Nacional que define as aquisições de equipamentos militares.
E, para completar, o ForTe tem como missão discutir a Estratégia, Tecnologia Militar e Segurança. A Estratégia é planejada pelo Estado.
O jurista e fundador do PT Hélio Bicudo surprendeu o País semana passada ao anunciar seu apoio à campanha do candidato José Serra.
Se o Blog permitir, aqui vai o link para o pronunciamento oficial do dr. Hélio, expondo suas razões:
http://www.youtube.com/watch?v=6D6Ocm9xbgo
Uma coisa temos de admitir. Eles não cansam mesmo. Defendem piamente a idéia de que uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade.
Quantas vezes o meu xará Paulo Cezar já colocou esta carta do “professor” Theotonio Dos Santos? Basta uma vez, xará.
Este senhor está mordido com o ex-presidente Fernando Henrique porque foi preterido durante os 8 anos do seu governo. E foi preterido porque ainda mantém suas idéias arcaicas e emboloradas dos anos 60.
Aquilo que FHC disse: “esqueçam tudo o que eu escrevi”, nada mais é do que uma evolução do pensamento. A realidade de ontem não é mais a de hoje.
Como disse Brigite Bardot, “só os idiotas não mudam de idéia, porque só têm uma”.
A “carta” é uma piada de desinformação. Muitos dados já foram aqui contestados por colegas.
Prezado Paulo Cezar. Se você continuar insistindo nesse assunto, vou pedir permisão para o Blog para por o link de uma entrevista do Ciro Gomes, coordenador da campanha da Dilma no segundo turno, sobre o que ele acha dela, do PT e dos seus aliados.
Também posso por discursos do Lula falando mal dos hoje seus “amigos do peito”. E também condenando o Bolsa Escola, que segundo ele era com fins eleitoreiros.
São mais de duas caras e mais de dois pesos e duas medidas.
Em tempo: Serra foi o primeiro a atender ao chamamento dos membros do Clube Militar. A Dilma só agora divulgou suas “intenções”. Mas estas intenções não conferem com as diretrizes do Foro de São Paulo. Isto, para bom entendedor……
“Gustavo Krepke disse:
25 de outubro de 2010 às 13:00
Concordo plenamente com os militares…
Estamos entre a cruz e a espada….
Um entreguista ou uma ex-terrorista….
So Deus pode salvar esse pais.”
Assino embaixo!
E concordo com o Vader.
A politicagem está atrapalhando o blog.
Não vejo a hora dessa eleição acabar…
Para que se comprometer?
(do ponto de vista dos candidatos)
Com a mudança de mandatário também muda-se os comandos das forças…
E simplificando tudo: “questões de defesa não rendem votos.”
Alguém acha que um político irá trocar a chance de estar em campanha para estar a discutir algo que nem passa na TV dos eleitores?
Não desejo isto, é triste, mas falta ao ‘Brazil’ um “Pearl Harbor”…
__x__
– Mas o Serra foi Defourt!
– Mas o Serra vai até em inauguração de pista de autorama. Ele quer tentar reverter as pesquisas custe o que custar.
Obs.: Lembrem-se que este ano somente a rede Brasil transmitiu o “sete-de-setembro”. Mas foi a emissora (Globo) quem recebeu premiação em Brasília pelos (de)serviços prestados. E com a presença dos três comandantes!
– Por quais serviços Defourt?
– Fingia que tudo estava bem no ‘Brazil’…
A recíproca é verdadeira:
Militares não agradam a Serra e Dilma.