Os Brics têm de saber o que planejam para seus países e para suas elites; é preciso questionar se têm projetos de poder, prestígio e prosperidade

Marcos Troyjo

A ideia de Brics (conjunto que congrega Brasil, Rússia, Índia e China) como categoria para a análise do futuro das relações internacionais é um “conceito em construção”. O sucesso da sigla – e de cada país – no século 21 resultará das respostas que cada candidato a potência internacional oferecer a quatro perguntas:
Qual é seu projeto nacional? Como perseguirá seus objetivos num mundo interdependente e conflituoso? Como está se preparando para a economia digital do conhecimento? E, por fim, que sacrifícios está disposto a fazer?

Até agora, os Brics não parecem caminhar de mãos dadas em direitos humanos, meio ambiente, paz e segurança internacionais ou atuação conjunta na ONU.

Tampouco se movem rumo a um bloco econômico com modalidades de livre comércio.
Os Brics têm de saber o que planejam para seus países e para suas elites; o que querem do mundo e para o mundo. Todos apresentam grande território, população e economia – além de extraordinário potencial para papéis construtivos ou fragmentários. Portanto, é preciso questionar se os Brics têm projetos de poder, prosperidade e prestígio.

A China tem um projeto de prosperidade em vigor há mais de 30 anos. Deseja ser rica e daí ponderosa. O investimento na China é motivado pela criação de infraestrutura local voltada ao comércio em terceiros países. Os mercados financeiros chineses continuarão a ser incipientes por muitos anos.

A China continuará a ser a planta de manufatura industrial do mundo, o que contribui para o incremento de seu prestígio e poder.
Politicamente, a China se manterá afastada de problemas que venham a afetar o seu projeto de prosperidade.

Já a Índia deseja ser ponderosa e daí ter prestígio. O diferencial competitivo vem da baixa remuneração do fator trabalho em têxteis, “outsourcing” e tecnologias da informação. Não possui projeto de prosperidade. O investimento será vigoroso em áreas de valor agregado, como as indústrias química e de software, mas em escala insuficiente para boom que perpasse sua estrutura socioeconômica de castas.

A Rússia quer poder, prosperidade e prestígio. Às vezes, ainda fala como se fosse uma superpotência. A população de cientistas é imensa.

No instante em que a economia europeia estiver reequilibrada, o investimento refluirá fortemente para a Rússia, pois é a última fronteira da Europa. A credibilidade do mercado de capitais e das instituições é ainda bastante frágil e demorará anos para se tornar sólida.

O Brasil, por fim, não tem projeto de poder ou prosperidade. Sua ideia de prestígio está entrelaçada principalmente com o fortalecimento da ONU e a construção de uma Comunidade Sul-Americana de Nações, bem como a cooperação Sul-Sul, mas com pouca margem para além das “boas intenções” e relações “equilibradas”.

Tentativas levadas a cabo pelo Brasil de construir relações estratégicas, como com a China ou com a França, são unilaterais na maioria das vezes. A nova posição do Brasil nas relações internacionais virá de êxitos em setores específicos (agroenergia, mineração, perfuração e extração de petróleo “offshore”, aviões, conglomerados bancários gigantes e efeitos multiplicadores para o setor de serviços do investimento em infraestrutura).

E, em grande medida, pelo novo status de potência energética viabilizado pelas descobertas do pré-sal.

Eis a grande janela de oportunidade, associada à economia da criatividade e à competitividade digital, para o Brasil inserir-se de forma definitiva no quadro das nações mais dinâmicas, prósperas e influentes do século 21.

MARCOS TROYJO, 43, doutor em sociologia das relações internacionais pela USP, é CEO (diretor-presidente) da Wisekey no Brasil e professor
convidado do Centro de Estudos sobre o Atual e o Quotidiano da Universidade Paris 5 (Sorbonne). E-mail: troyjo@post.harvard.edu .

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Paulo
Paulo
14 anos atrás

Quando os portugueses aqui desembarcaram, havia no Brasil milhares de grupos indígenas que guerreavam entre si. Disso se valeram os lusitanos e outros estrangeiros para conquistarem o território. Os jesuítas tentaram unificar estas tribos dentro de uma cultura socialista, mas os bandeirantes estragaram a festa. Além do que o Marquês de Pombal expulsou esta ordem religiosa daqui por muitos anos. Vieram europeus de outros países e conseguiram mudar a mentalidade dos “nativos” principalmente na região Sul, mas nas demais áreas as “guerras” tribais continuaram. E continuam até hoje. É o meu grupo político contra o teu grupo político. É dossiê… Read more »

thiago
thiago
14 anos atrás

Espero ver o BRASIL se livrar das amarras que o seguram, dos coroneis remanescente e dos populistas sem projetos…. e lá para 2050 lembrar de quando falavam que o Brasil seria o pais do futuro, sentir orgulho que fiz parte da geraçao mais produtiva do país..

Até lá senhores cabe a nós escolhermos nossos representantes e elevarmos o país…. precisamos de projetos de ESTADO e nao de governo, seja pt psdb pmdb………o que for….

Para os descrentes, a DONA CHINA que hj parece rumar ao topo do mundo, tinha um PIB tao inexpressivel quanto o nosso em 90.

abraços

DaGuerra
DaGuerra
14 anos atrás

Sô Dotô, me ardescupa má achu qui a única aliança porcive e real pru nosso Brarzizão é cuns zamericanu, nun dá p’ra torcê a história e a geografia…vai ficá VERMELHO…DI REIVA!

Winston
Winston
14 anos atrás

hahaha a bandeira da Rússia foi convenientemente trazida dos confins da Ásia para a África Ocidental, torce torce torce mas o bric não vai…

Pinochet74
Pinochet74
14 anos atrás

cada BRIC Russia- prós- enormes recursos naturais inclusive inexplorados/potencia energética -potencia militar global inquestionável e em ascenção – alto grau de educação – tecnologia de ponta em alguns setores- petróleo, militar, aeroespacial, exploração polar. – projeto de poder estabelecido- domínio /hegemonia da Ásia Central e leste europeu limítrofe + projeto de poder global em conjunto com o gigante chinês (Pacto de Shangai) -eficiente serviço de informações e contra-informações -diplomacia experiente – projeto nacional em consolidação -capacidade de sacrifícios espantosa (a história inteira da rússia é contada em pilhas de cadáveres, resitiu a duzentos anos de dominação mongol e 70 anos… Read more »

Galileu
Galileu
14 anos atrás

Pinochet

Estudei a Russia por um tempo (trabalho de conclusão de curso) e posso dizer que sem enrolação que, o país que mais se parece com o Brasil é a Russia, só etão do outro lado do mundo porque o resto é muito parecido.

Talvez a unica diferença, seja na educação e na doutrina Belicista……
A Russia forma muitos profissionais, mas não absorve, já o Brasil não forma e por isso tem que buscar fora…..

aquino
14 anos atrás

o brasil tem muitas riquezas um potencial inorme pra crescer ainda mais a grande questaõ é se naõ tiver um bom aparato militar naõ da o que tem ainda é muito pouco tém investir rapido claro passar pela grande burocracia dos politicos principalmentre os que saõ contra o investimento na area militar……..

Pinochet74
Pinochet74
14 anos atrás

E falando em economia do conhecimento, veja para onde vai o nosso suado dinheiro dos impostos. Artigo de Ipojuca Pontes- site do Instituto Millenium: “O programa radiofônico “Café com o Presidente”, transmitido todas as semanas pelas emissoras oficiais, proporciona ao ouvinte informações de tal virulência que o distinto, se estiver desprevenido, pode chegar ao enfarte. Sem querer, no último mês de julho ouvi dois desses informes e confesso que, ouvindo-os por inteiro, fiquei petrificado. Nunca mais vou repetir o café amargo. A primeira fala do programa dizia respeito a acordo do Brasil com Cuba, assinado por Lula, no qual o… Read more »

ezeca
14 anos atrás

desculpa o off topic
mas gostaria de compratilar esse video com os demais :
http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1601754-17665-314,00.html

ezeca
14 anos atrás

se os editores puderem deixar essa passar sou grato
abs.
se ñ tudo bem :-/

anticomunista
anticomunista
14 anos atrás

Obama é inimigo dos EUA.

Paulo
Paulo
14 anos atrás

Para Pinochet74

Eu num sabia nada disso, cumpanhero. A Dilma falô qui era boa idéia.

Vader
Vader
14 anos atrás

Pinochet74 disse:
4 de agosto de 2010 às 23:34

Pois é. E ainda achamos que podemos sonhar em nos comparar a Rússia, Índia e China em termos d eprodução de conhecimento.

Professor? Sinceras condolências: é a única classe que consegue estar mais f. que advogado…

Sds.

#Wagner
#Wagner
14 anos atrás

India China e Russia temn um grande futuro a frente , se mantiverem os padroes atuais.
O problema é que o Brasil está atras deles em quase tudo, e principalmente, na área de defesa, somos uns pobres coitados. Esses tres sabem se defender, o Brasil nao sabe…
O fx 2 é um exemplo…

#Wagner
#Wagner
14 anos atrás

Anticomunista pare de ler a Veja…

Caipira
Caipira
14 anos atrás

Vader

Tú lembra daquele russo no aéreo?
Falaram merlim da Rússia ele mandou algo mais ou menos assim:

“a economia brasileira cresce muito, mas vocês ainda não representam nada como nação ou povo”

Mais ou menos isso né…triste mas é a realidade…

#Wagner
#Wagner
14 anos atrás

Tuché…

Caipira
Caipira
14 anos atrás

Pinochet74 disse:
4 de agosto de 2010 às 23:34

Li agora teu coment….se não tirarmos esses imundos do poder será que o Brasil aguenta mais 4 anos?

thiago
thiago
14 anos atrás

pinochet74,

gostaria de entender – “unidade nacional fictícia” … d resto muito bom seu levatamento. o senhor levou em consideraçao nossos pontos fracos e fortes…

abraços

Pinochet74
Pinochet74
14 anos atrás

Quando falo em unidade nacional fictícia tenho em mente que aqui a unidade é imposta de cima para baixo, através da aplicação da teoria do homem cordial de darcy ribeiro- que é basicamente a cultura do conchavo nas altas e médias esferas e a do homem cordial na esfera baixa, ou do dia-a-dia. Temos uma auto-imagem de povo acolhedor e pacífico, e no entanto aqui se matam 50.000 pessoas ao ano, mais do que muitos países em guerra, existe muito pouca ação comunitária epontânea, geralmente é capitaneada por interesses políticos, eleitoreiros ou ideológicos, mesmo quando de fundo religioso, e não… Read more »

anticomunista
anticomunista
14 anos atrás

Wagner,
nem sabia que a Veja havia escrito sobre isso.
Se o fez, é um milagre, pois a rede de proteção ao Obama é muito grande.
Mas a Veja é única que agëntaria ler.
Carta Capital, por exemplo, no máximo tem a utilidade que os cubanos estavam dando ao Granma.
Abraços.

Samir
Samir
14 anos atrás

Para onde vão suas elites? Bom, partindo do principio de que todos os seres humanos são iguais perante a lei (que a prórpia elite criou) não há porque existir elite. Sinceramente que as elites se… Eu sei que nada tem haver o comentário com os objetivos do blog, mas também creio que comentar a respeito do que pensa a elite também não seja o foco. Gostaria de abrir um debate a respeito das verdadeiras obrigações das forças armadas. Defender o Estado? Defender a Nação? Defender a Pátria? Bom para que defender o Estado, se este não representa realmente os interesses… Read more »

#Wagner
#Wagner
14 anos atrás

Anticomunista O Obama é um cara tipo o Gorbatchev, pegou um país em grandes problemas e tenta fazer uma perestroika. Mas dizer que ele é contra seu proprio país é meio exagerado, nao acha ? Eu que sou anti-americano acho que o Obama é um cara serio, que faz o possivel numa sociedade neurotica que está solapando suas proprias bases economicas. Os americanos eram fortes na época da conquista da lua, hoje, brocharam de vez. Deixaram-se levar pela ilusao da especulação. Isso arruinou a economia. Os americanos são a maioria gordos, desleixados, arrogantes ao extremo, e com mentalidade de adolescente,… Read more »

anticomunista
anticomunista
14 anos atrás

Wagner, vc os conhece tao bem assim para dizer que são isso aí? E difícil dizer que um império vai durar pra sempre mesmo. Mas veja que coisa: diferentemente dos verdadeiros impérios antigos, nunca obrigaram ninguém a assimilar sua cultura. Ou vc é obrigado a assistir a um filme americano? Em relação aos países de “gente humilde” como China e Rússia: é só vc pesquisar como são tratadas as minorias na China e o pessoal dos antigos satélites soviéticos eram ( e ainda são) Duas perguntas: 1) vc preferiria, em igualdade de condições, morar na China ou nos EUA? Por… Read more »

Theo Gatos
Theo Gatos
14 anos atrás

Desculpem-me, mas falar que o Brasil não tem nenhum ‘projeto de poder’ é uma grande desinformação. Pode até ser que não tenhamos hoje algo de tanta inovação de idéias e direcionamento desde o PND II, ou até mesmo que não estamos seguindo com tanta ênfase o pensamento e direcionamento dos nossos estrategistas e da nossa escola de guerra, mas falar que simplesmente não existe demonstra certa abordagem superficial sobre o assunto. Já a nossa diplomacia também desfruta de grande prestígio histórico o que parece é que a atual política externa presta mesmo um desserviço à nossa evolução dimplomática, mas daí… Read more »

Christian
Christian
14 anos atrás

Sobre as Brics,
Acho que o Brasil, ganha muito em relação a satélite e programas espaciais.
Porém em termos de culturas são países muito diferentes.(Não tem nada haver com nossa cultura, não que eu tenha nada contra a qualquer cultura)
Agora em relação a tecnologia a aproximação com a Rússia e China é interessante, lembrando que a Índia tem uma industria de software promissora.

Cap.PauloAssunção
Cap.PauloAssunção
14 anos atrás

Senhores, bom dia! Tudo o que foi escrito tem sentido e é real do ponto de vista e estudo de cada um, apenas deixo minha opinião. Enquanto existir políticos e política o nosso país e os demais estarão mergulhados na miséria desigualdade que ora graça o mundo tecnologico em que vivemos. Nas administrações públicas tem que existir homens que não tenham afinidade com nenhum partido e consequentemente, fiscalizados por uma junta comunitária sem salário algum, trabalhar para o bem comum, bastando a este “ser”, o salário que recebe relacionado ao seu esforço e posto, caso contrário sempre teremos ou veremos… Read more »

jay cezar tavares de frança
14 anos atrás

podem invadir a amazonia;mas;sairem vivos de la jamais;pois nos temos os melhores ou porque nao dizer o melhor e maior combatentes de guerra na selva do mundo,brasil acima de tudo. jay cezart@hotmail.com