O mito da grande indústria bélica brasileira
Um mito persistente, que dá voltas pela internet e às vezes pousa até na imprensa, é afirmar que o Brasil já teve uma das maiores indústrias de defesa do mundo. Variantes do mito falam que o país chegou a ter “a 3ª maior indústria bélica”, e que a empresa Engesa chegou a ser “o maior fabricante do Ocidente de blindados sobre rodas”. A Engesa, continuam os mitômanos, teria perdido uma concorrência para vender os tanques Osório na Arábia Saudita e terminou falindo “por pressão dos americanos”.
Entre 1980 e 1992, o auge da indústria bélica no país, “o Brasil esteve em todos esses anos, exceto 1981, entre os 20 maiores exportadores, chegando à sua máxima colocação, o 10º lugar, em 1985. Mesmo assim, o Brasil era responsável por menos de 1% do total mundial mesmo nesse ano. Depois de 1992 o país caiu fora da lista dos 20 maiores e não retornou desde então”, diz o pesquisador do SIPRI Sam Perlo-Freeman.
Ele lembra que a lista inclui apenas grandes armas convencionais, deixando de lado armas leves como fuzis, e que os valores dados em dólares de 1990 são indicativos, usados para servir de comparação. A metodologia faz sentido, pois nem sempre os valores reais de uma venda de armas são divulgados, e alguns países vendiam a preços bem diferentes. A antiga URSS, por exemplo, vendia armas bem mais baratas do que suas semelhantes ocidentais.
Pelas tabelas do SIPRI, no período de 80 a 92 o recorde de vendas foi em 1984, de 269 milhões de dólares, o que colocou o país em 11º entre os exportadores de armas. No mesmo ano, a então URSS vendeu o equivalente a 14 bilhões de dólares; os EUA venderam 11 bilhões; a Alemanha e a França venderam cada uma 2,8 bilhões de dólares de armamentos.
Em 1985, o ano em que o Brasil foi o 10º maior exportador, os números são parecidos: 202 milhões de dólares. Muito pouco, perto das vendas de 14,7 bilhões da URSS, 10,2 bilhões dos EUA, 3,6 bilhões da França, 2 bilhões do Reino Unido e 1,4 bilhão da China. Até a pequena Áustria vendeu mais armas que o Brasil nesse ano: 330 milhões de dólares.
“A Engesa era apresentada como a maior indústria de veículos blindados sobre rodas no ocidente. Jamais ao longo de minha carreira na Engesa, de 14 anos, encontrei alguma estatística que comprovasse o fato, nem como indústria, nem como exportadora”, diz o engenheiro e ex-executivo da empresa Reginaldo Bacchi.
As exportações de armas brasileiras se concentraram na Engesa e na Embraer e, em menor grau, na Avibrás Aeroespacial. Ainda hoje a Embraer é a principal exportadora na área militar do país, com produtos como os aviões de treinamento e ataque leve Tucano e Super Tucano, e as versões de avião-radar do EMB-145.
“Só posso atribuir a falência da Engesa à má administração. Os gastos com o Osório não foram nada excepcionais”, diz Bacchi.
A empresa teve sorte de ter desenvolvido suas armas em um momento histórico propício, no final dos anos 70. “Os exércitos no mundo tinham se equipado no fim da 2ª Guerra Mundial com equipamento vendido pelo Estados Unidos e Grã Bretanha a preço de banana, e estavam procurando substituí-los por coisa nova”, afirma o engenheiro.
Os países da Otan se concentravam em produzir equipamento destinado a combater os do Pacto de Varsóvia, nem sempre adequados para países do Terceiro Mundo. “Era um cenário tremendamente favorável a algumas indústrias nascentes do Brasil”, diz Bacchi.
Hoje o cenário voltou a travar o renascimento de uma indústria de defesa no país, algo que o Ministério da Defesa almeja. “Compra-se material da Alemanha, Grã Bretanha, Itália, França, Bélgica, Holanda novamente a preço de banana. Combinado a isto, os exércitos encolheram de uma maneira impressionante”, afirma o ex-executivo da Engesa. Sem uma política coerente e sustentada de compras constantes pelas forças armadas, não há como atrair as indústrias brasileiras para voltar a produzir armamento.
Ricardo Bonalume Neto
Repórter – Folha de S. Paulo
Falta agora a turma do “Brasil Grande” comecar a denuncar a “falta de patriotismo” e a “sindrome de vira-lata” da materia. Fazer o que? Quando a realidade nao condiz com a fantasia, e’ facil simplismente ignorar a realidade e continuar a fingir que se a ENGESA ainda estivesse por aqui, estariamos fabricando tanques voadores com tecnologia 100% nacional.
Alias, quem matou a ENGESA foi o “consenso de Washington”. 🙂
Muito interessante a matéria, como sempre aqui =D=D
É bom ver mesmo, que essa coisa de anti americanos pode ser baboseira aas vezes, muita gente enche a cabeça dos outros com inúmeras teorias da conspiração que envolvem até governo alienigênas secretos por tráz de tudo asuausashuashuahsu
É bom ver que a resposta pro Brasil ter caído no mercado de Defesa é má administração, alias, um mal que não atinge somente este setor, mas segurança pública, justiça, e tantos outros.
Fiquem todos com Deus e Amém =D=D
Bom blog, ótimo mesmo =D=D
Fiquem bem, fiquem com Deus =D=D
O ufanismo é o colírio dos imbecis.
Me desculpem as palavras, mas isto é que tem acontecido nos fóruns nacionais, delirar não ajuda a resolver nada.
Belíssima reportagem!
Há um livro muito bom chamado Rede de Intrigas de Roberto Lopes que desmascara bem esse mito. Mais uma mentira entre tantas contada nesse país. Sds
A industria bélica nacional seria mantida apenas pelas FA brasileiras se nosso país fosse só um pouquinho mais sério que é hoje (somos um pais continental).
um exemplo: precisamos de 300.000 novos fuzis em diferentes versões para as FA…produzindo/entregando 30.000 fuzis/ano…antes de finalizar toda a entrega, ao final de 10 anos…o primeiro lote poderia ja ser subtituido por um modelo mais novo…etc…etc…etc…
isso poderia ser feito com aviões, navios, carros de combate, etc etc etc
teriamos empregos diretos e indiretos…pesquisa na área…FA com materias relativamente novos e modernos…e assim por diante…todo mundo sairia ganhando…
coisa de país sério né?
mas infelizmente parace que a tentativa de reviver a industria nacional esta vinculada a exportação…
vai dar com os “burros na água” mais uma vez…
Triste mas verdadeiro, parabéns ao Forte por não se furtar a dar as más notícias também. Aceitar onde estamos é o primeiro passo para melhorar. O primeiro mundo também tem sua longa história de projetos afundados para contar, afinal errar é a prerrogativa de quem se arrisca a fazer.
Uma Força Armada, bem aparelhada, depende diretamente de uma política voltada para a area de forma série e de longo prazo, podemos ver por exemplo no casos da compra dos caças, se o Brasil tivesse investido maciçamente nos últimos 30 anos no desenvolvimento de um aeronave nacional de caça, não estaríamos na dependência (como sempre) de produtos internacionais.
Ainda somos incipientes na industria de defesa, como sempre fomos na década de 80 do sec.xx, pois há um ou outro produto de DOMÍNIO de tecnologia Nacional. Estes são os limites de hoje, mas não significa que o serão de amanhã se decidirmos agir HOJE com as novas oportunidades.
O que está acontecendo é exatamente isto, uma mudança de paradigma. O apoio do governo através de compras de material bélico é INDISPENSÁVEL neste aspecto.
Dois craques em seus oficios.
O Ricardo Bonalume Neto na minha opinião o melhor jornalista especializado em defesa do Brasil com o Reginaldo Bacchi, que além de ser um profundo conhecedor de engenharia é uma pessoa de extrema coerência e lucidez.
O Brasil tem memória curta…..por isso sempre digo que nada irá mudar nem hoje nem daqui 20, 50 anos.
A engesa faliu porque seu maior cliente (Brasil) não comprava e não tinha estratégia de venda.
Agora eu pergunto, com o Rafale será diferente?? adquirindo uma unidade por ano…….e tendo como cliente Africa Central, A.latina(Paraguai, Argentina).
Quem tem o osso, não quer largar de jeito algum!!
Parabéns ao ForTe por derrubar mais um mito da pseudopotência Brasil.
Entre a conspiração internacional e a incompetência nacional, fico com a segunda, infelizmente.
Outro ponto e que sem compras fortes das próprias FA’s do pais de origem, dificilmente uma indústria bélica se cria.
O Brasil quer ser potência apenas falando que é potencia…
Realmente o Brasil nunca foi uma potência em termos de indústria de defesa, mas se (sempre o se) tivesse havido investimentos por parte das FAs , a Engesa por exemplo, podia estar viva. Só lamento a perda de expertise junto com a Engesa.
[]’s
Não é um mito, é um engodo… como tantos outros, só serve para nos iludir.
Disso eu sempre soube , o governo nunca se interessou
pela defesa de nosso território e por nossa indústria de defesa, e hoje não é diferente muitas das empresas que
fabricam armas aqui pertencem aos estrangeiros ou são filiais das grandes indústrias bélicas de outras nações.
A verdade é que fizemos do Brasil uma potência de araque
Rodrigo disse:
12 de julho de 2010 às 14:40
“O ufanismo é o colírio dos imbecis.”
Disse tudo de modo lapidar prezado Rodrigo. E eu diria mais: nacionalismo sim, ufanismo jamais!
Engraçado o Brasil ter alcançado a 10 posição em 1985 sendo que eu li o anuário da enciclopédia Barsa de 1983 citando o Brasil na 5 posição em produção de equipamentos bélicos…
Abçs!!
João Gabriel, os dados apresentados na reportagem referem-se às exportações, não à produção de equipamento bélico.
Parabéns ao blog por esse texto. Preciso, conciso e revelador. Sds
Legal a materia
Mas se nao me engano este artigo foi publicado em uma ediçao passada da revista “Grandes Guerras”
Voçês não acham exagero algumas pessoas acreditarem que o Osório era melhor que o M1A1 e o Leo 2 pesando 29 toneladas menos.
Assim como o Rafale é melhor que o Raptor!
Se isso for verdade significa que o Brasil estava na frente no desenvolvimento sistemas de controle de tiro, visão noturna, estabilização, blindagem composta.
Me parece um pouco demais, olhando para os tanques eu ficava com o M1 sempre.
Agente sempre faz melhor e mais barato, só que chega na hora eles quase sempre ganham.
Quando criaram AMX também diziam que era o melhor “caça” do mundo. O piranha também era outra maravilha.
Eu morava em São José dos Campos nessa época e vivi justamente este momento, no qual Veja, Folha, Estadão e Globo, incensavam a indústria bélica brasileira.
É curioso como um certo segmento conservador brasileiro se contornce para rebaixar a importância de feitos simples do próprio país…Eu vou arrumar um tempo e consultar os arquivos da própria imprensa daquela época para mostrar justamente o contrário do que a reportagem acima afirmou..Das duas uma: ou a imprensa enganou a população ( não será a primeira vez), ou estamos diante de um imbroglio de versões..
Não sei se miram exatamente o passado, que logicamente é passível de revisões, ou se buscam dinamitar a recentemente aprovada estratégia nacional de defesa..
De qualquer forma a “síndrome de capacho” é evidente..Nasceram para falar “sim sinhô” e não se conformam com o fim do fetiche…
Que saudade do tempo em que a direita brasileira era nacionalista…Foi no tempo dos Integralistas..
É isto ai Vader, eu vejo as bravatas dos soldados, marinheiros e pilotos de teclado.
Ai vou voar e vejo que o mundo real é muito diferente.
Não tem Brasil maravilha, super-potência e de primeiro mundo. Vejo o inverso, uma infra-estrutura sofrível e a cada dia que passa piorando, ficando mais saturada pelo aumento da demanda, nem vou discorrer sobre as taxas que me irritam muito.
Ao amigo de cima que não gosta de ler verdades, vai uma dica..
O primeiro passo para crescer é admitir que é pequeno.
Rodrigo disse:
13 de julho de 2010 às 7:55
Engraçado como um certo povinho só sabe qualificar os outros em termos de “direita”…
Ainda vivem em 1989 e ainda acham que o mundo se divide em “ocidente” e “oriente”… E como medem o mundo pela sua própria medida, acham que todos são iguais…
Abs.
Rodrigo
A verdade é uma versão de um fato..Não há verdade absoluta e irrefutável nem nas ciências exatas. Você tem a sua e eu a minha..Não é porque você se acha pequeno que eu vou discordar de você, mas eu sei que mesmo com todos os nossos problemas o Brasil tem muito valor e é líder sim em muitas atividades..Vocês sentem vergonha de serem brasileiros, eu não…
Eu só gostaria que a turma subserviente daqui, assumisse que é subserviente, que se acha inferior e que entende por A + B que um europeu ou um americano é superior a vocês.
A questão da Indústria Bélica Brasileira, e eu sou desta época, se é um mito, é um mito que foi plantado pela imprensa e por Revistas com Tecnologia e Defesa, Segurança e Defesa e outras da época. Eu truco em cima da versão de que fomos apenas fabricantes de equipamentos meia boca.
A opinião de um engenheiro que trabalhou na Engesa é importante, mas centenas de engenheiros trabalharam lá. Todos pensam a mesma coisa ??
PARA OS DEFENSORES DO BRASIL PEQUENO:
1 – O BRASIL É PEQUENO NO AGRONEGÓCIO ?
2 – O BRASIL É PEQUENO NA ÁREA DE PETRÓLEO ?
3 – O BRASIL É PEQUENO NA MINERAÇÃO ?
4 – O BRASIL É PEQUENO NA INDUSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ?
5 – O BRASIL É PEQUENO NA INDÚSTRIA AERONÁUTICA ?
Afirmar que a produção bélica no Brasil em meados dos anos 80 não teve nenhum significado é tão errado quanto dizer que o Brasil era uma potência na produção de armamentos. De fato, não é isso o que o artigo diz.
O país certamente não alcançou e nem sequer se aproximou de uma posição de liderança no setor. E não se pode dar a culpa a sabotagens yankees ou a outras teorias da conspiração (aliás, o Osório não era melhor que o MA1).
Isso não que dizer que as vendas feitas não tenham sido um passo MUITO significativo. Um país de terceiro mundo conseguiu enfiar o pé na porta de um clube muito restrito, desenvolvendo e exportando produtos militares de média-baixa complexidade (veículos, sistemas de foguetes e aviões de treinamento). Não se pode negar o valor dessa experiência. Um testemunho da nossa capacidade.
É uma lástima que essa caminhada (pelas mais diversas razões) tenha sido quase totalmente interrompida. Agora estamos partindo de novo quase do zero. Mas sabemos que é possível.
De qualquer modo, a questão é que para refutar uma opinião errada e extremada não é necessário defender uma outra igualmente errada e extremada. Esse debate (bate-boca) de “ufanista” vs. “vira-lata” não agrega nada.
É uma questão de ufanismo. É normal termos orgulho de algo que é produzido aqui. O problema é quando uma parte supervaloriza algo para esconder erros e falhas.
O AMX é o maios exemplo disso. É muito legal ver em diversos meios que o Brasil produziu um avião, que o Brasil aprendeu e que tudo foi um sucesso e as mil maravilhas. Mas por de trás disso, tem muito podre.
A questão é justamente não ser cego o suficiente para se ver erros e acertos e para ter uma análise crítica sobre qual a melhor opção a ser tomanda. Muitos querem reinventar a roda, coisa desnecessária.
É muito legal ver que o Brasil já criou o melhor tanque do mundo. É legal por a culpa nos EUA que o tanque só não foi para frente por causa dos EUA e se não fossem eles, estariamos com um super tanque e uma super industria.
A matéria é boa, mas talvez seria interessante é colocar lado a lado pontos positivos e negativos baseados em fatos.
Muitas questões relativas a defesa na década de 80 podem ser consideradas uma “bolha” derivada da Guerra Irã Iraque e do embargo norte americano, no governo Jimmy Carter, para a compra de produtos de defesa na década de 70. Naquela época, ao contrário do que ocorreu na década de 60, governos militares eram mal vistos pelo presidente de lá.
O Brasil foi um importante produtor na época e errou, do ponto de vista estratégico, ao elevar o valor agregado de seus produtos de defesa, que dependiam de maior tecnologia agregada. A crise e o desmonte no setor também contou com o fim da Guerra Fria e com reduções muito significativas nos gastos militares globais, além, é claro de erros domésticos e do fim do Regime Militar, no qual um poder civil emergente negou-se (covardemente aliás) a apoiar um setor ligado aos militares que gerava dezenas de milhares de empregos no Vale do Paraíba, que passou por uma séria crise naquela época.
O Brasil inegavelmente sofreu com diversas ações de interesses externos contra a nossa soberania, desde a época colonial, e sofre estes processos até os dias de hoje. Esses movimentos prosperaram no passado por conta de autoridades pouco comprometidas com a soberania nacional e que aceitavam dóceis um papel subserviente (vide Celso Lafer tirando o sapatinho pra tomar geral em aeroporto dos Estados Unidos).
Como exemplos do passado e do presente temos
No passado:
1 – A indústria naval brasileira, que já foi uma das mais importantes do mundo, foi desativada em sua quase totalidade e, não fosse o atual governo, estaria assim até hoje. A quem interessou este desmonte ? Que o promoveu aqui no Brasil ?
No presente:
2 – ONGs de todos os tamanhos, o Green Peace, o cineasta James Cameron (Avatar) e uma porrada de brasileiros fizeram todo o tipo de gestões contra a construção da Usina de Belo Monte. A quem interessa que o Brasil não conte com soberania energética ?
3 – O Deputado COMUNISTA Aldo Rebelo, num raro momento de união com uma parte muito retrograda agronegócio, que no entanto não é capacha de interesses norte americanos, votou um relatório alterando pontos importantes do Código Florestal Brasileiro, que, na prática inviabilizaria uma parcela muito importante de produção agropecuária nacional. Nada de inocência exagerada nisso, pois as empresas que dominam o agronegócio mundial são americanas, mas pelo menos a produção ficaria menos cara na Europa e EUA, que não conseguem competir coma nossa produtividade e nossos custos muito mais baixos.
Além desses há dezenas de exemplos para contar…
Eu não me considero ufanista, eu leio os dados da realidade e vejo que o Brasil mudou para melhor em muitas áreas. Tem muita coisa pra melhorar sim, tem muita coisa em situação de desgraça, mas já encontrou o seu caminho e a correta solução para todas elas é uma questão de tempo. Isso é que muita gente não aceita..
Andre_Oliveira disse:
13 de julho de 2010 às 10:31
“vide Celso Lafer tirando o sapatinho pra tomar geral em aeroporto dos Estados Unidos”
A propósito, reproduzo comentário que fiz em:
http://www.forte.jor.br/2010/05/24/somos-mesmo-terceiro-mundo/
“Como afirmado pelo próprio no Globo News Painel que foi ao ar ontem (domingo 23/05/10), a Chanceler da Rússia e o Embaixador da China também tiveram de se descalçar para passar pelo detector de metais no aeroporto, quando o país mais poderoso do globo terrestre estava em DEFCON 2 devido aos covardes ataques terroristas de 11/09/2001. E nenhum deles criou caso por causa disso.
E ainda, completou o Ex-Ministro para o mediador do debate: “poderia muito bem ter dado uma carteirada, ter dito o famoso: “você sabe com quem está falando?” Provavelmente daria certo. Mas não, tive uma atitude republicana, e de compreensão daquele momento extremamente delicado da história daquele país. E não criei caso por causa de besteira”.
Esperar que vocês compreendam o que distingue “ser republicano” de “ser cretino”? Hehehe, vã utopia de gente bem-intencionada… eu não tenho tanta fé assim na boa-fé do esquerdista típico…
Mas é para isso que a esquerdalha liga: a forma. Conteúdo? Matéria? Dane-se o conteúdo, o que importa é “parecer” poderoso. Importa é o que se passa para a “torcida”. A honra dos vermelhuxos está no mesmo nível dos seus sapatos…
Enfim, dá no que dá: os “estrondosos” resultados práticos de nossa diplomacia bolivariana falam por si só…”
O comentário mantêm-se preciso.
No mais, é uma graça ver a esquerdalha defendendo a indústria bélica criada durante o GOVERNO MILITAR…
Nada como a “volta do mundo” mesmo, rsrsrs…
Olá senhores! Senhores sinceramente a minha opinião (mesmo sendo um entusiasta leigo), sempre será que o Osório foi um dos melhores MBT. Foi o primeiro Tanque projetado utilizando-se CAD/CAM, diferente dos seus contemporâneos (M1, Leopard 2, Le Clerc, etc.) que foram projetados sem auxilio de computadores. Eu li comentários dos senhores que o Osório era uma “cocha de retalhos”, isso fora colocado de forma pejorativa para o projeto, porem eu gostaria de lembrar duas coisas: Como exemplo o canhão principal do M1 é projeto Alemão fabricado sob licença nos EUA e se houvesse escala de produção poderíamos nacionalizar no mínimo 50% dos componentes do Osório! Um moderníssimo MBT no estado da arte em sensores e armamentos com menos de 45 toneladas. Na verdade a falência da Engesa fora motivada por três motivos que foram varridos para debaixo do tapete da historia: O calote do Iraque de Saddan Hussein, o qual não foi devidamente cobrado pelo nosso governo (José Sarney), a CVM que não fiscalizava com o maior critério as empresas de capital aberto (essa foi uma das falências que motivou a completa revisão dos procedimentos de fiscalização da CVM) e o principal motivo foi pessoal. Acreditem foram rancor e inveja dos oficiais da ativa do EB. Nunca foi bem aceito que engenheiros militares deixassem a Força, montassem uma empresa e patenteassem o sistema de tração bumerangue! Esses ex engenheiros militares tornaram-se empresários muito bem sucedidos! O ápice dessa situação foi que o EB preferia deixar as viaturas paradas a assinar qualquer contrato com Engesa! Portanto na minha humilde opinião essa reportagem não teve o correto enfoque no qual poderia demonstrar que podemos sim produzir produtos de grande qualidade e inovação e que só nos falta são marcos institucionais que garantam o sucesso dos nossos produtos. Eu cite um desses marcos que foi a correição e transparência da atual CVM. Precisamos de outros marcos regulatórios e institucionais.
Em tempo: Senhores qualquer ex empregado que fora demitido e não recebera os seus direitos trabalhistas vai dizer que empresa que trabalhava era má administrada isso é bem claro! Não sou ufanista, mas realmente sou um entusiasta apaixonado!
Pedro Rocha disse:
13 de julho de 2010 às 11:34
Muito bom comentário Pedro, bem embasado, sem ufanismos e sem ideologias cretinas, embora não concorde integralmente, especialmente na parte relativa ao Osório.
No mais, não creio que a questão da indústria bélica seja de marcos regulatórios, e sim de um compromisso de compras pelo Estado: para que queremos indústria bélica, se os governantes não se comprometem a comprar? Uma indústria bélica viver apenas de exportação não deu certo em lugar nenhum do mundo!
Peguemos os exemplos:
– EUA: compra armas pra caramba, e toda sua indústria é voltada primeiro para o mercado interno, apenas subsidiariamente para o externo, tanto é que alguns produtos (o F-22, por exemplo) eles podem se dar ao luxo de simplesmente não exportar!
– Israel: idem, sendo a exportação de armas uma importantíssima fonte de receitas para o país. Mas em momentos em que Israel foi embargado eles não se aperrearam: o Estado israelense foi lá e comprou de monte!
Enfim, acho que é por aí.
A pergunta que devemos nos fazer é:
1. Queremos uma indústria bélica só para bater no peito e falar que temos?
2. Para deixar os projetos apodrecerem nas gavetas e o conhecimento se perder?
3. Para o governo de ocasião arrumar carguinhos para seus asseclas (no caso de se criarem empresas públicas)?
Não: precisamos de uma indústria bélica para equipar nossas Forças Armadas! E tanto o reequipamento quanto o crescimento industrial só se dará se o governo se comprometer a COMPRAR, e a indústria, com a criatividade nata do brasileiro, com todo o potencial que temos, e competindo interna e externamente em igualdade de condições se comprometer a produzir produtos de qualidade!
Abraço.
PS: isso é nacionalismo sem ufanismo (este sendo o colírio do idiota, conforme bem definiu o amigo Rodrigo)
O pior é que depois que um mito da internet pega não tem nada que dê jeito, principalmente quando os “plantonista da patrulha estelar patriótica” vêem viralatas pra todo lado, menos dentro do próprio mecanismo do Estado e do Governo.
Veremos tudo ser repetido ad eternum. Assim como outras “verdades”.
João Gabriel,
Mas se você usar o bom senso e a lógica você há de concordar que nunca tivemos uma indústria bélica capaz de ser a quinta em produção de armamentos.
Não fazíamos navios de combate, caças, mísseis, tanques pesados, submarinos, radares, etc.
Nossa indústria se limitava a munição e alguns veículos de combate sobre rodas e o ASTRO.
No “universo” dos equipamentos bélicos é muito pouco para nos colocar na quinta posição.
Um abraço a todos.
Obrigado pela colaboração Sr Pedro Rocha. Muito bom saber disso.
É mais engraçado ainda é ver a direita cuspindo na obra que ela construiu. Nada como ser subserviente. A esquerda brasileira, principalmente após o fim do regime militar, foi o grupo que mais defendeu a validade dos temas da defesa e a manutenção da base industrial no segmento.
Quem desmontou o setor foram outras pessoas e não a esquerda. A esquerda está é reconstruindo o que pessoas pouco comprometidas com a nossa soberania destruíram.
Dignatário nenhum de país nenhum deve se submeter a este tipo de tratamento em hipótese nenhuma !!!
Postura republicana é uma coisa, postura subserviente é outra bem diferente. É que tem gente que não sabe a diferença entre uma coisa e outra.
Se importantes representantes diplomáticos de Rússia e China tiraram os sapatinhos pra tomar geral, pior ainda para eles. Eu mesmo acho bem difícil de acreditar que um dignatário Russo tenha aceitado uma revista de um policial americano. Só vendo para crer.
Segue uma descrição da subserviência do Sr. Celso Lafer a partir da visão de Moniz Bandeira:
“Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro de Estado das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou, antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro de Estado, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento, humilhante, dispensado a um dignatário estrangeiro, exatamente ele, o herói que tomara a iniciativa de convocar a Reunião de Consulta da ONU, invocando o TIAR, para demonstrar solidariedade com os Estados Unidos por causa dos atentados de 11 de setembro”, registra indignado.
Como é que é ?
Bosco disse:
13 de julho de 2010 às 12:11
“[…]Não fazíamos navios de combate, caças, mísseis, tanques pesados, submarinos, radares, etc.” !!!!
Você está brincando né ? O Brasil não fazia nada disso ????
Para com isso..
Pedro Rocha escreveu: “… Na verdade a falência da Engesa fora motivada por três motivos que foram varridos para debaixo do tapete da historia: O calote do Iraque de Saddan Hussein, o qual não foi devidamente cobrado pelo nosso governo (José Sarney), …”.
Que calote é este?
Continuando: “…e o principal motivo foi pessoal. Acreditem foram rancor e inveja dos oficiais da ativa do EB. Nunca foi bem aceito que engenheiros militares deixassem a Força, montassem uma empresa e patenteassem o sistema de tração bumerangue! Esses ex engenheiros militares tornaram-se empresários muito bem sucedidos! O ápice dessa situação foi que o EB preferia deixar as viaturas paradas a assinar qualquer contrato com Engesa! …”.
Quem são estes engenheiros militares que deixaram a força, que montaram uma empresa e patentearam o sistema de tração bumerangue?????
Bacchi
A Engesa tinha um portfólio de produtos bem variado, mas era apenas uma lista. Poucos foram realmente comercializados. Pelos motivos já expostos acima.
Mas o Galante não precisava nos dizer que Papai Noel e Coelhinho da Pascoa não existem….
Estragou minha infância, eh eh eh.
Eu estenderia isso tudo aos homens das Forças Armadas Brasileiras… que muitos aqui consideram estes os “melhores” do mundo! colocando um fardo injusto nos ombros do valente, porém pouco treinado e mal equipado soldado brasileiro, e isto vale para um infante ou tanto quanto para um piloto de caça!
Isto serve para exemplificar o Osório e tb para o AMX, a diferença neles é que um teve apoio dos militares do EB.. o outro teve descaso e inveja dos mesmos! o resultado, diria eu, que como produto o Osório é muito superior, ao seu tempo, ao AMX!
Vejo paradoxo de alguns colegas aqui quanto a esses assuntos de “capacidade do brasileiro”… se é militar, tudo pode! se é civil.. ou ex-militar… é visto com desconfiança!… eu realmente não entendo isso!
somos todos brasileiros! alguns capazes… outros nem tanto! tem civil corrupto e obtuso e tem militar também! tem miltar capaz e civil mais capaz ainda!
Eu acho que o Brasil era um país em ascenção no campo de produção de armas.. tínhamos capacidade sim de produzí-las, o Osório demonstrou esta capacidade de engenharia e integração (criticada por colegas acima, defensores do NG, que é uma salada de frutas até maior que o Osório – outra contradição, outro paradoxo e falta de pragmatismo revelados)…
Fica uma pergunta: naqueles tempos não tínhamos capacidade para desenvolver e “acontecer”?
se sim, teríamos hoje? já que tem gente aqui dizendo que tudo piorou, e concordo em parte…
Sds!
Correção: ASTROS
André,
Fazia? O que?
AMX? Não é caça. É avião de ataque e não foi exportado.
Mísseis? Nunca fizemos nenhum fora poucos “Piranha” até hoje.
Navios? Apenas corvetas para uso próprio.
Submarinos? Apenas 1 para a MB.
Outro abraço.
PARA OS DEFENSORES DO BRASIL PEQUENO:
1 – O BRASIL É PEQUENO NO AGRONEGÓCIO ?
Estamos falando de Agronegócio ? O “boom” do agronegócio nacional vem da mecanização, que como na indústria automobilística pouquíssima coisa é fabricada neste país.
2 – O BRASIL É PEQUENO NA ÁREA DE PETRÓLEO ?
Estamos falando de Petróleo ? Diga-se de passagem em termos de equipamento o que a Petrobrás “cria” vem de fora.
3 – O BRASIL É PEQUENO NA MINERAÇÃO ?
Estamos falando de Mineração ? Mesma coisa do agronegócio, o que faz a coisa andar vem de fora.
4 – O BRASIL É PEQUENO NA INDUSTRIA AUTOMOBILÍSTICA ?
Sim, nada tem projeto aqui e normalmente recebemos com 3 anos de atraso, com valores absurdamente mais altos. Os projetos nacionais são pontuais e sem expressão alguma no mercado civil.
5 – O BRASIL É PEQUENO NA INDÚSTRIA AERONÁUTICA ?
Estamos falando da indústria civil ou militar ? Na civil somos médios, com apenas uma empresa e no militar somos inexpressivos e graças a esta turma do “Brasil potência”, que você tanto ama, estamos por um fio de perder a venda de 100 aviões.
Faltou você citar o carnaval e futebol, mas pelo andar da carruagem vamos ficar somente com o carnaval.
Como digo, o primeiro passo para crescer é admitir que é pequeno.
Complementando:
Tanques? fizemos 2 protótipos do Osório
Me esqueci do Tucano que foi um grande produto de exportação.
Olhem a isenção do tal Moniz Bandeira para falar do Celso Laffer:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Alberto_de_Vianna_Moniz_Bandeira
Resumo do currículo do cidadão:
– Filiado ao PSB;
– Organizador da POLOP (guerrilha);
– Auto-exilado para o Uruguai;
– Autor de “O Ano Vermelho – Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil”
– Autor de “Presença dos Estados Unidos no Brasil (Dois séculos de História), livro traduzido para o russo e publicado na extinta União Soviética.
Enfim, um cidadão muito isento… 🙂
Ninguém lembra que naquela época o Brasil produzia Cruzadores Estrelares, Motores de Dobra, Tanques Aéreos, Canhões de Fótons, etc, etc, etc…hahahaahh
Nunca fomos a potência pintada pelos ufanistas de plantão, nunca produzimos algo de muita relevância, apenas uma serie de projetos mal-sucedidos em maior ou menor escala.
Mas o fato é que naquela época o Brasil deu um passo (apenas um) na direção de termos uma indústria militar forte, hoje só estamos com muita conversa fiada.
Como disse o colega Rodrigo:
“O ufanismo é o colírio dos imbecis.”
Bem lembrado Bosco, o tucano mandou bem. 🙂
Perfeito comentário Rodrigo:
“o primeiro passo para crescer é admitir que é pequeno”
Sobre agronegócio, em termos de concorrência não somos um peixe pequeno tanto que o primeiro mundo estrangeiros não querem baixar o protecionismo porque sabem que destroçaríamos os fazendeiros dele.
Mesmo que a mecanização ainda dependa muito de tecnologia externa já temos um bom domínio da parte de biotecnologia, que é uma parte importante da produção. Até porque as cultivares que precisamos tem de atender as nossas peculiaridades de nossos solos e clima, isso é um desenvolvimento local.
Podemos não ser gigantes nesse aspecto, mas também não somos necessariamente anões.
Estou acompanhando o debate e vejo como as malditas lendas de internet se recusam a morrer.
-Osorio melhor tanque do mundo.
-ASTROS causou panico nos aliados durante a Guerra do Golfo.
-5.56mm e calibre franzino e nao tem efeito algum.
-No Red Flag nossos F-5 derrubaram ate Tie Fighter.
-NAe Nimitz e afundado por todo mundo em exercicios.
E por ai vai, o pior e que tem gente que mesmo com dados apresentados por aqueles considerados especialistas no assunto ainda nao querem acreditar e se acham mais sabios por lerem revistas, internet ou achismo pessoal.