‘Brasil potência ainda é especulação’
Economista critica o conceito dos Brics e questiona papel das economias emergentes na recuperação mundial
Um dos economistas mais respeitados do mundo, Paul Krugman, colunista do New York Times, comprou briga com os principais líderes europeus e colegas de profissão. Para o Prêmio Nobel de Economia de 2008, a recuperação da atividade mundial depende da concessão de mais estímulos pelos governos, num movimento contrário às diretrizes dos líderes da União Europeia. Em entrevista exclusiva no Brasil ao site Economia & Negócios, Krugman alertou para o que considera um excesso de otimismo com o Brasil no cenário econômico mundial. O colunista também se mostrou pessimista sobre uma saída para os países do euro. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O sr. acredita que existe um otimismo exagerado com a economia brasileira e outros países emergentes? O conceito dos Brics ainda é válido?
Sempre considerei o conceito dos Brics muito pobre, porque são economias díspares. Índia e China talvez possam pertencer a um mesmo grupo, por ainda serem economias com mão de obra barata; Rússia é um exportador de petróleo e o Brasil é um país de renda média baixa muito diferente dos outros. O Brasil é uma boa história, que na última década teve desempenho melhor do que o esperado, conseguiu evitar uma crise severa, promoveu melhoras na base de sua população ante um histórico de desigualdade, mas não é uma história notável de crescimento. A ideia do Brasil como superpotência econômica futura é ainda muito baseada em especulação. Espero que um dia seja verdade, mas ainda não vejo isso acontecendo.
Qual o papel da China na recuperação da economia mundial?
A China é muito problemática, mesmo deixando de lado a questão da moeda, que tem impedido que sua demanda ajude o restante do mundo. Mesmo agora, ela não é uma economia tão grande; imaginamos que seja pela enorme população, mas do ponto de vista da taxa de câmbio – que é o que importa – ela é do tamanho do Japão.
Como a Europa deve lidar com a crise de dívida soberana e evitar o colapso do euro?
Não vejo o euro entrando em colapso, vejo mais uma chance de a zona do euro perder alguns países periféricos, como a Grécia. Uma política de meta de inflação mais frouxa também poderia ajudar. Se a zona do euro estabelecesse uma meta de 3% ou 4%, seria bem mais fácil de se fazer ajustes nos países problemáticos do que com uma meta de 1% ou 2%, como é agora.
Qual a sua opinião sobre o acordo feito pelos líderes do G-20 para diminuírem seus déficits? Seria uma espécie de derrota da linha keynesiana?
Sim. A promessa de reduzir os déficits não foi nada além do que já se planejava. Não há dúvida de que o tom geral desse acordo foi “ok, está na hora da austeridade”, e isso é muito chocante, diante de uma recuperação mundial ainda distante.
Qual a disposição dos Estados Unidos de realizar acordos de livre comércio?
Atualmente, não há muita discussão sobre acordos comerciais. Dada a situação política do país, com o presidente Obama tendo de lutar até por questões óbvias, não há como desperdiçar capital político com acordos comerciais, como Doha. Esse é um assunto que não está no topo da agenda da atual gestão ou mesmo da próxima.
Há a possibilidade de um duplo mergulho na economia mundial com as medidas de austeridade tomadas na Europa?
Acredito que seja ainda uma possibilidade, mas não a mais provável. Você não vê um PIB em queda. Acho que um problema maior é que fizemos um progresso muito frágil na diminuição do desemprego nos Estados Unidos. Então um mergulho duplo propriamente dito, acredito que não; recuperação do desemprego, provavelmente sim, e é isso que me preocupa.
QUEM É
- Colunista do “New York Times” desde 1999, é professor de Economia e Relações Internacionais na Universidade Princeton
- Vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008 por sua teoria sobre as questões do livre comércio mundial
- Autor ou editor de 20 livros e mais de 200 artigos científicos
FONTE: O Estado de S. Paulo – 08/07/2010
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Acho que esse e’ um dos poucos instantes onde eu e o Paul Krugman estamos de acordo. O crescimento economico brasileiro e’ conjuntural e nao estrutural. Nao houve uma aumento dramatico na poupanca interna, na produtividade ou na reducao do “custo Brasil” para impulsionar o crescimento atual. A unica coisa que houve foi uma explosao na oferta de credito, o que gera uma tremenda bolha de consumo; exatamente o que o Brasil esta vivendo hoje. E’ um fenomeno de certa forma parecido com o que o Brasil viveu nos anso 60 e 70 e todos sabemos como aquela historia terminou.… Read more »
Discordo completamente desta agenda Liberal que só faz aumentar os lucros dos ricos, fragilizar o valor do trabalho e do estado e que cria, da mesma forma, bolhas de prosperidade entremeadas de crises..No fim de Era Bush ou na crise de 29 e nas depressão posterior, não fosse o estado, as empresas teriam ido a bancarrota..
Concordo com o Sr Krugman em relação ao Brasil. Uns poucos anos de seriedade não são suficientes para resgatar décadas de clientelismo e favorecimentos..Temos problemas sim, mas os índices brasileiros estão em ritmo favorável..O caminho já foi iniciado…
De acordo com o Camberiu. Lastimavelmente vivemos o ufanismo insustentável dos nossos líderes falando grosso, como se já estivéssemos com anos de exploração e venda do produto do pré-Sal, para incício de contas. Do BRIC somos os mais pobres e vamos continuar assim, se não houver uma rápida e drástica mudança na matriz cultural de cantar antes de botar o ovo.
camberiu disse: 8 de julho de 2010 às 14:51 Perfeito. Digo mais: se não houver, nesta ordem, reforma política, reforma previdenciária, reforma fiscal/tributária, reforma sindical/trabalhista, reforma administrativa e reforma processual ampla e profunda, vamos perder os anos de bonança e, de novo, perder o bonde da história. Mas com essa caterva sindico-vermelhuxa que está a nos governar, mexer nas “leises” dá uma friaca na bacuera xará… 🙂 No mais, os tipos que atualmente estão no poder deram apenas foi muita sorte, pois não fizeram absolutamente nada e estão a colher os louros. Pegaram a última bonança dos próximos 20/30 anos.… Read more »
O estranho em tudo isso é que as pessoas não conseguem ver os avanços inegáveis que o país teve e que este governo não é de esquerda, é de coalização. O vice-presidente, José Alencar, dono da Coteminas, é “comunista” ? A direita brasileira precisava aprender um pouco com os norte-americanos..A direita Ianque ama o país, ama seu povo e entra nas piores guerras por ele. A direita brasileira odeia o país, tem vergonha dele, tem nojo do próprio povo e não é capaz de levantar uma palha pelo bem da nação…Ela é muito esforçada para entregar o que é nosso… Read more »
Caros, se este FDP fosse bom mesmo ele teria prevista a quebra de seu pais. agora eles querem descredenciar o Brasil,pois, sabem que agora que começamos a crescer eles vão ficar comendo poeira.
Pergunto ao Editores:
O Blog está agora dedicado a debates político-econômicos, ou mantém sua linha sobre temas eminentemente estratégico-militares?
The Captain, temas eminentemente estratégico-militares surgem como consequência de temas políticos e econômicos mal (ou bem) direcionados..Pensar apenas no alcançe de uma arma e não nos processos que levaram ao seu uso é uma limitação que impede a análise adequada dos assuntos de defesa.
Mas…quando discutimos todos os dias todo o dramalhão dos sonhados investimentos para nossas forças armadas, também precisamos compreender os meandros da economia mundial, não é mesmo? O que não podemos e não devemos é perder a missão do FORTE, “atingir os formadores de opinião do país, tornar os assuntos de defesa parte da agenda nacional…”. É isso.
Então Andre Oliveira, o Ministério da Defesa deve se preocupar com a política econômica do país também e assim podemos eliminar o Ministério da Fazenda, economizando em recursos materiais e humanos; bem como este Blog discute indistintamente economia e assuntos estratégicos militares; quem sabe também gastronomia, moda, futebol e “otras cositas mas”?
Ou melhor, continuaria sendo, “cada macaco no seu galho”?
Entenda a minha colocação: Não bastasse o debate político acirrado em todas as mídias, inclusive aqui desde a muito, agora também a maçante “economia” na Trilogia?
The Captain, não é preciso estudar muito para saber que Defesa e Economia estão totalmente interligadas.
Se você clicar nesse link…
http://www.forte.jor.br/?s=BRIC+Brasil+India
…verá que não é a primeira vez que publicamos matérias econômicas no ForTe, pois gostamos, de vez em quando, contextualizar a posição do Brasil no cenário econômico, principalmente para enfatizar sempre que o Brasil é (ou poderá ser) um gigante econômico, mas é um anão político-militar.
As causas históricas das guerras continuarão a ser, pela ordem:
Recursos, território, acessos, etnia e ideologia.
Galante, Revendo os primórdios da história não ignoro que defesa e economia sempre estiveram de modo intrínseco ligadas, sendo uma causa da outra. De fato, desde que o primeiro homem pré-histórico, fazendo-o pelo uso da força, com rugidos e ameaças, brandindo sua lança e matando seus adversários (a questão de defesa, da época), determinou qual seria a sua área de caça, pesca e coleta (uma questão de economia, para a época); estabeleceu-se a relação defesa e economia. Na antiguidade guerras entre grandes impérios foram travadas para obtenção ou manutenção das “commoditys” de então, uma questão de economia. O que me… Read more »
O Sr Krugman pode saber de algo que não sei,e que pode acontecer porque é bem informado,mas devo lembrá-lo que quem inventou a sigla Bric,foi o escritorio Goldman e Sachs em 2003,e colocou o B de Brasil na frente,porque viu maior potencial…. Depois de 2003 descobrimos jazidas de petroleo e gas que nos via possibilitar avançar mais ainda. O estudo da G&S vai de 2000,a 2050,e estamos crescendo a taxas anuais muito maiores que o previsto pela G&S,e na hora que o petroleo estiver sendo usado para alavancar o progresso os indices vão melhorar ainda mais com invetimentos na macro… Read more »
Ora The Captain… muito pior do que o maçante enfoque econômico é o tormento da ideologia massacrante que sempre contesta em nome do crime que as elites cometeram por serem, simplesmente, as elites; coisa que não consigo entender, pois que a ideologia mudou e, contrario sensu, ao que se entende, as elites não. Qualquer análise na Trilogia jamais poderá desconsiderar a geopolítica da nação, o que vale dizer, análise econômica, sim e sempre. O que pensas que impede que sejamos uma potência militar? Na minha ótica é o nosso nanismo econômico que diz que, apesar de representarmos quase a metade… Read more »
Camberiu falou tudo.
A “PROPAGANDA OFICIAL” faz muita gente acreditar que estamos voando em céu de brigadeiro.
Quando na verdade estamos apenas superando as primeiras turbulências. E as maiores ainda estão por vir…
Deixando o campo econômico e falando em termos militares, os BRIC´s são países totalmente diferentes entre si. Existem dois conflitos internos entre três países deste grupo. • China e Índia são inimigas declaradas. • Rússia e China apesar de não serem inimigas, são rivais na disputa por influencia na Ásia. • O Brasil é de longe o que menos tem semelhanças com qualquer um deles, militarmente é um ator irrelevante no cenário global. Em um cenário regional tem alguma importância, mais em função da falta de qualidade de seus vizinhos do que por méritos próprios. Uma cooperação militar entre estes… Read more »
Fui ver o site indicado pelo Cor Tau, por causa da citação entre aspas. O site mostra o Boris Casoy falando dos lixeiros. A citação do Cor Tau entre aspas é para enganar, levando a crer que ela está sendo mencionada no site indicado. Quem leu sobre a procedimentalística comunista, em suas diversas fases sabe que isso é mera metodologia de convencimento, tentando impingir uma bobagem como sendo uma grande afirmação feita por um ‘grande’ da história. Mera propaganda (enganosa). Num momento em que se discute sobre o enfoque econômico em assuntos da Trilogia, é de se lamentar que esse… Read more »
GOSTEI DESTE TRECHO DA ENTREVISTA:
O Brasil é uma boa história, que na última década teve desempenho melhor do que o esperado, conseguiu evitar uma crise severa, promoveu melhoras na base de sua população ante um histórico de desigualdade, mas não é uma história notável de crescimento. A ideia do Brasil como superpotência econômica futura é ainda muito baseada em especulação. Espero que um dia seja verdade, mas ainda não vejo isso acontecendo.
Gostei Cor Tau, tudo a ver com a entrevista…
A semelhança dos BRICs é política, não econômica, histórica ou social. É uma tentativa desses países em criar uma agenda própria, com intereses comuns na área do mercado internacional.
Seria como a 2º divisão do G8 ou a 1º divisão do G20.
O Brasil só tem a ganhar com essas alianças.
OFF TOPIC
O blog Naval tá fora do ar!
o Acronimo BRIC foi o resultado de um estudo teórico sobre possíveis futuras potências, que rendeu resultados práticos em ações diversas e não se deve comparar positiva ou negativamente cada país deste bloco. Cada um desses países será ou não potência em caso de se direcionarem corretamente as questões pendentes do ponto de vista político, econômico e social. Estudiosos orientalistas, no entanto, tem poucas dúvidas de que India e China serão, novamente, os países com maior importância econômica do mundo. Considerada a produção per capta de bens e riquezas, Índia e China foram as maiores economias do mundo até o… Read more »
Segue um vídeo sobre o que os agentes comunistas internacionais estão fazendo com a nossa civilização ocidental. Inclusive eu , que sou de esquerda, fui vítima do brilhantismo desta gente..A crise de hoje é obra destes agentes…
http://www.youtube.com/watch?v=14M1TeMQ-lk&feature=player_embedded
Na minha opinião, temos que investir em ciência e tecnologia, infraestrutura e no nosso povo ( educação, saúde e segurança).
O exemplo disso já foi dado pela Coréia do Sul há 20 anos atrás…
Cor Tau: tudo bem, achei que fosse uma coisa dirigida, apenas isso.
André Oliveira: “Segue um vídeo sobre o que os agentes comunistas internacionais estão fazendo com a nossa civilização ocidental. Inclusive eu , que sou de esquerda, fui vítima do brilhantismo desta gente.A crise de hoje é obra destes agentes…”. Acho que foi uma das coisas mais importantes postadas aqui; como convives com o fato? Como dissociar ‘esquerda’ de ‘comunismo’? Como continuar sendo de esquerda, reconhecendo que fostes 1vítima do brilhantismo desta gente’? Acho que mereces cumprimentos por veicular um assunto deste naipe.
Estes camaradas como o Paul Krugman não entendem nada de economia.
Deixa o dinheiro do mundo nas mãos da minha mulher para ver se a economia mundial não ganha um estímulo.
Ghisolfi: Como dissociar ‘esquerda’ de ‘comunismo’ ? Com um pouquinho de preparo intelectual é possível fazer essa distinção claramente.. Não é tão difícil perceber a diferença.. Da mesma forma é possível também, com um preparo básico, diferenciar uma pessoa de “direita”, de uma pessoa “liberal”.. Tem um outro vídeo aqui, mas este é direcionado a sua forma de pensar o mundo. Trata de Guerra Ideológica. http://www.youtube.com/watch?v=yAqL6_mDzGU&feature=PlayList&p=2491D4F785B5C0A5&playnext_from=PL&index=0&playnext=1 OBS: O VÍDEO TAMBÉM TEM A VER COM A ENTREVISTA DO PROF. PAUL KRUGMAN. Mesmo que seja para discordar eu sugiro assistir. A consciência crítica é uma virtude caro Aldo..E só para você saber,… Read more »
Andre_Oliveira disse: 9 de julho de 2010 às 14:14 Sobre o vídeo: Esse é o método de trabalho das esquerdas mundiais. Observem que, trocando as expressões “América” e “Estados Unidos” por “Brasil”, dá na mesma. Vemos isso acontecendo nos últimos 30 anos em todos os ramos da nação: no sistema educacional, nos meios de comunicação em massa, etc. De fato, a partir de um determinado ponto da lavagem cerebral, a partir do momento em que se instaurou no intelecto um determinado nível de niilismo, a partir do momento em que o indivíduo deixa de acreditar nos valores, você pode apresentá-lo… Read more »
Resumindo o que o Paul Krugman falou sobre o Brasil:
O Lula está colhendo o que o presidente FHC plantou. O problema é que o presidente Lula não semeou nada para o sucessor.
É incrível como a entrevista do Yuri Bezmenov se encaixa na nossa realidade. Na minha época de estudante essa doutrina era aplicada a risca no colégio onde eu estudava, ao ponto que ser de esquerda era moda e quem não entrava nessa onda era “o babaca” ou “filhinho de papai”. Bonito era usar camiseta com a estampa do “Tchê”, (algo que me da ojeriza) e usar o broche da estrelinha. Mas devo confessar uma coisa, apesar dessa lavagem cerebral aplicada nos alunos ter formado um sem numero de “intelectuais idiotas esquerdopatas”, no meu caso ela foi ótima, pois mostrou-me desde… Read more »
Paulo disse:
10 de julho de 2010 às 14:57
Paulo, permita-me discordar, o Lula semeou sim e coitado de quem vai colher.
Abs
ANDRÉ OLIVEIRA: constato, triste, que não tenho o privilégio de poder portar o pequeno preparo intelectual que referistes, pois não consigo ver a diferença prástica entre esquerda e comunismo, mero factóide de argumentação dialética, sem importância filosófica. O exemplo diário e materializado diz muito mais do que poderia arregimentar a intelectualidade de prateleira e contraditória, pois o que vemos na realidade é o socialismo se realizando no comunismo -algo como o fim do socialismo é o comunismo-, em que pese a dita intelectualidade, por conveniência da dialética marxista, argüir o contrário; acho que a argumentação é falaciosa, pois no cenário… Read more »
Prezado Aldo: Isto é ser de esquerda: http://www.zedirceu.com.br Isto é ser comunista: http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=22370 Se você não vê distinção entre uma coisa e outra, saiba que há léguas de diferença entre as duas posições.. Em relação ao relativismo axiológico como ameaça ao processo democrático ocidental, em razão dele se materializar a partir do ceticismo niilista decorrente da perda de valores, é necessário, aliás indispensável, que se analise o problema a partir dos conceitos do materialismo dialético, não para um uso político na luta de classes ou na transformação do regime, mas como uma ferramenta de diagnóstico capaz de ser usada inclusive… Read more »