MPCV faz teste contra ameaças aéreas em ataque de saturação
A MBDA informou na última terça-feira, 15 de junho, que realizou um teste bem sucedido com a versão de defesa antiaérea do MPCV (Multi Purpose Combat Vehicle – Veículo de Combate Multipropósito), disparando mísseis Mistral 2 contra um ataque aéreo de saturação, considerado o mais difícil dos cenários de ameaças aéreas.
O teste, segundo a MBDA, foi realizado no dia 7 de junho. O cenário foi montado para avaliar as capacidades do sistema de engajar e interceptar dois diferentes alvos aéreos em aproximação simultânea, vindos de diferentes direções, simulando um ataque de saturação realizado por aeronaves inimigas. Estava presente ao teste, realizado no campo de provas de Biscarosse (Sudoeste da França) uma delegação com representantes da América do Sul, Oriente Médio e Europa, além da DGA francesa (Direction Generale de l’Armement – Direção Geral de Armamento).
Os alvos foram dois drones Banshee, voando a baixa altitude. Segundo a empresa, os alvos foram detectados e acompanhados com sucesso pelo controle de fogo infravermelho do MPCV, e dois mísseis Mistral 2 foram disparados, destruindo-os. A primeira interceptação foi realizada a 4.100 metros, e a segunda a 2.500 metros. Com esse teste da capacidade de disparo em salvas do sistema, a validação da versão de defesa aérea do MPCV foi completada.
Em março, a MBDA já havia informado que estava em processo de congelar a configuração final do MPCV, a última fase da preparação para sua produção em série. Dois disparos de mísseis Mistral, realizados no final de 2009, validaram a configuração do sistema. Paralelamente à preparação para a produção, a MBDA estava finalizando o desenvolvimento das várias funções do software do MPCV, especialmente sua integração a uma rede de comando e controle (C2) via MCP (Mistral Coordination Post), também desenvolvida e produzida pela empresa.
A MBDA lançou o desenvolvimento do MPCV em 2006, baseado no veículo blindado para todo terreno Sherpa 3A, produzido pela Renault Trucks Defense, assim como em comunicações VHF PR4G-F@stnet da Thales Communications. A empresa afirma que, paralelamente a esses desenvolvimentos, trabalha ativamente para adaptar o MPCV para atender a necessidades específicas de diversos clientes de exportação.
O veículo é equipado com uma torreta multipropósito, que em sua versão inicial é equipada com um lançador de quatro mísseis Mistral prontos para disparo (uma recarga de quatro mísseis é acondicionada no veículo). A torreta é equipada com um EOSS (Electro-Optic Surveillance Sensor – Sensor Eletro-óptico de vigilância) que permite vigilância, detecção e acompanhamento passivos dos alvos, mesmo com o veículo em movimento. Também está instalada, na torreta, uma metralhadora para defesa.
A torreta pode ser controlada remotamente, a uma distância de até 50 metros, permitindo que a guarnição opere o sistema a partir de posições protegidas ou especialmente preparadas.
FONTE / FOTOS: MBDA
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Sempre defendi que nossos mísseis sup-ar de curto alcance (Igla e Mistral) fossem melhor aproveitados e operados combinados com radares de vigilância.
Poderíamos não precisar de Pantsir e nem de TOR para complementar a defesa de baixa altitude e já partiríamos para um míssil de média altitude como o sistema BUK ou algum equivalente.
Desculpem a minha ignorância mas não entendi: o da segunda foto é o mesmo veículo? Pois parecem viaturas totalmente diferentes…
O da segunda foto é sinistrão…
Bosco,
Na verdade imagino que todo o campo de batalha deveria estar integrado em uma Network Centric Warfare.
Mas considerando apenas os meios anti-aéreos, é vital a integração dos recursos, para melhor reação dos combatentes no campo.
Se uma unidade armada com um lançador de mísseis IR Mistral, Stinger ou Igla recebe por datalink a direção da(s) ameaça(s) que deve enfrentar, ou melhor, recebe a definição de quais deve engajar, as chances de sucesso (kill) são muito maiores.
Neste contexto integrado até mesmo canhões automáticos e metralhadoras pesadas podem surpreender um atacante a baixíssima altura.
O EB vai compra o TOR?
Ótimo, mas é necessário pensar em um sistema integrado e flexível.
Nas guerras do Oriente Médio os canhões automáticos foram terríveis com os caças que eram obrigados a voar baixo para fugir dos SAM.
He he he, vc vai brincar com minha mania de defender as velhas ‘boca de fogo’. É que um sargentão antigo costumava falar em “matar o inimigo com indigestão por chumbo”.
Mas enfim, até os velhos canhões podem ser úteis, fechando corredores, desde que com miras mais atualizadas.
O que defendo é integração de meios.
E é aí que mora o perigo.
Podemos integrar sistemas russos, franceses, americanos e suecos, mas o software deve ser nacinal.
Bem, é apenas a opnião de um antigo entusiasta.
Abç,
Ivan.
Ivan,
Também, dada a escassez de recursos, não acho que nossos canhões AA devam ser descartados “prematuramente”, só acho que quando chegarem no fim da vida útil (possuem uma saúde irritante rsrsrs), não sejam substituídos por outros canhões autorebocados e sim por mísseis portáteis em pedestais ou montados em veículos leves como esse do post e integrados a radares de vigilância.
Só lembrando, não gosto de canhões AA autorebocados e nem de canhões em caças avançados como por exemplo o F-22.
(No caso, o vulcan no F-22 é uma “muleta” psicológica que aumenta em 1 t o peso e alguns milhões o custo, degradando a performance).
Nada contra canhões antiaéreos autopropulsados, desde que combinados com mísseis sup-ar.
Nada contra canhões antiaéreos autorebocados ou autopropulsados na função C-RAM (anti foguetes, morteiro e projéteis de artilharia) para “defesa de ponto” terrestre.
Nada contra canhões antiaéreos na função de CIWS naval.
Nada contra canhões de dupla função navais.
Ou seja, no final eu também gosto dessas “bocas de fogo”. rsrsr
Um abraço.
Realmente o da segunda foto tem cara de mau.
Mas não se parece nem um pouco com o da primeira.
Alguem ajuda?
🙂
Elucubrações de uma mente desocupada: (rsrrs)
Comparado com o Avenger americano esse veículo antiaéreo tem semelhanças e algumas diferenças.
Semelhanças:
Os dois não possuem um radar integrado, fazendo uso de um radar de vigilância remoto para detecção de alvos.
Os dois possuem uma “ponto 50”.
Os dois possuem sofisticados sistemas de aquisição de alvos (imagem térmica, TV, telêmetro laser, interrogador IFF) e plataformas estabilizadas o que permite a operação noturna e em movimento.
Os dois podem ser operados por controle remoto até 50 metros.
Diferença:
A torreta desse sistema não é tripulada como a do Avenger, o que traz alguns inconvenientes, tais como, maior altura para o transporte via aérea e eliminação da possibilidade de aquisição visual diurna de alvos
possível pela cabine giratória transparente do Avenger.
Há um aumento significativo da consciência situacional e da flexibilidade do sistema quando se usa a configuração de cabine tripulada do Avenger.
Quanto aos veículos, o primeiro tem cara de “inglês” e o segundo de “francês”.
rssrsrs
Teoricamente o sistema eletroóptico da torreta do MPCV (EOSS) é capaz de fazer vigilância e detecção e não somente o acompanhamento e aquisição dos alvos.
Mas isso não parece ser possível já que um sistema capaz de fazer vigilância aérea deve poder girar independente da torreta. Não parece ser o caso.
Mais provável é que faça uso apenas de um meio externo para vigilância e o sistema EO seja usado apenas para a aquisição do alvo.
Um sistema passivo que sei ser capaz de fazer vigilância é o FIRST, se não me engano, alemão.
Agora, se eu estiver equivocado e o sistema é, como o nome afirma, capaz de fazer “vigilância”, aí ele leva vantagem em relação ao Avenger.
Mas para fazer a vigilância aérea a torreta toda (com mísseis e metralhadora) terá que ficar girando.
No mínimo estranho.
O Brasil começa a engatinhar nessa área com o REMAX.
E a torreta acima, quero muito que façam a versão naval para defesa de ponto, no nosso caso podendo equipar desde nosso porta-aviões bem como os navios de patrulha, tanto fluvial como oceânicos.
A segunda foto……… num lembra a viatura AV-VBL da Avibrás???????????
Seria uma boa escolha substituir a forma como o CFN opera o Mistral. Mesmo essa versão autopropulsada sendo mais cara de comprar e manter, julgo que mesmo assim a MB poderia absorver esse aumento de custo. Esse custo viria, é claro, da aquisição das viaturas, das torres, dos sensores passivos de detecção,e tb, do necessário treinamento que a tripulação passaria.
abraços.
Só uma coisa que não concordo: o fato de que a outra recarga (4 misseis reserva) tb ficarem dentro da viatura.
Acho que seria mais seguro que essa recarga ficasse em outro veículo (poderia ser um “pau prá toda obra”, no caso um Toyota Bandeirante), que é menor, mais ágil, mais discreto. Falo isso pq, em caso de destruição do veículo lançador por ação de combate, ainda restariam 4 mísseis para serem usados por outro lançador.
Mas não levo em conta o fator logístico, a distância que o Bandeirante estará no momento da necessidade, tempo para chegar até o lançador, etc…………….
abraços.
Vassili, permita-me discordar: já que se tem que correr risco, é melhor correr o risco de perder apenas uma viatura, e já ter a munição logo ali à mão, do que correr o risco de perder duas, e a hora que precisar de remuniciamento ainda ter que esperar a outra viatura chegar.
E se fura um pneu ou a “Bandeirante” atola? 🙂
Esse sistema é bem resistente a ser neutralizado por operar somente de forma passiva.
Embora possa disparar em movimento, é mais comum que ele fique em uma posição fixa e camuflado (redes de camuflagem, etc), mantendo apenas a torreta conteirável exposta.
Claro que sofisticados sistemas de aquisição de alvos por imagem térmica podem detectar o veículo pelo calor e selecioná-lo como alvo válido, mas só o fato de não ter um radar associado já ajuda muito na sobrevivência do sistema.
O veículo da segunda foto não é um Sherpa 3A, e sim um Nimr, da KADDB, uma empresa jordaniana de veículos 4×4. Mais fotos dele podem ser vistas em:
http://www.nimr4x4.com/
Quanto ao sistema, concordo com o Bosco e defendo que países como o Brasil, com orçamento para compras limitado, optem por sistemas de defesa de curto alcance, mais simples, mais baratos e em grande número, enquanto complementam a defesa de longo alcance com a aviação de caça.
É óbvio que o ideal é cobrir os cinco espectros da defesa anti-aérea. Tenho uma divisão bastante particular, que diverge da maioria, sobre os sistemas anti-aéreos atuais.
1 – defesa de longuíssimo alcance (+ de 400 km) com caças;
2 – defesa de longo alcance (+ 100 km) com sistemas de mísseis como o S-300;
3 – defesa de médio alcance (+ 40 km) com sistemas como o Patriot e SPYDER-ADS 2;
4 – defesa de curto/médio alcance (10 km/20km) com sistemas como o MICA VL, Pantsir, Barak, Spada
ou mesmo os antigos Rapier.
5 – defesa de curtíssimo alcance (até 5 km), com sistemas como o Mistral, Igla, Stinger, ou sistemas híbridos de canhão/míssil como o Tungsta e o próprio MCPV, ou apenas por canhões de 20, 30 e 40 mm.
Percebam que nenhum país, mesmo as potências militares, possuem sistemas especializados para cobrir todo os espectro.
O mesmo pode se dizer sobre as necessidades de uso em combate, uma vez que uma coluna blindada em deslocamento requer mobilidade e (exceto quando estão cobertas pelo guarda-chuva dos sistemas de longo alcance) não pode ser acompanhada por sistemas de médio/curto alcance. Mas pode perfeitamente ser defendida por sistemas de curtíssimo alcance de maneira eficaz.
Aglomerações industriais, centros de comando e outros pontos sensíveis carecem de proteção de longo alcance, ao mesmo tempo em que dispensam proteção de curtíssimo alcance pela característica das ameaças que enfrentam.
A proposta de aproveitar a imensa mobilidade e furtividade de sistemas IR de curtíssimo alcance e associá-los a veículos todo o terreno é interessantíssima, especialmente por manter suas principais características.
Uma “adaptação” já ocorre na FAB, onde a proteção das bases aéreas é feita por operadores de IGLA nas caçambas dos Land Rover da força.
A tática também era utilizada pelos cambatentes afegãos contra os russos na invasão ao Afeganistão, mas portando mísseis Stinger.
O grande problema desses sistemas é sua pequena eficiência contra outros mísseis e a incapacidade contra alvos voando rápido a baixa altitude ou a qualquer velocidade a grande antitude.
Particularmente penso que a associação mais eficiente aos sistemas de IR curto alcance são os sistemas de médio alcance baseados em estações móveis de radar, como as combinações Avanger + Patriot ou MPCV + Spyder ADS2, enquanto a proteção de longo alcance fica a cargo da aviação de caça.
Isso mesmo Bronco.
Mas eu também acho que o nível médio deva ser coberto por um sistema de mísseis de médio alcance como havia dito no meu primeiro comentário. Citei o sistema BUK já que a maioria dos entusiastas adoram parece exigirem que seja russo, rsrsr mas claro que há excelentes sistemas não russos.
Eu particularmente acho o conceito do SLAMRAAM ou do Spider muito interessante.
Já os da classe do Patriot acho que não é pro nosso bico. rsrss
Bosco, perfeito.
Acrescento que os sistemas anti-aéreos atuais estão se desdobrando em sistemas capazes de enfrentar ameaças múltiplas.
Dois bons exemplos são o Mica VL e o Spyder, que possuem casulos capazes de lançar mísseis IR de curto alcance ou de radar ativo na última fase da corrida.
No caso do Mica é ainda mais interessante, pois o conceito modular do míssil já permite que se troque apenas a cabeça de busca, garantindo uma comunalidade sensível entre todos os sistemas de lançamento, fazendo com que esses sistemas operem quase independentemente de uma linha logística de recarga, exceto quando se esgotam os mísseis (por exemplo, um Mica VL pode carregar 8 mísseis, mas 16 cabeças de busca, 8 IR e 8 Radar, se ambientando às ameaças e utilizando as IR em ambiente repleto de armas anti-radar ou utilizando as de radar ativo em posição de defesa contra alvos a média altitude sem capacidade anti-radar).
O Spyder também tem característica semelhante, embora o conceito seja um pouco diferente: um sistema de 8 casulos lançadores onde cada um pode operar tanto o Phyton 5 como os Derby que são, essencialmente, dois mísseis diferente.
As vantagens dos mísseis de curtíssimo alcance da classe do Stinger, Mistral e Igla, são o peso reduzido, o custo e a mobilidade dos sistemas, pois estes podem operar totalmente independentes de estações de radar.
Em outras palavras, e concordando com você, eles não são concorrentes, mas sim sistemas complementares. E infinitamente mais baratos que operar uma complicada rede de defesa aérea baseada em camadas, com sistemas especializados, como eram os SAMs russos das décadas de 60 e 70.
Quando MICA VL e SPYDER finalmente tiverem suas versões com booster, aí a coisa começa a ficar muito interessante para os países de orçamento limitado.
Bronco,
Seguindo a linha desses sistema que você citou que adota dois sistemas (IIR e radar ativo) de orientação para maximizar a letalidade, tem o sistema SLAMRAAM que está integrando o míssil AIM-9X ao AMRAAM.
Também seguindo a tendência muito bem colocada por você de dotar os mísseis de booster para aumentar o envelope de utilização, o sistema SLAMRAAM está desenvolvendo o SLAMRAAM-ER que ao invés de combinar um booster usa uma célula do míssil ESSM (com maior diâmetro), o que permitirá um alcance da ordem de 40 km + e altitude de até 15.000 m e possibilitará o lançamento vertical.
Um grande abraço.