Ataque no Suriname: relatos falam em sete mortes

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vinheta-clipping-forteO padre brasileiro José Vergílio, que comanda a rádio Katólica FM no Suriname, afirma que o número de mortos no ataque a um acampamento de brasileiros na noite de Natal na cidade de Albina (150 km de Paramaribo), ao norte do país, chega a sete. O padre esteve no local no sábado (26) e afirma que ainda não há informação sobre as nacionalidades dos mortos, mas que há brasileiros e possivelmente surinameses entre as vítimas.

Em entrevista ao UOL Notícias, Vergílio disse que o acampamento, que fica à beira do rio, ficou destruído. “Não sobrou nada. Eu fiquei em choque”, relata o missionário, que está no país há oito anos. “Noventa e um brasileiros foram atendidos com ferimentos graves e com muitas fraturas”, disse. Além dos brasileiros, 30 chineses também estariam feridos. O padre calcula que more na área cerca de 2.000 pessoas, incluindo dominicanos, equatorianos e colombianos.

O número de mortos e feridos não foi confirmado oficialmente, mas a Embaixada do Brasil no Suriname afirma que deve divulgar neste domingo a lista dos brasileiros atacados. O último número divulgado pela embaixada e pelo Ministério de Relações Exteriores é de 14 feridos, sete em estado grave, de acordo com informações da polícia local.

Vergílio relata que ao menos dois corpos foram encontrados na área, e os demais morreram durante atendimento na cidade vizinha de Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa. “Muitos ainda estão desaparecidos, entocados em suas casas ou escondidos na mata”, conta o padre, “a mobilidade deles é muito grande e a comunicação é difícil”. “Os números ainda são incertos”, conclui.

Uma vítima do ataque afirmou à Folha Online que ao menos quatro pessoas teriam morrido na ação.

Moradores locais atacaram com facões e machados mais de 80 brasileiros, além de chineses, que vivem na cidade. Os surinameses teriam ainda estuprado mulheres e ferido uma grávida, que perdeu o bebê. Lojas e um posto de gasolina foram saqueados e queimados.

A ação foi motivada pelo assassinato de um surinamês supostamente esfaqueado por um brasileiro durante uma briga em uma festa no local.

“Pareciam uns animais partindo pra cima do povo. Cena de guerra. Era pedrada, facada. Vi gente com o rosto todo cortado. Prenderam algumas pessoas em salas do hotelzinho, despejaram gasolina e atearam fogo”, contou Regiane Carneiro de Oliveira, 26, ao jornal “Folha de S.Paulo”. A mulher se salvou pulando no rio, e das águas viu os surinameses atacarem os companheiros.

Garimpo

Albina, uma cidade com cerca de 5.000 moradores, é o principal ponto de cruzamento do Suriname para a Guiana Francesa. Os brasileiros que vivem na cidade trabalham, principalmente, no garimpo de ouro e estavam acampados à beira de um rio.

Essa atividade gera tensão entre brasileiro e surinameses, incluindo ameríndios, que enfrentam uma alta taxa de desemprego, e também quilombolas, chamados de “marrons”, que dominam politicamente a região fronteiriça, segundo o embaixador no Suriname, José Luiz Machado e Costa.

Para o padre José Vergílio, os brasileiros se adaptam muito rápido, e o ritmo de trabalho desenvolvido é diferente do ritmo do povo nativo. A questão étnica também aumentaria a tensão entre os moradores.

Segundo o embaixador, os brasileiros que estavam na região foram levados pelas autoridades do Suriname para a capital Paramaribo.

Segundo o diplomata, os brasileiros estão hospedados em dois hotéis na capital surinamesa. O exército surinamês disse que quase cem brasileiros e chineses foram levados a uma base local das Forças Armadas para protegê-los e, na sexta-feira, foram transportados à capital do país.

Vergílio afirma que os brasileiros chegaram à capital praticamente nus, sujos e famintos. Neste domingo, eles já estão em contato com familiares e recebem atendimento médico.

As autoridades locais isolaram a área de ataque e trabalham para remover imigrantes que continuam no local. As autoridades do Suriname abriram uma investigação para apurar as circunstâncias do ataque.

FONTE: UOL, com informações da Folha Online, da Reuters e da BBC Brasil

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