O fracasso internacional no Afeganistão
Nos últimos dias, os politicos e jornalistas alemães vem alimentando uma discussão absurda, se a presença internacional no Afeganistão é guerra ou ajuda à reconstrução. Os soviéticos precisaram de oito anos para descobrir que a guerra contra a vontade dos grupos tribais, do talibã e dos senhores da guerra (warlords) não podia ser vencida. Foram oito anos perdidos, com um saldo de muitas vitimas, uma catástrofe que apressou o fim da União Soviética.
O ex-deputado alemão Jürgen Todenhöfer, que em 1980 visitou o Afeganistão, destruido pela guerra soviética, esteve há alguns meses novamente no pais, para concluir mais uma vez: Também essa guerra não pode ser vencida. O próximo será o nono ano da presença estrangeira no pais, milhares de soldados dos Estados Unidos e de diversos paises europeus, com um grande saldo de vitimas, sem que nada melhore no que se refere ao combate do talibã.
Segundo analistas, o problema não é só o talibã. A corrupção é um problema grave e ajuda os grupos do talibã a conquistar adeptos. Um ex-soldado alemão disse recentemente que no inicio, as tropas alemãs cuidavam sobretudo da ajuda à reconstrução. Os militares construiam escolas. Quando iam embora, os professores eram assassinados e os prédios destruidos.
— Nós não lutamos no Afeganistão contra o terrorismo internacional — afirmou Todenhöfer, lembrando que a atual guerra é tão absurda quanto a da era soviética, porque leva apenas ao aumento da violência.
A atual polêmica na Alemanha foi provocada pela explosão de dois caminhões tanques, no inicio de setembro, perto de Kunduz, por ordem de um comandante alemão. Para não atrapalhar a campanha eleitoral, que estava a todo vapor, o então ministro da defesa, Franz Josef Jung, da União Democrata Cristã (CDU), o partido da chanceler Merkel, afirmou que as mais de cem vitimas eram todas talibãs. Ele negou a existência de vitimas civis. Depois foi provado o contrário. Jung foi forçado a renunciar. A chanceler Angela Merkel e o atual ministro da defesa, Karl Theodor zu Guttenberg, serão obrigados a esclarecer o caso diante de uma comissão parlamentar de inquérito.
Apesar do engajamento internacional, as forças rebeldes do Afeganistão estão crescendo. Recentemente, o ministro das relações exteriores do pais, Rangin Dadfar Spanta, que frequentou a universidade na Alemanha, disse: “a luta contra o talibã fica a cada dia mais dificil”.
FONTE: O Globo / Blog ‘No Portão de Brandemburgo’
Política, sempre ela. Nada de novo. Ou o ocidente civiliza o Afeganistão ou é melhor que tal país deixe de existir.
Sds.
E o mundo vai, com o conceito de guerra assimétrica, aprendendo a derrotar a magnífica máquina de guerra americana.
Na minha opinião, e essa é minha opinião mesmo, a campanha no Iraque também fracassou no que se refere à caça aos “terroristas” e à destruição de células de resistência. Logrou êxito, apenas, em deixar lá um governo alinhado com os os EUA que garantirá Petróleo e um mercado consumidor de produtos e serviços de americanos e aliados, afinal a “partilha” do Iraque foi definida antes mesmo da guerra, nas alianças e associações para a invasão. Quem colocou o seu na reta agora está colhendo frutos efêmeros, até que se rompa aquela falsa sensação de segurança.
O Afeganistão já provou ser um dos TOs mais complicados do mundo. Não é de se surpreender que qualquer esforço empreendido para ocupar aquele território seja em vão.
Caro Bronco: apenas para pontuar, discordo que a situação no Iraque seja a mesma do Afeganistão.
Isso porque, por um lado, o Iraque é um país minimamente “civilizado”, com capacidade de se reerguer por si próprio, além de possuir os recursos econômicos para tanto. Possui uma massa crítica suficiente para renascer como nação soberana, assim que as tropas ocidentais se retirarem, ainda que a situação fique ruim nos primeiros anos.
Lá realmente não havia terrorismo assimétrico, o terrorismo era proporcionado pelo próprio Estado Baathista. A invasão da coalizão e a destruição do regime de Saddam apenas forneceu um pretexto para a escória terrorista internacionalista se instalar lá. Mas assim que a coalizão liderada pelos americanos se retirar, os próprios iraquianos lidarão com a insurgência, ainda que muitas cabeças rolem até lá (ou mesmo depois disso).
Ao contrário, o Afeganistão é uma terra arrasada, tem uma população que vive um pouquinho além da Idade do Ferro e não produz nada (além de papoula). 30 anos de guerras e o terror fundamentalista do Taleban deixaram aquela terra e aquele povo sem qualquer perspectiva, sem qualquer liderança, sem absolutamente nada. Se a OTAN se retirar, o Afeganistão vai regredir de novo à Idade da Pedra, gerando instabilidade para todos seus vizinhos, que um dia acabarão por ter de tomar uma atitude mais drástica. Pra não falar que o mundo vai ver de novo as piores cenas de degradação humana das últimas décadas.
O que quero dizer é: pro Iraque há saída; pro Afeganistão não há. Ou ele aceita ser um país civilizado e aceita a ocupação da OTAN (desde que esta se comprometa a por lá ficar) por tempo suficiente pra se criar uma massa crítica de pensadores e lideranças, ou uma hora alguém (possivelmente algum de seus vizinhos: Paquistão, China Irã, etc.) usará seus arsenais nucleares e destruirá de uma vez por todas aquilo tudo lá.
Com todos os seus erros (e os tem), os EUA estão tentando fazer algo por aquela terra. O Afeganistão não é um problema americano, é um problema do mundo todo. O mundo todo deveria estar com suas tropas lá, por uma questão humanitária, em primeiro lugar, além das questões estratégicas e financeiras. E isso, evidentemente, nos inclui. Mas não, a única nação do mundo que aceita plenamente esta responsabilidade são os EUA, junto com alguns poucos aliados mais ou menos recalcitantes.
No tópico, vale lembrar ainda que a Alemanha, sem a ajuda americana do pós-guerra seria hoje, na melhor das hipóteses, uma colônia russa. Então os alemães também tem, acima de tudo, uma dívida moral com o resto do mundo, em especial os EUA. Eles, mais do que nenhuma nação, tem a obrigação de estar com suas tropas (que um dia quase serviram para destruir o mundo) tentando fazer algo de bom para alguém.
Enfim, sejamos menos duros ao julgar os EUA. A maioria dos países, o que muito provavelmente nos inclui, deixaria que os Afegãos se enterrassem até o pescoço na m., até que alguém resolvesse cansar e explodir tudo por lá. Os EUA ao menos estão tentando ajudá-los, ainda que com grande prejuízo de sua “magnífica máquina de guerra”.
Abraço.
[off topic]
Tropas iranianas invadem poços de petróleo no Iraque!
“…O governo iraquiano afirmou nesta sexta-feira que tropas do Exército iraniano atravessaram a fronteira e tomaram um campo de exploração de petróleo no sul do país, cujo controle é motivo de disputa entre os dois vizinhos…”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u668540.shtml
Felipe,
Discordo diametralmente.
No que se refere à diferença de teatro de operações, tudo ok. Em nenhum momento eu disse que o Iraque tinha condições políticas, econômicas e uma distribuição étnica iguais ao Afeganistão.
Acho, apenas, que a situação que os EUA deixam no Iraque é tão delicada quanto encontraram. Lembro que na década de 80 os EUA financiaram uma campanha parecida com a atual, só que sem a presença de tropas. Resultado? Saddam no poder. Veja bem: a situação política do Iraque me parece, e friso que essa é minha opinião, extremamente instável. Os movimentos de insurgência, embora não tão organizados quanto no Afeganistão, existem e foram combatidos da maneira que se pôde combatê-los. A situação econômica é tão ruim quanto a que os EUA encontraram lá quando entraram, o mesmo pode se dizer dos conflitos étnicos. Esses anos todos de guerra no Iraque me parecem, friso novamente que essa é a minha opinião, serviram única e exclusivamente para substituir o sistema de poder no Iraque por um novamente alinhado com os interesses norte americanos.
Sobre o Afeganistão e especialmente sobre os EUA, respeito sua opinião. Mas lembro que a intolerância com os EUA é tão prejudicial quando a complacência. A discussão, inclusive, era sobre a capacidade que alguns países tem de realizar guerra assimétrica. Mas vá lá…
Os EUA entraram no Afeganistão por interesses próprios, políticos e econômicos. Não estão lá para ajudar o povo sofrido do afeganistão. Não estão lá distribuindo comida ou dando saúde e educação. São uma força beligerante extrangeira extremamente ativa e são encarados exatamente assim pela população local. E é exatamente por esse motivo que os movimentos de insurgência são tão fortes: a guerrilha é potencializada pelo apoio da população. Ainda temos as montanhas, o clima desértico, o conhecimendo pleno do TO e de suas condições climáticas, além dos túneis entruncados e da infra-estrutura mínima das cavernas e esconderijos.
Lembro de ter lido aqui mesmo no fórum o relato do comandante das tropas russas dissertando sobre o equívoco de imaginar que bastariam balas e pólvoro para resolver a situação no Afeganistão. Isso está se repetindo agora.
Invadiram um país sob o pretexto de acabarem com células terroristas extremamente bem estruturadas. Hoje sofrem com ataques às linhas de suprimento e aos oleodutos, maiores pivôs da invasão. Você pode considerar esse um motivo nobre, é um direito seu. Mas se você me permite ser bastante sincero: me parece ingenuidade demais imaginar que o motivo que os levou lá foi fazer por aquele povo o que o próprio povo não fez em mil anos. Aliás, o Bin Laden e seus subordinados estiveram sempre, desde que o mundo é mundo, na fronteira com o Paquistão – e possuem diversos bens e ativos naquele país – e nem por isso os EUA atacaram o Paquistão (que tem armas nucleares) para “livrar o mundo do terrorismo”.
É óbvio que o teatro de operações afegão é mais complicado e que o povo de lá vive em uma tremenda miséria, mas isso não justifica manter uma força de guerra do tamanho da força que lá está, sem apoio maciço de órgãos de ajuda humanitária, e se esforçar para imaginar que eles estão lá fazendo alguma coisa por aquele povo.
Na minha visão (reitero, minha visão), o Brasil fez muitíssimo bem em não enviar soldados pra lá e em não apoiar a invasão. Por outro lado fez muito mal em não estabelecer posição firme na força de paz na guerra do Kosovo e presença firme nos recentes ataques aos navios mercantes na costa da Somália. Perceba que são conflitos essencialmente diferentes e estar de um lado numa situação implica estar em situação inversa na situação seguinte. Como eu poderia condenar a invasão do Kosovo e o massacre de civis pelo Milosevic e menos de uma década depois apoiar a invasão de um país, com um número proibitivo de civis mortos?
Tivemos uma ação bem sucedida na Haiti do ponto de vista militar, mas extremamente falha e mal sucedida do ponto de vista humanitário. O preço é alto e o TO é igualmente pobre e conturbado. Mas somos uma força estrangeira de paz, não um invasor estrangeiro. E é só por isso que continuamos lá por tanto tempo, mesmo com os crescentes níveis de rejeição do povo Haitiano. O fato de não sermos uma força de invasão nos priva do desprazer de recebermos mensalmente sacos pretos com a bandeira brasileira em cima, muito embora a força da insusgência Haitiana não possa, nem de longe, ser comparada à Afegã, antes que você diga que os cenários são incomparáveis.
A “magnífica” máquina de guerra americana só é por mim adjetivada dessa forma por conta da série de implicações que ela gera. A principal é a necessidade de retroalimentação, que faz com que, de tempos em tempos, ela precise se renovar e alimentar com ainda mais tecnologia os parques industriais americanos.
Anote: nós ainda veremos muitas batalhas com o envolvimento dos EUA, não para ajudar civis, mas para defender interesses políticos, econômicos e estratégicos, além de agradar às indústrias de defesa.
Bronco:
Estamos num impasse então. Pelo que entendi, vc acha que os EUA apenas perseguem seus próprios objetivos “político-econômicos”.
Entretanto eu lembro ao amigo que há uma coalizão diversa e totalmente multicultural presente no TO Afegão. Países como a França, por exemplo, que foi frontalmente contrária à invasão do Iraque e é qualquer coisa menos alinhada com a América. Salvo engano até Portugal tem tropas lá.
Você acha que se os EUA estivessem ali apenas por motivos financeiros PRÓPRIOS, a França o estaria apoiando, com fundos, tropas e armas? Óbvio que não. E os outros países, Alemanha inclusive? Turquia, etc? Claro que não.
Enfim, cada um enxerga o mundo como quer, eu prefiro ver de forma objetiva: erros foram, são e serão sempre cometidos, mas me parece que não há escapatória para o Afeganistão senão os EUA fazerem o que fazem, e serem apoiados pelo restante do mundo. Se eles se arvoram o papel de polícia do mundo, azar o deles. Mas eles ao menos tentam. Outros países só arrotam bravatas, falam um monte de baboseira e ficam olhando.
Abraço.
Felipe,
Não simplifique tanto assim a minha opinião, afinal não gastei 100 linhas para que você a resumisse a uma frase.
Os EUA representam mais de 80% das tropa, mas tudo bem. A coalizão multinacional presente no Afeganitão esteve, em boa medida, presente no Iraque também. Exceto por alguns países que realmente defenderam a entrada no Afeganistão para fazer uma verdadeira limpeza naquele país, exterminando as células terroristas, campos de treinamento e capturar os primeiros na linha de sucessão da Al Quaeda.
No Iraque, no entanto, a questão era puramente econômica. Haveria, no pós-guerra, como está ocorrendo, uma partilha do país no que se refere à reconstrução, venda de manufaturados e facilitação no comércio de petróleo. Os EUA anunciaram isso no começo na guerra, lembro bem do Bush dizendo que os países que o estavam apoiando teriam prioridade em qualquer contrato no Iraque.
Eu penso que no Afeganistão o interesse era bastante parecido. No entanto, a terra arrasada que encontraram surpreendeu a coalizão, que passou a ser uma força meramente invasora sem a menor condição de oferecer melhorias à população. Acompanho a guerra e nunca ouvi falar em uma ponte construída, em escolas, em auxílio ao ensino, em uma busca da coalizao, e especialmente dos americanos, em apoiar a reestruturação política afegã (exceto pelas reuniões com o conselho de ansiãos)…
É tiro, bicho. Ocupação e tiro. Não há o que se fazer lá, a não ser defender os oleodutos, linhas de suprimento e a si mesmos da guerrilha extremamente eficiente.
Sobre seu último parágrafo, eu concordo plenamente com você quando diz que cada um enxerga o mundo como quer. Verdade, até porque cada um tem sua opinião e ela deve, invariavelmente, ser respeitada.
E me parece muito estranho que a saída para o Afeganistão seja a invasão estrangeira, um massacre de civis e um país tomado pela guerrilha e por focos de resistência apoiados pela própria população. Isso sim me parece um impasse. É no mínimo estranho imaginar que a imposição com beligerância trará melhorias para aquele povo.
Que bom que os “policiais do mundo”, nesse caso, não somos nós, porque o termo, por si só, é pejorativo demais para combinar com as características do povo brasileiro.
Termos forças armadas equipadas e bem treinadas não significa que teremos que empregá-las em apoio à interesses de terceiros, visando a partilha do país no pós-guerra.
Estaria mais feliz se o Brasil tivesse tomado a frente do processo de ocupação das águas do golfo de Áden e da costa Somali, em vez de enviar soldados para uma guerra perdida e repleta de interesses excusos.
S.A.
Bronco:
Amigo, não sei a que fontes vc tem acesso, mas as minhas me dizem que a reestruturação econômica do Afeganistão vai bastante bem, apesar de todo o terror. Até lá parece que as pessoas cansam de guerra.
Aliás, outro dia mesmo passou na HBO um documentário feito por mulheres do Afeganistão (coisa impensável há 10 anos) e dava pra ver que a coisa estava muito longe de ser o “tiro e ocupação do terreno” que vc menciona. É muito mais complexo e desafiador do que isso (atirar e ocupar é a parte fácil da coisa, rs).
Ao menos na capital e nas maiores cidades o crédito fácil tem ampliado os pequenos negócios, as mulheres tem finalmente conseguido ir às escolas, que foram reativadas após a desativação das Madrassas. O governo civil funciona, apesar da corrupção endêmica (mal que não lhes é exclusivo, diga-se de passagem).
As crianças estão sendo minimamente educadas, há um verdadeiro exército de ONGs, incluindo-se por exemplo o Crescente Vermelho, o Médicos Sem-Fronteira, e ajuda institucional de todos os cantos do mundo: Malásia, Tailândia, Indonésia, Israel, Filipinas, África do Sul, Argentina, Canadá, Polônia, etc, são apenas alguns dos que contribuem para o esforço humanitário por lá. Não sou eu q tô dizendo, tá na net, basta procurar.
Se fosse só proteger meia dúzia de pipelines e outros alvos fixos seria fácil meu amigo. Mina-se os dois lados, constrói-se um muro e acabou. Mas não: a tropa está lá, no meio do povo e no meio do mato lutando por outros valores que os financeiro-econômicos. E, apesar da sua recusa em aceitar a evidência, NÃO SÃO APENAS AMERICANOS!
Enfim, nem tudo são exatamente nuvens negras no horizonte, há uma nova geração crescendo que não conhece a guerra, que ama a liberdade que só a civilização ocidental proporciona, e que odeia a opressão fundamentalista Taleban. Há esperança. Mas é preciso mais tempo.
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Não acho que “polícia do mundo” seja pejorativo não. Acho é q é uma tarefa que alguém tem q fazer, como por exemplo pra caçar os malditos do Al Qaeda, derrubar o terror Taleban, ou enforcar o criminoso Saddam Hussein.
Até concordo em não sermos nós a fazer tal papel: como nação, não temos o menor preparo nem moral para isso (imagine os cadáveres sendo desembarcados no Rio de Janeiro e a Rede Globo cobrindo, rsrs… e os políticos fazendo discursos, nossa, o inferno, rsrs).
Mas outros países também tem Forças Armadas numerosas e bem preparadas, porém ninguém se dispõe a fazer o que os EUA fazem. De maneira que é uma tarefa que eles se atribuíram após o desaparecimento do comunismo, mas que o mundo todo aceitou e aceita de bom grado que apenas eles o façam.
É aquela velha história: todo mundo reclama, mas a hora que os “yanquees forem pra casa” o mundo vai chorar sangue. Aliás, a última vez que os americanos se recolheram dentro de si o mundo viveu o terror do nazi-fascismo e do imperialismo japonês.
O que quero dizer é que temos que parar de julgar os EUA com visão anti-americana pré-concebida, porque não há quem queira fazer o que eles fazem, e que é necessário que se faça em prol da civilização humana.
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Enfim meu caro, me perdõe a falta de tempo e paciência. Teria outros argumentos pra rebater alguns dos que o amigo expôs, mas a verdade é que estou um pouco cansado desse tipo de discussão pautada em anti-americanismo. Não leva a nada e não muda nada: nem eu vou te convencer a ser mais realista e encarar os EUA com um pouco de justiça a tudo que eles representam para a história do mundo e para a paz e segurança mundiais, nem você vai fazer com que as divisões saiam do Iraque ou do Afeganistão.
Então ficamos assim, eu com a minha realidade, vc com a sua opinião, e tá tudo beleza. 🙂
Um grande abraço.
As minhas fontes são as publicações internacionais sobre o assunto. ONU, FMI e BANCO MUNDIAL, especialmente. Estão todas na internet, basta procurar.
Nem todas são complacentes com a invasão americana, acredite.
Além disso sou economista e a evolução econômica do Afeganistão é um tema interessante não só pra mim, como para a maioria dos que esperavam ver lá um novo mercado emergente. A miséria continua e você vai me perdoar, mas HBO não pode ser considerada fonte de informações idôneas. No geral está tudo a mesma coisa de antes da invasão. SE houve melhorias, elas foram pontuais. A força de coalizão chega, faz pouco, vai para a próxima cidade ou aldeia e tudo o que ela deixou para trás muda, é destruído.
Sobre a presença de ONGs, o que leio é que ela não é maciça e é extremamente insuficiente. Algumas delas estão presentes apenas em áreas definitivamente pacificadas, o que não representa um percentual muito animador. O interior do país e especialmente as áreas de fronteiras sofrem com a absoluta falta de apoio internacional, mas tem a presença de tropas de perfil ativo e não muito amistoso.
Sabe como essa discussão poderia ser produtiva? Se o Marine desse sua opinião sobre o que viu lá e se fosse possível ter um contraponto de um cidadão afegão sobre o mesmo assunto.
Deixo claro que não sou anti-americano, pelo contrário, os considero um povo magnífico. Aliás, é muito chato esse tipo de rotulação por aqui, especialmente quando ela é utilizada em tom desagregador ou, como no caso, para desqualificar um argumento qualquer.
Isso merece reflexão, Felipe. Pense nisso.
Complementando: assim como eu acho que o anti-americanismo é prejudicial, penso que o pró-americanismo cego também o é, pois não permite que há algo mais além do papel fundamental “em prol da civilização humana”.
Sobre o termo polícia do mundo eu o considero pejorativo pois é uma imensa cortina de fumaça para cobrir esse imenso jogo de interesses que é a política internacional. Ser “polícia do mundo” é ter um poder acima dos demais. Se é assim, paciência. Mas eu entendo que não deveria ser assim. O termo “polícia do mundo” revela sim uma desculpa para o abuso de poder econômico, político e militar. Não que isso seja eternamente levado a cabo pelos americanos, mas poderia ser um dia caso aceitássemos conviver sobre a batuta desse termo.
Sobre sua falta de tempo e paciência, não se desculpe. Não sei quanto a você, mas eu estou aqui porque gosto e tenho um prazer imenso em me manter informado. Realmente, nem sempre debater por aqui é prazeiroso, admito.
Então ficamos assim. Você com a sua realidade, soberba e a mania de desqualificar quem pensa diferente de você e eu com a minha opinião pessoal, isenta e intransferível, longe de ser verdade absoluta e perfeitamente contra-argumentável com quem tenha o mínimo de educação e respeito pela opinião alheia.
Um abraço pra você também.
S.A.
Amigos,
Tenho acompanhado o debate seus aqui nos utlimos dias. Debate alias muito bem argumentado pelo dois lados e apesar de nao querer me entrometer na conversa alheia gostaria apenas de ressaltar Bronco que respeito sua opiniao em tudo o que disse mas aponto que esta enganado quando afirma que nao ha uma unica ponte construida, escola ou posto de saude pelas forcas da colalizacao.
Pelo contrario, varios membros de ONGs ja foram mortos e ate capturados nessas obras de infraestrutura financiadas pela comunidade internacional e os EUA em particular, varios soldados medicos ja prestaram milhares de consultas medicas e vacinas e inclusive alguns civis afegaos ja se encontraram ate recebendo tratamento de cancer e cirurgias mais graves nos EUA.
Tenho grandes amigos e mentores que ja serviram, servem ou seguem ano que vem para trabalhar em PRTs (Provincial Reconstruction Teams) que alias nao sao compostos so por militares mas por geologos, agricultores, diplomatas, medicos, especialistas em micro-empresas e comercio so para citar alguns.
Nao da pra contar o tamanho de material escolar, construcao civil e e outras comodidades que ja foram e sao repassadas todos os dias a populacao civil do Afeganistao.
Enfim, gosto muito de sua analise inteligente, mas ao afirmar q
Desculpem, cliquei antes da hora,
…mas ao afirmar que la e so tiro e ocupacao o senhor comete um erro comum de todos aqueles que por hora de nao participarem do conflito ou terem opiniao adquirida por experiencia propria possuem. Tudo bem, e assim mesmo so gostaria de ressaltar que nao baseie tudo em sua opiniao por medio do que le ou ve na TV.
Abracos e Semper Fidelis!
Obrigado pelos esclarecimentos, Marine.
Sendo assim, enxergo a força de coalizão com outros olhos, o que não significa que me coloco a favor da invasão.
Só para esclarecer o meu ponto de vista, minha argumentação anterior foi baseado no último word economic outlook, do FMI, que aponta taxas de crescimento e desenvolvimento abaixos do esperado no afeganistão. Eles crescem sobre uma base irrisória se comparado aos países da região.
O mesmo posso dizer dos dados da OMS, que estão lá no site da instituição, cujos dados mostram que a situação Afegã é tão ruim quanto antes da entrada das forças de coalizão no país.
Igualmente o IDH permanece baixíssimo, segundo o último relatório da ONU.
Da mesma maneira, o Banco Mundial mostra remessas e mais remessas de recursos para o Afeganistão que, ao que tudo indicava, serviria tão somente para financiar a guerra e não o auxílio humanitário.
Agora, com o seu esclarecimento, enriquecendo a discussão, fica tudo um pouco mais claro. Muito embora alguns números permaneçam abaixo do esperado para o país, pode-se pensar que o maior entrave no crescimento do Afeganistão é a própria guerra.
Ademais, a respeito da minha opinião sobre o enfraquecimento dos organismos humanitários foi formada por reportagens que li em tablóides ingleses no início do ano.
Na realidade, mesmo essa visão está contaminada pela crescente rejeição do povo britânico sobre a guerra. Mas, como são organizações idôneas, imaginei que havia algum grau de isenção nas matérias.
Muito obrigado novamente pelos esclarecimentos e perdão se cometi muitos equívocos.
Como disse anteriormente e fiz questão de frisar, essa é apenas a minha visão sobre o TO afegão e está muito longe de ser verdade absoluta.
Um abraço, Marine.
S.A.
Bronco,
E isso mesmo, niveis, indicadores sao numeros elaborados por economistas e outros academicos e apesar que nao discordar do que esta “no papel” principalmente no que diz a “big picture” do teatro afegao, a realidade no campo nao pode ser vista apenas pelo o que tais relatorios apontam.
O Afeganistao e tao atrasado infelizmente que a coalizacao ja comecou la com 1000 anos de atraso e nao serao meros 8 anos que farao a diferenca de agua pra vinho. Indices de desenvolvimento continuarao baixissimos pelos proximos 30 anos ou mais mas nem por isso o povo pode se desencorajar, dinheiro sujo e corrupcao la ja se conhece e ate faz parte da cultura tribal que nao possui nocao de nacao unida, mais uma vez levara tempo para se mudar isso.
Vale lembrar tambem que o Afeganiostao foi um TO esquecido por anos com o Iraque sendo o foco, a maioria dos paises da coalizacao la hoje na verdade so ajudam ou estao la em papel apenas colaborando nada ou o minimo necessario com a seguranca da populacao civil, inclusive tenho amigos que hoje possuem opiniao extremamente derrogatoria das forcas da OTAN, sua vontade e capacidade marcial.
Enfim, o Afeganistao e um TO dificilimo, chego a ter dificuldades de imaginar um mais dificil, ele requer paciencia pra geracoes mas de corta forma encaro isso como um elogio aos EUA, o mundo espera tanto e tao rapido da super-potencia que as vezes se esquecem que suas organizacoes sao compostas por seres humanos tambem e que tudo leva tempo. A expectativa com as capacidades americanas muitas vezes fojem a realidade.
“We have done so well, we have worked ourselves out of a job.”
Semper Fi!