Muito tem se falado recentemente sobre a parceria estratégica do Brasil com a França. Geralmente é mencionada a transferência de tecnologia, a modernização de equipamentos e até a parceria comercial e seus benefícios financeiros para o Brasil, mas fala-se nada ou muito pouco sobre a doutrina militar francesa e uma possivel influência sua nas FAs brasileiras.

Gostaria de tocar no assunto tão pouco debatido e tenho como intenção não uma crítica a determinado país, mas um momento de reflexão para os leitores mais leigos e até militares da ativa brasileiros. De maneira alguma digo que sou expert na matéria, mas trago o ponto de vista de um veterano de combate de alta intensidade, penso que tenho algo a oferecer àqueles que queiram ouvir.

Primeiramente vamos discutir o que é doutrina militar. Antes de tudo vale dizer que influências no processo estratégico são importantes e numerosas, a maioria é relativamente bem conhecida. Um exame detalhado de doutrina militar requer o entendimento de que doutrina tem ou deveria ter um impacto extraordinário no processo estratégico. Doutrina é uma matéria pouco definida, pouco compreendida e quase sempre confusa, apesar de ser de suma importância.

É possível encontrar várias definições de doutrina variando de país a país e corporação a corporação. Talvez a melhor definição, uma que é ao mesmo tempo precisa, lúcida e que não deixa fugir a importância do termo e também uma das mais simples: Doutrina militar é aquilo que acreditamos ser a melhor maneira possível de conduzir assuntos militares.

O uso da palavra “acreditamos” sugere que doutrina é o resultado do exame e interpretação da evidência disponível e também quer dizer que a interpretação está sujeita à mudanças de acordo com novas evidências, circunstâncias e tecnologias que são introduzidas.

A fonte principal de doutrina é a experiencia:: de certa forma doutrina é uma combinação daquilo que foi bem sucedido no passado. Porém, um dos maiores problemas é uma certa tendência dela estagnar-se e aí jaz a preocupação do autor. O pensamento intelectual militar francês não tem sido o estado da arte ou revolucionário há décadas. A experiência francesa após a 1GM reforça a noção do ponto citado, baseados na demonstrada superioridade da defesa durante a guerra das trincheiras, os franceses construíram as fortificações mais elaborados e sofisticadas do mundo, a Linha Maginot. A análise francesa das lições da história no pós-guerra não foi temperada pela mudanca tecnológica dos tempos.

Gostaria de citar alguns exemplos para ilustrar a estagnação ou tendência francesa a não liderar o campo intelectual militar. A Maioria já conhece as lições de 1940 e o fracasso doutrinário e estratégico francês, mas quantos de nós já estudamos sobre as operações francesas contra insurgência na Argélia?

Avancemos um pouco até a Guerra do Golfo, durante a fase da operação “Desert Shield”, o Reino Unido foi capaz de mobilizar 35.000 homens mais rápido do que a Franca foi capaz com seu contigente de 10.000 homens. Entre muitos dos fatores para isso, citados pelos próprios franceses, era uma doutrina logística falha e antiga, em comparação à dos ingleses.

A França em si também não foi a progenitora dos maiores avanços tecnológicos e intelectuais militares dos últimos anos, não foi em seus quartéis que surgiu a ideia e a implantação da debatida “Revolution in Military Affairs”, que sugere conhecimento situacional em tempo real ao comandante, por meios de comunicação, espaciais e inteligência, resumindo o famoso C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento). A França não liderou o emprego e desenvolvimento de UAV e UCAVs, “network-centric warfare”, a tendência mundial de emprego de Brigadas, como as unidades de combate principais hoje, ao invés da Divisão, nanotecnologia, capacidades stealth, robótica.

Em quesitos de guerra assimétrica mais uma vez o pensamento francês também nunca foi tido como o estado-da-arte, sendo os ingleses com suas experiências em Borneo e Irlanda do Norte, Vietnamitas contra os americanos e os próprios franceses e agora os próprios americanos com suas experiencias atuais e a reviravolta do cenário estratégico e tático no Iraque (sem contar as Filipinas e as Guerras das Bananas). Todos esses sao geralmente aceitos como os mais experientes em guerra assimetrica, de maior sucesso e de doutrina mais efetiva.

Vejam bem, esses são apenas exemplos para ilustrarmos o ponto de vista do autor. Mais uma vez quero ressaltar que a França não deixa de ser uma potência militar regional e que muitos países devem invejar suas capacidades. Devemos ressaltar também, como já citou o leitor “Hornet” no blog, que a razão de ser da parceria sempre foi o Submarino Nuclear Brasileiro, a futura jóia da coroa estratégica do país.

Então, partindo da concordância de que a parceria comercial, os equipamentos e a transferência de tecnologia são excelentes e de suma importância para o Brasil, o que se diz da parceria estratégica militarmente falando e do risco da absorção de uma doutrina e pensamento militar não acostumado a ser o progenitor de revoluções intelectuais e doutrinárias?

Aproveitemos o conhecimento tecnológico que virá, os equipamentos e sistemas de armas em si, mas devemos ter cuidado com a influência doutrinária. Afinal, já tivemos a influência francesa antes e constatamos que tal doutrina estava defasada e derrotada nos campos europeus. Tivemos que reaprender tudo, desde as organizações de pelotões, até as divisões às pressas com os EUA, durante a mobilização da FEB.

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Paulo Renato
Paulo Renato
15 anos atrás

Uma pergunta off topic, gostaria que alguém me podesse responder.

A França tem armamentos de qualidade para equipar nosso EB ???
Blindados, fuzil etc…

Gostaria de uma resposta dos colegas !!!!

Pq quando sair as compras para o Eb deve ser tudo da terra de Napoleão.

Abs.

Colt
15 anos atrás

Ótimo texto Marine.
Acredito que a maior experiência norte americana em conflitos traz uma seleção natural da melhor doutrina militar.
A exposição é totalmente pertinente uma vez que escolhemos o caminho da cooperação com os Franceses.
Como em qualquer caminho escolhido, é necessário periodicamente estar reavaliando a correção das escolhas, os ganhos realizados, o cumprimento das metas estabelecidas e a necessidade de mudança de rumos.
Uma análise como esta nos lembra que muito embora os Franceses tenham tecnologia militar que nós não temos, isso não significa que podemos entender que sua doutrina é adequada.
É um alerta importante.

Felipe Cps
Felipe Cps
15 anos atrás

Ah só esqueci de mencionar o seguinte, em relação ao post: o Exército Franco-Brasileiro da década de 20 só era bom em duas coisas: caçar cangaceiro e se amotinar.

Sds.

Felipe Cps
Felipe Cps
15 anos atrás

Paulo Renato: o material do Exército Brasileiro só será francês se der lucro pra Odebrecht e grana pro caixa da campanha dos “cumpanheiro” do ano que vem. Se não, pode ser americano mesmo.

Mas fuzil por fuzil, sou mais um pequeno país ao norte da França…

Sds.

Tiago Jeronimo
Tiago Jeronimo
15 anos atrás

Muito bom o texto marine e muito bem lembrado, como exemplo do que você falou podemos usar o 1º GDA que com o treinamento em Dijon para o uso dos Mirage III absorveu em parte se não a doutrina francesa pelo menos expressões que até hoje são usadas pelos pilotos do 1º GDA e que diferem dos outros esquadrões de caça que usam equipamento americano.

Igor
Igor
15 anos atrás

Acho difícil mudar pelo menos a curto/médio prazo. Brasil já fez sua escolha pela escola americana e doutrina não se muda da noite p/ dia.

FRED
15 anos atrás

Marine, primeiramente gostaria de parabenisá-lo pelo seu post, eficiente e claro.

Então, após a leitura do texto fiquei com a seguinte dúvida, você menciona a guerra assimétrica da Argélia, mas segundo literatura que tive a sorte de ter em mãos e algumas mais na net, boa parte da doutrina americana na pacificação do Iraque não foi, pelo menos em parte, orinda do pensamento do ten. col. francês argelino David Galula do seu Counter-Insurgency Warfare, T & P?

http://www.defesanet.com.br/zz/war_fm3-24.htm

Sim, sei da grande resistência inicial do oficialato francês a teoria de um jovem capitão, mas sabemos também que a grande maioria do oficialato (não importando de que país) é, no mínimo, reticente quanto a mudanças de doutrinas estabelecidas, mesmo quando estas não funcionam. 😉

Forte Abraço

Fred

Hardy Har Har
Hardy Har Har
15 anos atrás

De fato a escolha da França é inadequada. Pior que isso só se o Brasil optasse pela influência americana:

“The Cost of a Diverse Naval Academy”
By BRUCE FLEMING
Published 06/14/09
Annapolis Capital

http://www.hometownannapolis.com/news/opn/2009/06/14-47/Guest-Column-The-cost-of-a-diverse-Naval-Academy.html

Extrato:

———————————–
The Chief of Naval Operations Adm. Gary Roughead announced in Annapolis recently that “diversity is the number one priority” at the Naval Academy. …

The stunning revelation last week was that the Naval Academy had an incoming class that was “more diverse” than ever before: 35 percent minority.

Sounds good, only this comes with a huge price tag. It’s taxpayers who bankroll the military. Yet nobody has asked us if we’re willing to pay this price. Instead we’re being told there is no price to pay at all. If you believe that, you probably also believe in the Tooth Fairy.

A “diverse” class does not mean the Naval Academy recruits violinists, or older students (they can’t be 23 on Induction Day), or gay people (who are thrown out) or foreign students (other than the dozen or so sent by client governments).

It means applicants checked a box on their application that says they are Hispanic, African American, Native American, and now, since my time on the Admissions Board of the Academy, where I’ve taught for 22 years, Asians.

Midshipmen are admitted by two tracks. White applicants out of high school who are not also athletic recruits typically need grades of A and B and minimum SAT scores of 600 on each part for the Board to vote them “qualified.” Athletics and leadership also count.

A vote of “qualified” for a white applicant doesn’t mean s/he’s coming, only that he or she can compete to win the “slate” of up to 10 nominations that (most typically) a Congress(wo)man draws up. That means that nine “qualified” white applicants are rejected. SAT scores below 600 or C grades almost always produce a vote of “not qualified” for white applicants.

Not so for an applicant who self-identifies as one of the minorities who are our “number one priority.” For them, another set of rules apply. Their cases are briefed separately to the board, and SAT scores to the mid-500s with quite a few Cs in classes (and no visible athletics or leadership) typically produce a vote of “qualified” for them, with direct admission to Annapolis. They’re in, and are given a pro forma nomination to make it legit.

Minority applicants with scores and grades down to the 300s with Cs and Ds (and no particular leadership or athletics) also come, though after a remedial year at our taxpayer-supported remedial school, the Naval Academy Preparatory School.

By using NAPS as a feeder, we’ve virtually eliminated all competition for “diverse” candidates: in theory they have to get a C average at NAPS to come to USNA, but this is regularly re-negotiated.

All this is probably unconstitutional. That’s what the Supreme Court said about the University of Michigan’s two-track admissions in 2003.

Once at Annapolis, “diverse” midshipmen are over-represented in our pre-college classes, in lower-track courses, in mandatory tutoring programs and less challenging majors. Many struggle to master basic concepts. (I teach some of these courses.)

Of course, some minority students are stellar, but they’re the exception. Despite being dragged toward the finish line, minorities graduate at about a 10 percent lower rate than the whole class, which of course includes them (so the real split is greater).
———————————–

Os EUA vivem seu momento de revolução marxista onde “grupos étnicos” tomaram o lugar das antigas “classes sociais”. Depender estrategicamente de um pais caminhando para a desintegração econômica, social e política seria de uma burrice extrema. O Brasil pode não ser o país do futuro, mas os EUA são certamente o país do passado.

FRED
15 anos atrás

errata, parabenizá-lo, é o que dar escrever sem ler. 🙂

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Marine,

muito bom o texto, esclarecedor como sempre. Parabéns mais uma vez!

E no caso do acordo do Brasil com a França, e como eu disse, o prof. Raza já disse também, enfim…todos sabem isso hoje: a questão que pesou mais, que foi o definidor, foi o submarino nuclear. Mas existe uma má compreesão sobre isso, que estou lendo em comentários de outros colegas.

Existem colegas que estão achando que por causa do sub nuc a França está IMPONDO os demais equipamentos. Não é nada disso.

O acordo faz naturalmente com que a França seja a preferida pelo Brasil (e vice versa), por uma questão de confiança mútua (é uma aliança binacional). E apenas isso. Não há imposição alguma. O Brasil escolhe os equipamentos dentro de suas necessidades e possibilidades. No entanto, como no caso do FX2, não dá pra fechar os olhos e fingir que não temos um acordo estratégico com a França, porque temos um acordo estratégico com a França. E precisamos observar as vantagens que esse acordo nos proporciona antes de qualquer outra coisa. Acho que este ponto está mal resolvido na cabeça do pessoal. Estou aproveitando a oportunidade para esclarecer isso também.

O intento do Brasil é ser uma potência regional, do cone sul, em médio prazo. A França, neste sentido, pode nos dar o que desejamos, pois se a França não é, militarmente falando, uma potência do tamanho dos EUA (mas quem o é? Hoje em dia ninguém), é ainda uma potência militar nuclear de muito respeito e é um país dos mais influentes em todo o mundo. Politicamente e culturalmente falando, a França ainda é a França. E isso pesa também a nosso favor, no contexto mundial. Enfim…tem muitos prós e contras, não é mesmo?! Mas acho que do ponto de vista estratégico-político, existem mais prós do que contras. Já do ponto de vista estritamente militar, seu texto é esclarecedor.

abração e parabéns uma vez mais!

Repsol
Repsol
15 anos atrás

Paulo Renato.
Eu gostaria de ver os FAMAS (fuzis) no EB, hahaha.
Ele é usado na legião estrangeira na amazônia da guiana pow, acho que não ia ter problemas de uso no EB, sei la.
abrçs.

Hornet
Hornet
15 anos atrás

“Os EUA vivem seu momento de revolução marxista onde “grupos étnicos” tomaram o lugar das antigas “classes sociais”.”

??????????????????

Não entendi isso aí, não.

E os EUA estão “caminhando para a desintegração econômica, social e política”?

Estão?!!! Num sabia, não…

enfim…

abraços a todos

WHERMARCHT
WHERMARCHT
15 anos atrás

Franca eo 3 maior pais que deten tecnologia militar e unico dese que apesar do pros e contras se aprocimo de forma aberta
ja o PAIS QUE VC DEFENDE por todo ese tempo tao so foi holyowood pros brasileiros ai
nao vejo pq deveriamos continua no molde dele
esa atitude do governo foi bem sensata coisa que o FHC fantoche ai do PAIS que vc Serve NUNCA FARIA
Brasil tem maturidade de seguir o caminho mais conveniente ,esa maturidade foi conseguida gracas ese belo exemplo que ese Pais que VC SERVE deu

Estranho
Estranho
15 anos atrás

Muito bom o texto.

Uma coisa é comprar equipamento militar, outra coisa é usar a doutrina militar de outro país.
No caso Sivam o equipamento francês era mais barato e ou igual, ou superior ao do americano.
Eles possuem bombas nucleares e um caça de ponta.

Os americanos estão levando uma surra no Afeganistão e apanharam e apanham feio no Iraque. Só no afeganistão tem mais de 200 casos de suicídio. Agora os equipamentos deles não são bons? A doutrina pode ser uma furada, mas não quer dizer que os equipamentos sejam inadequados.

Existe uma velha frase: “Uma arma não mata ninguém, quem mata e o homem que aperta o gatilho.”

Os alemães tinham um excelente exército com grandes generais mas seguiram um louco e deu no que deu.
Os Israelenses tinham menos equipamentos e de inferior qualidade, mas ganharam com certa facilidade e os equipamentos não eram deles.

DV
DV
15 anos atrás

O texto tem razão ao afirmar que a compra de materiais não deve, necessariamente, traduzir-se em importação acrítica de doutrina.

De resto, acho que as FA’s brasileiras não devem ter doutrina francesa, alemã ou estadunidense, mas doutrina brasileira. Inspiração externa, observação e comparação; absolutamente sim. Mera absorção, não. Nosso TO será sempre diferente dos demais, com particularidades importantes.

É importante lembrar também que, modestamente e apesar de nossa história recente pacífica (ainda bem!!), temos alguns núcleos de excelência em nichos específicos de doutrina tática, como combate de selva ou urbano. Além disso, e apesar da falta de equipamento, não acho que fizemos feio no Haiti. Quanto menos notícia aparece no jornal, maior é o sucesso de uma força de manutenção da paz.

Dalton
Dalton
15 anos atrás

Nao acho que os EUA estejam apanhando feio no Iraque.

Na verdade a guerra já acabou faz tempo e Saddam nem está mais vivo.
O que há é uma guerra civil, e os EUA há muito já haviam se comprometido em deixar o Iraque, apenas com a adm Obama o farão mais rapidamente.

Para aqueles que acham que os EUA invadiram o Iraque apenas por petroleo, recomendo rever o que o Saddam andou fazendo depois que foi expulso do Kuwait…ele poderia ter sossegado, como fez o Khadafi mas resolveu partir para a provocaçao pura, deu no que deu.

Quanto ao Afeganistao, esta sim é uma guerra contra o “terror”, da qual até a França participa, com poucos recursos evidente, mas participa pois sabe que alguma coisa precisava e precisa ser feita e jamais saberemos quantos “atentados” foram impedidos graças a este combate contra o fundamentalismo islamico.

Bin Laden continua vivo, porém suas açoes foram no mínimo muito reduzidas.

sds

John
15 anos atrás

Correção de 2003 a 2007 era no Iraque.

John
15 anos atrás

Que surra estão levado no afeganistão,de 2003 a inicio de 2007 eram em média 150 carros Bombas”atentados” por dia ,para 10 por mês de 2007 a 2008 ainda estão levando surra.Como em Argel, Doutrina Francesa igual as derrotas na indochina,vietnan,na Argélia,redição ao nazismo,so ficam lamentado suas baixas,onde mantém o controle no afeganistão,quem faz a diferança no afeganistão é EUA,INGLATERRA,ALEMANHA,Canada,talvez Italia,viu o que fizeram com os Argentinos na MAlVINAS,EXXCET.AS EX colonias Francesas são um MAR DE ROSA, Invadinos O URUGUAI,PARAGUAI alias acabamos com o PARAGUAI.Somos “pacifico” um dos país mais violentos do mundo.

LBacelar
LBacelar
15 anos atrás

“…mas devemos ter cuidado com a influência doutrinária. Afinal, já tivemos a influência francesa antes e constatamos que tal doutrina estava defasada e derrotada nos campos europeus. Tivemos que reaprender tudo, desde as organizações de pelotões, até as divisões às pressas com os EUA, durante a mobilização da FEB.”

Eu tirei o trecho acima do seu texto marine como exemplo, mas eu diversas citações que são expostas mas sem expor tbm a causa e juízo, acabando por desmoralizar demais as FA’s de um país que sem duvida é uma potencia, não regional, as mundial. No caso citado acima, realmente, o Brasil estava doutrinado pela escola de armas francesa, porém vc só esqueceu de dizer que era a escola francesa do séc. XIX sendo assim era natural que as táticas estivessem defazadas. Na 1ª guerra do golfo, houve um problema devido ao governo francês não estar tão alinhado a OTAN na pratica, como deveria estar na teoria, logo se entende o porque da demora da mobilização.

Nós brasileiros não precisamos de doutrinas estrangeiras, não somos um povo aguerrido que invade países soberanos só por que estamos interessados nas reservas de petroleo dele. Sendo assim devemos criar a nossa doutrina, nos preparar de acordo com o nosso TO, de acordo com o nosso território. A realidade não é tão simples assim, cito por exemplo o fiasco americano na somália… No mesmo chifre da africa, tropas francesas do 13° DBLE (Legião Estrangeira Francesa) mantém bases e faz um serviço de defesa e segurança impecável. No Chade, que lembra muito o terreno afegão, e inclusive teve diversos conflitos parecidos, as tropas francesas mantém a situação sobre controle. Enquanto isso os americanos morrem no Afeganistão e pedem ajuda de países sem qualquer preparo para um conflito desse escopo, como Geórgia e Colômbia.

Eu entendi o teu pensamento à ser exposto, mas acho que vc foi infeliz, pois as FA’s Brasileiras só buscam parcerias nas areas que nos faltam, ou seja, desenvolvimento tecnologico.

Felipe Cps
Felipe Cps
15 anos atrás

Excelente texto Marine.

Estou falando em termos de Exército Brasileiro ok? Das outras Forças honestamente não sei.

O Exército Brasileiro tem uma doutrina própria de emprego, que tem algumas semelhanças com a doutrina estadunidense. Por exemplo, o emprego da Brigada como grande unidade mais ou menos independente (depende um pouco da arma). O fracionamento das unidades (Batalhão/Regimento) em Companhias, Pelotões e Grupos de Combate. A composição de GCs e Pelotões com um mínimo de apoio de fogos. Muito do material bélico empregado é igual ou semelhante. Vai por aí.

Mas as semelhanças param por aí. O Exército Brasileiro é composto em sua base por conscritos e nada indica que isso mudará no médio prazo. Os técnicos e graduados ainda tem poderes limitados e menos atribuições em comparação com os Oficiais. Enfim, são enormes diferenças, a maior parte delas definidas pela imensa disparidade em termos de meios e pela necessidade de inserção do Exército no âmbito social.

Por outro lado temos centros de excelência que, se não vivem uma situação ideal em termos de meios, chegam próximos, servindo ao menos para manter e experimentar doutrinas de emprego mais elaboradas. E temos algumas soluções sui generis para problemas locais que são realmente geniais, dos quais o maior exemplo é a doutrina de guerra na selva, de guerra na caatinga e, mais modernamente, o emprego maciço de meios aéreos (especialmente helicópteros) e navais (lanchas leves) para deslocamento em terrenos difíceis, em grande profundidade, e em teatro de emprego contra-guerrilha.

Mas o fato é que doutrina se cria com a prática e não temos tido (ainda bem) muitas oportunidades de praticar nas últimas décadas. As poucas oportunidades que aparecem o Exército Brasileiro tem se esmerado por utilizá-las para criar/melhorar sua doutrina. O Haiti é um exemplo: desde o começo da MINUSTAH diversas unidades foram enviadas para lá, com o fito de conhecerem situação próxima da real situação de emprego.

O Exército Brasileiro percebeu ainda antes do Haiti, por exemplo, que a opção por Carros de Combate pesados e pela Infantaria Blindada como meio principal de choque não faz mais sentido, do ponto de vista da relação custo/benefício (para uma Força com recursos limitados, para dizer o mínimo), diante da evolução dos meios aéreos.

Com efeito, o custo para se manter uma Cavalaria Blindada Pesada e uma Infantaria Blindada não compensam a diminuta possibilidade de emprego, sempre levando-se em conta a imensa mobilidade e poder de choque dos meios aéreos anti-carros. A opção brasileira por CCs mais leves (Leopard), e pelo abandono de VBTPs sobre lagartas (desistência da modernização dos M-113), e o incremento das aquisições de helicópteros de transporte ou de emprego múltiplo, refletem essa descoberta.

No mais, não acho que haja uma “doutrina francesa”. O que há, de fato, é a tendência de todas as FFAA do globo de copiar em maior ou menor grau as lições das Forças que estão em constante combate, notadamente as estadunidense e anglo-saxônicas.

O que o Brasil precisa fazer (e o EB em especial) é aproveitar as oportunidades que tiver para modificar estruturas, mas sem tentar “copiar” o modelo anglo-americano, até porque nossas possibilidades de emprego e a quantidade de teatros operacionais prováveis são imensamente menores em comparação com as deles. Temos que tentar é adaptar a Força Terrestre às nossas necessidades, e fazê-lo com perfeição, no estado da arte, pois não temos nem recursos nem necessidade geopolítica de projetar em larga escala nossas forças além de nosso território, salvo emprego de pequenos contingentes em operações de paz.

Abraços.

Samuel
Samuel
15 anos atrás

O fato do Brasil ter com a França uma cooperação estratégica de fato muda as coisas. Vimos uma outra via para que cheguemos ao patamar de potência regional, sem necessariamente corrermos para os pólos tradicionais, EUA e Rússia. Tal como fizeram Chaves e Uribe. Estamos seguindo uma terceira via, uma pavimentada por nós mesmos, mais com ajuda dos franceses. O Brasil sempre, em suas relações internacionais, busca a desvinculação de seu discurso com a política externa norte-americana, pelo fato de sermos diferentes e termos interesses diversos, simples.
Buscamos um avanço tecnológico e um reforço me nosso parque industrial, e para tanto fora estabelecida uma parceria com os franceses, fato é que os norte-americanos não estão dispostos, e nunca estiveram, a nos dar esse empurrãozinho.
O PND está direcionando as decisões na área militar, visando o desenvolvimento de uma doutrina brasileira. A qual levará um bom tempo para estar madura. Os equipamentos franceses são de qualidade e nos servirão a contento.

GERSON VICTORIO
GERSON VICTORIO
15 anos atrás

Marine,

primeiramente meus parabéns….muito interessante o tema e sua abordagem que nos faz repletir um pouco sobre estratégias e esquecer um pouco o Hardware.

Felipe Cps,

belo post!!…resumiu bem a ideia daquilo que acredito ser nosso Exército.

Gerson

Soldier
Soldier
15 anos atrás

Excelente texto.

Más temos que relevar também que a campanha americana no Iraque não foi coberto de sucesso por muitos erros na condução do pós guerra. Um deles foi desmontar o setor público Iraquiano como professores, funcionários públicos administrativos de médio e auto nível e até mesmo as FFAA’s foram desmobilizadas deixando pessoal militar (bem treinados ou não) totalemente livres para “combater” juntos com os insurgentes. Nem mesmo os museus e sítios históricos do Iraque foram preservados deixando que saqueadores quebrassem ou roubassem para todo o sempre relíquias da antiguidade principalmente dos povos persas e mesopotâmicos.

Somente com a chegada do Gen. David Petraeus é que realmente algo de proveitoso foi feito no Iraque e com grande sucesso como a diminuição dos atentados que chagava a ceifar mais de 100 vidas por dia…

Os EUA são a tropa mais bem preparada do planeta e concordo com isso. Más devo lembrar a todos que eles entram em conflitos praticamente de 10 em 10 anos.

Desse jeito…

Marine
Marine
15 anos atrás

Fred,

Desconheco o oficial frances citado por voce, mas o ponto e que com certeza houve franceses que tinham a nocao correta do que fazer na Argelia, o problema e que o alto-comando e por definicao a doutrina francesa simplismente nao funcionou na Argelia da mesma maneira que os sovieticos agiram no Afeganistao.

Felipe Cps e Hornet,

Excelente o comentario seus!

Soldier,

Voce esta absolutamente correto com relacao ao Iraque, a partir de 2006 quando estive la houve uma enfase enorme para a reducao de baixas civis na populacao e a partir do famoso “surge” fomos capazes de finalmente estarmos presentes em areas e proteger a populacao de ataques suicidas de forma que nunca fomos capazes antes por falta de efetivo. Segue-se a mesma formula hoje no Afeganistao, se sera efetiva ou nao so o tempo dira…

Sds a todos!

Wolfpack
Wolfpack
15 anos atrás

Marine,
Admiro seu ponto de vista e o respeito, niguém melhor para falar de doutrina militar do que quem já viveu o dia a dia de prpeparação, mais preparação, treinamentos e mais treinamentos e o combate real nas Forças Americanas.
Porém, não acredito que as Forças Brasileiras apresentam como objetivo importar doutrina Francesa, Sueca, Alemã, Inglesa ou Americana. Nossas FFAA apresentam tantas diferenças com estas forças citadas que torna difícil qualquer comparação.
O Brasil está firmando um acordo estratégico com a França mais vinculado ao fornecimento de uma tecnologia que outros países não demonstram ofertar neste momento. A troca é dinheiro por tecnologia, equipamento, e não vejo o queijo e o vinho se tornando obrigatório do rancho dos Oficiais do Exército, Aeronáutica ou Marinha. Muito pelo contrário, o que o Brasil está interessado é na eficiência do equipamento Francês, sua confiabilidade e disponibilidade. Você citou os Ingleses como um exemplo para uma boa doutrina militar, sua prontidão em se prepararem para um conflito de forma rápida na primeira Guerra do Golfo, mas não levou em consideração as falhas grave de confiabilidade de equipamentos apresentada pelas forças inglesas, principalmente ao conflito entre os motores dos Challengers com a areia do deserto e as constantes reclamações da tropa quanto as falhas do fuzil Enfield SA80 em combate. Os equipamentos Franceses não falharam em nenhum dos lados do conflito.
Nossas FFAA estão interessadas nos equipamentos e tecnologia, a doutrina, temos que desenvolver a nossa própria doutrina e não ser influenciado por A, B ou C.
Na Segunda Guerra a Wehrmacht surprendeu a todos com sua doutrina e Guerra dinâmica, Guerra móvel e rápida, teria tido o mesmo sucesso sobre os Britânicos e Americanos se estes fizem fronteira com a Alemanha, e só foram parados na Guerra Assimétrica de Stalingrado, até então todos cairam aos pés dos Alemães, e a Gran Bretanha ficou muito próximo de ser invadida pelas tropas de Hitler na Operação Leão Marinho, mas este desistiu pela alegação de Goering de que iria acabar com as Forças Britânicas com a Luftwaffe. Todos sabemos o que aconteceu. E a doutrina Britânica foi colocada a prova no Norte da África na WWII e no capítulo Gallipoli WWI.
Além do mais penso que uma doutrina deva ser adaptativa ao meio ambiente, formação educacional das tropas, recursos e estrutura de materiais. Impossível se importar a cartilha de A, B ou C e colocá-la para funcionar no Agreste.
Abs

Li_ne
Li_ne
15 anos atrás

Primeiramente, parabéns pelo post, Marine!

Realmente você nos fez refletir sobre a questão doutrinária militar e também estratégica da França e do nosso Brasil. Espero que todos gostem, entendam o ponto de vista do nosso autor e amigo e complementem o post, contribuindo para maior riqueza de detalhes sobre o assunto abordado.

Um abraço da amiga Li_ne.

Semper fi!

Wolfpack
Wolfpack
15 anos atrás

Pessoal,
Atenção para o novo fuzil Imbel abaixo:
http://sistemasdearmas.blogspot.com/
Abs

Dalton
Dalton
15 anos atrás

Wolfpack…

uma coisa digo com certeza: se os americanos tivessem um vizinho problematico e poderoso como a Alemanha nazista, eles nao teriam esperado pelo setembro de 1939 para dar inicio a um programa de construçao armamentista sem pareo na historia e que foi muito aumentado após Pearl harbor.

abraços

Marlon
Marlon
15 anos atrás

Interessante o texto. Só gostaria de lembrar que, em tempos mais remotos, a França revolucionou sim a doutrina militar.
Alguém aí já ouviu falar em Napoleão Bonaparte?

Lucas Calabrio
Lucas Calabrio
15 anos atrás

Prezado Marine
Post muito interessante, e meus parabéns!
Marine sou civil e portanto curioso e muito provavelmente um palpiteiro ( me esforço para não ser), mas salvo engano para cada situação utiliza-se determinada estratégia para alcançar o seu objetivo que é a eliminação do problema.
Colocastes as seguintes definições:
1-Doutrina militar é aquilo que acreditamos ser a melhor maneira possível de conduzir assuntos militares.
2-A fonte principal de doutrina é a experiência

O estudo da história militar das nações que se tornaram potências, se faz necessário para observações dos erros e acertos, mas necessário é observar os erros, pois são nos erros que tiramos muitos ensinamentos importantes, e através dela vemos quem nos influenciou em determinada época e salvo engano temos influência norte-americana desde o inicio da II GM.

Iraque enterra doutrina militar ‘pós-moderna’
http://www.msia.org.br/assuntos-asuntos-estrat-gicos/80.html

Abraço

Ivan
Ivan
15 anos atrás

Marine,

Parabéns pelo texto sensato.
Os grandes soldados da história foram aqueles que reuniram a cultura e a experiência profissional (de combate).

Concordo com sua preocupação.
A doutrina francesa desde o final da I Grande Guerra sempre esteve no mínimo uma guerra atrasada.
Vc deu alguns exemplos, mas vou enfatizar um que sempre me deixou intrigado.
Na II Grande Guerra a França estava pronta para lutar a I Grande Guerra novamente. Por esta razão foi derrotada. Tinha bons carros de combate como os Char B e Reanout FT, em quantidade semelhante aos alemães (talvez maior) e com poder de fogo equivalente (talves maios). Errou na Doutrina, diluindo os tanques em apoio a infantaria estática e entrincheirada…
Os carros de combate são planejados levando em consideração 3 (três) aptidões: Blindagem, Poder de Fogo e Mobilidade.
Então os franceses entederam que a culpa era do carro de combate deles e construíram no pós guerra o AMX-30, um MBT de 36 toneladas que priorizava a mobilidade. Novamente estavam se preparando para lutar a guerra passada.
Com as guerras blindadas ocorridas após 1945 se verificou a enorme necessidade de equilíbrio dos MBT, com um cuidado especial na blindagem, pois a Europa Ocidental teria que se preparar para lutar uma guerra defensiva.
Hoje estão com o Leclerc, mas anos após os Chieftain, Chalenger, Leopard II e Abrams. Atrasado portanto.
Ainda assim, sua força blindada NÃO tem um VBCI para acompanhar os Leclerc, nem mesmo ums velhos Marden alemães. MBT sem VBCI? Estão de brincadeira. Armas combinadas? Só de ouvir falar.
O EB, que não tem VBCI por falta de dinheiro, ao menos sabe da necessidade de mesclar as armas, pela própria formação dos RCB (Regimentos de Cavalaria Blindada) com “Velhos Tanques” e igualmente “velhos M-113”.

Não ter guerra para treinar, me desculpem, não é desculpa.
A Suécia “tá” sem guerras a um bom tempo mas todos ‘percebem’ que ela está “sempre” atualizando sua doutrina de combate, de acordo com as constantes mudanças do mercado… desculpem, do cenário projetado.
Claro que a doutrina Sueca é boa para a Suécia.

O assunto DOUTRINA merece ser mais discutido, e um boa fonte de debate é a experiência árabe-israelense, mas fica para outra hora.

Lucas Calabrio
Lucas Calabrio
15 anos atrás

Prezado Hardy Har Har

Tenho a seguinte percepção: o processo do declínio do império norte-americano já teve o seu ínicio,e acredito que começou no Vietnã junto com o caso Watergate.
Abraço

Carlos .50
Carlos .50
15 anos atrás

O problema é a falta de opção.

Os EUA é a ÚNICA AMEAÇA real de invadir,ocupar para Rapinar nossas riquezas.

A IV frota dos EUA de um lado e as Bases Colombianas do outro lado.

Nos invadirem para Rapinar,é questão estratégica de “Quando e Como”.

Lucas Calabrio
Lucas Calabrio
15 anos atrás

Prezados
site muito interessante
http://www.esg.br/uploads/2008/12/resg-46.pdf

Alex
Alex
15 anos atrás

Querer ilustrar uma suposta inferioridade francesa em doutrina militar, usando como exemplo a doutrina francesa na segunda guerra é no mínimo tendencioso, ainda mais quando o autor do texto tenta elogiar a doutrina militar britanica, não podemos nos esquecer que a doutrina militar inglesa não era muito diferente dos franceses no início da segunda guerra, aliás quem foi também humilhantemente derrotado na França junto com os franceses, usando uma doutrina militar similar? Aliás só não foram também invadidos pela Alemanha simplesmente porque a Inglaterra é uma ilha e a Alemanha não tinha os meios materiais para isso. Exemplos bem sucedidos e fracassos das doutrinas militares dos diversos países podem nos mostrar que nenhum é perfeito, o que falar sobre a estratégia norte-americana no vietnan se é para pinçar exemplos pontuais do passado para dizer que esse ou aquele país possui uma doutrina militar superior ou inferior? Se formos pensar assim, eu poderia argumentar que a doutrina militar americana é altamente limitada também se considerarmos o enorme poder militar norte-americano e os resultados obtidos no vietnan, no Iraque e Afeganistão, considerando quais eram seus objetivos ao intervirem e o que de fato conseguiram. Agora deixando de lado a quuestão de doutrina militar inferior ou superior de determinado país, que para mim na verdade esconde muito mais posicionamento ideológico disfarçado de argumento técnico militar, considero que a opção da França como parceiro estratégico, é acertada, dentro da minha visão de mundo( portanto não tento aqui esconder meus posicionamentos idelogicos por traz de um tecnicismo militar), no que se refere á um princípio de não-alinhamento e neutralidade, penso que o Brasil busca se afirmar como potência regional(embora eu ache que esteja longe disso), mas tentando adotar uma política de neutralidade e independência, neste sentido considero que a França no pós-guerra, principalmente após avaliar seus equívocos nas guerra coloniais(Vietnan e Argélia), adotou uma política similar de independencia militar e política e criando os meios militares para isso. Considero assim que o pensamento estratégico doutrinário militar francês, vai de encontro a percepção de que tipo de potência regional desejamos ser. Agora se queremos simplesmente adotar uma versão tropical do Big Stick e nos tornarmos um país intervencionista que tentar resolver os conflitos primeiramente pela força, então neste caso, acho que a doutrina norte-americana seria perfeita, mas sinceramente não é essa ideologia que quero ver no Brasil no futuro, até porque nao teriamos os ilimitados recursos militares da águia do norte.

Hardy Har Har
Hardy Har Har
15 anos atrás

Prezado Lucas Calabrio,

Desculpe pelo uso das siglas. Sua identificação foi precisa. Note que uso o MCPON como representante de um conjunto abrangente de militares com elevada capacitação profissional cuja escolha por mérito está seriamente comprometida.

Do que cito nos comentários acima o mais bem documentado é o caso Ricci (discriminação na promoção de bombeiros – ver opiniões de Alito e Scalia para ter uma idéia precisa do que está acontecendo), porém mais nociva e menos conhecida é a magnitude da discriminação no ingresso nas carreiras de “colarinho azul.” Uma vez discriminando no acesso a uma carreira não existe necessidade de discriminar nas promoções (como ocorreu no caso Ricci). Num país cujos princípios formativos são fruto direto da forma de pensar britãnica, ceifar a carreira (e a oportunidade de uma vida digna como a que está tendo o Marine) de um conjunto imenso de cidadãos hábeis unicamente por terem descendência européia se revelará catastrófico. E volto a dizer isso é somente um dos vários componentes do quadro de instabilidade americano.

Cap Gancho
Cap Gancho
15 anos atrás

Caro Lucas Calabrio.

Faltou este assunto a ser abordado:

A INDUSTRIA DAS GUERRAS:Muitos Negócios, LUCROS Fartos e 100% Garantidos pelo FED(Banco Central dos EUA)

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/09/454695.shtml

Os atentados de 11 de Setembro as Torres gêmeas,foram alertados 3 meses antes(Vários e Fortes indícios e movimentos) a Camarilha do G.Bush nada fizeram para impedir.

Tanto que sabiam,que 2 meses antes dos atentados, os Donos das torres gêmeas fireram um SEGURO de MAIS 3 BILHÕES de Dólares.

Roberto Valadares Caiafa
15 anos atrás

Caros amigos

A 15 anos, espaços de discussão como este simplesmente nem existiam. A 15 anos, programas de reaparelhamento das FAs BR sequer seriam tidos como possíveis.

Evoluímos, e sim, temos doutrina. E temos muitas incoerências nesta doutrina. Queremos ter uma aviação naval de asas fixas, mas temos um porta-aviões de 1963 e caças de ataque leve analógicos fabricados em 1977. Um navio francês operando aviões americanos (isso quando funciona).

Operamos blindados M-60 no EB, mas todo mundo sabe que os Leopard são muito melhores. Os M-60 só vieram por que foi uma compra de governo a governo, na era FHC. Virou uma bela “encrenca”, já que são duas linhas logísticas completamente diferentes. e descobrimos que nossos vetustos M-113 de transporte de infantaria blindada mecanizada não conseguem sequer acompanhar os Leopard nos deslocamentos, simplesmente por que são lerdos demais…

Na FAB, temos os Mirage 2000 comprados de ocasião e de segunda mão, com mísseis que são comprovadamente obsoletos (Magic 2 e Super 530D) e manutenção complexa. Deve-se ressaltar que a disponibilidade dos F-2000 só melhorou depois da contratação de um serviço de manutenção door to door com a Dassault, Thales e Snecma, a peso de ouro, e isso para manter 12 aviões, para disponibilidade de oito na rampa…

Para ter doutrina, precisamos parar de balançar como folhas de bananeiras ao sabor do vento. É um tal de “maria vai com as outras…”, Ministro da Defesa que tumultua processo de licitação, Presidente que faz festa com petróleo que nem jorrou ainda, etc.

Falta-nos não a doutrina, mas vergonha na cara, principalmente de nossos dignatários líderes do legislativo, do executivo e do judiciário. estes sim, são os principais culpados das desgraças nacionais. E o principal culpado, o grande vilão, se auto intitula “povo brasileiro”, e a forma de se consagrar a culpa do “povo brasileiro” é o tal de “voto obrigatório”.

Fim do voto obrigatório, e aí teremos doutrina. O resto é papo furado de estrategista de escrivaninha……

konner
konner
15 anos atrás

[” Felipe Cps em 18 set, 2009 às 10:02 “]

BRAVO !! BRAVO !! BRAVO !!

Lucas Calabrio
Lucas Calabrio
15 anos atrás

Prezado Hardy Har Har
Essas siglas comentadas são as seguintes?
MCPON = Master Chief Petty Officer of the Navy
SCOTUS = Supreme Court of the United States
Sds

slmp
15 anos atrás

Estou de pleno acordo com o discurso sobre doutrina militar independente do material bélico que devamos utilizar,sempre tendo em mente que ter armas de países que de subito podem impedir-nos de
adquirir componentes vitais para plena utilização,são um empecilho,
nos faz pensar cada vez mais valorizar nossa “inteligentsia”,como soe a uma nação que se destina em breve a despontar entre as maiores potências do planeta.Por isto entre outros motivos sou simpatizante
das opiniões de:
DV , LBacelar ,Felipe e Wolfpack em 18 set.

Leco
Leco
15 anos atrás

A doutrina ‘americana’ do exército brasileiro que substituiu a francesa só foi boa numa coisa: golpes militares, toturas de cidãos brasileiros e censura à imprensa e aos artistas….

Isso é que é ‘doutrina’ boa !!!!!

Leco
Leco
15 anos atrás

Digo: cidadãos brasileiros

Wolfpack
Wolfpack
15 anos atrás

A França no Norte da África e em suas Colônias ultramarinas mostrou do que é capaz. Se alguma delas pensar em Liberté, égalité, fraternité que o seja com consentimento da República Francesa senão o pau come e o sangue correrá como já aconteceu.
Amigo, Franceses e Americanos são exelentes em uma coisa, propaganda. De resto são movidos pelos mesmos objetivos, não sejamos inocentes.
A História mostra isso e queiramos ou não. Se um Estado se mostra fraco os Lobos tomam conta. Por isso a Águia Americana segura em sua garra direita um ramo de Oliveira e a defende com 13 Flechas na sua garra esquerda. O mesmo acontece com o vermelho da bandeira Francesa que representa o povo, mas não é vermelho atoa.
Inocência e amadorismo é tudo que esperam americanos, suecos, alemães e franceses quando se deparam com uma possível venda de equipamentos ao Brasil.
Abs

Hardy Har Har
Hardy Har Har
15 anos atrás

“Não entendi isso aí, não.”

Você não entender as coisas não me surpreende, Hornet. Que você seja capaz de ler um artigo desse (sendo que você nem imagina que esse tipo de coisa está acontecendo) onde fica claro que os EUA estão reduzindo significativamente o nível de inteligência médio de suas próprias forças armadas e ainda consegue responder com tamanha obtusidade, nada se pode se esperar de você além dos constantes sumários dos talking points que você absorve, recicla e reescreve com eloquência inversamente proporcional à originalidade. Você transpira medo de informações não-ortodoxas. Não quer ver, não quer saber, só quer ficar em sua zona de conforto mental, imaginando que enquanto estiver agradando sua vida terá sentido.

Mas o Marine sabe do que estou falando. Vou tentar facilitar as coisas porque a terminologia é, de fato, obscura: o pequeno proprietário de intelecto está sendo substituido pelo proletariado do intelecto de modo que a base social que sustenta o médio proprietário de intelecto seja dissolvida (não se reproduza) e este fique vulnerável. Esse processo de “coletivização” onde em plena era do conhecimento se declara para efeitos de propaganda que todas as pessoas, culturas, e potenciais são virtualmente iguais tem como principal instrumento de ação o racismo inverso praticado pelo estado. Pessoas que consideram o multiculturalismo natural, em particular a discriminação racial ostensiva por parte do estado são versões atuais dos antigos comunistas.

No mundo de hoje a principal propriedade de uma pessoa é seu intelecto. Eliminar pequenos e médios proprietários e coletivizar (equalizar) a “produção” mental é o objetivo dos atuais comunistas-multiculturalistas. A “fome” resultante desse processo terá consequências equivalentes ao que ocorreu durante a formação do bloco soviético.

Houve uma época em que um MCPON americano tinha capacidade (claro que não o mesmo tipo de conhecimento) equivalente ao de um almirante brasileiro. Mas os EUA de hoje, onde até mesmo situações de óbvia discriminação intelectual com base em características raciais como o caso Ricci escapam entre os dedos do sistema judicial tendo que ser superficialmente resolvidos pela SCOTUS, caminham inexoravelmente para a estupidez, obesidade e desintegração. E olha que estou aqui tratando de apenas um dos múltiplos indicadores da decrepitude nacional americana.

Agora, quam quiser continuar comprando dólar, doutrina militar americana e opiniões do inseto tedioso fique à vontade.