1280px-Schweizer_Armee_Füs_Gr

Por Franz A. Neeracher

Resolvi escrever este artigo sobre o Exército Suíço, não por ele ser “mais poderoso” ou “menos poderoso” do que outros, mas sim porque ele possui algumas peculariedades que não devem existir em nenhum outro país.

Não irei escrever aqui sobre o número de tanques ou sobre o calibre dos canhões; esse tipo de informação é fácil de ser encontrado na internet; preferi me detalhar nas informações pouco conhecidas, mas nem por isso menos interessantes ao leitor do Blog.

O Exército Suíço é composto basicamente de “milicianos”; os soldados e os oficiais profissionais constituem somente cerca de 10% do efetivo.

O recrutamento é obrigatório quando o cidadão completa 20 anos; na hora do alistamento, o recruta passa por uma clássica bateria de testes físicos, psicológicos além de uma conversa particular com um oficial.

Leva-se muito em conta a profissão do recruta; procura-se enviá-lo para uma unidade na qual os conhecimentos da vida civil possam ser utilizados.

Quem for dispensado por razões médicas, excesso de contigente ou qualquer outro motivo, geralmente tem que prestar serviço como ajudante em asilo de idosos, hospitais, creches ou na Defesa Civil.

Depois do treinamento básico, o soldado leva para casa todo o uniforme, assim como o fuzil e uma caixa de munição, uma tradição que hoje está saindo de moda. Caso o soldado prefira, ele pode deixar todo o equipamento num depósito do Exército.
Essa tradição tem duas origens: A rapidez no caso de uma mobilização em caso de guerra e para lembrar aos políticos que a vontade do povo está acima de tudo.

Dos 21 aos 40 anos, todo miliciano tem que absorver de acordo em que tropa ele serve, todos os anos cursos de “Repetição/Treinamento/Atualização”; cursos esses que duram entre 3 e 4 semanas. Durante o tempo que ele serve; a firma na qual o soldado trabalha na vida civil não pode demití-lo; o salário durante esse período, é restituído pelo Exército ao empregador.

No alto da Guerra Fria, a Suíça contava com cerca de 600.000 soldados em caso de mobilização total; agora com o fim desta, uma situação estável no cenário político europeu e acima de tudo os custos cada vez mais altos; o contigente caiu para cerca de 240.000, tendência a baixar mais ainda.

Só existem 2 uniformes; o de combate e um mais “elegante”. Usado nas folgas ou em cerimônias. A comida é a mesma, tanto para soldados como para oficiais, para simplificar a logística. Nos quartéis até o refeitório é o mesmo.

Os quartéis somente são usados para cursos ou treinamento e não como depósito de armamentos. Basicamente toda a munição, combustíveis, armamentos, remédios e etc.. são estocados em “bunkers” nas montanhas ou em abrigos subterrâneos.

O pensamento por trás disso é que os quartéis são conhecidos e seriam rapidamentes bombardeados pelo inimigo. Como cerca de 50% do país é constituído de florestas, lagos e sobretudo de montanhas, montanhas essas que se estendem por centenas de quilômetros e com alturas em 3.000 e 4.000 metros, nada como usá-las para melhorar a defesa.
O mesmo se aplica à Força Aérea, hangares, depósitos são dentro das montanhas em vales muito estreitos, (mas é um capítulo para o Blog Aéreo).

Existem vários hospitais subterâneos com capacidade para 3.000 pacientes, vários são constituídos por 4 andares. Depósitos de combustíveis escondidos no fundo de lagos, peças de artilharia escondidas dentro das montanhas; parte da montanha se abre quando os canhões estão em ação, fechando-se logo em seguida.

As principais pontes e túneis são pré-minados, facilmente de serem explodidos em caso de uma invasão.

O Exército tem estoques de combustíveis, remédios e alimentos para durar um cerco de um ano; isso através de uma parceria com a iniciativa privada. Por exemplo: uma rede de supermercado compra, vamos dizer 500.000 toneladas de açúcar com data de validade setembro de 2014. O Exército estoca essa mercadoria e repassa uma mesma quantidade que já estava estocada, mas com data de validade setembro de 2012. O mesmo se aplica a café, sal, macarrão, enlatados, chocolate em pó, remédios e etc…

Para ser oficial, todo candidato tem que servir antes, pelo menos por um ano, como soldado e depois pelo menos um ano, como sargento, para depois poder ir para a escola de cadidato a oficial. A idéia é de que para comandar, antes é bom aprender como é a vida de quem está “lá embaixo”.

Todos os prédios, casas, hospitais possuem um abrigo anti-atômico. No momento essa política vem sido muito criticada, devido ao custo elevado das construções e de manutenção. Vejam abaixo algumas fotos do “bunker” da casa do autor deste artigo.

Espero que tenham gostado; caso tenham alguma crítica ou pergunta, sintam-se à vontade para assim fazer.

*O autor serviu de 01. de Julho de 1989 até 30. de Junho de 1997 no Exército Suíço.

LEGENDA: Mapa do interior do bunker, entrada do Bunker à esquerda na foto, espessura da porta e Sistema de purificação de ar
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

59 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
walfredo
walfredo
15 anos atrás

Primeiro temos que dar armas e poder ao povo. Com o verdadeiro poder popular virá o fim da miséria e da pobreza, por consequência, tornaremos possível a busca do conhecimento e da responsabilidade no trato das questões públicas.

Imagine se o congresso atual existiria em um país onde houvesse 190 milhões de pessoas armadas (homens e mulheres, negros, brancos e índios, jovens e velhos, deficientes ou não, iguais em direitos e obrigações para com sua pátria).

Eu acrescentaria o desenvolvimento e a fabricação de parte dos armamentos e, principalmente, das munições nos quartéis, nas próprias unidades das forças de terra, ar e mar. Unica forma de garantir o segredo industrial do armamento disponível.

Nem napolião, nem Hitler encarou a suíça. Unico país neutro nas guerras mundiais.

carlos
carlos
Responder para  walfredo
3 anos atrás

a moralizacao começa em casa. enquanto o ministério da defesa gastar dinheiro de combate ao covid com picanha, sua retórica não passa de hipocrisia.

Franz A. Neeracher
Franz A. Neeracher
15 anos atrás

Walfredo

Você tocou num tema interessante:
Por que Hitler não invadiu a Suíça??
Já lí muito sobre isso, e na verdade nem os professores, veteranos e historiadores chegam a uma unanimidade….
Provavelmente houve vários motivos; e sabe-se hoje que a Alemanha tinha planos concretos de invadir a Suíça…..

– A Suíça não era uma ameaça para a Alemanha, a Suíça na realidade já estava cercada…ao norte a Alemanha, ao leste a Áustria aliada assim como no sul os aliados de Mussolini e no oeste a França ocupada…
– Talvêz Hitler quisesse invadir a Suíça mais tarde??
– Medo de com uma invasão os suíços destruíssem as pontes e túneis, impossibilitando assim o movimento de tropas e munições entre a Alemanha e a Itália??
– Hitler sabia que os suíços não iriam se unir a Alemanha voluntariamente como os austríacos fizeram….ao contrários desses, os suíços nunca sentiram muita simpatia pelos alemães…

Mas felizmente a Suíça foi poupada dos horrores da guerra; os motivos podem ter sido vários….

Gerson Carvalho
Gerson Carvalho
Responder para  Franz A. Neeracher
2 anos atrás

O dinheiro roubado dos judeus e outros, eram guardados nos bancos suíços. Coo todos os corruptos do mundo gostam de guardar lá!!

Jota Ká
Jota Ká
Responder para  Franz A. Neeracher
2 anos atrás

“… Por que Hitler não invadiu a Suíça?…”
Penso que ele considerou melhor não gastar recursos escassos para invadir os países “formalmente neutros”, mas que colaboravam com a Alemanha “por baixo do pano”. Caso da Suiça, Suécia, Espanha, Portugal.
Vejam o caso da Suécia e Noruega. Ambos eram formalmente neutros, mas uma fornecia o minério de ferro necessário ao esforço de guerra e não foi molestada; outra levou a sério a neutralidade e foi invadida pelos alemães.

Franz A. Neeracher
Franz A. Neeracher
15 anos atrás

Quanto a Napoleão:

Ela realmente não tentou ocupar Suíça porque não quis….mas quando ele teve a péssima idéia de atacar a Rússia, ele e as suas tropas passaram pela Suíça, e muitos suíços foram recrutados a força pelas tropas de Napoleão….

Sopa
Sopa
15 anos atrás

Tô babando de inveja dos Suíços, concordo em numero gênero e grau, que todo cidadão tem o direito a se armar, assim haveria mais respeitos entre as pessoas. Esses dias no transito quando ultrapassei um senhor, se é que pode chamar de sr. puxou um .38 pra mim e me xingou, pelo simples fato de ultrapassar um carro lento na minha frente. é humilhante isso !

Att.

Jose
Jose
Responder para  Sopa
3 anos atrás

Cada besteira que a gente lê aqui. Sopa, você ia fazer o que se tivesse um trabuco? Puxar o revólver para o senhor também? Ia esperar para ver quem era mais “machão” ? É bang-bang? O que isso tem haver com o porte de um fuzil pelo reservista suiço? O objetivo não é o cara sair na rua com a arma. Por isso, chegamos a atual situação do pais. O ovo da serpente estava sendo sendo chocado.

AMX
AMX
Responder para  Jose
3 anos atrás

Besteira é o seu comentário.

Carlos Crispim
Carlos Crispim
Responder para  AMX
3 anos atrás

Vc é bobo assim, ou tá se fazendo?

Carlos Crispim
Carlos Crispim
Responder para  Jose
3 anos atrás

Perfeito, José, armar o cidadão não significa poder sair ás ruas pra ver quem é mais macho, quem tem o pau maior, eu tenho várias armas de fogo em casa, treino 2xmês, já dei milhares de tiros, minhas armas são pra segurança pessoal e patrimonial, só usarei com risco da minha vida e da minha mulher e filhos, jamais puxaria uma arma para alguém por que me ultrapassou, por exemplo, arma não é pra isso, se for é melhor o cara não ter, já que não tem capacidade psicológica pra isso. Os depravados canhotos querem justamente isso, convencer o povo de que vai ter faroeste nas ruas, não tem faroeste, pois aumentou o número de armas 10x e não tem cidadão de bem trocando nas ruas, o pessoal é consciente e patriota.

Carlos Crispim
Carlos Crispim
Responder para  Sopa
3 anos atrás

Sopa, acontecendo isso, mermão, baixa a cabeça e sai fora, vc conseguiu sobreviver a um maníaco, um depravado, não é vergonha nenhuma, o cara que puxou pra vc é bandido e não tem preparo para possuir uma arma de fogo, é um demente fracassado, homem que é homem não precisa de arma para ser macho, arma de fogo é pra defesa, a sua e da sua família, e da sua casa, do seu patrimônio, pra defender a vida, não é pra trocar ofensas e ver quem é mais macho. Vc se livrou de um maluco, contenha-se sempre, o verdadeiro herói não precisa demonstrar força, a força é do espírito guerreiro, para ser solta na hora que precisa.

André Machado
André Machado
15 anos atrás

Em Cuba existe sistema similar, com armas distribuidas à populaçao.

Leonardo
Leonardo
15 anos atrás

O autor do tópico está de parabéns. Sou descendente de suíços, e já tinha conhecimento sobre a questão das armas nos lares civis e outras peculiaridades, mas nunca obtive tanto conhecimento sobre o exército suíço, antes deste post. Excelente!

Danilo
Danilo
15 anos atrás

Só pea constar. Suiça não faz parte da OTAN, nem da UE e até pouco tempo atras(2002) nem mesmo da ONU…

Carlos Crispim
Carlos Crispim
Responder para  Danilo
3 anos atrás

Verdade.

Franz A. Neeracher
Franz A. Neeracher
15 anos atrás

Marcus

Não confie 100% no que a “Wikipedia” escreve.
Eu serví até 1997, e até nessa época era necessário sim o futuro oficial primeiro ir para a “RS”, onde depois dessa o candidato sai como “soldato”; depois disso o caminho mais rápido para se tornar oficial, é fazer a escola de “Korporal”…terminada essa escola, o “Korporal” volta para o quartel para ser instrutor por pelo menos o período de uma “RS”.
Absolvido essa fase com sucesso, aí sim ele pode ser candidato a “Leutnant”….repete-se todo o processo novamente: escola para “Leutnant” e retorno para o quartel para comandar uma companhia durante uma “RS” absolvida essa fase com sucesso o candidato torna-se definitivamente “Leutnant”. Não sei como se diz em português, mas em alemão todo o processo se chama “abverdienen”.
Mas nos últimos anos houve tantas mudanças que eu já ando até meio perdido…
Primeiro houve o processo “Armee 1995” no qual o exército foi diminuido bastante; depois houve em 2001 outras mudanças e finalmente desde 2007 começou o projeto “Armee XXI”; projeto esse do qual realmente ando meio desinformado…..talvêz você tenha baseado o seu comentário somente a partir desse projeto???
Abraços

alex
alex
Responder para  Franz A. Neeracher
1 ano atrás

Também servi lá na parte francesa (Bière) e o artigo descreve muito bem o exército suíço, na medida que qualquer um pode virar Oficial começando de baixo (soldado, deposi cabo que é o tal do Korporal e tenente). Interessante também que o exército suíço, por ser de milícias é muito mais barato que um exercito profissional e por isso foi copiadio por Israel

Franz A. Neeracher
Franz A. Neeracher
15 anos atrás

Uma correção: “escola para “Leutnant” e retorno para o quartel para comandar uma companhia”.

O certo é: “para comandar um pelotão”.

Jorge
Jorge
15 anos atrás

Só para constar, embora diretamentente não se relacione ao presente tópico.

Lembram-se do barulho que a mídia esquerdista fez sobre o deputado que num momento imbecil disse que se “lixava” para a opinião pública?

Pois temos um outro deputado (R.J.), só que queridinho da mesma mídia, porém esquerdista de carteirinha, que diariamente “cospe” no resultado do Referendo de 2005, onde a população brasileira manteve o direito de adquirir armas de fogo.

Sempre tenta reverter de forma comuno-nazi-fascista, o citado resultado e com o conluio do meio artistico e midiático, dentre outros.

Quando se vê a forma com que os suiços encaram e agem com relação ao treinamento e preparação de seu povo para uma eventual, mas não desejada, guerra, dá para ver o que é um governo e um estado realmente democratas.

José de Souza
José de Souza
Responder para  Jorge
2 anos atrás

O tal do deputado é esse que está destruindo o Brasil, inflação, fome, desemprego e picanha e leite condensado pras FFAA? Fala sério.

Andre Luiz
Andre Luiz
15 anos atrás

A suiça é um país sem historcio de guerras e confusoes, por isso que na idade media eles eram considerados os melhores mercenarios

Tinha até uma piada ” Sem dinheiro, sem suiços”

Patriota
Patriota
15 anos atrás

exelente materia

Porem acho que este lance de levar fuzil pra casa não ia dar muito
certo no Brasil uma vez que haveria um alto risco devido
ao “jeitinho brasileiro”

Jota Ká
Jota Ká
Responder para  Patriota
2 anos atrás

2 manos do complexo do alemão/RJ descurtiram o post (até agora).
🙂

André
André
15 anos atrás

É devido ao estatuto de neutralidade, e não do receio da sua tenaz defesa, que a Suíça não entrou nem na I nem na II Guerras Mundiais.
Simplesmente não valia o esforço de a invadir.

A Suiça não tinha capacidade para desequilibrar a balança em nenhuma dessas guerras e como está “encravada” no meio do continente não poderia servir como caminho de invasão: nem da Alemanha para a França (era melhor conduzir pelas planícies da Holanda e Bélgica) nem dos Aliados para a Alemanha (os Aliados não tinham como por lá uma força decisiva, ao contrário de todos os países com frente marítima).

Cumprimentos!

marcio
marcio
15 anos atrás

Caro urss os meios blindados,artilharia avioes ect ~…não fican a dever a qual quer naçao eropeia como França, Alemanha e italia, por isso que voce falou não condiz.

Alexandre L
Alexandre L
15 anos atrás

Legal esses bunkers! Servem até como quarto do panico!

Franz A. Neeracher
Franz A. Neeracher
15 anos atrás

Alexandre

O bunker caseiro tem várias outras utilidades como:

-Depósito de vinhos; tem a temperatura e luz ideal e umidade baixa.
-Depósito daquelas tralheiras que a gente nunca usa mas não quer jogar fora.
-Trancar crianças e sogras chatas; duvido que tenha força de mover 1 milímetro sequer da porta.

sonic wings
sonic wings
15 anos atrás

Neste caso não são apenas 2 uniformes, já que tem o terceiro tipo da guarda do Vaticano, o mais lindinho de todos! hahaha

OFF TOPIC

Assisti agora GI JOE, pra quem gosta de filmes de ação mentirosos recomendo. Mas adivinhem o fuzil usado pelos GI JOEs em treinamento? Me pareceu o Tavor, alguém confirma?

Abs

WAR
WAR
15 anos atrás

Alguém sabe me dizer se a Suiça faz, hoje, parte da OTAN? Porque, sem isto, todo este gasto com defesa (tirando os abrigos antiatômicos) é absolutamente inócuo, embora supereficiente. Israel também tem um ótimo sistema de mobilização, mas não para lutar com os russos…

Marcus Piffer
15 anos atrás

Vamos deixar as lendas de lado.

Logo após o período de seleção, que dura sete semanas, os voluntários que preencherem os requisitos ingressam nos cursos de sargentos ou de oficiais, em escolas distintas.

Ninguém tem que servir como soldado, depois sargento para depois ser promovido a oficial. O que pode ocorrer é que alguns sargentos já formados podem ser selecionados para o curso de oficial.

http://www.vcampus-armee.ch/armee_xxi_leitbild/fr/ct_vortrag-0603_fr.htm

http://www.answers.com/topic/conscription-in-switzerland

sonic wings
sonic wings
15 anos atrás

WAR,

A Suiça é um exemplo cássico de país NEUTRO, para tanto não acredito que ela faça parte da OTAN, perceba que todo este investimento é para auto-defesa, praticamente não há investimentos em equipamentos que possam ser usados para funcção ataque.

Abs

sonic wings
sonic wings
15 anos atrás

* clássico

Harry
Harry
15 anos atrás

Parabens aos suiços, estamos longe de adotar algo parecido em termos de recrutamento, é uma pena.
É assim que se forma cidadões.
Abs

Bronco1
Bronco1
15 anos atrás

Não é à toa que a guarda do Vaticano é composta, historicamente, de soldados da guarda Suíça.

Felipe Cps
Felipe Cps
15 anos atrás

Excelente matéria, e concordo em parte com o Bonifácio: se o Brasil treinasse toda a população masculina e esta tivesse armas de guerra em casa, não haveria nenhum bandido nas ruas (nem no Congresso) e ninguém estaria preocupado com ataques à soberania.

Mas para que isso aconteça é necessário uma população consciente de seus DEVERES. E aqui em nosso país parece que todos tem direitos, mas ninguém tem DEVERES.

Abs.

sonic wings
sonic wings
15 anos atrás

Excente matéria a “complexa” simplicidade da doutrina suiça. Fiquei impressionado a algum tempo em ver a galera com fuzilzão dentro do armário de casa hehehe. Impensavel para o Brasil, imagine se os caras roubam fuzil de dentro do quartel como seria o mercado negro dos fuzis consigandos ahaha.

Abs

Bonifácio
Bonifácio
15 anos atrás

A ONU e a elite mundial não gostam muito deste tipo de exército. Desde a antiguidade se sabe que um homem livre deve estar pronto para defender a sua liberdade a todo o custo.
Se o Brasil treinasse toda a população masculina e esta tivesse armas de guerra em casa, não haveria nenhum bandido nas ruas e ninguém estaria preocupado com a iminente internacionalização da Amazônia.

luis
luis
15 anos atrás

Parabens ao aoutor da materia

Já tinha visto algo nesse sentido sobre o exercito suiço, e achei interessante o tipo de atitude de deixar o cara levar o armamento pra casa e tal….mas aqui nao daria certo, o povo brasileiro é diferente é mal informado tem pouca escolaridade, não daria certo, mesmo com treinamento, eu sei pq eu axiliava no treinamento dos soldados.

Já a parte que o oficial tem qu ser soldado , depois sargento, eu tiro meu chapéu, é questão de moral isso, o que tem de oficial lixo e mal informado no EB, se eles começassem de baixo talvez fosse diferente eles veriam a realidade.

André
André
15 anos atrás

Franz A. Neeracher,

concordo com o que diz absolutamente e duvido que algum dia se descubra o porque de muitas das razões principalmente da II guerra mundial, porque muitas vezes os actos de Hitler foram actos de loucura, mas qualquer pessoa confrontado com a posição geo-estratégica da Suíça neutral chega à conclusão que é o último “problema” a ser resolvido.

A Suíça tem um mau clima e uma péssima geografia. Não tem recursos naturais (chocolate e relógios não contam). Não grande unidades industriais (a economia é principalmente de serviços). Era somente um sítio onde teriam gastar uma ou duas divisões a acalmar a população.

Por curiosidade, Hitler tinha planos para invadir quase todos os países do mundo 🙂

Cumprimentos!

Danilo
Danilo
15 anos atrás

Faço do Luis as minha palavras, exceto a parte de auxiliar no treinamento…

Angelo Nicolaci
Angelo Nicolaci
15 anos atrás

Ai quem dera aqui pudessemos ficar com nossas armas…
Sinto falta do meu fuzil…

Bonifácio
Bonifácio
15 anos atrás

Caro Luís,

Discordo que o fato do povo brasileiro ser mal informado e ter pouca escolaridade é um fator que impede a implantação dessa ideia no Brasil.
Os exércitos de cidadãos precedem de muito a existência de um sistema de ensino oficial ou da escoralização total, quanto mais da informação imediata. Existiram nas cidades gregas da antiguidade, na Roma republicana, na Suíça e na Península Ibérica da Idade Média, entre outros exemplos.
No próprio Brasil “colônia” houve o exército de primeira linha, as milícias e as ordenanças. Penso que o perigo é a falta de espírito cívico. Mas sei que o serviço militar, se for bom, pode fazer pelos recrutas o que algumas famílias e muitas escolam não souberam.
E saber que se é um cidadão armado e responsável pelos destinos da república a partir do serviço militar é um sentimento que transcende as meras considerações materiais.
O povo de hoje é o mesmo de Guararapes, só tem é que ser acordado.

welington
welington
15 anos atrás

Sou fascinado pelas forças armadas suíças, estas são muito bem doutrinadas e nacionalistas, um ponto interessante é que o exercito possui regimentos que atuam com montanbykes adaptando assim ao máximo ao terreno (campo de combate) este é um dos regimentos mais difíceis de se ingressar, nas forças armadas suíças( Desta já saíram diversos campeões deste “esporte”).
Um ponto interessante é que os oficiais não levam fuzis para a casa e sim uma pistola, e os soldados tem o poder de parar qualquer automóvel e exigir carona caso aja espaço para o mesmo auxiliando na locomoção rápida dos mesmos.
Por volta dos 20 anos de idade, todo o cidadão passa por 118 dias consecutivos de treinamento no “Rekrutenschule.” Esse treinamento pode ser o primeiro encontro de um jovem com seus compatriotas que falam diferentes línguas (a Suíça tem 4 línguas oficiais: o alemão, o francês, o italiano e o romanche). Antes mesmo do serviço militar obrigatório começar, rapazes e moças podem ter cursos opcionais com o fuzil de assalto Stgw. 90 (SIG 550) do exército suíço. Eles ficam de posse da arma por 3 meses e recebem 6 sessões de 6 horas de treinamento. Dos 21 aos 32 anos de idade, o cidadão suíço constitui a linha de frente do exército, o “Auszug”, e dispende 3 semanas do ano (em 8 dos 12 anos) para continuar o treinamento. Dos 33 aos 42 anos, ele serve no “Landwehr” (que é a Guarda Nacional); a cada poucos anos, ele se apresenta para treinamento de 2 semanas. Finalmente, dos 43 aos 50 anos, ele serve na “Landsturm”; neste período, ele só passa um total de 13 dias em cursos militares .
Durante a carreira de soldado, o cidadão também passa por dias de inspeção obrigatória de equipamentos e pratica de tiro ao alvo. Assim, em uma carreira militar obrigatória de 30 anos, o suíço gasta apenas 1 ano no serviço militar direto. Após a baixa do exército regular os homens ficam na reserva até a idade de 50 anos (55 para oficiais).
Pela Constituição Federal de 1847, aos membros do serviço militar são dados equipamentos, armas e roupas. Depois do 1º período de treinamento os recrutas devem guardar as armas, a munição e os equipamentos “am ihrem Woh nort” (em suas casas) até o termino do serviço (Porem atualmente podem ser guardados em depósitos do exercito).
Hoje em dia aos alistados são distribuídos fuzis automaticos Stgw.90 e, aos oficiais, pistolas. A cada reservista são entregues 24 cartuchos de munição em embrulhos selados para o uso em emergências.
Depois da dispensa militar, ao ex-reservista é dado um fuzil de repetição sem registro ou outras obrigações. A partir de 1994, o governo passou a dar fuzis automáticos aos ex-reservistas também. Os oficiais também recebem suas pistolas ao final do serviço.
Quando o exército adota um novo fuzil de infantaria, os velhos são vendidos a população a preços subsidiados. Os reservistas são encorajados a comprar munição militar (7,5 e 5,6mm – 5,56mm nos outros paises – para fuzis, e 9mm e 7,65mm Luger para pistolas) que é vendida a preço de custo pelo governo objetivando a prática do tiro ao alvo. A munição não-militar para armas longas e a munição .22 LR não são subsidiadas, porém não possuem qualquer controle de vendas. As munições não-militares para armas curtas mais poderosas do que o .22LR (como a .38 Spl) são registrada no momento da venda.
O exército vende regularmente uma variedade de metralhadoras, submetralhadoras, armas anti-tanques, canhões antiaéreos, morteiros e canhões. Os compradores dessas armas precisam obter uma licença cantonal, o que é feito facilmente, e as armas precisam ser registradas (Sonho dos colecionadores Brasileiros).
Em uma nação de 7,5 milhões de pessoas, existem pelo menos 2 milhões de armas, incluindo 600.000 fuzis totalmente automáticos, 500.000 pistolas e numerosas metralhadoras. Praticamente em todo lar há uma arma. Além das armas militares subsidiadas, o suíço também pode comprar outras armas facilmente. Enquanto as armas longas não precisam de procedimentos especiais de compra, as armas curtas são vendidas somente para aqueles com um waffener werbsschein (certificado de compra) emitido por uma autoridade do cantão. O certificado é emitido sem problemas para todo requerente maior de 18 anos que não seja criminoso ou deficiente mental. Não existem restrições para o transporte de armas longas. Cerca da metade dos cantões tem rígidos procedimentos para a concessão do porte de armas curtas, e a outra metade simplesmente não tem regulamento algum. Não há diferença perceptível na taxa de criminalidade entre os cantões como conseqüência das diferentes políticas de porte de arma. Graças a uma ação movida por grupos suíços pró-armas, fuzis semi-automáticos não necessitam de permissão de compra e não são registrados pelo governo. Assim, as únicas armas longas registradas são as totalmente automáticas (metralhadoras)(três cantões exigem que os colecionadores que possuam mais de 10 armas automáticas sejam registrados). As vendas de armas de uma pessoa para outra são controladas em 5 cantões e completamente livres em todo o resto. Comerciantes de armas no varejo devem manter registro de suas vendas, mas as transações não são apresentadas ou cobradas pelo governo. Na Suíça, as vendas de armas longas e de carabinas de pequeno calibre não são nem mesmo lembradas pelos negociantes.
MOBILIZAÇÃO
Se algum dia uma nação teve uma milícia bem preparada, este pais é a Suíça. O economista do século XIX, Adam Smith, achava que a Suíça era o único lugar onde todas as pessoas haviam sido treinadas com sucesso em tarefas militares. Na realidade, a milícia é virtualmente sinônimo de nação. “O suíço não tem um exército: eles são o exército”, diz uma publicação do governo. Completamente mobilizado, o exército suíço apresenta 15,2 homens por quilometro quadrado; em contraste, os EUA e a Rússia tem apenas 0,2 soldados por Km2. A Suíça é 76 vezes mais densa em soldados do qualquer outra super potência. Realmente, somente Israel tem mais exército por Km2.
A Suíça é também a única nação do ocidente que tem abrigos completamente fornidos de comida e suprimentos para um ano para todos os seus cidadãos em caso de guerra. Os bancos e os supermercados subsidiam em muito esta estocagem. Os bancos também tem planos para deslocar seu ouro para o centro montanhoso da Suíça no caso de invasão. A nação está pronta para se mobilizar rapidamente. Disse um soldado suíço: “se nós começarmos pela manhã, estaremos mobilizados pelo final da tarde. Isso porque a arma está em casa, a munição está em casa. Todos os jovens tem metralhadoras. Eles estão prontos para lutar”. Os cidadãos-soldados, em seu caminho para os pontos de mobilização, podem fazer parar os automóveis que estiverem passando e ordenar seu transporte.

Cada cidadão que entra para o exército suíço recebe um exemplar do Soldatenbusch. Lá estão os rudimentos das táticas e técnicas militares, instruções sobre como se proteger das guerras nuclear, química e bacteriológica, assim como técnicas de ocultamento e construção de abrigos.
Mas o Soldatenbusch não é apenas um manual militar. Trata-se de algo mais profundo que podemos definir como um “Manual do Cidadão”. Lá, ao lado de uma sinopse da história do país, o soldado encontrará capítulos mostrando a importância da democracia, a importância da participação do soldado nos plebiscitos comunais, e a importância de sua arma na defesa desses valores.
Folheando o Soldatenbusch percebe-se que os princípios democráticos estão firmemente arraigados na população. Num país onde o povo é armado não pode haver outra forma de governo que não seja democrático. Entende-se porque as instituições funcionam e porque existe respeito entre os cidadãos. A outra opção é o banho de sangue.

Uma velha anedota suíça reza que o príncipe alemão Wilhelm Hohenzollern certa vez, quando em visita a Suíça, foi convidado a assistir um dos inúmeros treinamentos militares a que os cidadãos desse país são submetidos. A um dado momento perguntou ao comandante do exercício: Quantos homens em armas você possue? Foi-lhe respondido: Um milhão. O príncipe, posteriormente Kaiser da Alemanha, então indagou: O que você faria se cinco milhões de meus soldados cruzassem sua fronteira amanhã? Ao que o comandante suíço replicou: Cada um de meus homens daria cinco tiros e iria para casa!
Só para ressaltar bombas e caças não ganham guerras sozinhas, uma ocupação da suíça seria quase suicídio vide o sistema de guerrilha que os mesmos atuam e a grande concentração de soldados bem treinados e com conhecimento do campo de batalha por metro quadrado.
Fugindo um pouco do foco principal,sSobre armamentos em casa não é só por arte dos soldados e sim para população, na minha opinião todo cidadão de bem tem o direito de defesa, a policia não esta em todo lugar e nem o tempo todo desta forma todo cidadão de bem deveria poder portar armas leves de porte cem como pistolas e revolveres em vias publicas e armas “leves” portáteis em casa como Fuzis 5,56 e 7,62, Rifles5,56 e 7,62, escopetas 12 e 44, desta forma visando sua segurança, porem para isto ocorrer deveria haver uma constituição que permitisse o porte somente as pessoas de bem que nunca cometeram crimes graves, caso contrario a pessoa perderia o direito ao porte e teria os armamentos apreendidos ou repassados a terceiros, lojas e/ou até as forças policiais, também deveria ser reforçada a fiscalização de porte de armas e deixar um artigo reagindo que todo cidadão que não possuir porte de armas e/ou guia de transporte e as tiver em posse seria preso sem direito a fiança. Desta forma armaríamos a população de bem e desarmaríamos os bandidos com uma forte fiscalização visando as armas irregulares, alem de diminuir drasticamente os crimes como assaltos a mão armada e tentativas de estupro, por exemplo, vide que o agressor pensaria duas vezes antes de cometer o delito vide que a vitima poderia estar armada e reagir contra a agressão, sou totalmente a favor do porte de armas com as leis, regras e “controle” similares aos citados acima, no grande estado do Texas (EUA) a população pode ser armar até os dentes e não há muitos crimes/ mortes com armas de fogo em relação ao numero das mesmas por habitante.
Um dado interessante é que suíça não ostenta muitos crimes com armas de fogo…
Um ponto interessante é que o governo realiza disputas anuais de tiro ao alvo e milhares de pessoas participam das mesmas, desta forma incentivando a população a pratica deste esporte e ao mesmo tempo por consequência treinando e os habituando com os armamentos…
Um grande abraço a todos…

Excel
Excel
15 anos atrás

Passei uma semana dentro de uma abrigo desses dentro de uma escola em Genebra, e ví umas bases aéreas no país que de fato eram pequenas pois grande parte das instalações eram subterâneas.

marcos silva
15 anos atrás

PARABENS PELA EXCELENTE MATERIA ! PODERIA SER FEITO O MESMO,NO CASO AS PECULIARIDADES DA FORÇA AEREA,CASO EXISTAM !

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Sempre fui mais simpático a este tipo de estrutura, apesar de reconhecer que, para um país com as características geográficas e populacionais como as da Suíça, é a alternativa que trás menos transtornos a sua economia.

“Para ser oficial, todo candidato tem que servir antes, pelo menos por um ano, como soldado e depois pelo menos um ano, como sargento, para depois poder ir para a escola de candidato a oficial. A idéia é de que para comandar, antes é bom aprender como é a vida de quem está ‘lá embaixo’.”

Espero que cheguemos a este nível por aqui algum dia.

Abs

urss
urss
15 anos atrás

eu vivi em zurich e a nossa casa tinha um bunker tb , mas apesar disso a suica tem fronteira com a alemanha , franca ,italia , austria e liechtenstein , ou seja os tres primeiros q mencionei tem poder suficiente para fazer dos bonitos alpes suicos uma enorme cratera em poucas horas ,por mais q se esforce a esses tres nao consegue resistir nao possui meios e muito menos orcamento para sequer pensar q se poderia defender deles

GHz
GHz
15 anos atrás

Excelente a matéria do Franz, está de parabéns.

Agora o tópico sobre Liderança. Não é verdadeira a premissa de que para ser um bom Oficial tem que ter sido soldado antes.
Sem alongar em explicações, é só traçar um paralelo com as empresas do mundo civil. Alguém me diz aí uma multinacional em que um dos requisitos para ser executivo seja ter experiência prévia como auxiliar de serviços gerais?

[[ ]]
GHz

Roberto
Roberto
15 anos atrás

Brasileiro nao tem desenvolvimento cultural e emocional para portar armas nas ruas,como que eu vou dar uma pistola pro motoboy revoltado no transito e que ganha um salario minimo e nao sabe nem o que significa democracia? Ele vai estar doido pra acertar a cara do rico na bmw! Numa reuniao de condominio um puxa a arma pro outro.
Vai ter brasileiro tendo 10 filhos pra fazer quadrilha!
Nós nao temos boa indole,não somos unidos,respeitamos só as nossas familias e nossa meia duzia de amigos,de resto,”é só venha a nós”.todo bate boca se resolvera com tiro,o pais sera um velho oeste
Pois,repito,não temos este desenvolvimento cultural e emocional em nosso espirito,as leis daqui não são atrasadas,mas tem a premissa de que o cidadao pode se regenerar,mas nao é o q acontece… Porque?
Porque a sociedade é preconceituosa e falta de oportunidades cria o reinscidente!

Tiago Wotkoski Eler
Tiago Wotkoski Eler
15 anos atrás

Muito interessante, principalmente a parte de lembrar ao governo que o poder é do povo. Aqui no Brasil perdemos a fibra, aceitamos todos os desmandos em prol do enriquecimento ilícito dos políticos.

anônimo
anônimo
15 anos atrás

Muito interessante mesmo, o invasor não ia poder cochilar no territorio suiço p/ não tomar tiro do vovô que tira leite da vaca pela manhã. Mas por aqui fico pessimista com a idéia. São dois universos muito distintos, distantes. Lá o tradicionalismo deles sustenta uma certa segurança. Aqui as pessoas da 3ªidade não são respeitadas. Os americanos já tão sentindo efeito desse liberalismo só por liberar venda. E lá não existe MST, MLST. Alguém lembra do episódio que ocorreu em Brasília, que o boyzinho queimou o pajé no banco da praça. Que o papai formado em direito conseguiu redução de pena pra ele e contratou guarda costa pra manter sua integridade física. Esse Brasil ainda vai existir por mto tempo!

Gilvani Lima
Gilvani Lima
12 anos atrás

Quando se trata da Segunda Guerra Mundial, a maioria das pessoas tende a pensar apenas em dois lados: o Eixo e os Aliados. Em termos modernos, foi um conflito de civilizações, por assim dizer, em que os defensores do bem e do mal lutarem até a morte. É claro que a realidade nunca é tão simples, como diria qualquer individualista.
A “grande história” é conhecida de todos. Porém, poucos sabem do papel da Suíça durante o conflito. Aquele pequeno país teve êxito em preservar sua tradicional liberdade até mesmo quando Hitler estava prestes a ganhar a guerra e estabelecer uma Nova Ordem Mundial. Os cidadãos suíços sempre estiveram unidos em oposição à ditadura nazista. Da mesma forma, eles jamais assinaram qualquer tipo de pacto ou aliança com a Grã-Bretanha, os EUA e a União Soviética. Eles mantiveram a política de ‘neutralidade armada’, e a dissuasão era sua mais poderosa arma — para não mencionar as armas que todo cidadão possuía privadamente, as quais eram uma grande ameaça para qualquer exército invasor, fosse ele alemão, soviético ou qualquer outro.

Recentemente, conversei sobre o comportamento da Suíça durante a Segunda Guerra Mundial — e tentei aprender algo útil para o nosso futuro — com Stephen P. Halbrook, autor do livro Target Switzerland — Swiss Armed Neutrality in World War II (Alvo: Suíça — A Neutralidade Armada Suíça na Segunda Guerra Mundial).

O senhor Halbrook é também autor de vários livros e artigos sobre o direito de ter e portar armas: dentre eles, o famoso That Every Man Be Armed — The Evolution of a Constitutional Right.

STAGNARO: Muitas pessoas acreditam que a Suíça foi bastante “colaboracionista” com a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Seu livro, entretanto, mostra que as coisas na verdade foram bem diferentes. Como poderiam os suíços defender sua independência sem fazer concessões ao regime de Hitler?

HALBROOK: Cada homem na Suíça possuía um rifle em sua casa. Participar de caçadas e praticar tiro ao alvo era o esporte nacional. Dê uma olhada no mapa e você verá a pequena e democrática Suíça cercada por forças do Eixo que se estendiam por toda a Europa, indo do Norte da África até a Rússia. Essa nação de pessoas armadas, situada nos Alpes, conseguiu se manter neutra e dissuadir uma invasão nazista.

Winston Churchill, o líder inglês desse período de guerra, escreveu que os Aliados estavam empenhados em conquistar a Alemanha em 1944: “De todos os países neutros, a Suíça possui o direito à maior das honrarias… O país tem sido um estado democrático, sempre em prol da liberdade e praticando sua autodefesa entre suas montanhas. E em pensamento, não obstante sua raça, predominantemente ao nosso lado.”

Em contraste, no ano anterior, Adolf Hitler havia declarado que “todo o entulho representado pelas pequenas nações que ainda existem na Europa deve ser liquidado o mais rápido possível”, e que, se necessário, ele passaria a ser conhecido como o “Açougueiro da Suíça”.

Porém Hitler sabia que os suíços eram cidadãos amplamente portadores de armas, e que por isso muitos nazistas seriam massacrados no processo. Residindo em Berna, o espião americano Allen Dulles, chefe do Office of Strategic Services (OSS, agência de inteligência do governo dos EUA, predecessora da CIA, estabelecida durante a Segunda Guerra Mundial), explicou que “No auge de sua mobilização, a Suíça possuía 850.000 homens fortemente armados prontos para a guerra ou apenas esperando em reserva, um quinto da população total….. Que a Suíça não tenha tido de lutar foi graças à sua disposição a resistir e ao seu amplo investimento em homens e equipamentos para sua própria defesa. O custo para a Alemanha de uma invasão à Suíça certamente teria sido extremamente alto.”

Incidentalmente, alguns italianos sectários, partidários dos Aliados, frequentemente cruzavam a fronteira norte da Itália até Ticino, o cantão suíço onde se fala italiano, para combinar com a OSS entregas aéreas de suprimentos e de equipamentos de ajuda para suas tropas localizadas nas montanhas.

STAGNARO: Os generais alemães estudaram vários planos de invasão à Suíça. Todos eles se mostravam extremamente preocupados com a força do exército suíço, bem como com a capacidade dos suíços em fazê-los pagar um preço muito alto por essa invasão. Vamos exercitar um pouco a imaginação: caso os alemães realmente tivessem tentado invadir a Suíça, qual seria o provável destino deles?

HALBROOK: Quando Hitler chegou ao poder em 1933, a propaganda nazista retratava a Suíça como um dos vários países a serem anexados como parte da “Grande Alemanha”. Ao contrário dos outros países neutros da Europa, que haviam gastado muito dinheiro com seu estado assistencialista, os suíços imediatamente começaram a se preparar militarmente para repelir um eventual ataque alemão. Em 1940, a Suíça era uma potencial rota de invasão para o sul da França, ao passo que a Bélgica e a Holanda eram as rotas de invasão para o norte da França. Os alemães evitaram a Suíça, onde todos os homens estavam armados e o espírito de resistência era predominante.

Logo após a queda da França, as forças alemãs arquitetaram vários novos planos de invasão à Suíça — os nazistas ocupariam as áreas suíças que falavam alemão e francês, e a Itália fascista ocuparia a área que falava italiano. Esses planos reconheciam que os suíços eram atiradores exímios e, exatamente por isso, recomendavam a utilização de forças consideráveis e numerosas para o ataque. Embora Hitler odiasse a Suíça — que ele dizia ser uma “pústula” na face da Europa — por ela ter se recusado a aderir à Nova Ordem, ele teve sua atenção desviada para a Batalha da Grã-Bretanha (batalha aérea entre a força aérea britânica e a alemã nos céus da Inglaterra) e depois para a Operação Barbarossa, a batalha com a União Soviética em 1941.

Entretanto, apenas alguns dias antes do ataque à Rússia, Hitler e Mussolini se encontraram no Passo do Brennero. De acordo com os registros, “O Führer caracterizou a Suíça como a entidade nacional mais desprezível da Europa, formada por pessoas ignóbeis. Os suíços eram os inimigos mortais da nova Alemanha”. Já o Duce disse que a Suíça era “um anacronismo”. Planos de ataque contra a Suíça continuaram a ser concebidos.

Quando o governo fascista entrou em colapso e a parte sul da Itália começou a ser libertada, a Alemanha prontamente ocupou o norte da Itália — o que aumentou enormemente o risco para a Suíça. A Alemanha queria utilizar as rotas que passavam pelos Alpes suíços para poder enviar soldados e armas, e os suíços se recusaram a cooperar. Porém, a Suíça forneceu abrigo e proteção para dissidentes e refugiados italianos.

Uma invasão nazista à Suíça durante qualquer um dos períodos acima acarretaria no seguinte: as forças suíças situadas na fronteira teriam lutado até a morte, mas seriam eliminadas. Entretanto, as pontes e estradas da região estavam carregadas de explosivos e seriam destruídas, o mesmo acontecendo com os túneis Gotthard e Simplon, situados nas rotas alpinas para a Itália.

As forças suíças estavam concentradas em um Réduit localizado nos Alpes. Os Panzers e toda a Luftwaffe não podiam operar nessas montanhas íngremes, o que significa que a invasão teria de ser por terra. Nesse caso, toda a infantaria da Wehrmacht teria sido submetida a um impiedoso fogo cerrado disparado por artilharias suíças escondidas nas montanhas. Seria suicídio. As forças suíças poderiam resistir interminavelmente nos Alpes.

Qualquer ocupação alemã de partes da Suíça custaria muito sangue. Ao contrário dos outros países que a Alemanha já havia ocupado (mais notavelmente a França), cada cidadão suíço possuía um rifle em sua casa. O governo e o exército suíço decretaram que nenhuma rendição deveria ocorrer, e que qualquer relato de rendição deveria ser considerado propaganda do inimigo. Os suíços seriam capazes de fazer uma guerra de autodefesa sem precedentes na história europeia. Embora muitos suíços fossem morrer, os invasores teriam de enfrentar um franco-atirador suíço escondido atrás de cada árvore e de cada rocha.

STAGNARO: O senhor faz uma defesa forte e convincente da organização militar suíça: a Suíça conseguiu resistir a todo o exército da Alemanha graças aos seus cidadãos armados. O senhor acredita que esse sistema ainda é bom, não obstante todas as dramáticas mudanças que temos vivenciado nas últimas décadas, tanto no tipo do inimigo (por exemplo, agora é o terrorismo) quanto na maneira como se iniciam guerras atualmente?

HALBROOK: Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, o Kaiser alemão estava na Suíça a convite do governo suíço para observar algumas manobras militares. Impressionado com o que viu, o Kaiser perguntou a um membro das milícias suíças: “Vocês são 500.000 homens e atiram muito bem. Porém, e se a Alemanha resolver atacá-los com um milhão de soldados? O que vocês vão fazer?” E o suíço respondeu: “Vamos atirar duas vezes e voltar pra casa.”

Ainda hoje, todo homem suíço, ao completar 20 anos de idade, é obrigado a fazer um treinamento militar e, após a conclusão, ganha um Fuzil de Assalto 90 (modelo 1990, 5.6 mm, com funcionamento automático e semi-automático) para manter em casa. Muitas mulheres também participam de práticas de tiro esportivo, bem como adolescentes e idosos. As pessoas rotineiramente carregam armas consigo em transportes públicos, nas cidades e em hotéis — especialmente quando algum torneio de tiro está para ocorrer. Essa prática de andar armado é tão comum, que estrangeiros desavisados podem pensar que está ocorrendo alguma revolução no país. Para ver um relato de um corriqueiro torneio de tiro que ocorreu no cantão suíço de Ticino, veja aqui.

As milícias armadas suíças consistem primordialmente de uma infantaria formada pela própria população armada, mas também inclui artilharia moderna — parte da qual está escondida em fortificações localizadas nos Alpes — e caças. Quanto ao terrorismo, dependendo das circunstâncias, uma população armada e vigilante pode ser essencial para impedir um massacre. Se atos terroristas ocorrerem em solo suíço, os cidadãos irão resistir o tanto quanto possível.

STAGNARO: A maioria dos defensores do direito irrestrito de ter e portar armas garante que o desarmamento e o controle de armas são o caminho mais curto para a tirania. De fato, Hitler desarmou seus inimigos (começando pelos judeus alemães) antes que eles pudessem organizar alguma resistência. O senhor acredita que haja um elo entre a tradição suíça de ser um povo armado e a tradição de liberdade daquele país?

HALBROOK: Maquiavel foi quem resumiu melhor: os suíços são “armatissimi e liberissimi”. Desde 1291, quando a Confederação Suíça foi criada, camponeses e vaqueiros suíços se armaram para resistir à agressão de alguns dos grandes exércitos da Europa. Cada homem tinha a obrigação de arranjar sua própria arma para se defender contra qualquer invasão.

Quando Hitler chegou ao poder, seus capangas incendiaram o Reichstag e colocaram a culpa nos comunistas — foi a desculpa perfeita para suspender todos os direitos constitucionais e desarmar toda a oposição política. Utilizando as rígidas leis de controle de armas aprovadas pela progressista República de Weimar, os nazistas começaram a desarmar os judeus. E então veio a Reichskristallnacht (A Noite dos Cristais) em 1938, na qual os nazistas saíram destruindo lojas e casas sob a justificativa de que os judeus eram perigosos e tinham de ser desarmados. O chefa de Gestapo, Heinrich Himmler, ameaçou mandar para o campo de concentração por 20 anos qualquer judeu que fosse flagrado com alguma arma.

Quando os nazistas ocuparam a França e outros países, eles acharam, nas delegacias de polícia, as listas de registros contendo os nomes de todas as pessoas que possuíam armas de fogo. Os proprietários que não entregassem suas armas de fogo em 24 horas seriam mortos, o mesmo acontecendo àqueles que não delatassem seus amigos e parentes. Por algum motivo obscuro, os historiadores não demonstram interesse algum em ressaltar o cruel destino de judeus e demais cidadãos nos países ocupados que eram proprietários de armas de fogo.

Ainda mais importante: algumas dessas pessoas que possuíam armas de fogo conseguiram enganar os nazistas e utilizaram suas armas para salvar suas famílias, refugiados e demais pessoas, chegando até a montar uma resistência armada. O Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943, foi iniciado com apenas meia dúzia de revólveres e pistolas ilegais.

Na Suíça, existe apenas uma lei de “controle de armas”: todo homem deve saber atirar perfeitamente a 300 metros de distância. Caso invadissem a Suíça, os nazistas não precisariam se preocupar em sair procurando registros com os nomes dos proprietários de armas — eles poderiam simplesmente presumir que cada homem possuía uma arma. Quando a guerra já parecia inevitável, em 1938, no Campeonato Mundial de Tiro realizado em Lucerna, na Suíça, o Presidente da Confederação suíça, Philipp Etter, declarou:

Provavelmente não há outro país que, como a Suíça, dá ao soldado sua arma, para que ele a leve para sua casa. . . . Com esse rifle, ele torna-se capaz de, a qualquer momento que seu país o chamar, defender seu lar, sua família, seu lugar de origem. A arma é para ele uma garantia e um símbolo de honra e liberdade. O suíço não se desfaz de seu rifle.

Os nazistas ouviram essa mensagem em vários foros e meios de comunicação. Eles sabiam que não poderiam executar cada suíço que possuísse uma arma — ao contrário, eles sabiam que inúmeros soldados alemães seriam mortos pelos atiradores suíços. O poderoso exército alemão poderia transformar a Suíça em uma terra devastada, mas o sangue alemão que seria derramado nesse processo seria inaceitavelmente alto, e o país se tornaria ingovernável.

STAGNARO: Os pais fundadores dos EUA sempre alertavam que um exército permanente e profissional poderia ser uma ameaça às liberdades, pois tal formação induz a uma forte tentação imperialista. Na sua visão, há alguma correlação entre essa peculiar organização militar da Suíça e sua neutralidade?

HALBROOK: Os pais fundadores americanos reconheceram que exércitos efetivos eram perigosos para a liberdade porque tais exércitos oprimiam a população domesticamente e se aventuravam em agressivas guerras imperialistas. É por isso que os Estados Unidos originalmente seguiram o modelo suíço de republicanismo, de ter uma milícia armada e da neutralidade. Os fundadores da América queriam evitar “alianças complexas” na Europa, e os EUA entraram nas duas guerras mundiais relutantemente.

Um exército miliciano é formado virtualmente por todos os homens saudáveis e fisicamente capazes de um país, o que desafia qualquer invasor a incorrer em uma tática de guerrilha que pode nunca ter fim. Já um exército efetivo consiste de soldados profissionais formados por uma pequena fatia da população do país. Vários exércitos efetivos da Europa se esfacelaram antes do violento ataque da blitzkrieg de Hitler — as elites governamentais se renderam e ordenaram a seus soldados que baixassem as armas. Um ataque à Suíça não contaria com nenhuma rendição de sua elite; ao contrário, haveria uma resistência armada contra-atacando cada passo do invasor.

A organização do exército suíço como uma milícia significa que, embora ela possa proteger o país, ela não pode invadir outro país. Essa tem sido a experiência desde tempos medievais. Cidadãos comuns da suíça, obviamente armados, derrotaram os poderosos exércitos de cavaleiros invasores em inúmeras batalhas — eles deixaram Carlos, o Audaz em uma vala com sua cabeça esmagada por uma alabarda em Nancy, em 1477 — porém, foram derrotados quando se aventuraram em terras estrangeiras, como na Batalha de Marignano, em 1515.

O que foi dito acima é o segredo da neutralidade suíça. Milícias armadas são boas para defender seus próprios países, mas não são propícias a atacar outros países — e isso previne guerras imperialistas. Tanto a autodefesa na forma de milícias quanto a neutralidade que uma milícia estimula promovem os ideais da paz.

Por fim, uma última consideração. A Segunda Emenda da Constituição americana declara que “Com uma milícia bem regulada, sendo necessária para a segurança de um país livre, o direito das pessoas de ter e portar armas não deve ser infringido.” Além de terem sido influenciados pelo exemplo suíço, os fundadores dos EUA também se inspiraram em Dei delitti e delle pene (1764), de Cesare Beccaria, que caracterizou como sendo uma “false idee di utilità” as leis que proíbem cidadãos pacíficos de portarem armas, proibição essa que estimula ataques de criminosos armados contra vítimas desarmadas.

Ou aprendemos com as lições da história, ou repetiremos todos os seus erros perniciosos.

http://goo.gl/05ZzX

Daniel Moratori
Daniel Moratori
5 anos atrás

Essa matéria foi excelente. O exército suíço está um passo na frente.

Fabio Araujo
Fabio Araujo
5 anos atrás

Um problema destes depósitos de armas, pelo que li, é que nos últimos anos aumentou o extravios de armas e munições que só são descobertos quando os militares vão pegar as armas para treinamento ou tem que devolver ao terminar o tempo de serviço.

Celso
Celso
5 anos atrás

Parabéns pelo artigo nem eu sabia disso e olha que sou militar

João Bosco Alves Dias
João Bosco Alves Dias
3 anos atrás

E interessante esse artigo. Para um povo quase Centenário com um elevado grau de educação, cultura e patriotismo mo como o povo suíço eo melhor dos mundos. Mas para um povo como o nosso,armar a população em idade militar seria uma tragédia anunciada.

Mk48
Mk48
3 anos atrás

.

carlos
carlos
3 anos atrás

quanto ao “para lembrar aos políticos que a vontade do povo está acima de tudo” deve-se dar o mesmo lembrete aos comandantes militares, para se evitar novas tentativas de quarteladas, com.o se viu no dia 7 de setembro.

é bom lembrar que as forças armadas suíças não gastam verba de combate ao covid com picanha.

isso faz toda a diferença para a população!