Nos últimos anos tem sido comum para o observador notar a proliferação de miras óticas acopladas a fuzis, carabinas e metralhadoras de tropas ocidentais, em serviço principalmente no Oriente Médio. Essas miras representam um avanço tecnológico em relação as antigas e conhecidas “iron sights” ou “miras de ferro” servindo vários propósitos táticos e fazendo do seu operador uma força multiplicadora.

O objetivo desse artigo será familiarizar os leitores com os vários tipos dessas miras, seu emprego e uma infomação tecnica básica, aprofundar-se demais no tema fugiria do espaco e intenção do ForTe.

Em combates aproximados (CQB/CQC), geralmente ocorrendo até 50m, os engajamentos por natureza ocorrem muito rapidamente, sendo fundamental ao “operador” qualquer fração de segundo que ele possa ganhar antes de seu oponente. Por essa razão, em missões ou TO em que CQB seja antecipado, é comum o uso de miras do estilo “C-More”.

Miras como as da fabricante C-More são geralmente utilizadas com os dois olhos abertos, facilitando um engajamento mais rápido do alvo e mantendo uma visão periférica completa, sem dar ao usuário a famosa “visão de tunel” que outras miras tubulares tem tendência. São também, em geral, mais baratas e mais frágeis, visto que deixam exposto o vidro em que a retícula está presente, porém têm como desvantagem o fato de não possuírem magnificação e suas retículas ficam muito grandes em comparacão com alvos a maior distancia.

A mesma retícula é medida em MOA (minutes of angle), o que quer dizer que a retícula a 100 jardas (91m) possui uma circunferência de 1 polegada (2,54cm); os tamanhos variam em sua maioria entre 4 até 12 MOA, possibilitando um engajamento rápido, sem ao mesmo tempo cobrir por completo a maioria dos alvos.

Outro fabricante que tem tido sucesso é a EOTech, com suas miras holográficas, sendo conhecidas como uma espécie de HUD (Head Up Display) para armas portáteis. Seu produto ao invés de utilizar apenas um ponto vermelho (red dot), emprega um círculo maior de 65 MOA, um ponto de 1 MOA dentro do círculo, sendo tocados por uma pequena cruz.
A vantagem é que a retícula proporciona um engajamento mais preciso do que o C-More, com um ponto menor a maiores distâncias, sendo que o círculo maior “atrai” os olhos, mais uma vez facilitando o engajamento rápido em CQB. A EOTech também recomenda o uso com dois olhos abertos e o vidro em que a retícula está projetada é encapsulado de melhor forma do que nos C-More, podendo receber maior “abuso” do usuário.

Os EOTech também não possuem magnificação, são compatíveis com óculos de visão noturna (NVG) e podem ser usados em missões ou TO, no qual o usuário procura a melhor combinação possível de engajamento a curta e média distância. São também muito utilizados em metralhadoras leves, como a M249/SAW, sendo que o círculo maior em CQB praticamente garante o acerto de uma rajada no adversário, passando de 65 MOA a 32.5 MOA a 50m de distância e assim por diante.

A empresa Aimpoint é conhecida como a mãe das miras de ponto vermelho (Red Dot) e tem estado na liderança de tais miras por 30 anos. Seu modelo Comp M2 é o padrão do US Army e US Air Force, também são compatíveis com óculos de visão noturna (NVG), entretanto, por ser tubular, tem maior tendência a causar “visão de túnel”, sendo esse modelo mais difícil do que os outros dois citados acima para utilizar com dois olhos abertos. É também um pouco mais lento no engajamento de alvos. Não possuem magnificação, mas podem receber grande abuso por parte do usuário, seu ponto é geralmente do tamanho da ordem de 4 MOA, o que o faz impreciso a longas distâncias. Unidades que tem o luxo de escolher o que usam, têm preferido os EOTech ao invés da Aimpoint nos últimos anos, para combates curtos e medianos.

Por último e talvez o melhor e mais sofisticado deles seria os ACOG (Advanced Combat Optical Gunsight), da empresa Trijicon.  O ACOG não necessita de baterias, possuindo uma faixa de tritium que absorve luz durante o dia para que ilumine a retícula à noite, sem que o usuário tenha que se preocupar com baterias e a falta delas em combate. É o padrão do US Special Operations Command e do US Marine Corps, tendo sido utilizado pelo autor deste artigo.  O “conceito de mira Bindon” (BAC) também possibilita uso com os dois olhos abertos (apesar de ser necessário maior tempo de treino para que o cérebro se acostume com isso), mesmo possuindo magnificação entre 4X a 6X e sendo uma mira tubular.

A retícula possui um “bullet drop compensator” que facilita engajamentos a média e longas distâncias, sendo que há casos em que alvos foram engajados e derrubados a 800m devido à magnificação e o “BDC” em fuzis M-16A4, ultrapassando o alcance efetivo máximo oficial da arma. O sistema é considerado tão revolucionário que praticamente eliminou a necessidade de um “atirador designado” (Designated Marksman) por Grupo de Combate. Um atirador com um ACOG cumpre muitas das funções antes delegadas ao DM e se cada Grupo de Combate possuir 10 deles pode-se ver como o sistema é uma força multiplicadora.

Os ACOGs são muito mais caros do que os outros citados acima e geralmente usados para médias e longas distâncias,  mas podem ter pequenas miras para curta distância acopladas, devido à sua magnificação e fácil acesso, já que estão na arma do usuário e não em algum bolso ou mochila. Muitas vezes são utilizados como binóculos, também facilitam muito a identificação de alvos e já salvaram muitas vidas inocentes em que o infante pode reconhecer a diferenca de um civil e uma ameaça a maiores distancias do que no passado.

Como todo sistema, todos tem suas vantagens e desvantagens e a adoção de cada deve levar em conta a missão entre outros fatores. Essa miras estão aqui para ficar e dão uma grande vantagem ao seu usuário, mas elas em si nao fazem o “operador” letal pois ele sempre tera que ter os meios (municao) para treinar e se familiarizar com tal sistema.

NOTA DO BLOG: Tendo em vista que o Exército lançou o programa COBRA (Combatente Brasileiro), que visa dotar os nossos soldados com tudo o que é atual, qual mira deveria ser adotada pelo Exército Brasileiro?

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Cinquini
Cinquini
15 anos atrás

Marine,

Parabéns pelo artigo, tirou umas dúvidas que eu tinha, e descobri que estava no caminho certo 🙂

LBacelar,

Vc já oensou em “migrar” para o Airsoft???? 😛

Abração

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Marine,

bela matéria! E bela estréia como editor do blog!!!

Parabéns!!!

abração meu amigo

Bosco
Bosco
15 anos atrás

Parabéns Marine!

Pergunta: já vi muitas fotos mostrando um mira holográfica para “curto alcance” e logo na frente outra de forma tubular com certeza com capacidade de magnificação. Como funcionam esse sistema combinado? Uma não dificulta o uso da outra?

Um grande abraço meu caro Marine.

Marine
Marine
15 anos atrás

Bosco,

Pelo o que voce descreve realmente penso que seja um magnificador, provavelmente da Aimpoint com magnificacao de 3X, eles geralmente sao usados com os “red dots” da Aimpoint ou EOTech em uma especie de “quebra galho” ja que o usuario nao possui um ACOG.

Funcionam bem principalmente se o usuario necessitar de transicao de curta a longas distancias e podem ser acoplados rapidamente caso necessarios, a desvantagem e que nao possuem o “bullet drop compensator” entre outras coisas como o ACOG sendo assim eles nao sao tao bons para disparos a longa distancia.

Aos demais, obrigado pelo elogio a materia e espero que realmente possa ter esclarecido algo aos leitores.

Semper Fidelis!

CorsarioDF
CorsarioDF
15 anos atrás

Boa matéria Marine, está ótima.
Acredito que a EOTech seja mais em conta (custo benefício) para o EB.

Sds.

jgsp84
jgsp84
15 anos atrás

Concordo com o Padilha. A mira da EOTech deve ter um custo/benefício melhor ao EB, como ao CF no futuro. Mas a ECOG não pode deixar de ser opção, mesmo que em pequenos números.

Marcelo Ostra
Marcelo Ostra
15 anos atrás

Não apenas o sistema de mira dos fuzis brasileiros, mas principalmente o sistema de treinamento do EB, pois a media de pouquissimos tiros por SD nao faz ninguem se aperfeiçoar a nenhuma sistema de pontaria, salvo atiradores excepcionais

Que osistema a ser escolhido seja o melhor para o EB

Marine, ooooohhhrah pela estria, benvindo ao time !

Abs
MO

LBacelar
LBacelar
15 anos atrás

Eu sou fã da EoTech, ela é muito usada por jogadores de paintball cenário nas versões 551 e 552, para o uso em CQB ou progressão em favela (no caso do BOPE) ela é primordial, pois como o retículo é exibido por um display (HUD) o ato de fazer a visada se torna instintivo com o tempo. Porém por não haver ampliação do retículo para um combate de infantaria X infantaria, ela deixa a desejar no caso de enganjamentos em alvos de média/ longa distância, sendo assim para o COBRA, a melhor opção seria a nova geração de red-dots da ACOG, pois por não necessitar de baterias ou pilhas, poderiam ser usadas nas umidade amazônica, ou até mesmo na travessia de rios.

LBacelar
LBacelar
15 anos atrás

Cinquini,

Já pensei sim brother, aliás tenho pensado bastante…

Mas o airsoft ainda é meio fechado aqui no RJ mas tenho pensado muito em adquirir uma AEG até o final do ano

abcs

Marine, parabéns pelo artigo!

Bosco
Bosco
15 anos atrás

Off topic:
Não tem nada a ver com o assunto do post mas já que estamos falando de fuzis de assalto gostaria de lembrar que em 2010 deverá entrar em operação o K-11 na Coréia do Sul.
Essa arma tática multicalibre é derivada do programa OICW americano, que se tornou o XM29 SABR, que foi depois cancelado.
Os coreanos pelo jeito acreditaram na idéia de terem uma arma cinética no calibre 5,56×45 associado a um lançador múltiplo de granadas de fragmentação de 20mm com detonador programável.
(http://world.guns.ru/assault/xk11_1.jpg)
Um abraço a todos.

Fernando
Fernando
15 anos atrás

Parabéns Marine pela matéria!

Mesmo para um leigo, como eu, ficou bastante claro os conceitos.

Sds.

Wilson Johann
Wilson Johann
15 anos atrás

Não entendo muito a respeito das miras óticas. No tempo em que estive no exército, na década de 70, usei o bom e velho FAL, e esse tipo de acessório era coisa de ficção científica para o EB naquela época. Hoje, são indispensáveis. Sem elas eu jamais teria terminado “Call Of Dut 4”. Qualquer outra arma sem uma mira dessas parece coisa pré-hitórica.

Abraços!

Excel
Excel
15 anos atrás

Muito interessante esta matéria.
Já faz um tempo que tinha vontade de saber mais sobre estes equipamentos mas tinha preguiça de procurar, mas agora com a matéria do Marine ja sinto que sou menos ignorante no assunto.
Valeu pelo trabalho Marine.
See you !!!

Wilson Johann
Wilson Johann
15 anos atrás

Outra coisa:

Se o Marine é estreiante, começou bem.

Barabéns!

Wolfpack
Wolfpack
15 anos atrás

Qual a mira utilizada nos IWI Tavor TAR-21?, acredito que o programa COBRA deveria utilizar uma mira de fácil produção e manutenção que atenda as aplicações na Selva fechada e umida e também nos becos das favelas encontradas no Haiti. É difícil, acredito que antes da mira o COBRA deve selecionar um novo fuzil para nossas tropas.

Felipe Cps
Felipe Cps
15 anos atrás

Marine, parabéns pela matéria, ficou muito legal.

Abs.

PS: ainda estou esperando o Desafio Tático n. 2… 🙂

Marine
Marine
15 anos atrás

Felipe Cps,

Hehehehehe….Pode deixar que estou em busca de um do modo que eu gosto.

Sds!

Excel
Excel
15 anos atrás

Bosco,
Sobre o K11, o rifle será exibido nos EUA no USPACOM, Hawaii em agosto. Também existe notícia de que os EUA pediram transferência de tecnologia do rifle para ser utilizado no Afganistão.

Ronin
Ronin
15 anos atrás

Boa matéria!
Eu possuo um aimpoint, um red dot aberto (C-More) e o EOTech 552 está a caminho. No final do ano provavelmente pegarei uma ACOG tb. Todas réplicas, claro!

Acho realmente a do tipo C-More mais rápido de fazer a visada. Nao sei se há tanta diferenca nas visadas dos meus Red Dots réplicas para os originais, mas acho o Aimpoint bem fraquinho!

Bom, ja efetuei várias visadas com a EOTECH 551 e 552 e achei mais dificil. Vamos ver se consigo me adaptar!

Abs!

Lerner
Lerner
15 anos atrás

Já que estamos falando de mira, eu não vi nada no COBRA a respeito de um novo fuzil. Provavelmente porque isso já era um programa ou projeto anterior a END. Mas como está o “caso” IWI – Tavor? Alguma notícia dos testes em marambaia, que deveriam ter sido iniciados em abril/maio?

Luiz H.
Luiz H.
15 anos atrás

Muito boa a materia, mas se aprofundando no assunto de engajamento a
à várias distâncias. Poderiam postar alguma matéria sobre atiradores sniper’s e seus modos de “trabalho”.

Raphael Barros
Raphael Barros
15 anos atrás

A Mira ótica é indispensável para qualquer força armada do planeta só que aqui no Brasil é coisa rara de se ver no exército

Cinquini
Cinquini
15 anos atrás

LBacelar,

Faça seu cadastro no forum http://www.airsoftbrasil.com aqui tem todos os bizus e ai tu já conhece a galera do RJ que é bem ativa!

Abração

Jaique Sparro
Jaique Sparro
15 anos atrás

Parabêns,Marine continue produzizindo mais matérias com esse nível para ficarmos mais experts nos assuntos militares que tanto nos agradam.

abs.

Giovani
Giovani
15 anos atrás

Boa Marine!!

Gostei muito do artigo, sempre quis saber a diferença entre as Miras.
Na Revista Tecnologia e Defesa, mostra as Forças Especiais do Exército Brasileiro e o Toneleros CFN, utilizando miras EOTech, C-More e ACOG.

fernando bh
15 anos atrás

vcs saberian se nao a auguma de origen nacional se nao que ta montar sob licensa afianal seran adquiradas en grande numera

LBacelar
LBacelar
15 anos atrás

Cinquini,

Já sou cadastrado (Legionnaire_RJ) acompanho sempre o fórum mto obrigado pela dica.

Giovani,

A c-more eu já tinha visto, mas será que estaria disposto, o nosso exercito a investir nas ACOG’s? Isso realmente é uma boa notícia

MeiaDuzia
MeiaDuzia
15 anos atrás

Marine,
Excelente matéria! Muito elucidativa.
Só tenho uma pergunta: de onde vieram os acentos e cedilhas???? heheh
Abraço!

Marine
Marine
15 anos atrás

6,

Muito Obrigado! Tive pena do Cinquini, coitado, teve que ir de palavra por palavra colocando os acentos pra mim….hehehehe

Sds!