Peculiaridades do combate em ambiente de selva
Algumas Lições às Frações
O Calor intenso existente na selva aumenta a exaustão. A umidade relativa acima de 90% provoca sudorese intensa e aproxima o combatente da desidratação. A vegetação, nem sempre permeável, torna-se freqüentemente um obstáculo que dificulta a progressão e obriga a sucessivos desvios. A velocidade dos deslocamentos é diminuida pelo terreno acidentado. Como se não bastasse, o constante encontro com a água, seja proveniente da chuva ou dos próprios cursos d’água, produz violento efeito nos equipamentos e no moral, além de elevar a grande probabilidade de se adquirir doenças fúngicas e bacterianas que se alastram em função dos fatores associados ao meio. No entanto, este ambiente operacional complexo pode ser um elemento favorável ao combatente com conhecimento técnico específico.
Este combatente deve encarar sua condição física como requisito fundamental. Sua total adaptação ao meio diminuirá a probabilidade de ocorrência dos efeitos fisiológicos do calor, como as cãibras e a exaustão. O conhecimento e a manutenção da higiene pessoal compatível com o ambiente serão indispensáveis à prontidão para o combate. Boas dicas são: o excessivo cuidado com os pés; a limpeza e desinfecção imediata de feridas geradas por cortes, espinhos e insetos a fim de evitar as inflamações; o asseio constante do corpo para evitar os fungos e bactérias; e a ingestão de água ocorrendo nas refeições e durante a noite, reduzindo a perda líquida pelo suor excessivo. São pequenos cuidados gerando enormes benefícios.
Deslocamentos noturnos são extremamente lentos e somente executados em extrema necessidade, pois a velocidade cai para uma média de 200 a 300 metros por hora. Além disso, a obtenção de posições com o uso do GPS é freqüentemente prejudicada pela
densidade da vegetação que dificulta a captação dos sinais dos satélites.
Os equipamentos também merecem cuidados e atenção especiais. A alta umidade gera necessidade da manutenção constante dos armamentos para evitar a oxidação. Para
reduzir o desgaste, a carga individual deve ser o mais leve possível. No entanto, a dificuldade de executar o ressuprimento pode aumentá-la. O fardamento deve ser de secagem rápida e estar limpo.
Equipamentos Rádio sofrem grandes variações de desempenho, principalmente em alcance. Óticos e optrônicos tem a eficiência diminuída pela restrição de visibilidade e observação além de estarem altamente sujeitos à presença de fungos nas lentes.
Agentes biológicos e químicos são eficientes no interior da selva onde o entrelaçamento das copas aumenta sua persistência.
É fato que algumas destas lições são detalhes. Talvez um destes detalhes seja necessário para a sobrevivência em combate.
Podemos salientar que, neste cenário onde a descentralização das ações é grande e as pequenas frações têm elevada importância, saber manter as condições de combate de seus
homens e equipamentos, mesmo diante dos maiores óbices é o segredo para tornar a inimiga Selva sua maior aliada.
Fonte: Âncoras e Fuzis/Batalhão de Operações Ribeirinhas do Corpo de Fuzileiros Navais
Talvez por que isso que Grupos Terroristas como os Tigres de Tamil, Farcs, Sendero Luminoso, entre outros sobreviveram anos e alguns ainda atuam mascarados pela densa floresta tropical. Nisso eu acho fundamental o exercito capacitar e equipar as tropas de selva com o que há de moderno como purificadores de água portáteis, tecnologia de idratação, tecidos que impermeáveis que permitem a respiração como gore-tex, botas impermeáveis e confortáveis destas que existem aos montes nos outlet americanos ou europeus. Outar coisa que me chama a atenção foi a escolha da Taurus pelo Tavor da IMI. O ambiente para o qual ele foi proposto é extremamente seco, diferente das selvas tropicais, logo tenho minhas dúvidas quanto a sua eficiência em operações na Selva. Tem que ser testado.
O mais difícil ambinte de combate, sem sombra alguma de dúvida. E quanto ao GPS, é verdade, ele não funciona direito sob cobertura vegetal intensa.
post muito interessante…
dizem que o CIGS ja formou mais de 4 mil combatentes em sua historia…
quantos combatentes de selva formados pelo CIGS estao na ativa??? uns 300 ?!?!?
E os cara querem me convencer que tem que ter mulher combatente.
Isso aí é coisa pra macho e meio.
Marcos T,
verdade, outro dia estavam nos chamando de machistas por nao apoiar-mos mulheres na linha de frente… eu defendo o uso de mulheres como pilotos, medicos, inteligencia…
mudando um pouco de assunto, mas relacionado com a Amazonia, estava lendo num site que as FARC estao usando cianureto e fezez nas municoes para matarem com certeza seus inimigos, mesmo feridos por raspao eles pegam uma infeccao e morrem…
ha muito, mas muito tempo atras “ouvi” dizer que o EB utiliza veneno de sapos/ras na Amazonia… esse “informacao” eh verdadeira ??? alguem saberia dizer ???
Gaspar:
Todos os meios naturais devem ser aproveitados pelo Guerreiro de Selva, que muitas vezes só pode contar com a floresta para lhe auxiliar na missão de combate. Acho muito plausível o uso de veneno de certos animais.
Quanto ao uso de fezes em armadilhas, para provocar infecção no inimigo ferido, essa tática nem é nova, nem é nossa. Foi usada pela primeira vez em estacas Punji no Vietnã.
Abs.
concordo com o comentario do colega a cima, o cigs deve ter formado uns 4.000 e só 300 devem estar na ativa, pois o EB não dá futuro….ninguem permanece muito tempo lá.
falow
Acabo de receber de uma amiga, me perdoem os administradores do blog pelo of-topic:
“A FORÇA DOS MILITARES NA AMAZÔNIA
Uma visão isenta da ação dos militares na Amazônia.
DRAUZIO VARELLA
Perfilados, os soldados aguardaram em posição de sentido, sob o sol do meio-dia. Eram homens de estatura mediana, pele bronzeada, olhos amendoados, maçãs do rosto salientes e cabelo espetado.O observador desavisado que lhes analisasse os traços julgaria estar na Ásia.
No microfone, a palavra de ordem do capitão: ‘Soldado Souza, etnia tucano’.
Um rapaz da primeira fila deu um passo adiante, resoluto, com o fuzil no ombro, e iniciou a oração do guerreiro da selva, no idioma natal. No fim, o grito de guerra dos pelotões da fronteira: “SELVA !!!”
O segundo a repetir o texto foi um soldado da etnia desana, seguido de um baniua, um curipaco, um cubeu, um ianomâmi, um tariano e um hupda.
Todos repetiram o ritual do passo à frente e da oração nas línguas de seus povos; em comum, apenas o grito final: “SELVA !!!”
Depois, o pelotão inteiro cantou o hino nacional em português, a plenos pulmões.
Ouvir aquela diversidade de indígenas, característica das 22 etnias que habitam o extremo noroeste da Amazônia brasileira há 2.000 anos, cantando nosso hino no meio da floresta, trouxe à flor da pele sentimentos de brasilidade que eu julgava esquecidos.
Para chegar à Cabeça do Cachorro é preciso ir a Manaus, viajar 1.146 quilômetros Rio Negro acima, até avistar São Gabriel da Cachoeira, a maior cidade indígena do país.
De lá, até as fronteiras com a Colômbia e a Venezuela, pelos rios Uaupés, Tiquié, Içana, Cauaburi e uma infinidade de rios menores, só Deus sabe.
A duração da viagem depende das chuvas, das corredeiras e da época do ano, porque na bacia do Rio Negro o nível das águas pode subir mais de dez metros entre a vazante e o pico da cheia.
É um Brasil perdido no meio das florestas mais preservadas da Amazônia. Não fosse a presença militar, seria uma região entregue à própria sorte. Ou, pior, à sorte alheia.
O Comando dos Pelotões de Fronteira está sediado em São Gabriel. De lá partem as provisões e o apoio logístico para as unidades construídas à beira dos principais rios fronteiriços: Pari-Cachoeira, Iauaretê, Querari, Tunuí-Cachoeira, São Joaquim, Maturacá e Cucuí.
Anteriormente formado por militares de outros estados, os pelotões hoje recrutam soldados nas comunidades das redondezas. Essa opção foi feita por razões profissionais: ‘O soldado do sul pode ser mais preparado intelectualmente, mas na selva ninguém se iguala ao indígena’.
Na entrada dos quartéis, uma placa dá idéia do esforço para construí-los naquele ermo: ‘Da primeira tábua ao último prego, todo material empregado nessas instalações foi transportado nas asas da FAB’.
Os pelotões atraíram as populações indígenas de cada rio à beira do qual foram instalados: por causa da escola para as crianças e porque em suas imediações circula o bem mais raro da região: salário.
Para os militares e suas famílias, os indígenas conseguem vender algum artesanato, trocar farinha e frutas por gêneros de primeira necessidade, produtos de higiene e peças de vestuário.
No quartel existe possibilidade de acesso à assistência médica, ao dentista, à internet e aos aviões da FAB, em caso de acidente ou doença grave.
Cada pelotão é chefiado por um tenente com menos de 30 anos, obrigado a exercer o papel de comandante militar, prefeito, juiz de paz, delegado, gestor de assistência médico-odontológica,
administrador do programa de inclusão digital e o que mais for necessário assumir nas comunidades das imediações, esquecidas pelas autoridades federais, estaduais e municipais.
Tais serviços, de responsabilidade de ministérios e secretarias locais, são prestados pelas Forças Armadas sem qualquer dotação orçamentária suplementar.
Os quartéis são de um despojamento espartano. As dificuldades de abastecimento, os atrasos dos vôos causados por adversidades climáticas e avarias técnicas e o orçamento minguado das Forças Armadas tornam o dia-a-dia dos que vivem em pleno isolamento um ato de resistência permanente.
Esses militares anônimos, mal pagos, são os únicos responsáveis pela defesa dos limites de uma região conturbada pela proximidade das Farc e pelas rotas do narcotráfico. Não estivessem lá, quem estaria?
“SELVA !!!”
Lema do soldado da Amazônia:
“Senhor, tu que ordenastes ao guerreiro de Selva, sobrepujai todos os vossos oponentes, dai-nos hoje da floresta, a sobriedade para resistir, a paciência para emboscar, a perseverança para sobreviver, a astúcia para dissimular, a fé para resistir e vencer, e daí-nos também senhor a esperança e a certeza do retorno, mas , se, defendendo essa brasileira Amazônia, tivermos que perecer, oh Deus, que façamos com dignidade e mereçamos a vitória, Selva!!!”
Adsumus!!!
Linda reportagem…
SELVA!!!
Daniel Camilo em 19 mai, 2009 às 11:02
Meus parabéns!!!
SELVA!!!
Gaspar,
Não sei se seria verdade, mas é plausível.
Algumas tribos indígenas esfregam suas pontas de flechas e/ou lanças sobre o dorso de pequenas rãs da família Dendrobatidae quando vão caçar; o efeito do veneno é semelhante ao do curare, o cozimento da caça degrada a atividade da toxina (devido à quebra das o pontes de hidrogênio).Seu uso em combate seria eficiente, porém perigoso; há alguns anos atrás um famoso herpetologista morreu ao manipular inadequadamente tais rãs.
Abç
Daniel Camilo
Vou confesssar que fiquei arrepiado meu caro…excelente material que você postou…
Um abraço
Daniel Camilo
Muito bom, excelente material, parabéns, acredito que apesar de não ser uma matéria técnica sobre o assunto defesa, mostra o lado humano das FAs, que é “extremamente importante” em uma região tão esquecida.
“SELVA”, Sds a todos
gostei muito sobre, sobre a sobrevivencia dos nossos militares na amazonia. como brasileiro eu só me preocupo com esta politica de sucateamento das nossas forças armadas, e convoco todo brasileiro a cobra dos nossos politicos por mais verbas e incentivos ao exercito, marinha e aeronautica, pois para nossa segurança e necessario um maior aparelhamento das nossas forças militares
SELVA!!
COMO MEMBRO DAS FORÇAS ARMADAS NÃO POSSO ESCONDER O ORGULHO DO CIGS.