“É o poder militar que garante a sobrevivência de um Estado no ambiente anárquico das relações internacionais”

O poder está no centro das reflexões sobre as relações internacionais. Com efeito, as relações entre os Estados repousam em grande parte no poder, isto é, na capacidade de cada Estado de influenciar outros Estados na sua política, ou até mesmo de lhes impor a sua vontade.

O termo “poder” (potência) serve também para designar os Estados que exercem um papel preponderante na cena internacional.

O conceito de poder

Definição clássica

O tema do poder remete para uma visão da cena internacional em que são dominantes as relações entre Estados. Este debate foi durante muito tempo influenciado pela guerra. O poder é definido pelo escritor político francês Raymond Aron, em Paix et guerre entre les nations (1962), como “a capacidade de uma unidade política impor sua vontade às outras unidades”. Pode ser utilizado pelo Estado, quer de maneira positiva, para levar o outro a fazer o que de outro modo não teria feito, quer de maneira negativa, impedindo um outro Estado de fazer o que ele quer. A vocação primeira e tradicional da utilização do poder é a de fazer prevalecer o interesse nacional do Estado sobre os dos outros.

O meio externo de utilização do poder é o recurso às armas e, como consequência, a utilização das capacidades militares, geralmente para a conquista de um novo território.

Mas o poder pode também ser exercido, de maneira menos violenta, pela persuasão, pela discussão ou ainda pela ameaça.

Continua em próximo post…

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Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Galante,já que falou do Aron,seria interessante citar também a noção de Poder (Pouvoir) e Potência (Puissance),onde a Potencia é mensurável.

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Segundo a Newsweek deste mês, existem outras maneiras de se impor no mundo da política internacional. E a revista cita o Brasil como um exemplo de eficácia e sucesso de política internacional sem o uso das armas.

O Raymond Aaron escreveu o livro faz tempo, né? Em 1962 o mundo era outro, bem outro. A começar que vivíamos o auge da Guerra Fria e não existia a Globalização tal como a temos hoje em dia.

Que fique claro: não estou defendendo o não-reequipamento das nossas FAs…ao contrário, sou um defensor constante do END e da modernização das nossas FAs aqui no blog. Mas para se pensar em política internacional eficaz hoje em dia, temos que levar em conta uma série de outras coisas e não apenas a velha (senão arcaíca) política da imposição de poder pelo uso das armas. A política dos canhões nem sempre é a melhor estratégia (têm custos de toda ordem a ser pago). E o Brasil, mais uma vez se coloca como exemplo de política internacional inteligente na América do Sul (e também, em certa medida, no mundo).

abraços a todos

Galante
Galante
15 anos atrás

Hornet, calma que virão as outras partes…rs

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Galante,

na buena…mas achei por bem já ir relativizando o pensamento do Raymond Aaron desde já…Até gosto dele, como filósofo e intelectual, mas ele tem certas análises, conceitos e concepções teóricas já muito datados…É claro, isso não é “privilégio” apenas do Aaron, acontece com todo mundo, com vários intelectuais de ponta…mas emfim…

De qualquer modo, no problem…hehehe

Aguardemos a sequência.

abração

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Hornet

Relativisando… hummm… várias interpretações… hummm…hummm…

VIVA FOUCAULT!!!

KKKKKKKKKKKKKKKKK

Brincadeiras a parte, vou esperar o próximo post. Agora é hora da caminha.

Abs

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Roberto CR,

Putz! Foucault é dose!…taí um cara que eu não topo muito.

No caso de aviões, vida noturna e mulherada, adoro França…já até namorei uma francesa certa vez (não era a Carla Bruni…hehehe).

Mas em se tratando de filosofia, sou muito mais ligado aos alemães. E, neste sentido, o Foucault não está entre meus filósofos de formação, mas nem a pau!…hehehe

E olha que o Foucault era um leitor de Nietzsche (a base de sua filosofia é Nietzsche)…Mas aí é que a coisa fica mais grave ainda…tenho sérios problemas com Nietzsche. Enfim, esse discurso da pós-modernidade não me pega muito, não…sou um tanto quanto crítico a tais coisas.

abração

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Bom, em se tratando de Filosofia, acredito não ser possível colocar os alemães em segundo plano. Acho que só “perdem” para as figuras da antiguidade clássica.

E o Foucault foi pura provocação… rsrsrsrs… mas eu ainda gosto dele.

Abs

Vinicius Modolo
Vinicius Modolo
15 anos atrás

para Foucault o poder esta nas relações. Ele faz uma boa iscussão sobre isso no microfísica do poder. Mas na minha opinião as conclusões que ele chega estão em uma esfera que não a nossa. Ele se pauta pelas relações inter-pessoais e não sobre o poder das nações.
O Aron sim…Gosto bastante dele. Leonel Itaussu, professor de ciências políticas da USP faz uma discussão com ele no seu livro Argentina e Brasil:a balança de poder no cone sul. Para o Itaussu o caso do Brasil na AS é um caso de proponderancia e não de hegemonia. O brasil assume uma posição preponderante onde essa posição necesseta da participação dos vizinhos. Ela não se faz sozizinha como no caso da hegemonia.
Deem uma olhada nesse livro do Itaussu, ele é de 1996 e foi a sua dissertação de Mestrado.
O livro do Aron, por coincidencia peguei ele na semana passada na biblioteca aqui da UFU pra ler…ou pra me sentir culto srsrsr afinal são 1000 paginas!!!!

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Hornet,
O que vc disse tá completamente certo,mas como o Galante disse,ainda tem mais partes,creio que ele vai falar dos conceitos de “Soft Power” e “Hard Power” nelas,e aí vai ser mais fácil entender…
E também,o Aron nao era nenhum Kant,ele tentou uma abordagem de poder nas RI do ponto de “o que é”,e não “o que deveria ser”. É o tipo de livro que nunca fica desatualizado ou sem sentido,como O Príncipe (que por falar nisso,nao sei se vc planejava falar dele,Galante,mas seria realmente interessante acrescentar algumas coisas de Maquiavel aí,que no caso do Brasil atualmente é bem atual…)

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Aluisio

Com relação ao Maquiavel ainda tenho uma dúvida: saiu da cadeia porque era um espertalhão, ou virou um espertalhão e por isso saiu da cadeia?

Abs

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Eu diria que nenhuma das duas (apesar de nao saber nada sobre ele ter sido preso,só exilado…),e sim pq era um belo de um puxa-saco… hahaha

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Roberto CR e Aluísio,

Ele saiu da cadeia porque o Gilmar Mendes soltou…este aí solta todo mundo, especialmente se for o Daniel Dantas…hehehe

Roberto CR,

sim, eu entendi a provocação…sem problemas. Mas eu sempre entro nessas provocações…hehehe

Nada contra o Foucault, até acho que o careca contribuiu em várias questões…só não gosto de sua abordagem filosófica, só isso. Se o poder está em todo lugar, como na Microfísica do Poder, então o poder não existe!…claro que não é tão simples assim, mas essa mania de alargar campos indefinidamente não me apetece nem um pouco. A beleza da filosofia alemã é justamente a precisão do conceito (na filosofia francesa existe isso também, em alguns casos: Descartes e Sartre podem ser citados como exemplos)…mas enfim…

Vinicius Modolo,

vc estuda na UFU? Ou mora em Uberlândia?

Por um acaso conhece o Prof. Adalberto Paranhos, da sociologia? É um grande amigo meu…

abração a todos

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Hornet,
Já que gosta dos filósofos alemães,que tal Morgenthau?
Quanto ao Gilmar,esse tem phd em soltar bandidos,mas também,quem tem montes de capagangas tem que ser bom nisso,né? hehehe

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Aluisio,

eu não conheço esse… Nunca li. Vale a pena?

Eu trabalho, de fato (na Universidade), com a filosofia de T. W. Adorno e Benjamim, e até mais Adorno que Benjamim. Claro que, para ler o Adorno como se deve, tive que ler alguma coisa de Kant, Hegel, Marx, Freud, entre outros alemães… Mas minhas leituras são centradas em Adorno mesmo, pois minha área de pesquisa é em Música Popular e o Adorno é uma das referências mais importantes para a área (não apenas ele, é claro, mas ele é uma referência e tanto).

Mas vou procurar conhecer este que vc me indicou. Assim que eu tiver um tempo, pois o Adorno já é, por sí só, uma pedreira que me toma o tempo todo.

Mas, grato pela sugestão.

abraços

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Aluisio e Hornet

Aaaaa… agora tudo ficou esclarecido… puxa-saco do Gilmar “Medici” Mendes… kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Vinicius Modolo

Admito a minha ferrugem no tema. Não li, e nem conhecia e estou esperando o próximo post (rsrsrs). Mas é por pouco tempo.
Com relação ao Leonel Itaussu e a obra dele que você cita, a preponderância se dá por qual motivo?

Abraços a todos

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Hornet,
Morgenthau é considerado o pai da teoria Realista das Relações Internacionais,eu recomendo a leitura. O tema principal dele é exatamente poder (provavelmente o Galante vai falar algo sobre ele num próximo post),mas numa abordagem mais maquiavélica do que a do Aron,que em alguns pontos chega a ser irritantemente kantiana… (Não sei a sua opnião,mas eu achei Paz Perpétua uma bobagem,muito inocente e utópica,não é a toa que a escola que se apoia em kant e pensadores da mesma linha é chamada pelos Realistas de Utopismo x] )

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Aluisio,

ok. Vou procurar.

Não leio Kant atrás dessas questões que vc comentou, portanto não sei direito o que dizer sobre o que vc pergunta.

O “meu” Kant, isto é, o que eu procuro no Kant são questões ligadas à Razão e, principalmente, à crítica da Razão (as 3 críticas de Kant: razão pura, razão prática e do juízo, ou razão moral). No entanto, e apesar dos filósofos detestarem o que eu vou dizer aqui, é preciso pensar cada filósofo dentro de seu tempo e dentro de seu sistema de pensamento.

O Kant pensava em universais, na vitória da Razão sobre o obscurantismo, no esclarecimento, na autonomia do ser e na moralidade dos indivíduos (moral aqui não pode ser entendida com moralismo, mas sim com ética, com respeito mútuo etc.). Não que ele acreditasse que todo mundo já tivesse alcançado isso. Apenas colocava tais pontos como necessários para a humanidade sobreviver sem recair na barbárie, no obscurantismo. Neste sentido, nada a estranhar que ele possa pensar em algo como “Paz Perpétua”, pois isso estaria de acordo com seu sistema filosófico, e mais que isso, tal coisa seria a vitória da Razão sobre o obscurantismo…seria o interesse geral se sobrepondo ao interesse particular, seria a capacidade humana de se humanizar. Isso é uma utopia?

Bem, toda filosofia, se for filosofia mesmo (com F maiúsculo), gera uma utopia…por isso que elas são interessantes e necessárias. Se os sistemas filosóficos não conseguissem sair do observável e do presumível, não seriam filosofia…seriam apenas opiniões de senso comum a respeito do mundo, né? A filosofia precisa pensar o impensável, precisa sair do lugar comum, precisa ver para além da Caverna (estou citando aqui o “Mito da caverna” do Platão).

Mas, mesmo em Kant, a vitória final da Razão sobre a barbárie não tem data marcada para acontecer. Portanto, como a história ainda está se fazendo, e barbárie é o que não falta neste mundo, quem é que sabe o que nos aguarda no futuro?!!!…o futuro, assim como o futebol, é uma caixinha de surpresa, né?…hehehe

Sistemas filosóficos como o Kantiano não se apegam ao imediato, mas se colocam como mediações entre o existente e o que poderá existir. São sistemas abstratos que procuram pensar os caminhos do devir histórico, no caso de Kant, a partir da Razão com R maiúsculo. O que poderá acontecer ninguém sabe, mas se não acontecer tal coisa, o filósofo te fala quais serão as consequências…é mais ou menos por aí que a coisa funciona. E Kant ainda é válido, até hoje, pois sua crítica ainda encontra eco no mundo. Assim como outros filósofos também continuam válidos até hoje, é claro…

Mas depois de Kant muita gente criticou os limites desta Razão Universal kantiana, propondo uma Razão ainda mais crítica, ao denunciar o caráter instrumental e parcial da Razão kantiana (Ocidental). A Razão Ocidental agora está dividida entre a sua instrumentalidade técnica (a capacidade de transformar a natureza) e sua moralidade. Algo semelhante ao que Maquiavel fez em seu tempo com a política, separando-a da ética (no tempo de Maquiavel era necessário fazer isso, pois ética e política estavam juntas na figura do Rei, que por si só era um emblema do mundo arcaíco e despótico com que a modernidade queria romper). A diferença é que hoje, embora dividida entre técnica (ou tecnologia) e moral, a Razão para continuar a ser racional precisa ser guiada pela moral, pela ética, pelo bem comum…senão vira Auschwitz.

Auschwitz não foi irracional no sentido de que aquilo nunca poderia ter acontecido do ponto de vista técnico, do ponto de vista da tecnologia (tanto é que aconteceu)…foi irracional porque foi imoral, foi obscurantista, foi uma barbárie. Uma afronta para os seres humanos (existem outras, estou só citando essa afronta por ser emblemática, ainda hoje).

Não sei se consegui expor meu pensamento direito…o tema é complicado mesmo e eu não queria escrever um post ainda mais longo que este…mas enfim…o que eu penso a respeito, já que vc citou o Kant (e parti dele, mas poderia ter partido de outro), é mais ou menos isso.

abração

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

Eu entendi o seu pensamento,Hornet,mas mesmo assim,ainda considero a Paz Perpétua como algo utópico,por que Kant propõe o fim dos exércitos,das guerras,das armas. Eu sou meio cético e até meio negativo nesse ponto,pra mim o “hommo homini lupus” é uma verdade universal,e conflitos vão sempre existir,é da natureza humana,tem a ver com o instinto de sobrevivencia. Pra mim,a maneira mais viável de se chegar a um fim dos conflitos foi instituida a séculos atrás,no chamado Sistema dos Estados Guerreiros Chineses. Nesses,tinha um estado que acreditava que se ele tivesse um grande poder DEFENSIVO,mas unicamente DEFENSIVO,seus inimigos não o atacariam. Não funcionou muito bem (Não dá pra implantar isso direito quando vc está cercado por mais de uma dezena de inimigos de pretenções expansionistas… hehehe),mas acho que talvez seja o mais próximo da Paz Perpétua…

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Alusio,

entendo. E aceito a argumentação do seu ponto de vista. Sem problemas.

só discordo de dois pontos: a questão da Utopia e a questão da Natureza Humana.

Utopia não é uma palavra (ou conceito) que deva ser usada em contraponto ao real. Ela faz parte do real. Ela é a contramedida do real. Contrapor “Realistas” a “Utópicos” é, de certo modo, uma utopia, entende? É utópico achar que a Utopia não pertença ao mundo e que não atue diretamente nas ações humanas, guiando as ações concretas dos seres humanos…O utópico de ontem é o real de hoje. Era utópico achar que a escravidão podia acabar um dia. Era utópico achar que o Antigo Regime fosse derrubado um dia, era utópico achar que as idéias de meia dúzia de “mulambos” poderia erguer a maior Igreja Monoteísta do Ocidente bem no seio do poderoso Império Romano Politeísta, era Utópico que Gandhi expulsasse os ingleses da Índia pregando a não-violência etc. Enfim…a história se faz de Utopias do mesmo modo que de ações reais e concretas.

No caso da natureza humana: não está claro pra ninguém no mundo o que seja isso. Qual seria o cerne, o ponto duro e imutável desta chamada Natureza Humana.

A chamada natureza humana é a coisa mais maleável que existe na natureza. Ou melhor, a natureza humana é a coisa mais cultural que existe na natureza, para o azar da natureza (diga-se de passagem).

Muitas coisas que achávamos, até pouco tempo atrás, que pertenciam a uma “natureza humana”, mostrou-se ser uma criação cultural. O problema do homem, e aqui vai uma auto-crítica para a nossa espécie, é que não somos seres naturais. Isso, ao menos para a natureza, é um problema gigantesco. Nós podemos nos transformar a cada momento. Somos mais mutantes que os X-men. E fazemos isso sempre. Tanto para o bem, como para o mal…da natureza!

Todo ser vivo nasce, cresce e morre. O Homem também. Mas fazemos isso de várias maneiras. As focas e as zebras fazem sempre da mesma maneira. Nós fazemos de todas as maneiras possíveis e impossíveis.

Do mesmo modo que desnaturalizamos nosso nascimento e nossa morte, os princípios que regem nossa existência também não são naturais. O “Homem é o Lobo do Homem” Hobbesiano também é datado. Mas ele revela uma coisa: o medo que o homem tem do desconhecido, o medo que ele tem do outro, do diferente.

Enquanto o homem não conseguir dominar este medo, talvez de origem primitiva (um medo recalcado na espécie humana, medo de um predador, por exemplo, ou algo assim, que ficou marcado no nosso subconsciente coletivo), o “Homem será o Lobo do Homem”…mas não está claro que o homem um dia não possa vir a conseguir dominar este medo…ou está? Para mim não está. Acho que tudo pode acontecer no futuro. Se olharmos para trás, para o passado de nossa espécie, veremos que é uma espécie interessante, embora um tanto quanto porca (é a única espécie que cria lixo não degradado pela natureza…hehehe): ao mesmo tempo aventureira e medrosa, ao mesmo tempo conservadora e destruidora, ao mesmo tempo solidária e mesquinha etc…nós somos seres contraditórios e mutantes, e acho que a contradição e a mudança seriam as únicas permanências, as únicas coisas que poderíamos chamar de “natureza humana”, como algo concebido de forma natural, ou genética se preferir…

enfim…

abração

Aluisio
Aluisio
15 anos atrás

É,entendi o seu argumento,mas provavelmente Nietzche deve estar se retorcendo em seu túmulo,se vc disse o que eu entendi,hehehe
Conflitos,mortes e violência não são inerentes a natureza humana,e sim a natureza de forma geral. Se algum dia conseguirmos dominar o medo,então isso seria um retrocesso,e não uma evolução,visto que é o medo que nos impulsiona,que nos força a buscar soluções para problemas,a sobreviver. O ser humano precisa de estímulos para se desenvolver,e na minha opnião,não há estímulo maior do que o medo,e se algum dia o perdermos,acho que então seremos uma espécie com capacidade evolutiva limitada,ultimamente fadada ao desaparecimento,uma sociedade fraca. Eu entendo o seus argumentos,aliás,muito bons,mas sou meio cético quanto a uma paz definitiva. Claro,uma diminuição dos conflitos certamente viria de uma racionalização maior,é um objetivo certamente alcançável,mas não o fim dos conflitos,entende?

thiago
thiago
15 anos atrás

Legal.
Publique logo as outras partes!!

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Aluisio,

por isso que falei, num post acima, que não me dava bem com o Nietzsche…

E não me dou bem com ele mesmo…hehehe

Mas eu também entendo seus argumentos e acho que são muito bons também. Na verdade, penso que pudemos discutir aqui em alto nível. A diferença entre nossos argumentos está na perspectiva teórica que partimos, ambos são plausíveis. E não quer dizer que nenhum deles seja o correto, são duas possibilidades que só o futuro poderá dizer o que vai acontecer. Mas de qualquer modo eu gosto de pensar que o futuro é aberto, sem garantias de nada e sem “naturezas” redutoras do ser humano. A teoria (ou filosofia) boa é a teoria que deixa espaço para a incerteza e para a dúvida. Não fosse assim, não seria teoria, seria revelação divina…ou então doutrina. E discutimos de forma aberta, sem dogmatismos. Isso pra mim é de grande valor.

Gostei da nossa conversa.

abração

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Aluísio,

só um dado engraçado e curioso sobre as incertezas do futuro.

Não sei se vc já leu, ou se conhece, um físico inglês (radicado nos EUA) chamado Freeman Dyson? Conhece?

Ele é um renomado físico, ganhador do Nobel etc., e em um livro chamado “Mundos Imaginados” diz uma coisa interessante: a natureza é acaso e tempo. Ou seja, a natureza (ele pensa aqui no universo como um todo) é a soma das combinações feitas ao acaso colocadas numa perspectiva temporal muito grande, gigantesca. O próprio universo seria o resultado disso.

Neste sentido ele, pra exemplificar de uma maneira didática, a construção da vida e do universo (lembremos que ele é um cientista, portanto não parte de nenhuma teoria criacionista ou divina), diz o seguinte:

“Se fosse possível colocar um macaco na frente de um computador, e ele fosse teclando ao acaso, em alguns bilhões de anos ele teria escrito toda a filosofia grega clássica e toda a obra de Shakespeare.”

A combinação de letras, ao acaso, em algum momento faria com que o macaco escrevesse tais coisas. Não seria consciente, mas as obras estariam lá, todas elas.

E é esse acaso que, segundo a ciência e segundo Dyson, criou a vida no planeta, o próprio universo e a mutação constante que é uma característica natural de nossa natureza (no caso, nós todos, os seres vivos, incluindo nós humanos)…

Assim, conclui ele: não podemos esperar mudanças nenhuma para prazos pequenos…mas para prazos dilatados, não podemos afirmar nada. Nem que não vá existir um macaco que escreva uma nova versão de Hamlet de Shakespeare.

Interessante, não? E ele é um físico…não é um filósofo ou um teórico social. Enfim….

Bem, era essa a curiosidade. Se um dia tiver tempo, procure ler o Dyson…é uma excelente leitura. Além de “Mundos Imaginados” existe um outro livro dele, traduzido para o português, chamado “Infinito em todas as direções” (os dois saíram pela editora Cia das Letras). Ambos tratam do mesmo assunto: o homem e o universo. Muito bons.

abração de novo

Vassili Zaitsev
Vassili Zaitsev
15 anos atrás

Só de ler todos esses nomes, fiquei com dor de cabeça.

Nietzsche……………., Marx…………….., Freud………….., Morgenthau…………………, Kant…………..

Foucault, esse é do filme Tropa de Elite, tenho certeza matemática.

Preciso de uma Aspirina, e rápido. Ai que dor de cachola.

abraços.

Hornet
Hornet
15 anos atrás

Vassili,

hehehe…só vc mesmo!

abração meu caro

Roberto CR
Roberto CR
15 anos atrás

Aluisio

“…O ser humano precisa de estímulos para se desenvolver,e na minha opnião,não há estímulo maior do que o medo…”.

Eu discordo. Acredito que este talvez tenha sido (o medo) o estímulo necessário até o fim da Idade Média, corroborada com a análise dos contratualistas que desenvolveram o conceito do que viria a ser conhecido como Estado. Mas, a meu ver, a partir do século XIX, já com o início da consolidação da democracia representativa, a necessidade passa a tomar o lugar do medo através da expectativa que as ciências, ainda de forma incipiente, começavam a construir. Obviamente acredito na expressão “longo século XIX”.

Esta necessidade não é calcada nos termos modernos de “demanda estimulada através do consumo”, mas sim em relação a consciência de que é possível, ao ser humano, realizar as tarefas que ele acredite necessárias a melhoria e manutenção de sua existência. Daí todo progresso tecnológico jamais experimentado em toda a história humana. O medo, representado através da submissão dos indivíduos ao Estado Totalitário (uma boa referência aqui é Etienne de La Boétie, no livro Discurso Sobre a Servidão Voluntária), passa a ter papel secundário frente a necessidade. E, com o passar do tempo, novas exigências se tornaram urgentes como, por exemplo,rapidez no deslocamento de pessoas. O assombro com o surgimento do trem, frente ao transporte fluvial ou marítimo, mostrou aos indivíduos que a capacidade de realização de suas vontades depende unicamente de quão disposto este estará para realiza-la. E essa vontade é ditada pela intensidade da necessidade.

Se por conta desta necessidade guerras foram produzidas é questão de para onde, ou melhor, até onde estaremos dispostos a atendê-la. E aqui companheiro, aquele conceito de que “só o racional é possível” vai pro brejo e tenho que concordar com um dos argumentos do Hornet: natureza humana é a coisa mais maleável que existe na natureza. Ou melhor, a natureza humana é a coisa mais cultural que existe na natureza… . Portanto irracional, sob o meu ponto de vista. Como a política, que tem como fim estabelecer as regras de convívio e negociação quando a conflito de interesses entre indivíduos. Como estabelecer relações de poder, como sugere o texto do post, sendo que os objetivos são conflitantes? Só com política, só com irracionalidade.

Finalizando, para as coisas do cotidianas que afetam o homem, acho que o Empirismo teve maior sucesso na análise deste tema, pricipalmente por permitir a análise atemporal de fatos e não se encontrar dentro de uma camisa de força conceitual como ocorre com o Racionalismo.

Abs

O Galante

Apresenta a segunda parte senão, daqui a pouco, a discussão vai parar nos pré-socráticos ou nos que procuravam a essência do homem na natureza (rsrsrs).

Abs