O poder nas relações internacionais- parte 1
“É o poder militar que garante a sobrevivência de um Estado no ambiente anárquico das relações internacionais”
O poder está no centro das reflexões sobre as relações internacionais. Com efeito, as relações entre os Estados repousam em grande parte no poder, isto é, na capacidade de cada Estado de influenciar outros Estados na sua política, ou até mesmo de lhes impor a sua vontade.
O termo “poder” (potência) serve também para designar os Estados que exercem um papel preponderante na cena internacional.
O conceito de poder
Definição clássica
O tema do poder remete para uma visão da cena internacional em que são dominantes as relações entre Estados. Este debate foi durante muito tempo influenciado pela guerra. O poder é definido pelo escritor político francês Raymond Aron, em Paix et guerre entre les nations (1962), como “a capacidade de uma unidade política impor sua vontade às outras unidades”. Pode ser utilizado pelo Estado, quer de maneira positiva, para levar o outro a fazer o que de outro modo não teria feito, quer de maneira negativa, impedindo um outro Estado de fazer o que ele quer. A vocação primeira e tradicional da utilização do poder é a de fazer prevalecer o interesse nacional do Estado sobre os dos outros.
O meio externo de utilização do poder é o recurso às armas e, como consequência, a utilização das capacidades militares, geralmente para a conquista de um novo território.
Mas o poder pode também ser exercido, de maneira menos violenta, pela persuasão, pela discussão ou ainda pela ameaça.
Continua em próximo post…
Galante,já que falou do Aron,seria interessante citar também a noção de Poder (Pouvoir) e Potência (Puissance),onde a Potencia é mensurável.
Segundo a Newsweek deste mês, existem outras maneiras de se impor no mundo da política internacional. E a revista cita o Brasil como um exemplo de eficácia e sucesso de política internacional sem o uso das armas. O Raymond Aaron escreveu o livro faz tempo, né? Em 1962 o mundo era outro, bem outro. A começar que vivíamos o auge da Guerra Fria e não existia a Globalização tal como a temos hoje em dia. Que fique claro: não estou defendendo o não-reequipamento das nossas FAs…ao contrário, sou um defensor constante do END e da modernização das nossas FAs aqui… Read more »
Hornet, calma que virão as outras partes…rs
Galante,
na buena…mas achei por bem já ir relativizando o pensamento do Raymond Aaron desde já…Até gosto dele, como filósofo e intelectual, mas ele tem certas análises, conceitos e concepções teóricas já muito datados…É claro, isso não é “privilégio” apenas do Aaron, acontece com todo mundo, com vários intelectuais de ponta…mas emfim…
De qualquer modo, no problem…hehehe
Aguardemos a sequência.
abração
Hornet
Relativisando… hummm… várias interpretações… hummm…hummm…
VIVA FOUCAULT!!!
KKKKKKKKKKKKKKKKK
Brincadeiras a parte, vou esperar o próximo post. Agora é hora da caminha.
Abs
Roberto CR, Putz! Foucault é dose!…taí um cara que eu não topo muito. No caso de aviões, vida noturna e mulherada, adoro França…já até namorei uma francesa certa vez (não era a Carla Bruni…hehehe). Mas em se tratando de filosofia, sou muito mais ligado aos alemães. E, neste sentido, o Foucault não está entre meus filósofos de formação, mas nem a pau!…hehehe E olha que o Foucault era um leitor de Nietzsche (a base de sua filosofia é Nietzsche)…Mas aí é que a coisa fica mais grave ainda…tenho sérios problemas com Nietzsche. Enfim, esse discurso da pós-modernidade não me pega… Read more »
Bom, em se tratando de Filosofia, acredito não ser possível colocar os alemães em segundo plano. Acho que só “perdem” para as figuras da antiguidade clássica.
E o Foucault foi pura provocação… rsrsrsrs… mas eu ainda gosto dele.
Abs
para Foucault o poder esta nas relações. Ele faz uma boa iscussão sobre isso no microfísica do poder. Mas na minha opinião as conclusões que ele chega estão em uma esfera que não a nossa. Ele se pauta pelas relações inter-pessoais e não sobre o poder das nações. O Aron sim…Gosto bastante dele. Leonel Itaussu, professor de ciências políticas da USP faz uma discussão com ele no seu livro Argentina e Brasil:a balança de poder no cone sul. Para o Itaussu o caso do Brasil na AS é um caso de proponderancia e não de hegemonia. O brasil assume uma… Read more »
Hornet,
O que vc disse tá completamente certo,mas como o Galante disse,ainda tem mais partes,creio que ele vai falar dos conceitos de “Soft Power” e “Hard Power” nelas,e aí vai ser mais fácil entender…
E também,o Aron nao era nenhum Kant,ele tentou uma abordagem de poder nas RI do ponto de “o que é”,e não “o que deveria ser”. É o tipo de livro que nunca fica desatualizado ou sem sentido,como O Príncipe (que por falar nisso,nao sei se vc planejava falar dele,Galante,mas seria realmente interessante acrescentar algumas coisas de Maquiavel aí,que no caso do Brasil atualmente é bem atual…)
Aluisio
Com relação ao Maquiavel ainda tenho uma dúvida: saiu da cadeia porque era um espertalhão, ou virou um espertalhão e por isso saiu da cadeia?
Abs
Eu diria que nenhuma das duas (apesar de nao saber nada sobre ele ter sido preso,só exilado…),e sim pq era um belo de um puxa-saco… hahaha
Roberto CR e Aluísio, Ele saiu da cadeia porque o Gilmar Mendes soltou…este aí solta todo mundo, especialmente se for o Daniel Dantas…hehehe Roberto CR, sim, eu entendi a provocação…sem problemas. Mas eu sempre entro nessas provocações…hehehe Nada contra o Foucault, até acho que o careca contribuiu em várias questões…só não gosto de sua abordagem filosófica, só isso. Se o poder está em todo lugar, como na Microfísica do Poder, então o poder não existe!…claro que não é tão simples assim, mas essa mania de alargar campos indefinidamente não me apetece nem um pouco. A beleza da filosofia alemã é… Read more »
Hornet,
Já que gosta dos filósofos alemães,que tal Morgenthau?
Quanto ao Gilmar,esse tem phd em soltar bandidos,mas também,quem tem montes de capagangas tem que ser bom nisso,né? hehehe
Aluisio, eu não conheço esse… Nunca li. Vale a pena? Eu trabalho, de fato (na Universidade), com a filosofia de T. W. Adorno e Benjamim, e até mais Adorno que Benjamim. Claro que, para ler o Adorno como se deve, tive que ler alguma coisa de Kant, Hegel, Marx, Freud, entre outros alemães… Mas minhas leituras são centradas em Adorno mesmo, pois minha área de pesquisa é em Música Popular e o Adorno é uma das referências mais importantes para a área (não apenas ele, é claro, mas ele é uma referência e tanto). Mas vou procurar conhecer este que… Read more »
Aluisio e Hornet
Aaaaa… agora tudo ficou esclarecido… puxa-saco do Gilmar “Medici” Mendes… kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinicius Modolo
Admito a minha ferrugem no tema. Não li, e nem conhecia e estou esperando o próximo post (rsrsrs). Mas é por pouco tempo.
Com relação ao Leonel Itaussu e a obra dele que você cita, a preponderância se dá por qual motivo?
Abraços a todos
Hornet,
Morgenthau é considerado o pai da teoria Realista das Relações Internacionais,eu recomendo a leitura. O tema principal dele é exatamente poder (provavelmente o Galante vai falar algo sobre ele num próximo post),mas numa abordagem mais maquiavélica do que a do Aron,que em alguns pontos chega a ser irritantemente kantiana… (Não sei a sua opnião,mas eu achei Paz Perpétua uma bobagem,muito inocente e utópica,não é a toa que a escola que se apoia em kant e pensadores da mesma linha é chamada pelos Realistas de Utopismo x] )
Aluisio, ok. Vou procurar. Não leio Kant atrás dessas questões que vc comentou, portanto não sei direito o que dizer sobre o que vc pergunta. O “meu” Kant, isto é, o que eu procuro no Kant são questões ligadas à Razão e, principalmente, à crítica da Razão (as 3 críticas de Kant: razão pura, razão prática e do juízo, ou razão moral). No entanto, e apesar dos filósofos detestarem o que eu vou dizer aqui, é preciso pensar cada filósofo dentro de seu tempo e dentro de seu sistema de pensamento. O Kant pensava em universais, na vitória da Razão… Read more »
Eu entendi o seu pensamento,Hornet,mas mesmo assim,ainda considero a Paz Perpétua como algo utópico,por que Kant propõe o fim dos exércitos,das guerras,das armas. Eu sou meio cético e até meio negativo nesse ponto,pra mim o “hommo homini lupus” é uma verdade universal,e conflitos vão sempre existir,é da natureza humana,tem a ver com o instinto de sobrevivencia. Pra mim,a maneira mais viável de se chegar a um fim dos conflitos foi instituida a séculos atrás,no chamado Sistema dos Estados Guerreiros Chineses. Nesses,tinha um estado que acreditava que se ele tivesse um grande poder DEFENSIVO,mas unicamente DEFENSIVO,seus inimigos não o atacariam. Não… Read more »
Alusio, entendo. E aceito a argumentação do seu ponto de vista. Sem problemas. só discordo de dois pontos: a questão da Utopia e a questão da Natureza Humana. Utopia não é uma palavra (ou conceito) que deva ser usada em contraponto ao real. Ela faz parte do real. Ela é a contramedida do real. Contrapor “Realistas” a “Utópicos” é, de certo modo, uma utopia, entende? É utópico achar que a Utopia não pertença ao mundo e que não atue diretamente nas ações humanas, guiando as ações concretas dos seres humanos…O utópico de ontem é o real de hoje. Era utópico… Read more »
É,entendi o seu argumento,mas provavelmente Nietzche deve estar se retorcendo em seu túmulo,se vc disse o que eu entendi,hehehe Conflitos,mortes e violência não são inerentes a natureza humana,e sim a natureza de forma geral. Se algum dia conseguirmos dominar o medo,então isso seria um retrocesso,e não uma evolução,visto que é o medo que nos impulsiona,que nos força a buscar soluções para problemas,a sobreviver. O ser humano precisa de estímulos para se desenvolver,e na minha opnião,não há estímulo maior do que o medo,e se algum dia o perdermos,acho que então seremos uma espécie com capacidade evolutiva limitada,ultimamente fadada ao desaparecimento,uma sociedade… Read more »
Legal.
Publique logo as outras partes!!
Aluisio, por isso que falei, num post acima, que não me dava bem com o Nietzsche… E não me dou bem com ele mesmo…hehehe Mas eu também entendo seus argumentos e acho que são muito bons também. Na verdade, penso que pudemos discutir aqui em alto nível. A diferença entre nossos argumentos está na perspectiva teórica que partimos, ambos são plausíveis. E não quer dizer que nenhum deles seja o correto, são duas possibilidades que só o futuro poderá dizer o que vai acontecer. Mas de qualquer modo eu gosto de pensar que o futuro é aberto, sem garantias de… Read more »
Aluísio, só um dado engraçado e curioso sobre as incertezas do futuro. Não sei se vc já leu, ou se conhece, um físico inglês (radicado nos EUA) chamado Freeman Dyson? Conhece? Ele é um renomado físico, ganhador do Nobel etc., e em um livro chamado “Mundos Imaginados” diz uma coisa interessante: a natureza é acaso e tempo. Ou seja, a natureza (ele pensa aqui no universo como um todo) é a soma das combinações feitas ao acaso colocadas numa perspectiva temporal muito grande, gigantesca. O próprio universo seria o resultado disso. Neste sentido ele, pra exemplificar de uma maneira didática,… Read more »
Só de ler todos esses nomes, fiquei com dor de cabeça.
Nietzsche……………., Marx…………….., Freud………….., Morgenthau…………………, Kant…………..
Foucault, esse é do filme Tropa de Elite, tenho certeza matemática.
Preciso de uma Aspirina, e rápido. Ai que dor de cachola.
abraços.
Vassili,
hehehe…só vc mesmo!
abração meu caro
Aluisio “…O ser humano precisa de estímulos para se desenvolver,e na minha opnião,não há estímulo maior do que o medo…”. Eu discordo. Acredito que este talvez tenha sido (o medo) o estímulo necessário até o fim da Idade Média, corroborada com a análise dos contratualistas que desenvolveram o conceito do que viria a ser conhecido como Estado. Mas, a meu ver, a partir do século XIX, já com o início da consolidação da democracia representativa, a necessidade passa a tomar o lugar do medo através da expectativa que as ciências, ainda de forma incipiente, começavam a construir. Obviamente acredito na… Read more »