Iraqi Freedom - 101st Airborne

A ocupação do Iraque pelos EUA, iniciada com um ataque na madrugada de 20 de março de 2003 com bombas e mísseis ao sul de Bagdá, completa hoje seis anos. Mas desta vez, após tantos protestos e atenção da mídia, a crise econômica ofuscou a guerra no noticiário, e a data parece quase esquecida.

Em dois discursos em Los Angeles ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, não citou o aniversário, concentrando-se na economia. Tampouco houve perguntas da plateia a respeito. Em manchetes dos principais jornais, blogs e TVs, nada de destaque ao Iraque. E Bagdá tampouco fez cerimônias sobre a ocasião.

A ausência foi notável, já que, pelo horário de Washington, a guerra começou na noite de 19 de março de 2003.

Não é só a recessão que causou o desprestígio. Ajudou na obliteração das notícias do front o declínio da violência, creditado pelo Pentágono ao aumento das tropas no Iraque a partir de 2006 e à aliança com milícias sunitas.

Além disso, é uma estratégia de Obama transferir atenção, assim como tropas e recursos, do Iraque ao Afeganistão. A ação no Iraque já custou US$ 657 bilhões aos cofres públicos americanos (segundo valores aprovados pelo Congresso). Com as mudanças, Obama projeta reduzir os gastos, contando com US$ 144 bilhões deste ano fiscal, US$ 130 bilhões em 2010 e US$ 50 bilhões depois.

Os números trazem notícias relativamente boas. As média diária de mortes de civis iraquianos em ataques e confrontos é hoje 10. É mais do que no início da guerra, mas menos do que o pico de 72 em 2006, segundo o site Iraq Body Count.

Os saldo total, porém, bate em 91 mil. No caso dos militares americanos, as baixas chegam a 4.259. E, se a violência diminuiu significativamente em Bagdá, a insurgência sunita continua forte no norte do país.

De toda forma, o Iraque não está estável. O país enfrenta dificuldades políticas e econômicas, e o risco de as disputas desembocarem em mais violência não está fora do quadro.

“O processo político é cheio de tensões e contradições, e a situação no Iraque vai se deteriorar se não progredirmos politicamente”, disse o legislador sunita Osama al Nujafi à Associated Press. Na economia, uma complicação recente é a crise no Orçamento: cortes severos foram necessários depois que o preço do barril de petróleo caiu do pico de US$ 150 em meados de 2008 para US$ 50.

Ante o quadro, o Exército dos EUA espera sair do Iraque sem deixar o país no caos. A ideia é tirar as tropas de combate até setembro de 2010 e todos os soldados até o fim de 2011.

Para muitos iraquianos, é pouco. “O Iraque nunca vai ver a estabilização até que todas as tropas de ocupação saiam. Não vimos nenhuma mudança do último aniversário até agora”, disse Salah al Obeidi.

FONTE: Folha de São Paulo / FOTO: US Army

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Bosco
Bosco
15 anos atrás

Infelizmente a “democratização” do Iraque não surtiu o efeito esperado e o país continuará a precisar de ser governado por uma “mão de ferro”, seja americana ou iraquiana.
Os EUA apesar da “boa vontade” e após terem 4000 americanos mortos, uns 100.000 iraquianos e mais de 1 trilhão de dólares despejados, só fez “trocar seis por meia dúzia”.
Ou seja, continua “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

LeoPaiva
LeoPaiva
15 anos atrás

Não só as coisas estão caminhando para ficar como antes como poderão se inverter no futuro, os EUA estão rearmando o Iraque, uns TEXANs II aqui, uns Abrahans ali,uns URUTUs reformados acolá, e quem garante que no futuro não irá aparecer um novo governo anti americano? Já vi esse filme antes : Primeiro os EUA armaram o Irã do Chá RezaParLev até os dentes, depois o Irã virou inimigo, aí passaram a armar o Iraque de Sadan até os dentes para enfrentar o Irã, depois o Iraque virou inimigo e agora, derrotado, volta a se rearmar por conta dos americanos,… Read more »

angelo
angelo
15 anos atrás

Percebo uma visão míope dos estrategistas americanos em relação a história de muitos povos. A democracia para alguns deles, não é o regime de excelência. Não possuem a nossa visão de mundo, e está e a maior razão dos conflitos na história da humanidade. Muitos não tem a noção de país que possuímos. Em razão deste fator simples, não é possível impor nossos valores a eles. A história do Afeganistão é rica neste aspécto. Mas parece que os americanos não percebem ou acreditam que possam ser os primeiros a mudar tal parâmetro. Abraços.