The Fog of War – Sob a névoa da guerra
The Fog of War – Sob a névoa da guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara é um documentário dirigido por Errol Morris lançado em dezembro de 2003. O filme inclui trilha sonora original de Philip Glass e ganhou o Oscar de melhor documentário. A expressão “névoa da guerra”, popularizada por Carl von Clausewitz no seu livro Da Guerra (1832), indica a nuvem de incerteza que recobre um campo de batalha assim que a luta tem início.
O filme mostra a vida de Robert McNamara, secretário de defesa dos Estados Unidos de 1961 a 1968, através de imagens de arquivo, gravações da Casa Branca e, em primazia, uma entrevista com McNamara aos 85 anos de idade. A entrevista trata dos trabalhos de McNamara como um dos Whiz Kids durante a Segunda Guerra Mundial e como presidente da Ford, e do seu envolvimento na Guerra do Vietnam enquanto foi secretário de defesa dos presidentes Kennedy e Lyndon Johnson.
Durante uma aparição em 2004 na UC Berkeley, Morris disse que se inspirou para criar o filme após ler o livro de 2001 escrito por McNamara (com James G. Blight), Wilson’s Ghost: Reducing the Risk of Conflict, Killing, and Catastrophe in the 21st Century. O webcast completo pode ser visto em UC Berkeley News.
O conceito de formular o filme em “11 lições” se originou do livro de 1996 de McNamara In Retrospect: The Tragedy and Lessons of Vietnam. Morris criou o filme através de lições das várias regras que McNamara se utiliza durante sua entrevista (Morris entrevistou McNamara por mais de 20 horas). As lições proporcionam uma estrutura a Sob a névoa da guerra, no entanto, essas lições não foram explicitamente criadas por McNamara (como anteriormente citado, durante o evento na UC Berkeley, McNamara declarou que não concordava com todas os aspectos das interpretações de Morris). Após a conclusão do filme, McNamara respondeu a Morris complementando as 11 lições do filme com mais 10 lições feitas por ele próprio. As lições estão inclusas no DVD.
Durante o evento em Berkeley, McNamara foi convidado a aplicar suas lições originais(do seu livro de 1996) para a Invasão do Iraque, e ele se recusou, argumentando que ex-Secretários de Defesa não deveriam comentar a política dos atuais Secretários de Defesa. McNamara sugeriu que outra pessoa aplicasse as suas lições ao Iraque se assim desejavam, mas que ele próprio não faria isso explicitamente, e comentou que suas lições eram muito generalizantes para qualquer conflito militar em especial (e ele havia as escrito algum tempo antes da guerra do Iraque).
As 11 lições do filme
1. Sinta empatia pelo inimigo.
2. Racionalidade não irá nos salvar.
3. Existe algo superior a uma pessoa.
4. Maximize a eficiência.
5. Proporcionalidade deve ser uma meta da guerra.
6. Consiga a informação.
7. Acreditar e ver, os dois podem falhar.
8. Esteja preparado para reanalizar seu pensamento.
9. Para fazer o bem, você pode ter que fazer o mal.
10. Nunca diga nunca..
11. Você não pode mudar a natureza humana.
NOTA DO BLOG: O documentário é OBRIGATÓRIO para todos os estudiosos de assuntos militares. Se você ainda não assistiu, alugue esta semana mesmo na sua locadora. Quem já assistiu, por favor, deixe um comentário com suas impressões. Abaixo, dois trechos do filme.
Lembrei que estava outro dia mesmo falando com alguém sobre esse documentário. Acho que foi contigo mesmo, não foi, Galante?
Enfim, é obrigatório MESMO. Além das lições, é legal sempre perceber no filme a imagem de si próprio que ele quer passar para a posteridade. O filme é, e com razão, tema frequente de debates e seminários no meio acadêmico.
Esqueci de acrescentar: destaco as lições 2 e 6 como as mais interessantes do filme, na minha opinião.
Sim, Nunão. O documentário é impressionante do início ao fim, mostrando bem a situação em que McNamara se meteu, depois de aceitar o convite de Kennedy para ser o Secretário da Defesa.
A informação de que na Crise dos Mísseis em 1962, Cuba já tinha recebido as ogivas nucleares e que Fidel não hesitaria em lançá-las é de arrepiar.
Eu não vi o filme, vou procurar em alguma locadora pra assistir. Nunão e amigos que já viram o filme, mas o que exatamente ele quer dizer com “racionalidade não irá nos salvar”? A que tipo de razão ele está se referindo exatamente? À razão prática (instrumental, tecnológica etc)? À razão analítica? À razão crítica? À razão comparativa (relativa ao juízo de valores)? À razão pura (formal)? À lógica? À metafísica? Todas elas juntas? Enfim… Pois as demais lições me pareceram, de um modo ou de outro, articuladas e entrelaçadas de uma maneira bem racional (maximização de eficiência, conseguir informação,… Read more »
Independente do conceito de razão usado, uma coisa me parece imutável: a razão da sobrevivência da espécie nos salvou de uma catástrofe nuclear nesse período mais quente da guerra fria…sorte nossa!…hehehe
abraços a todos
Hornet, não vou discutir a fundo a racionalidade da qual ele fala pra não estragar a sua (e de outros) experiência vendo o documentário pela primeira vez, mas dou uma pista que tem mais a ver com a tomada de decisões, com o exemplo da crise dos mísseis. Mas depois que você assistir a gente troca mais idéias! O documentário da forma que é passado é bem menos filosófico do que o que vc está colocando, é mais pra linha dos exemplos históricos que ele viveu e que montam a argumentação. Mas dá pra filosofar um monte a partir disso,… Read more »
Nunão, eu prometo que vou assistir o documentário, assim que encontrar. Mas olha que coisa interessante, e nada filosófico…uma coisa bem “mundana” e histórica. Lição 10: Nunca diga nunca… Bem ao sabor da contracultura da época (anos 60), não?!!! Essa frase aparecia frequetemente nos muros do Quatier Latin, no Maio de 68 francês (símbolo da contracultura)…junto com outras, tais como: “é proibido proibir!”, “Sejam realistas, exijam o impossível!” etc… A idéia, que me chamou a atenção em relação à “racionalidade não nos salvar”, também é uma versão “Mcnamaristica” (digamos assim) da contracultura dos anos 60. Não está muito distante do… Read more »
Hornet, tá aí um resumo em ingrêis do que McNamara quis dizer com “natureza humana”:
LESSON #11: YOU CAN’T CHANGE HUMAN NATURE
“We all make mistakes. We know we make mistakes. I don’t know any military commander, who is honest, who would say he has not made a mistake. There’s a wonderful phrase: ‘the fog of war.’ What ‘the fog of war’ means is: war is so complex it’s beyond the ability of the human mind to comprehend all the variables. Our judgment, our understanding, are not adequate. And we kill people unnecessarily.”
Bem de acordo com esse pequeno resumo ai Galante, tenho que concordar…
E por ai temos que ter cuidado quando exigimos conflitos com 0 baixas colaterais – simplismente impossivel!
Semper Fi!
Pois é Marine, os políticos e a mídia querem guerras limpas, mas elas são sempre sujas e feias. Pessoas vão sempre morrer desnecessariamente.
Hornet: nunca diga nunca, principalmente se pensar que nunca vão fazer um documentário onde eu vou ter que me confrontar com os nuncas que eu disse antes e aí ter que dar o braço a torcer e confirmar que eu nunca deveria ter dito aquele nunca… Marine: por essas e outras tem a tal da lição 5, da proporcionalidade como meta, que deveria servir também para relativizar os que morrem desnecessariamente. Mas muitas vezes ela bate de frente com a lição 9, do bem e do mal, que a princípio é a visão de um lado só, mas tem que… Read more »
Pode ser, Galante, mas me parece que esses dois ítem estão em conflito. Ou você faz uma coisa (5) ou a outra (9), as duas ao mesmo tempo me parece impossível.
Abraços!!!
Galante,
obrigado pela resposta. E vou te dizer, gostei bastante da definição que ele deu, muito bacana.
E só pra fazer uma relação com as perfuntas que fiz acima: é uma crítica moral que ele faz…muito interessante. Dizer que nosso julgamento, nossa compreensão, não é adequada para se entender completamente uma guerra é algo muito interessante. Tem um humanismo bacana aí, que se liga com a crítica que ele faz à razão. Nesse sentido é fácil de entender o que ele chama de razão. Bem legal.
Nunão,
hehehehe….sem comentários…
abraços aos dois
Galante, Nunao,
como seria o titulo do documentario em ingles…vou procurar aqui na blockbuster
Marine,
o título em inglês é: The Fog of War.
Traduziram bem o título dessa vez. A névoa que ofusca a compreensão total da guerra…muito legal o título, eu achei.
abração
Mais uma coisa que mererce ser destacado nesse documentário, que pelo visto deve ser muito bom mesmo: trilha sonora de Philip Glass…já estou pensando em comprá-lo, e não em alugá-lo apenas.
abraços a todos
O ítem “9”, não seria o que Israel está aplicando nos palestinos?
Abraços!!!
Wilson, Israel precisa aplicar o item 5.
Hornet, também vou comprar. É bom demais.
Não esqueça de comentar aqui depois de assistir.
Abraços…
Galante,
pode deixar. Quero ver se encomendo ainda nesta semana, e depois volto a comentar aqui.
abração
Hornet, tu sabe copiar DVD? rsrss
Depois me manda uma cópia para estudo rsrss, sem fins lucrativos rss
Abração
Cinquini,
eu não tenho o programa de copiar DVD, mas damos um jeito…fica sossegado. Material didático não é pirataria…hehehehe
abração
Wilson, assista ao documentário primeiro e vai ver que o conflito é apenas aparente.
Assisti o documentário há 1(um) ano atrás, show de bola.
Concordo com o comentário do Galante em 18 jan, 2009 às 14:50.
Foi de gelar a espinha.
Saudações aos do blog.
PS.: Outro documentário legal de ver é o Why we Fight.
[…] NOTA do BLOG: Para conhecer sobre a vida e o pensamento de Robert McNamara, recomendamos aos leitores o imperdível documentário “Sob a Névoa da Guerra” (Fog of War), que divulgamos aqui. […]