Desfecho do seqüestro em Santo André (Opinião)
“Os fatos ocorridos em Santo André, nada mais são que o resultado do pensamento dominante dos “iluminados” que nos governam atualmente. Sou policial a 23 anos. Quando entrei para a polícia militar, era o final do regime linha dura. Aí passamos a outra ideologia, quando houve um assombroso aumento nos direitos e garantias individuais. Nada que eu seja contra, mas acho que exageramos quando vamos para uma ocorrência objetivando preservar a vida do meliante, em detrimento das vítimas. Estamos como policiais, extremamente preocupados em não algemar, não expor os presos as lentes da cameras da imprensa, não divulgar nomes, não usar força excessiva na contenção de criminosos, não desagradar as ONGs que preservam direitos humanos. Além disto tudo, continuamos ganhando salários ridiculos, independente se o governo for ARENA, MDB, PSDB ou PT. Treinamento? Não brinquem, em todo o tempo passado na polícia, fui submetido a dois treinamentos que não totalizaram 4 dias. Possuímos problemas graves, como alcoolismo, problemas de stress, os quais não são proporcionados tratamentos, etc. E os desvios de conduta? Estes na maioria das vezes nem são apurados. Mas hoje acredito que a polícia é um reflexo da cultura que possuímos, nossos valores e crenças. Vivemos em uma sociedade do “coitadinho”, onde todos são vítimas (principalmente marginais), onde muitos querem a “pena de morte”, menos para seus parentes e amigos, pois aí seria arbitrariedade do Estado. E o mais grave de tudo, op policial deve se manter equidistante de sentimentos, de ser emotivo. É muito preocupante quando polciais usam discursos de “pobre trabalhador apaixonado” ou “colocaria meu filho no lugar”, ou ainda “vitima de um sistema excludente”. Sempre pautei minha conduta profissional em resolver a ocorrência sem envolvimento emocional ou ideologico.” – Angelo
pessoal, nao boa, acho que esse assunto ja deu o que tinha que dar…
Sr. Angelo.
concordo com a sua explanação.
gostaria de pedir-lhe algo.
poderia eu tornar público este seu comentário?
É por aí mesmo…
…não adianta reclamar da Polícia, a reclamação deve ser contra os políticos.
Claro que critiquei o GATE sobre o caso, porque penso que polícia deve agir como polícia e não dar ouvidos à imprensa. Mas o fato é que tem um monte de gente aporrinhando a paciência dos policiais, muitas vezes com as graças de juízes e promotores extremamente despreparados que, formados em berço esplêndido e saídos de famílias ricas e de classe média alta, não têm experiência para saber o que é o crime e acabam acreditando na esparrela dos direitos humanos que são de necessária preservação, mas nunca a ponto de atrapalhar a aplicação da Lei, como ocorre no Brasil.
Não quero ser chato, mas, no post anterior, viram o que eu falei sobre imprensa e tal?
Tá aí a confirmação.
E o Fábio tá certo. A reclamação deve ser dos políticos também. E, por sua vez, contra nós como povo. É a gente que vota!
Todo mundo sabe que eles agem assim: qdo. a polícia ou as FAs devem fazer ou providenciar algo, qqer. que seja, cobram. Mas, na hora de prover recursos ou atender a um pedido de compra, adoram remeter ao período da Ditadura, usando como desculpa pra não atendê-los.
Abraço!
Concordo em parte com o Sr. Angelo.
Nada pessoal, apenas divergência de opinião.
O mundo está progredindo, temos de acompanhar. Não temos mais como querer continuar vivendo num mundo como o de antes, na época da ditadura. Naquela época, ninguém podia reclamar dos desmandos da polícia (genericamente falando) e das FAs. Elas faziam o que bem entendiam e eram encobertas pelo sistema. Muita gente morreu e foi torturada apenas porque alguém ouviu dizer que fulano era comunista. Falta preparo na polícia para investigar, faltam equipamentos, faltam treinamentos, falta pessoal, faltam melhores salários, tratamentos etc. Tudo isso eu concordo que falta. Concordo que os policias devem ser melhor tratados, pelo Estado, pela mídia. Devem ser respeitados como técnicos que são.
O que não concordo é que o preso, tendo direito de não se expor, seja exposto porque o policial acha que a cara dele tenha de ser conhecida, como ocorre com a polícia do RJ. A nossa polícia tem de lembrar que quem julga é o juiz e não o policial, a mídia, a população. O julgamento deve seguir regras da lei e não a vontade de alguns. Não concordo que o preso tenha de ser torturado para admitir culpa alguma. Penso que a polícia deixou o lado investigativo um pouco de lado. Qualquer suspeita, quebra-se o sigilo fiscal, telefônico e de dados. Tudo bem, que sejam quebrados, mas penso que a investigação não deve ser só isso. Não concordo que a polícia devolva reféns, como ocorreu agora. Não me importa se tem a autorização da mãe. Olhem o que ocorreu. A questão da algema é polêmica. Penso que o Supremo tribunal tenha decidido dessa forma para acabar com abusos que realmente estejam existindo, mas por outro lado, me coloco no lugar dos policiais: como saber que o camarada não vai reagir e agredir, por vezes até matar alguém. Eu pessoalmente acho que todos devem ser algemados. Mas faço uma ressalva: que a polícia faça realmente um trabalho sério de investigação. Por vezes tenho visto a polícia prender as pessoas sem uma boa investigação. Depois a pessoa é absolvida pela Justiça e todos reclamam. Muitos Habeas corpus são concedidos por falha na prisão ou na condução de inquéritos policiais. Penso que em muitos casos faz-se vista grossa para muitas coisas. Como o Sr. Angelo bem colocou, existem vários desvios de conduta que tb não são punidos, nem investigados, por causa do corporativismo – que, diga-se de passagem, existe onde tem ser humano.
Penso que a polícia tem de se modernizar, acabar com alguns ransos, algumas coisas que não devem mais existir. Polícia serve para reprimir, mas principalmente servir e proteger o cidadão de bem. Penso que a polícia deve sim, e mais que todas as outras profissões, respeitar o direito de todos. Muitas vezes, as pessoas chegam à delegacia e são mal-tratadas pelos policiais que estão no atendimento ao público. Cadê a consciência para lembrar que ninguém vai a delegacia para passear. Se alguém vai à delegacia, vai procurando ajuda. Não vai fazer turismo. Falta a noção de cidadania à nossa polícia. Como no Brasil como um todo. Penso que os direitos humanos têm de ser respeitados sim, mas de todos os lados. O preso deve ser respeitado enquanto ser humano, o policial deve ser respeitado como profissional. Não tem essa de político falando que quer que ela aja assim ou assado. Não tem essa de proteger o criminoso. Acho que a polícia deve negociar com o criminoso, mas apenas o que pode ser negociado. Caso não haja condições, antes sacrificar a vida do criminoso que a das reféns. Se houver excessos por parte da polícia, a investigação, o Ministério Público, enfim, os órgãos responsáveis devem apontá-los e pedirem a punição. Imprensa, essa deve se conscientizar que a sua profissão não é ser Deus, mas noticiar. Não tem essa de ficar falando com criminoso por telefone. Muito se falou do rapaz bonzinho, gente boa, normal, responsável, trabalhador, que apenas estava com um problema amoroso. ÓTIMO, MAS PARA MIM, ELE ERA TUDO ISSO ANTES DE COMETER UM CRIME. A partir do momento que ele cometeu um crime e que tem vidas em risco, a polícia deve sim agir para preservar a vida dos reféns. Se puder preservar a vida do criminoso, melhor. No caso do sequestro de São Paulo, penso que a polícia errou em não usar atiradores, em não dar o tiro de comprometimento. Se tivesse feito, não teríamos uma inocente morta e outra ferida. Agora, o Estado – entenda-se, nós – pagará uma gorda indenização à família das vítimas pela desídia da polícia e do Governo de São Paulo.
Penso que está na hora de revermos o “PACTO DA MEDIOCRIDADE” existente no nosso país. Está na hora de desenvolvermos e de sermos cidadãos. Está passando da hora de melhorarmos este país. Sozinho ele não vai pra frente. A conduta da população é que faz um país melhor ou pior. Todos temos de nos modernizar, inclusive a polícia.
DESCULPEM-ME pela longa mensagem. Não é nada pessoal, Senhores, apenas minha opinião.
Obrigado e um abraço a todos.
Walderson,
Excelente comentario!
Amigo Walderson,
Parabéns pelos comentários!
E reafirmo uma vez mais um ponto que vc escreveu: “está na hora de revermos o “PACTO DA MEDIOCRIDADE” existente no nosso país. Está na hora de desenvolvermos e de sermos cidadãos.”
um forte abraço
Pessoal! Perguntem a qualquer PM de SP e estes lhes informaram de quem foin a ordem para NÃO ATIRAR no sequestrador… a ingerência política neste caso foi fatal, para as refens…
ELEIÇÃO EM SP, com o candidato do Governador na dianteira, e com sua blindagem na mídia, nao poderia haver outro desfecho.
Obrigado,
Marine e Hornet.
Eu apenas falei o que penso que está engasgado na garganta de qualquer um de nós. Apenas cheguei primeiro e postei.
Um abraço.
Ao ler o comentário do Sr. Walderson, de excelente nível, gostaria de esclarecer que em nenhum momento defendi ou achei melhor os meios usados durante a ditadura. Acredito sim, que não houve investimentos necessários para transformar aquele policial “brucutu” em um policial realmente especializado, seja no trabalho de policiamento ostensivo, exclusividade da Polícia Militar, ou investigativo, seara da Polícia Civil. Como bem disse o Sr. Walderson falta cidadania para os policiais, assim como falta para a maioria da população. Nunca devemos esquecer que ninguém nasce policial, o indivíduo opta pela carreira de polícial, sendo que trás de sua vida anterior toda uma bagagem de influências e crenças. Neste ponto, é que se deve fazer um bom recrutamento e seleção, um excelente treinamento, em que não sejam poupados investimentos na educação e no treinamento de técnicas e táticas policiais. Deveria ser urgentemente revista a visão de “policial como funcionário púlico”. O policial, em razão de sua atividade, deveria ter treinamento, salário e punições, inclusive demissão, diferentemente daquelas aplicadas a outras carreiras do funcionalismo. E para não abusar deste espaço, gostaria de finalizar dizendo que é muito frustante quando uma investigação não chega a a bom termo. Os motivos? Serei mais explicito, em tempos recentes, cheguei a ter sob minha mesa a pequena quantidade de 238 inqueritos policiais, os quais apuravam delitos, alguns graves, mos quais deveria ouvir testemunhas, apurar autores e encaminhar resultados ao Poder Judiciário. Infelizmente, a qualidade e a celeridade na apuração dos fatos obviamente ficaram prejudicados. Certamente, não é uma realidade exclusica aqui do RS, sendo que ao conversar com colegas de outros estados da federação, situaçãões de penúria, despreparo, falta de meios e investimentos mais terríveis, são relatados. Felizmente temos espaços como este onde podemos discutir problemas e encontrarmos juntos a solução, pois nosso objetivo maior é bem servir. Nós policiais, apesar das mazelas e graves defeitos ainda não desistimos…continuamos lutando contra uma criminalidade que ameaça nos engolir. Um grande abraço.
Excelente debate. Mas só quem vive um dia-a-dia de uma delegacia policial em qualquer lugar do Brasil sabe das dificuldades encontradas no cotidiano das mesmas. Infelizmente temos um grande país comandado por Bes… mas fazer o quê? Só com a mobilização da sociedade é que vamos crescer. Sds.
Angelo,
Parabéns pelas palavras. Não quis dizer que vc estava defendendo os meios utilizados na ditadura. Desculpe-me se me fiz entender dessa forma. É que é um espaço curto para um problema enorme. E como é a escrita o meio de comunicação, as vezes passe desapercebido a maneira como nos referimos. De qualquer forma, desculpe-me novamente. O que quis dizer tb é que temos um problema muito maior: o famoso PACTO DA MEDIOCRIDADE que impera no Brasil. Todo mundo no Brasil quer viver num país de primeiro mundo, mas ninguém quer abrir mão de nada pra isso. Tb ninguém quer fazer um esforço maior pra isso. Vejam as greves. Promete-se melhoria na qualidade de atendimento no serviço público em geral, mas na verdade só querem é o famoso aumento de salário. Nada muda. A população não está nem aí, até porque não conhece a realidade de nada. É um bando de alienado, no bom sentido da palavra. Entenda-se, apartados. O Brasil sofre uma tremenda crise de egoísmo, em que o negócio é tirar o “meu pirão primeiro”. Isso é ruim, pois se não pensarmos na coletividade, o Brasil não vai pra frente. É horrível saber que bons policiais tentam fazer um bom trabalho, mas a carga de trabalho é excessiva. E depois tem gente aqui no blog dizendo que temos servidores públicos demais. Podemos ter sim gente demais em alguns lugares como o Congresso Nacional, que tem 10 vezes mais comissionados (sem concurso público) do que concursados. Um verdadeiro cabide de emprego. Mas por outro lado, Amigo Angelo, vc deve conhecer policiais que se só tivesse um inquérito, cuidaria dele mal e porcamente. Infelizmente, desenvolver um bom trabalho no nosso país é exceção. O que rege as relações no nosso país é a famosa “LEI DE GERSON”. É o querer levar vantagem em tudo. É o se dar bem em cima dos outros. É ser o esperto. Costumo dizer que terra que só tem esperto, na verdade é terra de otários, pois pra existir o esperto tem de ter o otário tb.
Mas penso que a polícia deveria ter um tratamento diferenciado. Melhores treinamento, salário e, tb, punição para o que erra. Penso que servidor público, policial, advogado, juiz, senadores, deputados, fiscais e outros devem ter uma punição maior qdo cometem um crime atuando dentro de suas profissões, pois estes sabem bem o que estão fazendo.
O problema é que se vc defende isso, sempre tem um iluminado pra dizer que vc está defendendo privilégios para o servidor público. Já vi isso aqui nesse blog inclusive. É como militar que vai para a fronteira. Penso que deveria ter um tratamento diferenciado. Pra saber o porquê, basta ir servir lá pra ver se é bom. Todo mundo malha isso, mas ninguém quer ir pra lá.
Um abraço, amigo Angelo.
O Comentário do Angelo, lançado no post, é correto. Parece-nos que existe hoje um doutrina de garantir a incolumidade do agressor, as vezes, pondo-se em segundo plano até a incolumidade da vítima, e o resultado é o que se viu. Há sim um grau de inversão de valores e prioridades na persecução penal brasileira. Existe uma doutrina de invariável vitimização do agressor que acaba por engessar o braço da lei, tornando-o ora inócuo, ora inepto, e por isso injusto.
[” Walderson em 22 out, 2008 às 18:25 “]
[” Walderson em 24 out, 2008 às 14:40 “]
BRAVO !! BRAVO !!!! BRAVO !!!!!!!
Amigo Walderson, vc é que está iluminado !!
Quando vi pela TV um Promotor dizer que a maior preocupação era a preservação da vida de TODOS (quase gritou) tive a certeza que não poderia confiar na ação policial. Se fosse com uma filha minha (a gente sempre se identifica com esses realities shows) eu mesmo teria que eliminar essa ameaça à sua vida e sanidade mental.
Me sinto dentro de um filme de bang-bang onde só os índios estão armados e protegidos pelos rangers.
valeu, amigo Konner.
Um abraço e bom fds a todos.