Segunda Guerra Mundial ‘Nunca é tarde para contar uma boa história’

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Aos 87 anos, veterano narra em livro suas experiências na Segunda Guerra Mundial

Nunca é tarde para contar uma boa história. Foi pensando assim que o veterano da Segunda Guerra Mundial Vicente Pedroso da Cruz, 87, lançou, no sábado, “Os Caminhos de um Pracinha”.

O livro fala sobre suas memórias na FEB (Força Expedicionária Brasileira) durante a campanha italiana, entre 1944 e 1945. Desde que voltou da guerra, esse mineiro de Guaxupé narrava suas experiências para familiares, amigos e revistas ligadas a associações de veteranos. Após muitos anos, instigado pelas filhas Lúcia e Lucila, ele resolveu registrar a história completa em livro.

“Eu escrevi sobre o que eu vi”, diz o veterano. O lançamento da publicação, em um restaurante em São Paulo, reuniu familiares e amigos de Pedroso. Entre eles, o colega veterano Samuel Silva, 87, que foi comandante de uma seção de metralhadoras e compartilhou o “batismo de fogo” de Pedroso, então soldado da 8ª Companhia, do 3º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria.

Mais de 60 anos depois do conflito, os veteranos brasileiros da Segunda Guerra ainda se reúnem regularmente -algo que dificilmente acontece com colegas de faculdade, ou de uma empresa. “Na infantaria, existe a maior cumplicidade entre os homens que servem e que vivem juntos”, fala Pedroso. “Um depende do outro, existe muito companheirismo”.

No livro, Pedroso narra não apenas os momentos de combate. Conta também dos períodos de descanso e treinamento que entremeiam a vida de um soldado. Mostra, ainda, a compaixão pelos civis italianos. Em uma das passagens, descreve a reação de um grupo de mulheres e crianças ao ver os soldados brasileiros recebendo a ração de pão branco -raríssima, para os civis.

“”Pane bianco! Pane bianco!!” Tais palavras, pronunciadas por bocas famintas, impressionaram-nos tanto, que nenhum de nós teve coragem para engolir um só bocado daquele pão”, escreve [.] O livro tem introdução do historiador Cesar Campiani Maximiano, que fez doutorado sobre a FEB na Universidade de São Paulo. “Vicente pôde desfrutar de apenas oito dias de descanso durante um total de 240 dias de linha de frente”, observa Maximiliano.

A publicação não possui editora. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail cipedroso@yahoo.com.br.

Fonte: Folha de São Paulo – reportagem de Ricardo Bonalume Neto

Foto: pracinhas e italianos – banco de imagens do Exército Brasileiro sobre a FEB

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König
König
16 anos atrás

Infelizmente herois esquecidos, não duvido que sejam mais reconhecimento por parte dos Italianos que pelos Brasileiros, nossa tropa era muito querida pelos civis Italianos distribuiam comida para eles dividiam a ração.
Lembro-me que na 8º série quando se fala sobre a segunda guerra meu professor male-male tocou neste assunto falando do contigente e que fomos atacados pelos alemães.
Fora o tipico costume do Brasileiro de desprezar tudo o que é nosso e não se orgulhar de feitos como este.
Saudações

DaGuerra
DaGuerra
16 anos atrás

BRAVI BRAZZILIANI LIBERATORI! …mais ou menos isso…palavras dos seres humanos libertados do jugo dos nacionais-SOCIALISTAS (Com a FEB na Itália – R.Braga)

Vassily Zaitsev
Vassily Zaitsev
16 anos atrás

Bem que gostaria de ler esse livro. È História contada como ela é. Parabéns Sr. Vicente.

PARA O SENHOR, EU BATO CONTINÊNCIA E, COM ORGULHO DIGO: ESSE É BRASILEIRO.

Walderson
Walderson
16 anos atrás

Caro, amigo Vassily Zaitsev,

faço minhas suas palavras. Continência pra esse é pouco. E como nos disse o König, uma penas serem heróis fora de casa, e esquecidos por nós.
Lembro-me bem de um fato que aconteceu comigo. Quando ainda era milico, no EB, um tio meu, expedicionário da FEB, estava lá em casa visitando minha família. Ele foi levado à minha formatura. Qdo cheguei perto dele, fiz questão de apresentar-me e bater continência, afinal era de um posto maior que o meu – 2º Ten. Eu era Aspira. Ele ficou parado sem jeito, mas logo retribuiu a continência, me deu um abraço e começou a chorar. Cara, eu quase chorei junto quando ele falou que fazia tempo que ninguém lembrava que ele ainda estava vivo. Aí me falaram que nem a guarda havia prestado continência pra ele, apesar de ele estar de boina e com a estrela na gola da camisa social.
Fazer o quê. É o nosso Brasil. Mas apesar dessas coisas, amo esse país e não sairia daqui por nada.
Um abraço a todos.

Paulo Costa
Paulo Costa
16 anos atrás

É sempre bom escutar ou reler fatos da nossa historia,
existem varios escritores de nossas campanhas militares.
Eu mesmo pude escutar passoalmente varios relatos,tive um
tio meu,que participou da revolução de 32,meu pai participou
da segunda guerra,e prestei serviço militar,relatos de varias
passagens na nossa historia militar,pude saber.

EZEQUIEL MARINHO
EZEQUIEL MARINHO
15 anos atrás

VIVA A FEB! VIVA AO BRASIL!