Brasil acerta compra de sistemas de defesa da Rússia, em acordo de US$ 1 bi
Roberto Godoy
O governo brasileiro decidiu pela compra de cinco baterias antiaéreas da Rússia – três do modelo Pantsir S1, de médio alcance, e duas Igla-S, com raio de ação curto. Embora ontem, na reunião da presidente Dilma Rousseff e Dimitri Medvedev, premiê russo, em Brasília, tenha sido assinada uma carta de intenções, o negócio era definido como certo, e o documento, “só uma etapa da liturgia brasileira”, segundo disse um especialista que acompanhou todo o encontro.
O valor do pacote é estimado, na Europa, em US$ 1 bilhão. Cada bateria do sistema Pantsir, é composta por 6 carretas lançadoras, mais veículos de apoio: carro de comando e controle, radar secundário, remuniciadores e unidade meteorológica.
O radar de detecção localiza o alvo – a rigor, 10 deles por minuto – em uma área de 36,5 quilômetros. O tempo de reação é estimado em 20 segundos.
O Ministério da Defesa está negociando três baterias e os suprimentos. Cada disparador é carregado com 12 mísseis 57E6 e leva, ainda, dois canhões de 30 mm de tiro rápido – mais acessórios digitais que permitem localizar e abater alvos no limite entre 15 km e 20 km, a 15 mil metros de altitude. Segundo o principal funcionário brasileiro no processo, o general José Carlos de Nardi, chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, “agora começa a discussão que resultará na redução do preço de aquisição”. A análise do contrato deve demorar cerca de três meses a quatro meses. As primeiras entregas, 18 meses após a assinatura definitiva. “Esperamos contar com os sistemas para os Jogos Olímpicos de 2016”, acredita o general De Nardi.
O procedimento é linear. Certos componentes do Pantsir, podem ser substituídos por equivalentes feitos no Brasil. As carretas blindadas, por exemplo, seriam trocadas pelo eficiente 6×6 da Avibrás, de São José dos Campos, que utiliza o tipo no conjunto Astros-2, de foguetes livres. O radar de campo também pode vir a ser trocado pelo Saber M200, de 200 km de raio de ação. Produzido pela OrbSat, subsidiária da Embraer Defesa e Segurança, rastreia até 40 objetivos simultaneamente, priorizando a reação pelo grau de ameaça.
O acerto da segunda parte dessa transação é mais simples. Envolve duas baterias do míssil Igla, versão S/9K38, a mais recente da arma antiaérea leve disparada do ombro de um soldado. As Forças nacionais utilizam modelos de gerações anteriores. O tipo tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries anteriores, usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais resistente à interferência eletrônica de despistamento.
Os acordos preveem a formação de uma joint venture para fabricar o Igla-S no País. A tarefa seria entregue a uma espécie de consórcio formado pelas principais empresas do setor, como a Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer Defesa e Segurança, Avibrás, Mectron e Logitech.
Distribuição. Cada uma das Forças receberá uma bateria Pantsir. A do Exército ficará sob controle do 11° Grupo de Artilharia Antiaérea. A da Marinha vai para os Fuzileiros Navais, e a Aeronáutica, agrega o seu ao Grupo de Artilharia Antiaérea de Autodefesa.
Toda a operação estará coberta por cláusulas rígidas de transferência de tecnologia. O preço final depende dos componentes que serão escolhidos. A cotação sairá entre maio e junho. Todavia, alguns avanços já foram feitos na reunião expandida da tarde de ontem. No Ministério da Fazenda, com a participação direta do ministro Guido Mantega, foi estabelecido que o pagamento inicial, da ordem de 40% sobre o total apurado, vai sofrer redução. O reservado e influente diretor do serviço russo de cooperação técnico-militar, Alexander Fomin, integrou a comitiva do premiê Medvedev.
FONTE: O Estado de São Paulo, via Notimp
“As carretas blindadas, por exemplo, seriam trocadas pelo eficiente 6×6 da Avibrás” = aumentando os custos devido ao problemas de integracao e teste de mobilidade “O radar de campo também pode vir a ser trocado pelo Saber M200, de 200 km de raio de ação. Produzido pela OrbSat, subsidiária da Embraer Defesa e Segurança, rastreia até 40 objetivos simultaneamente, priorizando a reação pelo grau de ameaça.” isto apos uns 2-4 anos de desenvolvimento e testes, resultaria num novo produto, que, devido ao pequeno lote (18 unidades) resultaria no mais caro Pantsir ja produzido, e dependeria dos Russos abrirem mao de… Read more »
Três baterias, uma para cada força. Que horror!
Thomas em se tratando de tecnologia bélica de ponta não existe o barato, a questão é se existe no Brasil alguma empresa que consiga reunir as condições para desenvolver algo semelhante.
Quanto a troca de componentes no caso do radar fica a dúvida se é a linguagem do código é portável do contrário vai ter que rescrito para o padrão do Saber.
“…a uma espécie de consórcio formado pelas principais empresas do setor, como…”
Melhor comprar direto dos próprios russos, que sairá mais rápido e barato, do que deixar essas patetas se meterem a fazer o que não sabem e nem conhecem.
Do jeito que está, esse projeto é um prato cheio p/ tda sorte de descalabros, c/ o dinheiro público.
Péssimo negócio p/ o Brasil!!!
Trocar o Radar seria impossivel pois a tecnologia Russa nao e’ compativel com a que usamos.
A simples troca to veiculo 8×8 por um 6×6 seria um exercicio de futilidade que comprometeria a ja restrita mobilidade do Pantsir pondo em risco ate a integridade do equipamento
quanto a distribuir 1 bateria para cada Forca, bem, qual a logica de distribuir 16 Caracal para cada Forca ?
aqui se trata de distribuir os brinquedos para todos os meminos a fim de evitar ciumeira.
A ideia de querer mudar o radar original pode ser em parte explicada pelas dificuldades previstas para se integrar o sistema russo ao software da defesa aeroespacial brasileira. Um sistema “fala” russo e o outro “português”…. numa alusão a que não se comunicam. É a já surrada história dos códigos fonte do sistema, a qual os russos provavelmente não irão abrir por receio de que caia em “mãos” de quem eles não querem. Agora, quero ver é integrar um outro sistema de radar ao restante dos equipamentos e ao software redundante. Além do mais, o Saber-200 nem totalmente desenvolvido está… Read more »
Baschera, Vinte milhões de dólares por bateria? Uma bateria conta com 6 veículos lançadores, veículo posto de comando, veículos de remuniciamento, mísseis adicionais (??), munição de 30 mm adicional (??) veículos de reparo, etc. Acho pouco vinte milhões, ehm!? Não me surpreenderia se ficasse na casa dos cem milhões. E pelo que entendi o Brasil comprou 3 baterias, ou seja, teremos pelo menos 18 veículos de combate (SPAA) antiaéreo, 3 postos de comando, etc. Já quanto ao Igla, só pra comparação, é sabido que o preço de cada Javelin (míssil no tubo, sem contar a unidade de lançamento) é de… Read more »
Quanto ao Pantsir, não acho o conceito o mais adequado para o Brasil em que pese nossa falta de inimigos, felizmente. O Pantsir é ideal para um país com uma defesa antiaérea consistente, compondo uma camada mais interna num sistema de camadas. Por exemplo, dentro da cobertura proporcionada por um Buk ou um S-300 ele é interessante, mas para um país, tê-lo como sua defesa mais externa é uma temeridade. A sua versão blindada sobre lagartas (como o Tunguska) é irreparável e não há o que se criticar, mas não é o caso da sua versão não blindada instalada num… Read more »
O preço de 1 bilhão de verdinha é pelo pacote e como não tem nada desse tipo de armamento no inventário da Forças Armadas então a princípio é um negócio razoável pelo capacidade de dissuasão, mesmo que diminuta neste momento. Quanto a compra vale lembrar que é de Estado para Estado, não é concorrência pública, no caso de haver maracutaia, o que não é impossível, penso ser improvável uma vez que os negociadores são conhecidos por todos, não imagino que o Nardi não vá colocar em uma situação que o leve a colocar sua carrera ralo a baixo ao ser… Read more »
Mudando de pato pra ganso e a título de curiosidade, é interessante como o Pantsir é semelhante ao Bamse (sueco). Ambos têm 20 km de alcance e 15 km de altitude. Ambos pesam em torno de 80 kg. Ambos usam o conceito de booster para aumentar o alcance. Ambos são guiados por “comando”, embora o Bamse seja por CLOS (comando para a linha de visada) e o Pantsir, nas suas últimas versões, é por comando fora da linha de visada (COLOS) Esses dois sistemas são únicos, já que é bem difícil atualmente mísseis com alcance tão grande (acima de 12… Read more »
Prezado Bosco,
Fiquei interessado nessa informação: “..Ou seja, numa emergência poderemos ter 18 “áreas” estratégicas sob proteção..”
Poderia explanar um pouco mais sobre isso?
Obrigado
@thomas_dw Nao vejo o pq o Saber nao seria compativel. Até os argentinos nos anos 1980 conseguir realizar tal gambiarra com seus Exocets. O Saber nada mais eh que um radar de busca. Ele apenas fornece ‘indicacoes’ ao radar de engajamento, como bearing, range, speed, course. A altitude normalmente eh fornecida por um terceiro sensor. O problema ao meu ver eh que antes mesmo de comprarmos essas baterias, ja estamos pensando em fazer gambiarras, dar um jeitinho brasileiro…Tem tudo pra dar errado. Em todo caso eh uma vergonha o pais comprar apenas 5 baterias, que obviamente serao posicionadas la no… Read more »
Phacsantos, Pelo que parece nós compraremos 3 baterias. Cada bateria é formada por 6 unidades do “veículo de combate antiaéreo” (como o da foto acima), o que nós dá um total de 18 veículos de combate antiaéreo autônomos. Cada veículo de combate antiaéreo (3 tripulantes) tem seu próprio radar de vigilância com 36 km de alcance, 12 mísseis 54E6 (20 km de alcance), 2 canhões de 30 mm (4 km de alcance), gerador próprio de energia elétrica, sistema eletroóptico, radar de controle de tiro, etc, sendo capaz de operar de forma completamente autônoma enquanto combustível tiver, havendo a possibilidade do… Read more »
Correção: 57E6 e não 54E6.
Obrigado Bosco.
Então 3 baterias são um avanço “considerável” para o Brasil….
Seria um sonho ver que essa parceria possibilitasse que o Brasil através da Avibrás em conjunto com a Rússia, desenvolva um sistema de maior alcance…quem sabe??
Phacsantos,
Concordo!
Confesso que preferiria que tivéssemos adquirido umas 10 baterias (além de umas 3 ou 4 da versão blindada sobre lagarta para a proteção de nossos Leopards) mas reconheço que será um avanço considerável.
http://77rus.smugmug.com/Military/Engineering-Technologies-2012/i-CVMcNRb/0/640×427/TVM2012ch2p1photo001-640×427.jpg
joseboscojr disse: 21 de fevereiro de 2013 às 13:20 Quanto ao Pantsir, não acho o conceito o mais adequado para o Brasil em que pese nossa falta de inimigos, felizmente. O Pantsir é ideal para um país com uma defesa antiaérea consistente, compondo uma camada mais interna num sistema de camadas. Exatamente! O brazil, por intermédio de seus governantes, sempre optando por soluções mágicas, paliátivas ao extremo. Sempre queimando etapas. Baterias dos anos 60, daí elas deixam de operar, não se substitui ela por uns 20 anos, daí a defesa anti-aérea resurge, com equipamento moderno, ficam mais 20 anos sem… Read more »
Agora, apesar do otimismo, essa estória de trocar a carreta, o radar, baixar o preço, transferência de tecnologia, etc, me desanima.
Já vi esse filme e a gente morre no final.
Os caminhões que podem ser trocados são os relativos ao posto de comando, remuniciamento, reparos, etc, mas não o dos veículos de combate antiaéreos.
Igualmente o radar. Se é possível “trocar o radar” pelo nacional, deve ser algum radar isolado que acompanha uma bateria e não o radar orgânico de cada veículo de combate. Esse não tem como ser trocado.
A notícia é muito boa, pois foi dado o primeiro passo para a reestruturação da DAAAe no Brasil. Não vejo dificuldade em integrar o SABER 200 e até mesmo o SABER 60, visto que seriam utilizados em primeiro momento como radares de busca, permitindo assim, as unidades de tiro do sistema PANTSIR ficarem apagados, sendo acionados somente no momento de engajar seu alvos, preservando assim o sistema de ataques de mísseis anti-radar. O que não pode acontecer é ficarmos apenas nessa 1ª quantidade, que é mais do que óbvio ser insuficiente para uma real mobília de nossos GAAAe, já existentes.… Read more »
Tem tanta variedade rsrsrs que é difícil definir as diversas categorias dos sistemas antiaéreos. Uma coisa é certa, a versão sobre lagartas do Pantsir (sucessora do renomado Tunguska) não tem igual para cumprir a função de proteção de forças móveis, pelo menos pela ótica do “Super Trunfo”, já que os diversos sistemas existentes nos mais diversos países cumprem muito bem o seu papel dentro do contexto específico de cada força. Infelizmente essa versão irretocável o Brasil não adquiriu. Já a versão sobre rodas (“adquirida” pelo Brasil), montada em caminhões, pode ser sim motivo de questionamento ser ela a melhor opção.… Read more »
Colegas, o que é uma BATERIA? Um canhão? 12 canhões? Armas, controle, monitoramento e munição? Um homem com um lança misseis no ombro?
Eu para ser honesto acho esse sistema valido para o Brasil, afinal, o Brasil possui zero sistemas de defesa anti-aerea. Mas acho dificil essa aquisicao suprir as necessidades do Brasil, seja pelo numero de baterias, seja pelas suas capacidades. Haveria sido interessante se junto viessem algumas baterias de S-400.
Sobre o Pantsir, pelo que andei lendo a um tempo atras, ele foi desenvolvido para ser usado em diferentes tipos de caminhoes. Isso foi pensado justamente para o modelo de exportacao.
cada bateria de S-400 deve sair por uns US$ 2 bilhoes, compramos entao 3 (uma para cada Força) …
Infelizmente, para formar uma IADS respeitável, é necessário não apenas muito dinheiro, mas, principalmente, levar a defesa a sério. O custo de US$ 20 milhões citado acima deve ser o unit replacement cost, normalmente usado para comparações. Cada contrato é único, então é muito difícil calcular o custo dos veículos em si. Além dos veículos ‘de combate’ [equipados com armas e FCS (sistema de controle de tiro)], existem os veículos de apoio, C3 (comando/controle/comunicações), LL (carregadores/lançadores), mísseis, munição para os canhões (o calibre 30mm do Pantsir é completamente diferente do usado nos Mirage e A-1), peças de reposição, treinamento, etc.… Read more »
A notícia é boa, dado o estado lastimável de nossa defesa antiaérea (qualquer coisa é melhor que nada). Vamos ver o que disso tudo aí sai do papel. E quero acima de tudo ver como é que os sistemas russos vão “conversar” com os nossos. Mas realmente, essa história de trocar caminhão, trocar radar, “transferênfia di tecnulugia”, ai ai ai… Agora eu pergunto aos nobres amigos: se o raio de detecção é de 36,5km, e o de localização e abate de 15 a 20km, isso tudo a 15km de altura, para que que eu vou desejar colocar um radar que… Read more »
Vader, No site do Carlo Kopp há indicação que uma bateria Pantsir pode incluir alguns “acessórios”, como por exemplo um radar central de longo alcance (inclusive pode ser de baixa frequência anti-stealth). A operação desse radar junto ao posto de comando móvel é capaz de coordenar vários “veículos de combate antiaéreo” (ou se preferir, unidades de tiro) bem esparsados no terreno, podendo dar o alerta e designar alvo para todos que estiverem dentro do alcance efetivo do radar e desse modo as UT podem operar com seu radar de vigilância (ou de busca, se preferir, rsrss) desativados, deixando-os menos vulneráveis… Read more »
É claro que aí o radar central é que iria atrair os mísseis anti-radiação, mas ele por ser de operação remota no caso de ser atingido não iria causar baixas. Sem falar que estaria no núcleo de uma zona defendida pelos Pantsir, sendo difícil chegar até ele. E há uma série de táticas e dispositivos que protegem o radar da ação de mísseis anti-radiação, tais como o seu desligamento puro e simples e o uso de “chamarizes” que imitam o radar verdadeiro. Também há uma série de dispositivos que tentam proteger o radar (e toda a IADS) de PGMs, tais… Read more »